- Que lugar é esse? - Pergunto intrigado. Estávamos em uma linda casa de campo, era enorme, parecia aquelas casas de cinema.
- Essa é a casa que minha mãe deixou pra mim, antes de ela morrer. - Ele sorriu com ternura. - Quando você foi embora, eu fiquei aqui, sozinho por um mês. - Humm... Ela é enorme. - Desconversei. - Um pouco exagerada. No entanto minha mãe adorava ela, pois ela fica no campo, eu me lembro... - Ele estava perdido em lembranças. - De ela me ensinando a tocar violão na sacada. Olhei a casa, e comecei a reparar nos detalhes dela, com toda certeza a pessoa que planejou a casa usou muito bem o ambiente e gostava muito da natureza. A casa era rodeada de lindas árvores e seu jardim era espetacular, a casa era branca com grandes janelas, tanto no primeiro andar quanto no segundo, onde ficava a sacada que o Jay havia mencionado. - Quantos anos você tinha quando ela faleceu? - Eu não conseguia recordar muito bem.- Eu tiQuando retornei para meu dormitório, já havia escurecido, notei que o Miguel não estava, então deixei a sacola de doces que ele me pediu em cima da cama dele. Deitei em minha cama e fiquei pensando sobre o quê havia acontecido durante o dia. Acabei dormindo com um sorriso no rosto. ☆ ☆ ☆- O Léo teve um encontro ontem, mas não quis contar pra mim com quem era, sabia Sara, isso não é justo. - Eu, Miguel e Sara tínhamos aula juntos de relações internacionais no primeiro tempo na segunda-feira de manhã. E Miguel falou tão alto, que todos na sala me encararam, como se eu não tivesse virado o centro das atenções da faculdade. - Convença ele a me falar.- Você teve um encontro? - Sara me olhou surpresa.- Teve sim, e chegou tarde. - Miguel respondeu por mim.- Eu cheguei 8h, e você não estava no quarto. - Revirei os olhos. - Eu não tive um encontro, já fale
O restante da semana passou como um borrão. Jay me ajudou com as músicas, nos intervalos entre as aulas e durante as noites que ele não tinha treino. Eu estava ficando bom, mas me apresentar ainda era complicado. Me sentia mais ansioso a cada dia.Meu irmão conseguiu remover a publicação no Facebook e no site da faculdade, no entanto o estrago já estava feito, todos da universidade fofocavam sobre mim e me encaravam quando eu passava.Na sexta-feira, todos que tinham algum tipo de apresentação para o festival estavam reunidos no teatro. Eu também estava lá , mas sem nenhuma vontade de subir no palco. Fiquei observando os outros se apresentarem, um melhor que o outro, como eu poderia me apresentar assim?!Eu estava começando a sentir meu coração acelerado, as batidas estavam tão forte que meus ouvidos estalavam. Mesmo estando sentado comecei a perceber que minhas pernas estavam moles. Senti alguém me sacudir.- Ei. Léo? - Era Miguel. - Você está bem? Está
- A mamãe quer falar com você.- Falou Paulo, era horário do almoço, e eu estava em um dos meus raros momentos sozinho. Miguel estava colando cartazes do festival, junto com a Sara.- Humm, por quê?- Eu o olhei intrigado, minha mãe nunca foi de querer falar comigo.- Porque eu liguei para ela ontem, e contei que você teve uma crise de asma. - Ele respondeu. Jay se aproximou sentou ao lado do meu irmão e ficou nos observando em silêncio.- E o que que isso tem haver? A dona Marta nunca foi de se preocupar comigo. - Encarei ele cético.- Não sei. - Admitiu. - Ela me disse que era pra mim te avisar. Ela marcou uma consulta pra você hoje à tarde e disse que é pra você ir.- Como assim? - Eu o encarei assustado. - Eu tenho palestra. - Menti.- Ela sabe que você não tem, ela ligou para a diretoria e se informou. - Ele me desmente.- Merda!!! Por que ela tinha que ser amiga do diretor? - Resmunguei. - Por que você ligou pra ela?- V
Como deu para notar, meu irmão é parecido fisicamente com a minha mãe, mas sua personalidade é do meu pai. Já eu sou parecido fisicamente com o meu pai. Como meu pai eu sou bronzeado, tenho cabelo preto, olhos azuis, a diferença é que eu estou mais magro e o azul do olho dele é escuro como o oceano no fim da tarde. Nós dois temos o mesmo nariz pequeno e o cabelo liso. Mas nossa semelhança acaba ai, meu pai por ter sido jogador de vôlei na faculdade, tinha um porte mais atlético, conseguia se dar bem com todos e era um arquiteto de mão cheia ( e é daí que meu dom para desenho surgiu.) Ele é um péssimo cantor, e por causa da idade tem uma face mais dura. Já minha face era delicada, herdada da minha mãe.- Minha nossa!!!! - Meu pai me encarou surpreso. - Léo??? É você? - Ele sorriu com deboche. Ele dividia o mesmo humor que o Paulo.- Oi pai. - Resmunguei sem vontade.- Ricardo. Por que o atraso?- Minha mãe sempre preocupada com o horário.- Tinha trânsito.
