Durante o almoço fiquei o mais longe possível do meu pai, tentei ignorá-lo, mas foi praticamente impossível, por causa das encaradas que ele me dava. Além de mim, quem não falava com ele era minha mãe, percebi um clima bastante pesado entre eles, resolvi perguntar ao Paulo.
- Aconteceu alguma coisa entre o pai e mãe?- O que você acha? - Paulo me olhou com raiva, então abaixou a voz. - Ontem eles discutiram de novo por sua causa. A mamãe não aceita o fato de o papai ter te expulsado de casa, mas você sabe que ele não vai ceder, somente se você pedir desculpas pra ele.- Não vou fazer isso. - Falo teimoso.- Você só vai se contentar quando os dois estiverem separados! Tudo o que aconteceu é sua culpa, você não consegue manter essa boca fechada.- Desculpe senhor perfeição. Não consigo ser igual a você, porque não tenho um irmão para assumir as minhas cagadas. - Falo irritado.- Seu...- Léo. - Era Anna. - Pode me ajudar um minuto?- ClarRecobro a consciência em um ambiente claro e com cheiro de álcool, percebi ser um hospital. Eu estava com uma dor horrível no lado esquerdo do meu rosto e no lado direito da cabeça. Quando passei a mão na cabeça, havia um enorme galo. Consegui me lembrar o que tinha acontecido, as aulas de box do meu pai havia surtido efeito.- Aí! - Tentei me levantar, mas explodiu luzes no meu globo ocular.- Léo! - Minha avó apareceu ao meu lado.- Vovó! - Olhei para ela confuso. - O que aconteceu?- Ah! Meu docinho! Teu pai passou de qualquer limite. Ele te machucou muito. - Ela me olhou preocupada.- Sério vó, nem percebi. - Respondo. - Mas por que estou no hospital?- Você teve uma concussão. - Paulo apareceu na porta do quarto. - Você ficou apagado por um dia.- O quê?! - Olhei para ele assustado.- Vim ver se você estava melhor! - Ele falou. - O médico que você iria receber alta assim que acordasse.- Claro. - Murmurei. Percebi que ele estava
Como Paulo estava no apartamento, resolvi ficar no dormitório do campus, assim que entrei, Miguel me fez dezenas de perguntas e me ajudou com as matérias que eu havia perdido. Na verdade ele foi atencioso a semana toda, para mim isso tinha dedo da Sara, essa, por sinal, enchia a minha caixa de mensagens todos os dias. Mas eu percebi que apenas uma pessoa havia se afastado de mim, o Jay, ele sempre estava ocupado, mandava mensagens perguntando como eu estava, porém só isso. Era raro vê-lo no campus da faculdade. E nos ensaios ele mantinha distância de mim.Preferi me manter calado, mas me sentia cada vez mais triste, e pior, sentia saudades dele. No ensaio final para o festival, ele ficou em um canto e eu no outro, notei que ele me dava olhares furtivos, porém fiquei longe. Vi, também, que meu irmão encarava o Jay, e me encarava, e sempre que eu via o Jay vir para minha direção, o Paulo aparecia na cola dele, e o fazia mudar de direção.A situação c
Acordei no domingo de manhã, com batidas fortes na porta do meu quarto, olhei no relógio, não eram nem 6h da manhã. As batidas ficavam cada vez mais impacientes.- Já vou. - Me levando desorientado. Quando abro a porta levo um susto ao dar de cara com o Jay. - O que faz aqui? - Ele estava cheirando a bebida alcoólica.- Léo. - Ele sussurrou e invadiu meu quarto. - Eu estou tão cansado. - Sua fala estava enrolada.- Você está bêbado? - Pergunta idiota! Era evidente a embriaguez dele.- Eu tomei algumas garrafas de vinho que estavam no meu quarto, e algumas doses de uísque. - Ele riu abobado e se jogou em cima de mim. - Eu queria ter vindo ontem. - Coloco ele em minha cama, ele começou a rir histérico, fechei a porta e o olhei confuso. - Não faça essa cara Léo. - Mais risos. - Você... Eu... Eu estraguei a sua vida, tudo porque eu sou um egoísta de merda...- Do que está falando Jay? - Ele se levanta e segura meu rosto.- Eu te amo. - Ele encosta a te
