Parte 117...SantiagoMeu coração está batendo tão rápido agora que eu até consigo ouvir meu pulso em meus ouvidos. A noite está cheia de agito, mas nada se compara ao que eu sinto agora.Preciso de uns segundos para me recompor. E depois vou ter que dar o braço a torce e falar com Ramiro. Ele estava certo o tempo todo.— Eu não sou muito paciente... Não sempre... - me inclinei sobre ela — E no momento, devido a todo o agito de hoje, eu me sinto ansioso para reivindicar você realmente. Acho que não tem mais anda que impeça isso.— Então me reivindique - ela sorriu tímida.Rocei meus lábios sobre os dela.— Quero que me diga quando não se sente bem com qualquer coisa que eu faça, está bem? - ela fez que sim — Vamos precisar nos comunicar bem ou não vou conseguir me abrir para você.— Eu entendo...Apesar de tentar ir com calma, não resisti e colei minha boca à dela, continuando o beijo que ela iniciou antes. E meu corpo inteiro se acendeu com sua entrega.— Não existe um certo ou errad
Parte 118...SantiagoMinhas mãos continuaram passeando por seu corpo, o que é um tormento maior do que pensei pra mim. E consigo ver a incerteza nos olhos dela, o que é perfeitamente normal. Eu também tenho minhas dívidas, mas já que ficou decidido que eu entraria nessa nova jornada com ela, nada melhor do que me libertar de meus pensamentos, antes que comecem a me fazer querer parar.— Sofia, você sabe bem o que vamos fazer aqui, não sabe?Ela mordeu o lábio e abaixou o olhar.— Sabe ou não? - a questionei de novo.— Mais ou menos.Entendi que a questão dela era mais sobre ela mesma do que por nós dois. Já estava ansioso demais e a fiz deitar, ainda tocando seu corpo sem pressa, apesar de estar lutando contra minha própria vontade de apenas reivindicar o que eu mantive guardado do mundo por tantos anos.Só que eu não poderia fazer com ela o mesmo que com as outras. Sofia era especial e agora estamos na mesma intenção.Seus olhos estavam grudados aos meus agora e sua respiração mais
Parte 119...Gabriel — E aí, casal da máfia disfarçados de amigos - ouvi a voz da Camila se aproximando, com aquele tom de ironia suave que ela usava quando queria aliviar o próprio cansaço.Ela vinha caminhando devagar, com Alejandro ao lado. Ele levava a mão nas costas dela, firme, atento, mas ela já parecia bem melhor. Ela mancava menos. O quadril dela parecia ter reencontrado algum tipo de eixo - talvez físico, talvez emocional. Mas o importante mesmo é que ela já não reclamava tanto do tratamento.— Vocês chegaram agora? - perguntei, me ajeitando no banco, mas sem soltar Malena. Ela ficou ali, apoiada no meu braço, os olhos curiosos em Camila.— Sim - meu irmão respondeu — O trânsito estava uma merda.— Ou você que ficou tempo demais discutindo com o médico dela - Malena retrucou, arqueando uma sobrancelha.— Eu só pedi clareza sobre o tratamento e por isso demoramos mais.— Você quase bateu no homem - Camila rebateu, mas havia um brilho nos olhos dela. Irritação disfarçada de g
Parte 120...AlejandroQuando chegamos ao local, a noite já estava densa.. Eu encarava o prédio disfarçado de abandonado à frente com os punhos cerrados, o corpo elétrico e o coração latejando no peito como um tambor de guerra.Mateo e Ricardo estavam à minha esquerda, encostados no capô da SUV. Gabriel limpava a pistola como se fosse um ritual. Santiago verificava a munição dos fuzis no porta-malas. Ninguém dizia uma palavra. Mas todos pensavam a mesma coisa: Essa era a última caçada.Depois disso, só espero que não surja mais nenhum suposto parente de Diego. Preciso colocar minha atenção total em minha esposa e no filho que parece ser agora uma opção real.— A segurança do lugar é pesada - disse Mateo, os olhos fixos no galpão de concreto cercado por muralhas de ferro. — Dois homens armados na entrada, três no telhado e pelo menos mais uns cinco ou seis, circulando pelos fundos.— E lá dentro? - perguntei, já imaginando o layout.— Quatro andares. Javier está lá em cima, com os cães
