Se eu gostava de provocar meu pai, mas é claro que sim, afinal eu era a decepção da família e tinha que fazer por merecer esse título.
- Me explica: por que você trouxe a gente junto? - Miguel me encarava coçando a cabeça, nós estávamos no shopping, mais especificamente na frente do cinema, onde a menina havia marcado de nos encontrar.- Porque meu pai não disse nada, se era pra eu vir sozinho ou acompanhado. - Eu sorri. - Está vindo a Sara aí. - Junto com ela vinha a Anna, o Jay e o meu irmão, esse era novidade, mas onde Anna estivesse ele estaria.- Bem, Léo, teu pai vai te matar.- Sara riu e pegou a mão do Miguel.- Estou fazendo o que ele mandou. - Então avistei a moça. - Bem compre os ingressos e a pipoca, que eu já volto.- Ei, mas que filme vamos assistir? - Gritou Miguel.- Escolha qualquer um.A menina era a típica patricinha filhinha de papai. O cabelo hiper arrumado, maquiagem em dia, modo de se vestir. E exalava um perfume doce demaiEram mais ou menos umas 19:30h a hora que eu terminei meus trabalhos, resolvi olhar meu celular e tinha umas setes mensagens não lidas, duas eram do Miguel e cinco do Jay.Mensagem do Miguel:"Ñ me espere hoje à noite, vou ficar na casa da Sara."- Nossa, eles já estão nesse nível. - Pensei em voz alta.Mensagem do Miguel:" Cara, vc está imerso nesses livros?! Me responda assim que ver essa mensagem. E coma!! E tranque a porta!!!!" Você está vivo?"Minha resposta:" Ok!! Miguel!!! Pode ficar tranquilo, eu estou vivo, já vou comer e eu sempre tranco a porta!!! Se divirta aí!!Respirei fundo e fui abrir as mensagens do Jay." Oi!!"" Miguel está na casa da Sara, e falou que vc está estudando."" Ele disse que vc não come quando estuda. Verdade?""POR QUE NÃO ME RESPONDE?"" Estou preocupado. "Eu encarei o celular assustado, de repente ele vibrou novamente. Mais uma mensagem dele." Estou levando comida,
Todos os anos, a família da Sara ajudava o orfanato da cidade, uma iniciativa que começou com os pais delas e continuou com as tias.- Oi Léo. - Sorriu Anna. - Obrigado por vir.- Que isso. Eu trouxe mais uma mão, tudo bem?- Jay!!!!- Gritou Sara.- Você veio!! Mas você disse que não poderia vir. Que tinha trabalho.- Humm. Vou ganhar ajuda depois. - Ele estava carregando uns baldes e vassouras.- Humm... - Anna encarou Sara. - Algo me diz que o Léo tem algo haver com isso.- Prometi ajudá-lo, se ele nos ajudasse.- Respondo. - Vou pegar as tintas.- Pegue a chave. As latas estão no porta malas. - Falou ele.Antes de me virar para buscar as tintas, notei uma olhada sugestiva entre as duas irmãs, e um sorriso cúmplice entre elas.Eu sempre ajudei as meninas no orfanato. Seja na limpeza, venda de rifas, distribuição de comida, arrecadação de brinquedos ou roupas. Por isso, todos naquele lugar me conheciam, principalmente as f
A manhã passou apática, com nada muito interessante acontecendo, mas na hora do almoço resolvi ligar meu telefone e encontrei 30 ligações da minha mãe, 10 da Anna, 20 do meu irmão, sem contar as inúmeras mensagens. Porém o que me preocupou foram as ligações dos meus avós e de minha tia Sofia. Minha tia nunca ligou pra ninguém. Por isso resolvi retornar para meu avô, ele me atendeu no segundo toque.- Léo!!! - Meu avô suspirou aliviado. - Magda ele atendeu. - Como era uma vídeo chamada, minha avó apareceu na tela.- Léo!!! Graças a Deus!!! - Ela me olhou preocupada. - Alfredo me dê o telefone. - Ela toma o aparelho da mão do meu avô. - Filho, como você está?- Estou bem vovó. - Menti, forçando um sorriso.- Não minta!!!- Ela ralhou. - Sabemos o que seu pai fez, aquele desalmado. Nós nunca fizemos isso à nenhum dos nossos filhos. O Ricardo deve ter puxado o teu lado da família, Alfredo.- O quê?! - Escutei meu avô gritar. - Até parece, não me envolva nas caga
Foi muito fácil achar a Sara, o único lugar que ela conhecia era as arquibancadas, e o fato de ela ter deixado embalagens vazias de chocolate que comia foi uma grande pista.Ela estava sentada no meio da arquibancada, com os olhos inchados e com o nariz vermelho. Sentei ao lado dela.- Você fica feia chorando. - Brinquei.- Cala à boca. - Ela fungou e comeu mais um chocolate.- Sara. - Abracei ela. - Eu não vou embora.- Você jura? - Ela deitou em mim e começou a chorar de novo. - Prometa, eu não quero ficar sem meu melhor amigo!!!- Eu prometo. - Apertei meu abraço. - E você nunca vai ficar sem mim.- Você é tudo pra mim. - Confessou ela.- Meu melhor amigo, meu irmão, você não pode me deixar.- Já falei que não vou, sua boba!!! - Afastei ela para encarar seu rosto. - E você não tem só a mim. Eu te amo garota. Pare de loucura.- Eu também te amo!! Mas eu tive que aguentar todos aqueles anos sozinha!!! O único que conversava comigo al