Mensagem do Paulo:"Quero falar com você. "Eu:" O que é?"Paulo:" Estou à procura do Jay, você sabe onde ele está?"Eu:" Por que eu saberia onde ele está?"Paulo:" Fui na casa do pai dele, e ele não está lá, e estou aqui no dormitório, e ele também não está."Eu:"E daí?"Paulo:" Ele me falou um coisa que envolve você. "Eu:"E...?"Paulo:" Vou te ligar."Espero alguns segundos.- Diga. - Resmungo baixinho.- Você sabe onde está o Jay?- Não, por que saberia? - Minto.- Ele não te falou nada?- Ele me falou muita coisa, especifique Paulo.- O que está rolando entre vocês? Você sabe o que ele é?- Do que está falando? - Me esquivo, Jay resmunga algo incoerente enquanto adormece na minha cama.Eu havia lhe dado banho e colocado ele pra dormir na minha cama.- Você sabe que o Jay gosta de homens? - Sua voz estava estranhamente vaga.- E o que tem isso?- V
- Eu estava pensando em convidar a Sara para passar uma semana na casa dos meus pais. - Miguel me entrega uma lata de refrigerante, nós dois estávamos descansando após uma semana exaustiva de provas, logo entrariamos de férias então todo mundo estava em expectativa. Eu estava mais ansioso que o normal, no dia seguinte seria o festival.- Seria uma boa ideia. - Respondo sonolento. - Se vocês querem firmar as coisas entre vocês, você precisa apresentar ela para seus pais.- Vou conversar com ela. - Ele bocejou.- E você e o Jay?- O que tem? - Pergunto na defensiva.- Eu vi que vocês tomam café todos os dias, e almoçamos juntos também. Perguntei pra Sara, ela me falou que vocês estão namorando. - Ele sorriu.- Estamos nos entendendo. - Encarei ele. - Você não vê problema?- Sobre o quê?- Eu e ele.- Por vocês serem homens? - Ele me olhou curioso. - Foi um choque no começo, mas não vejo problema em nada. Vocês são adultos, e eu não tenho n
Ao chegarmos na casa do senhor Vasques, a primeira pessoa que encontramos foi o Paulo, ele estava parado na porta de entrada da casa. Sua expressão era de triunfo, o que me deixou incomodado. Ele nos deu espaço para entrar na casa, ao seguirmos para a sala, encontramos minha mãe, o senhor Vasques e próximo da janela, o meu pai. Seus ombros estavam tensos, minha mãe estava com as orelhas vermelhas, algo me dizia que eles já haviam discutido.- Oi meninos, que bom que vieram. - O senhor Vasques parecia extremamente preocupado.- Claro pai. Qual o problema? - Jay olha para meus pais desconfiado.- Acho bom vocês se sentarem.- Falou o senhor Vasques.- Não precisa ser tão cortês Júlio. - Resmungou meu pai. - Não são mais crianças.- Ricardo, aqui não é sua casa. - Destacou minha mãe.- Meninos sente. - Repetiu o pai do Jay.- Você também Paulo.Fizemos o que ele mandou, eu e Jay sentamos no sofá de dois lugares que tinha na sala, Paulo se
Chegamos no apartamento em tempo recorde, sinto que Jay está mais calmo, então resolvo perguntar o que houve na casa.- Pode me dizer o que aconteceu na casa?- Humm. - Ele respira fundo e se dispara a falar. - Mandei seu pai embora, e ele me xingou, aí te xingou também, perdi minha paciência, e dei um soco nele, então começamos a brigar, meu pai me tirou de cima dele, aí ele corre pra fora e tentou te bater, mas consegui chegar a tempo.- Ok! - Murmuro surpreso. Ele me olha chocado.- Só vai me dizer isso? - Pergunta surpreso. - Eu bati no seu pai.- Ele mereceu. - Eu sorri. - Só fiquei preocupado de você ter se machucado. Porém vi que você está bem.- Humm. - Ele sorri, depois começa a rir descompensadamente. - Bem, agora se você não tiver certeza do que sente por mim, eu estaria surpreso.- Descobri que te amo. - Respondo sorrindo, ele arregala os olhos. - Então vou te perguntar uma coisa. - Ergo as sobrancelhas. - James, você ace
Jay mantinha roupas e produtos de higiene pessoal, tanto na casa do seu pai, quanto na casa que pertenceu a mãe dele. Nós estávamos na casa que era da mãe dele, pois temiamos que meu pai fosse nos procurar no dormitório ou na casa do senhor Vasques.Arrumamos as malas dele em mais ou menos em uma hora, apesar de tudo o que havia acontecido durante o dia, nós dois estávamos sorridentes, eu sentia que um peso enorme havia sido tirado dos meus ombros, Jay parecia mais brincalhão e mais leve. Sabíamos que teria muito o que enfrentarmos daqui por diante, mas naquele momento era só nós dois e íamos aproveitar o máximo disso.- Eu vou tomar um banho, ok - Falo, indo para o banheiro, Jay já havia se banhado. - Escolha um filme que eu estouro a pipoca.- Ok! - Ele sorriu. - Só não demore muito, se não começo a assistir sem você.- Pode deixar. - Murmurei.Antes de ligar o chuveiro, verifiquei meu celular, havia uma mensagem da minha mãe, dizendo que ela