Muitas vezes parece que o destino gosta de pregar peças.- Bem, já são 10:15h e o dormitório já fechou. - Jay encarava nosso prédio fechado. - Eu não pensei que o papai iria dormir.Foi uma cena e tanto, tirar o senhor Vasques do carro e o colocar deitado na cama. Fazer uma maratona não teria cansado tanto a gente, levou uns bons 20min pra fazermos isso.- Então onde eu vou dormir? - Perguntei. - Eu não ligo de dormir no banco da praça, qualquer lugar é melhor que minha casa.- Bem eu tenho um lugar. - Falou Jay.- Na casa do teu pai não vai dar, se ele acordar e me ver lá, ele vai contar para o meu pai e vai dar uma confusão enorme. - Respondo.- Mas pode ser na minha casa. - Ele sorriu.- Eu não vou te incomodar lá?- Não, e bem, é melhor que o banco da praça. - Ele abriu mais o sorriso.- Por que está sorrindo? - Fiquei intrigado.- Nada. - Ele ligou o carro, com um sorriso de orelha a orelha.- Você é estranho. - Murm
Quando falam que desenhar é fácil, que é só pegar um lápis e pronto, ao certo essa pessoa nunca foi em uma aula na faculdade de artes plásticas, nunca teve uma aula sobre os princípios dos principais pintores da história e suas metodologias. Olha Picasso está de parabéns.A semana passou como um raio, estávamos nas semanas finais, então quase nenhum aluno estava tendo descanso, incluindo eu.Eu estava saindo da aula parecendo um zumbi, minha cabeça pesava muito. Segui direto para o refeitório, e lá já encontrei Sara e o Miguel sentados juntos, ela acenou para mim. Peguei minha comida e sentei com eles. Sendo a semana de provas e apresentações, o refeitório estava extremamente silencioso, para uma quinta-feira, muitos alunos estavam apáticos ou enterrados em livros e anotações.- Você está sumido durante essa semana. Quase não responde minhas mensagens. - Comentou Sara.- Tenho provas e apresentações. Além de ter que ensaiar para o festival, e amanh
- Você poderia desmanchar essa cara.- Falou Miguel. - Se você subir no palco no dia do festival, com essa cara, todo mundo vai embora.- Miguel. - Minha raiva transbordava nas minhas palavras. Eu estava nervoso, teria que cantar e pra me ajudar meu pai me ligou só pra brigar comigo e me obrigar a fazer coisas pra ele, então eu não estava em um bom dia. - Fique quieto. Se não quer ter um olho roxo.- Misericórdia. - Ele ergueu as mãos como se tivesse se rendendo. - Eu só estava tentando ajudar.- Cale a boca. - Falei entre dentes.- Miguel, cai fora!!! - Jay olhou pra ele friamente. - Você aí!! - Ele suavisou a expressão, falando mais baixo só pra eu ouvir. - Respira fundo, e se for se sentir melhor, feche os olhos, e finja que ninguém está te vendo. - Eu balancei a cabeça. - É só um ensaio, você vai se sair bem!!! Só cante como você cantou quando estava só a gente.- Ok. - Respirei fundo.- Pronto?! - Perguntou ele, concordei com a cabeça. Eu me ap
Se eu gostava de provocar meu pai, mas é claro que sim, afinal eu era a decepção da família e tinha que fazer por merecer esse título.- Me explica: por que você trouxe a gente junto? - Miguel me encarava coçando a cabeça, nós estávamos no shopping, mais especificamente na frente do cinema, onde a menina havia marcado de nos encontrar.- Porque meu pai não disse nada, se era pra eu vir sozinho ou acompanhado. - Eu sorri. - Está vindo a Sara aí. - Junto com ela vinha a Anna, o Jay e o meu irmão, esse era novidade, mas onde Anna estivesse ele estaria.- Bem, Léo, teu pai vai te matar.- Sara riu e pegou a mão do Miguel.- Estou fazendo o que ele mandou. - Então avistei a moça. - Bem compre os ingressos e a pipoca, que eu já volto.- Ei, mas que filme vamos assistir? - Gritou Miguel.- Escolha qualquer um.A menina era a típica patricinha filhinha de papai. O cabelo hiper arrumado, maquiagem em dia, modo de se vestir. E exalava um perfume doce demai