Helena ficou sem palavras.Pronto, Bianca tinha enlouquecido de vez.Inventar boatos sujos sobre uma garota?Só de pensar nisso, Helena sentia um incômodo profundo.Ela apertou levemente os lábios.Seu olhar ficou frio, com um brilho gélido nos olhos.— Para quem você ligou? — Perguntou.— Pro meu irmão e pro meu tio! — Respondeu Bianca.Helena conseguia entender que ela chamasse Gustavo.Mas Bruno?Que diabos ele tinha a ver com isso?Juliana não tinha nenhuma ligação com a família Mendes!Percebendo a dúvida nos olhos de Helena, o olhar de Bianca, de repente, se encheu de compaixão..— Ah, Helena… Eu esqueci de te contar uma coisa.Helena ficou ainda mais confusa.— O quê?— Você foi passada para trás.— Como assim?— Meu tio, ou melhor, o seu primo, já caiu nas garras da Juliana!Vítor e Juliana estavam na esquina, esperando o motorista trazer o carro.O garoto vestia um moletom preto com capuz, a silhueta esguia e bem proporcionada.A pele morena realçava sua vitalidade e boa saúde
Bianca soltou uma risada carregada de escárnio.O ressentimento que sentira há pouco se dissipou pela metade num instante.— Bem-feito!Agora eles não vão mais para o motel, né?Helena revirou os olhos, impaciente. Já sabia que Bianca era mimada e arrogante, mas não imaginava que pudesse ser tão mesquinha.Sem perder tempo, colocou os fones de ouvido e declarou com indiferença:— Tenho coisas para fazer, estou indo. Bianca, da próxima vez, não me chame para esse tipo de coisa.Para Helena, toda aquela situação era apenas mais uma cena dramática de Bianca.Ela sentiu até vergonha de estar ali.— Não vai comigo ver o que aconteceu? — Bianca insistiu.Com as mãos nos bolsos, Helena deu a ela as costas sem pressa, completamente despreocupada.— Não, estou ocupada.No fundo, quando recebera o chamado de Bianca, pensara que algo realmente sério tivesse acontecido, quem sabe, até uma agressão. Mas no fim, era só isso?Bianca fez um bico descontente e murmurou, irritada:— Se acha tanto...M
Gustavo entrou na delegacia com passos firmes e determinados.Seu porte imponente dominava o ambiente, e a jaqueta do terno de alta costura pendia casualmente sobre o antebraço.Com um olhar profundo e expressivo, ele analisou rapidamente o local até avistar Bianca correndo em sua direção.— Irmão! Como você soube que eu estava aqui?! Eu estava prestes a te ligar!Dentro da família Costa, Bianca sempre teve Gustavo como seu maior ídolo.Além de bonito, ele era excepcionalmente talentoso e se destacava em tudo o que fazia.Por isso, sempre que saía, usava o irmão como motivo de orgulho para se gabar.Quando descobriu que Gustavo e Juliana estavam juntos, passou três dias inteiros de greve de fome, trancada em seu quarto, mal-humorada.Mas, ao perceber que ninguém realmente se importava com seu drama, mudou de estratégia e começou a atacar Juliana de forma velada.No início, ainda segurava a língua, afinal, Juliana era da família Rodrigues.Porém, assim que a verdadeira herdeira voltou a
Gustavo surgiu atrás de Juliana.Seu rosto, sempre bonito, estava encoberto por uma expressão sombria, e os olhos alongados brilhavam com um perigo latente, afiado como uma lâmina.— Guto! — Exclamou Viviane, como se finalmente tivesse encontrado um salvador. Seus olhos, antes tomados pelo pânico, se iluminaram de esperança.Ela gritou, ansiosa, sem conseguir se conter.Bianca apareceu por trás de Gustavo, inclinando um pouco a cabeça para o lado e dizendo com um tom reconfortante:— Fica tranquila, Vivi. Meu irmão veio aqui pra te defender!Ao ouvir isso, o coração angustiado de Viviane finalmente encontrou algum alívio.Juliana, por sua vez, precisou conter a vontade de rir.Deu dois passos à frente, afastando-se de Gustavo com naturalidade.Virou-se, soltando um riso frio, e zombou:— Pelo visto, o senhor Gustavo, tão jovem e já com problema de audição... Eu quis dizer, sim, que a sua queridinha vai morrer sabendo muito bem o porquê.Na cabeça de Juliana, nem que um santo descesse d
