O crepúsculo envolvia o vilarejo em uma tonalidade dourada, tingida por sombras que dançavam suavemente ao sabor do vento. Ísis observava o horizonte, o olhar perdido nas cores que se mesclavam como um quadro vivo. Ela sabia que algo estava mudando; era um pressentimento tão forte que parecia vibrar no ar ao seu redor.Ao seu lado, Celina ajeitava cuidadosamente os ornamentos de pedra em volta do pequeno altar central. As duas haviam passado os últimos dias em uma rotina silenciosa, mas carregada de expectativa. Desde o ritual do Conclave das Constelações, o Véu parecia estar mais presente, como se suas energias envolvessem cada detalhe do vilarejo.— Você sente isso? — perguntou Ísis, quebrando o silêncio.Celina ergueu o olhar, franzindo a testa.— Sinto. É como... uma pulsação. Como se o Véu estivesse chamando por nós.Antes que Ísis pudesse responder, um som estranho cortou o ar. Era um sussurro, mas também um canto, vindo de uma direção que elas não conseguiam identificar. As dua
O céu parecia ter se transformado em um vasto oceano de luzes e sombras, onde constelações antigas dançavam em um ritmo desconhecido. Ísis e Celina caminhavam em silêncio, os passos guiados pela energia do Núcleo, que pulsava como um coração em suas mãos. Cada vez mais, sentiam que estavam se aproximando de algo grandioso, mas também perigoso.— Você sente isso? — perguntou Celina, quebrando o silêncio.— Sim, é como se o ar estivesse mais denso — respondeu Ísis, apertando o Núcleo contra o peito. — Acho que estamos perto do portal.A paisagem ao redor delas havia mudado. Árvores imensas, com folhas brilhando como estrelas, formavam um caminho que parecia vivo. O chão sob seus pés cintilava como cristal, emitindo um som suave a cada passo.De repente, o caminho abriu-se em uma vasta planície, onde uma estrutura monumental se erguia no horizonte. Era o portal. Sua forma era ao mesmo tempo etérea e imponente, como se fosse feito de uma substância que desafiava a lógica. Arcos entrelaçad
O mundo além do portal era ao mesmo tempo deslumbrante e avassalador. Ísis e Celina sentiram uma onda de energia atravessá-las, como se suas almas fossem temporariamente arrancadas de seus corpos e depois devolvidas com uma nova força.O céu acima não era céu — era um vasto campo de estrelas interligadas por filamentos de luz dourada, pulsando como sinapses de um cérebro cósmico. O chão sob seus pés era feito de uma substância translúcida que refletia o que havia acima, dando a sensação de que estavam caminhando dentro de uma galáxia viva.— Este é o Coração do Véu — disse Ísis, mal conseguindo conter o assombro em sua voz. — Eu consigo sentir… tudo.Celina assentiu, os olhos brilhando enquanto olhava ao redor.— É aqui que tudo se conecta. Todas as escolhas, todas as realidades. O Véu é a ponte entre os mundos.Enquanto avançavam, o Núcleo começou a brilhar intensamente, como se estivesse sendo ativado pela energia do lugar. Linhas de luz começaram a emergir do objeto, espalhando-se
O sol nascente tingia o céu com tons de dourado e rosa, refletindo a promessa de um novo início. O vilarejo, outrora silencioso e em ruínas devido às tensões causadas pela instabilidade do Véu, agora vibrava com uma energia que parecia tocar cada grão de areia, cada folha e cada coração. A partida de Ísis e Celina havia deixado marcas profundas, mas também um legado que ecoava em cada canto do lugar.Elias estava na praça central, sentado próximo ao grande altar que fora construído em honra às duas guardiãs. Ele mantinha os olhos fechados, sentindo a pulsação do Véu que agora fluía livremente ao redor. Era um ritmo constante, um pulsar que conectava não apenas os habitantes do vilarejo, mas também os mundos além do que os olhos podiam ver.Ele inspirou profundamente e abriu os olhos, fitando a multidão que começava a se reunir ao seu redor. Homens, mulheres, crianças – todos pareciam carregados de perguntas, mas também de determinação. O símbolo do Coração do Véu, agora gravado no sol