A semana passou de forma estranhamente tensa, a situação com meu pai não teve nenhum progresso, pelo contrário, ele havia me dado uma semana para tirar minhas coisas do meu antigo quarto. Meu avós até tentaram intervir, mas foi uma guerra perdida. Até mesmo Paulo estava me ignorando.No entanto já era sexta feira e eu não havia achado nenhum lugar para guardar minhas coisas. No dormitório não caberia tudo o que eu tinha, e também eu teria que devolver o quarto no fim do semestre, e isso seria daqui à um mês.Durante a manhã, eu havia acordado com a ligação do meu avô, me pedindo para encontrá-lo em um endereço desconhecido.- Vovô, o que estamos fazendo aqui? - O endereço era de um prédio residencial de uns 20 andares. - Eu tenho ensaio para o festival hoje. - Era o penúltimo ensaio para a organização final, por sorte me colocaram para ser a quarta atração, com ajuda do Jay é claro.- Pois é, teu irmão comentou algo do gênero. - Ele sorriu. -
Bem morar sozinho era uma experiência nova para mim, apesar de ainda permanecer no dormitório da faculdade até o final do semestre. No entanto, o que eu não esperava era a quantidade de coisas que eu possuía, só de livros deu umas quatro caixas grandes, além das minhas roupas e meus enfeites geeks, eu sou um nerd.- Nossa vida! - Encarei as dezenas de caixas. - Da onde surgiu tudo isso?- Eu também queria saber. - Minha mãe responde indiferente. - Vamos precisamos comprar mais algumas coisas, e temos que ir no mercado encher as prateleiras.- Ok. - Respondo seguindo ela.Minha mãe insistiu em pagar tudo, mesmo eu implorando para eu pagar.- É o minimo que eu posso fazer . - Falou ela entrando no apartamento. - Sou sua mãe. - Ela parou e suspirou. - Nem sempre eu agi como tal.- Do que está falando mãe? - Olhei ela calmamente.- Eu deveria ter impedido da primeira vez que ele te bateu, mas não pensei na época. - Respondeu ela. - Meu pai nun
Eu estava parado na porta da casa da Sara segurando um pote de sorvete e uma garrafa de vinho, Jay vinha logo atrás de mim com uma caixa de cerveja e um senhor Vasques sonolento e resmungão. Bati na porta, mas quem abriu foi a "Nona" , a avó das meninas, Dona Giordana era italiana, que detestava o nome, e nos obrigava a chamá-la sempre de Nona. Ela era uma mulher espirituosa, que após a morte do marido ( que era extremamente violento pra ela e super maxista), estudou e se formou em gastronomia, e tinha um canal no YouTube sobre comidas no mundo. Então ela vivia viajando. Até tinha um namorado escocês.- Léo!!! - Ela me abraçou. - Cada vez mais lindo e gentil.- Nona!! - Beijei o rosto dela. - Que saudade da senhora, cada vez mais linda. - Eu não estava mentindo, a Sara era incrivelmente parecida com ela. - A senhora está cada vez mais famosa.- Ah!! Pare com isso, vamos entrar. - Ela olhou atrás de mim. - Olha só quem está um rapaz forte. - Ela abraço
Durante o almoço fiquei o mais longe possível do meu pai, tentei ignorá-lo, mas foi praticamente impossível, por causa das encaradas que ele me dava. Além de mim, quem não falava com ele era minha mãe, percebi um clima bastante pesado entre eles, resolvi perguntar ao Paulo.- Aconteceu alguma coisa entre o pai e mãe?- O que você acha? - Paulo me olhou com raiva, então abaixou a voz. - Ontem eles discutiram de novo por sua causa. A mamãe não aceita o fato de o papai ter te expulsado de casa, mas você sabe que ele não vai ceder, somente se você pedir desculpas pra ele.- Não vou fazer isso. - Falo teimoso.- Você só vai se contentar quando os dois estiverem separados! Tudo o que aconteceu é sua culpa, você não consegue manter essa boca fechada.- Desculpe senhor perfeição. Não consigo ser igual a você, porque não tenho um irmão para assumir as minhas cagadas. - Falo irritado.- Seu...- Léo. - Era Anna. - Pode me ajudar um minuto?- Clar