O cabelo longo e negro de Juliana estava preso na parte de trás da cabeça por uma presilha de piranha, e algumas mechas soltas caíam suavemente ao redor de seu rosto, realçando seus traços delicados. Seu semblante era frio e naturalmente distante.No momento em que seu olhar se cruzou com o de Bianca, Juliana arqueou uma sobrancelha e esboçou um leve sorriso.Bianca cerrou os punhos.Com Vítor presente, ela forçou um sorriso:— Desculpa, Juliana, mas eu reservei esse lugar só para mim. Não é permitido a entrada de estranhos.Enquanto falava, lançou um olhar para os garçons próximos, sinalizando para que se apressassem e a expulsassem.No entanto, assim que um dos funcionários deu o primeiro passo, Vítor interveio:— Bianca, fui eu quem chamou a Juliana para vir. Você marcou com mais alguém? Se foi o caso, não quero atrapalhar.Vítor era direto, sem perceber as intenções implícitas nas palavras dela. Nem passou pela sua cabeça que a desculpa sobre o dever de casa era apenas um pretext
Juliana levantou o queixo suavemente, seu olhar travesso fixado em Bianca.— Você quer ir com a gente?Bianca sentiu a provocação e quase mordeu os dentes de tanta raiva.— Juliana, você não se importa, né?O sorriso de Bianca estava forçado, mas ela se esforçava para manter a compostura.Tão concentrada em Juliana, Bianca nem percebeu o olhar de desgosto que passou pelos olhos de Vítor. Juliana fingiu estar refletindo, como se estivesse em uma grande indecisão.Depois de um tempo, franziu a testa e disse:— Mas você vai acabar atrapalhando a gente...A resposta ambígua só reforçou as suspeitas de Bianca.Juliana estava, sim, de olho em Vítor!Vadia! Vadia!A raiva de Bianca atingiu seu ponto máximo. Quanto mais irritada ela ficava, mais Juliana se divertia.Ela apertou as mãos, canalizando toda a sua força para se controlar.Engolindo a indignação, insistiu com os dentes cerrados:— Juliana, eu sou bem quieta, não vou incomodar vocês.Juliana assentiu, como se estivesse relutante.—
Bianca tinha certeza absoluta de que Vítor não conhecia o lado verdadeiro de Juliana.Uma mulher tão sem pudor como ela... Só de olhar já dava nojo!Mal terminou com o irmão e já saiu correndo atrás de outro homem. E não bastava qualquer um—até o próprio tio dela entrou na mira!Isso era simplesmente insano!Quanto mais pensava nisso, mais irritada ficava. Não conseguia entender por que todos pareciam obcecados por Juliana. Nem era tão bonita assim!Bianca encarou Juliana com uma expressão de inveja mal disfarçada.Vítor, sem entender a razão daquele assunto surgir do nada, franziu a testa e questionou:— Eu sei disso, Bianca. Mas por que você está falando disso do nada?Ele podia até ser espontâneo, mas isso não significava que era um idiota. Se quisesse saber algo sobre o passado de Juliana, bastava perguntar um pouco e logo teria uma ideia geral da situação.Bianca fixou os olhos nos dele e reforçou com firmeza:— Ela era a noiva do meu irmão! Já tem vinte e cinco anos! Você não
Os olhos de Bianca eram apenas de enfeite?O olhar de Juliana mudou várias vezes, até que, mentalmente, ela carimbou Bianca com um rótulo: débil mental.Helena, por um momento, não disse nada.Ela analisou Juliana e Vítor de cima a baixo. Os dois tinham uma aparência excelente e, juntos, não formavam um par estranho.Mas, ainda assim, a situação não era tão ultrajante quanto Bianca fazia parecer.Para Helena, em vez de namorados, Juliana e Vítor pareciam mais como irmãos. Ela ficou pensativa. Talvez fosse apenas impressão sua, mas não conseguia ignorar que havia algo de parecido nos traços dos dois.Vendo que ninguém reagia, Bianca ficou ansiosa.— Helena, você precisa me ajudar!— Eu não posso fazer nada, Bianca. Tem alguma prova de que há algo errado entre eles? — Helena deu de ombros, impotente.A pergunta pegou Bianca de surpresa. Ela gaguejou por um momento, mas não conseguiu dar nenhuma resposta concreta.No fim, tudo era apenas fruto da sua imaginação.Ela não ousava enfrenta