O vilarejo parecia respirar com uma nova vitalidade, mas a presença de Aedric e seu cristal negro trouxe uma inquietação que perturbava a harmonia recém-estabelecida. Elias, sempre sereno, sentiu um peso ao segurar o objeto. Era como se o cristal pulsasse com uma energia oposta à do Véu, algo antigo, profundo, e perigosamente atraente.Na praça central, uma pequena multidão se reuniu. Os aldeões, ainda confiantes na liderança de Elias, esperavam por suas palavras, enquanto Aedric permanecia em silêncio ao lado, os olhos fixos no altar do Véu. O cristal negro parecia vibrar levemente, quase imperceptível, mas o suficiente para que Elias soubesse que algo maior estava em jogo.— Esse cristal — começou Elias, segurando-o com cuidado — não é apenas um fragmento de outro mundo. Ele carrega a marca de um lugar onde o equilíbrio foi rompido. Ele pertence a uma realidade que sucumbiu ao caos.Os aldeões trocaram olhares preocupados. Alguns sussurraram, mencionando histórias antigas de mundos
O amanhecer trouxe uma calma inesperada ao vilarejo, como se o mundo respirasse mais leve após a integração de Aedric ao Véu. A praça central, onde o ritual havia ocorrido, parecia diferente. Não era apenas o altar que pulsava com nova energia; a própria terra parecia vibrar com vida, conectada a algo maior.Elias, ainda refletindo sobre os eventos da noite anterior, caminhava lentamente entre os habitantes. Cada rosto trazia uma mistura de reverência e dúvidas. Embora o sacrifício de Aedric tivesse salvado o equilíbrio, todos sabiam que essa decisão marcava apenas o início de um novo capítulo no destino do Véu.A Nova MensagemEnquanto os primeiros raios de sol iluminavam o templo, Ísis e Celina emergiram de sua meditação. Durante a noite, ambas haviam sentido as ondas de transformação atravessarem o Véu, reverberando pelas estrelas. Ao encontrarem Elias, trouxeram uma notícia que deixaria todos perplexos.— Algo mudou no Véu — começou Celina, seus olhos brilhando com uma intensidade
Os dias no vilarejo passaram em um ritmo estranho, marcado por um equilíbrio tênue entre serenidade e tensão. Desde que Ísis e Celina atravessaram o portal, uma nova inquietação se instalou na comunidade. Era como se todos soubessem, instintivamente, que o destino do Véu estava sendo decidido muito além do horizonte visível.Elias, mais reservado do que nunca, passava a maior parte do tempo no templo. Ele estudava o mapa luminoso que o Véu projetava, tentando interpretar os padrões de luz que surgiam e desapareciam como mensagens cifradas. Algo estava mudando nas estrelas, e essa mudança reverberava em cada fibra do universo.O Enigma do VéuNaquela manhã, Elias foi surpreendido por Lúcia, a guardiã do templo, que havia retornado de uma de suas peregrinações às montanhas ao redor do vilarejo. Ela trazia consigo fragmentos de cristal encontrados em uma caverna, cada um brilhando com um brilho peculiar.— Elias, veja isso — disse ela, entregando os cristais ao sábio. — Não são comuns. E
A jornada de Lúcia e Kael atravessou muitas fronteiras, tanto físicas quanto espirituais, até chegarem ao coração da dimensão perdida onde o Véu parecia se desfazer em uma espiral de luz e trevas. O que antes era um caminho claro entre mundos, agora se tornara um abismo insondável. E no centro desse abismo, uma presença estranha aguardava.As florestas que cercavam a cidade onde Ísis e Celina estavam presas eram densas e sombrias, como se o próprio ar estivesse saturado de uma energia desconcertante. Em cada passo que davam, o chão tremia, e um vento frio soprava por entre as árvores, fazendo as folhas brilharem com uma luz metálica e opaca.— Estamos chegando perto — disse Lúcia, sentindo a mudança na atmosfera ao seu redor. Kael, em silêncio, observava o mapa luminoso, que agora parecia desvanecer à medida que se aproximavam do centro da floresta. Eles sabiam que a torre de cristal, com sua energia instável, estava mais próxima do que nunca.De repente, o chão se abriu diante deles,