Parte 121...Alejandro O portão se abriu devagar, como se sentisse o peso da noite que deixávamos para trás. A casa estava banhada pela luz amarelada do amanhecer. Ficamos mais tempo do que o esperado, mas conseguimos nosso intento.Atrás de meu carro vinha os carros dos meus irmãos e primos entravam, um por um. Pela primeira vez em anos, a casa parecia ser mesmo um lar e não um quartel. — Acho que agora a gente pode ter um bom tempo de descanso - Ricardo comentou. — Pelo menos vai nos servir por um bom tempo - Mateo disse, passando a mão pelo cabelo e com cara de cansaço — Isso vai começar a se espalhar e logo todos vão saber o que fizemos.— Ótimo! E que eles saibam que nós continuamos unidos e que não vamos deixar barato a ousadia de quem quer que seja. - soltei o ar de vez, também me sentindo cansado, mas aliviado por ter resolvido essa parte. — Vão se cuidar, fazer o que quiserem. Eu quero ver minha esposa.— Ok, irmão - Gabriel bateu em meu ombro — Vá mesmo. Eu também quero f
Parte 122...Camila Saímos do consultório com um sorriso que ninguém conseguia esconder. Nem mesmo ele. E pela primeira vez desde que tudo começou... Eu quis acreditar. Porque talvez, só talvez... A gente ainda tivesse o direito de ser feliz. Foi muito boa a conversa com o fisioterapeuta também e fiquei até mais animada porque ele disse que só vou fazer mais uns dias de exercícios e pronto, vai me liberar para focar só na parte da reprodução e ainda brincou dizendo que eu poderia colocar o nome dele se fosse um menino. — Nem pense nisso - Alejandro disse de forma séria, mas estava brincando — Eu agradeço todo o apoio que nos deu durante esse tempo. — Não por isso, fico feliz em poder ajudar e vocês dois, apesar do começo conturbado, até que fizeram meu trabalho ser mais leve. Desejo toda a sorte do mundo. — Ainda vamos nos ver - eu disse — E depois teremos tempo para despedidas. — Com certeza. Amanhã mesmo estarei a casa para colocar você para se movimentar mais um pouco. — Ok
Parte 123...CamilaNossa, como era bom um descanso, nunca prestei atenção a esse tipo de coisa antes, mas agora é muito importante pra mim. A brisa que soprava naquela tarde carregava o cheiro do jardim, das flores recém-regadas, e de algo que eu começava a reconhecer: paz. Era estranho… Mas não incômodo. Um estranho bom. Um que se sentava ao lado, cruzava as pernas e esperava você se acostumar. Não pensei que ser casada desse tanto trabalho.Malena estava ao meu lado, os pés descalços apoiados no batente da varanda, com uma taça de vinho pela metade na mão. Usava um vestido leve, solto, que dançava com o vento. O cabelo… Bem, o cabelo estava diferente. Crescendo devagar, mas já com um contorno bonito ao redor do rosto. Ela parecia… Ela mesma agora. Ou, quem sabe, finalmente alguém que estava se descobrindo. Foi um período bem ruim pra ela, mas percebo que ter vindo morar aqui fez bem pra ela.E eu entendo. Se eu, que tenho uma boa relação com meu pai, já achei bom não ter que fica
Parte 124...AlejandroRicardo se virou, enfim. Arrogante, como sempre. Aquela maldita sobrancelha levantada, como se tudo fosse um jogo e ele estivesse ganhando. É meu irmão, mas é um cínico.— Aconteceu coisa demais nas últimas semanas, Alejandro. Eu não queria envolver a Clara nisso. Quis esperar. Entender. Não tive tempo de falar com ela da forma correta, foi só isso.— Não. Você quis adiar. Porque você é um covarde quando o assunto é sentir algo real. - cruzei os braços, firme. — Clara não é como as outras que você leva por aí e joga fora. E você sabe disso. Só não tem coragem de lidar com o que vem junto.- apontei o dedo pra ele — Tome atitude, Ricardo. Você vai viver a vida de amante em amante?— Eu gosto dela, porra! - ele rebateu, mais alto. — Mas eu não sou você. Eu não tenho essa vocação de marido de filme. E você acha mesmo que eu vou decidir me casar com alguém só porque isso é “bom pros negócios”?— Não é só pelos negócios, idiota. - meu tom baixou, mas ficou mais pesado