Helena ficou sem palavras.Pronto, Bianca tinha enlouquecido de vez.Inventar boatos sujos sobre uma garota?Só de pensar nisso, Helena sentia um incômodo profundo.Ela apertou levemente os lábios.Seu olhar ficou frio, com um brilho gélido nos olhos.— Para quem você ligou? — Perguntou.— Pro meu irmão e pro meu tio! — Respondeu Bianca.Helena conseguia entender que ela chamasse Gustavo.Mas Bruno?Que diabos ele tinha a ver com isso?Juliana não tinha nenhuma ligação com a família Mendes!Percebendo a dúvida nos olhos de Helena, o olhar de Bianca, de repente, se encheu de compaixão..— Ah, Helena… Eu esqueci de te contar uma coisa.Helena ficou ainda mais confusa.— O quê?— Você foi passada para trás.— Como assim?— Meu tio, ou melhor, o seu primo, já caiu nas garras da Juliana!Vítor e Juliana estavam na esquina, esperando o motorista trazer o carro.O garoto vestia um moletom preto com capuz, a silhueta esguia e bem proporcionada.A pele morena realçava sua vitalidade e boa saúde
Bianca soltou uma risada carregada de escárnio.O ressentimento que sentira há pouco se dissipou pela metade num instante.— Bem-feito!Agora eles não vão mais para o motel, né?Helena revirou os olhos, impaciente. Já sabia que Bianca era mimada e arrogante, mas não imaginava que pudesse ser tão mesquinha.Sem perder tempo, colocou os fones de ouvido e declarou com indiferença:— Tenho coisas para fazer, estou indo. Bianca, da próxima vez, não me chame para esse tipo de coisa.Para Helena, toda aquela situação era apenas mais uma cena dramática de Bianca.Ela sentiu até vergonha de estar ali.— Não vai comigo ver o que aconteceu? — Bianca insistiu.Com as mãos nos bolsos, Helena deu a ela as costas sem pressa, completamente despreocupada.— Não, estou ocupada.No fundo, quando recebera o chamado de Bianca, pensara que algo realmente sério tivesse acontecido, quem sabe, até uma agressão. Mas no fim, era só isso?Bianca fez um bico descontente e murmurou, irritada:— Se acha tanto...M
Gustavo entrou na delegacia com passos firmes e determinados.Seu porte imponente dominava o ambiente, e a jaqueta do terno de alta costura pendia casualmente sobre o antebraço.Com um olhar profundo e expressivo, ele analisou rapidamente o local até avistar Bianca correndo em sua direção.— Irmão! Como você soube que eu estava aqui?! Eu estava prestes a te ligar!Dentro da família Costa, Bianca sempre teve Gustavo como seu maior ídolo.Além de bonito, ele era excepcionalmente talentoso e se destacava em tudo o que fazia.Por isso, sempre que saía, usava o irmão como motivo de orgulho para se gabar.Quando descobriu que Gustavo e Juliana estavam juntos, passou três dias inteiros de greve de fome, trancada em seu quarto, mal-humorada.Mas, ao perceber que ninguém realmente se importava com seu drama, mudou de estratégia e começou a atacar Juliana de forma velada.No início, ainda segurava a língua, afinal, Juliana era da família Rodrigues.Porém, assim que a verdadeira herdeira voltou a
Gustavo surgiu atrás de Juliana.Seu rosto, sempre bonito, estava encoberto por uma expressão sombria, e os olhos alongados brilhavam com um perigo latente, afiado como uma lâmina.— Guto! — Exclamou Viviane, como se finalmente tivesse encontrado um salvador. Seus olhos, antes tomados pelo pânico, se iluminaram de esperança.Ela gritou, ansiosa, sem conseguir se conter.Bianca apareceu por trás de Gustavo, inclinando um pouco a cabeça para o lado e dizendo com um tom reconfortante:— Fica tranquila, Vivi. Meu irmão veio aqui pra te defender!Ao ouvir isso, o coração angustiado de Viviane finalmente encontrou algum alívio.Juliana, por sua vez, precisou conter a vontade de rir.Deu dois passos à frente, afastando-se de Gustavo com naturalidade.Virou-se, soltando um riso frio, e zombou:— Pelo visto, o senhor Gustavo, tão jovem e já com problema de audição... Eu quis dizer, sim, que a sua queridinha vai morrer sabendo muito bem o porquê.Na cabeça de Juliana, nem que um santo descesse d