— Sr. Gustavo, se não tá usando os olhos, melhor doar para quem precisa. Juliana desligou a tela do celular com calma e ficou ali, de pé, com uma postura relaxada, encarando o cerco dos três sem demonstrar o menor sinal de medo.Quanto mais ela se mantinha tranquila e desafiadora, mais a irritação crescia no fundo do peito de Gustavo.Afinal, Juliana já não tinha mais nada.Então, de onde vinha tanta arrogância?Quem dava a ela essa coragem?Bruno?Por um momento, Gustavo cogitou essa hipótese, mas logo descartou.No meio de toda a confusão nas redes sociais, Bruno parecia mais empenhado em jogar lenha na fogueira do que apagar o incêndio.Impossível ser ele.Então, só podia ser... Vítor!O nome explodiu na mente de Gustavo como um alarme.Na mesma hora, ele cerrou o punho com tanta força que os nós dos dedos estalaram.Deixou escapar uma risada seca, carregada de sarcasmo:— Juliana, você é mesmo incrível, hein?Se agarrou com um, depois com outro, como se não houvesse amanhã!“Até
Juliana tinha uma beleza fria, quase etérea, como se não pertencesse a este mundo.Mas, ao contrário da aparência distante, suas palavras e atitudes desafiavam qualquer lógica.Quando ela decidia ir até o fim, não havia quem a segurasse.E os três ali, diante dela, sabiam disso muito bem.Bastou uma única frase de Juliana para fazer os três serem tomados por lembranças amargas do passado.Entre eles, quem mais demonstrava desconforto era Gustavo.Seu rosto estava fechado, sombrio como tinta derramada, e os olhos faiscavam com um ódio que parecia prestes a explodir.Apesar de estar sozinha contra os três, era Juliana quem claramente tinha o controle da situação.Um verdadeiro um contra três, mas quem saía por cima era ela.No meio daquele impasse tenso, o celular de Viviane começou a tocar.Ela atendeu com as mãos trêmulas, e, em questão de segundos, o rosto perdeu toda a cor, ficando pálido como papel.Os ombros dela tremiam levemente, como se o corpo não aguentasse o peso do que acaba
[Eu sempre achei que a família Rodrigues sabia que a Juliana não era filha deles de verdade.][Com uma família sufocante dessas, sendo rica ou não, ninguém merece. Tô fora!]Esses eram apenas alguns dos milhares de comentários que se acumulavam nas redes sociais.Com os áudios, as transferências bancárias e as fotos das agressões, os internautas já conseguiam montar, por conta própria, o filme trágico que tinha sido a vida de Juliana.Afinal, quem, em sã consciência, ia querer roubar uma vida dessas?Se Juliana tivesse realmente vivido como uma princesa na família Rodrigues, talvez alguém ainda pudesse entender um pouco de inveja ou disputa.Mas estava mais do que claro: ela só foi colocada ali para sofrer.E, se não fosse ela para aguentar todas as pancadas, humilhações e até uma perna quebrada, quem teria passado por isso seria Viviane.Dessa vez, até os mais críticos tiveram que admitir:[Juliana tá sendo REALMENTE a mais ferrada dessa história.][Além de tudo o que passou, ainda te
O olhar de Juliana permanecia calmo, impassível, como se nada ali realmente a tocasse.Já Gustavo, por outro lado, parecia sem chão, sem saber o que fazer ou dizer.A tela do celular dele se apagou, e a mão, antes firme, agora caía ao lado do corpo, sem força alguma.No rosto bonito, havia uma mistura confusa de sentimentos difíceis de decifrar.Ele nunca tinha imaginado que Juliana havia vivido tudo aquilo dentro da família Rodrigues.A verdade é que, desde sempre, as famílias Rodrigues e Costa foram unidas, com laços criados ainda na geração dos avós.Por isso, desde pequenos, Juliana e Gustavo foram prometidos em casamento, um acordo arranjado, que, para todos, parecia uma bênção, uma grande sorte para os Rodrigues, afinal, quem subia na vida era a família dela.No começo, Gustavo encarava o compromisso com desprezo.Carregava o peso de um preconceito de classe enraizado, achava que Juliana nunca estaria à altura dele, que não merecia ser sua noiva.Mas o tempo foi passando, e algo