- A mamãe quer falar com você.- Falou Paulo, era horário do almoço, e eu estava em um dos meus raros momentos sozinho. Miguel estava colando cartazes do festival, junto com a Sara.
- Humm, por quê?- Eu o olhei intrigado, minha mãe nunca foi de querer falar comigo.- Porque eu liguei para ela ontem, e contei que você teve uma crise de asma. - Ele respondeu. Jay se aproximou sentou ao lado do meu irmão e ficou nos observando em silêncio. - E o que que isso tem haver? A dona Marta nunca foi de se preocupar comigo. - Encarei ele cético. - Não sei. - Admitiu. - Ela me disse que era pra mim te avisar. Ela marcou uma consulta pra você hoje à tarde e disse que é pra você ir. - Como assim? - Eu o encarei assustado. - Eu tenho palestra. - Menti.- Ela sabe que você não tem, ela ligou para a diretoria e se informou. - Ele me desmente.- Merda!!! Por que ela tinha que ser amiga do diretor? - Resmunguei. - Por que você ligou pra ela?- VComo deu para notar, meu irmão é parecido fisicamente com a minha mãe, mas sua personalidade é do meu pai. Já eu sou parecido fisicamente com o meu pai. Como meu pai eu sou bronzeado, tenho cabelo preto, olhos azuis, a diferença é que eu estou mais magro e o azul do olho dele é escuro como o oceano no fim da tarde. Nós dois temos o mesmo nariz pequeno e o cabelo liso. Mas nossa semelhança acaba ai, meu pai por ter sido jogador de vôlei na faculdade, tinha um porte mais atlético, conseguia se dar bem com todos e era um arquiteto de mão cheia ( e é daí que meu dom para desenho surgiu.) Ele é um péssimo cantor, e por causa da idade tem uma face mais dura. Já minha face era delicada, herdada da minha mãe.- Minha nossa!!!! - Meu pai me encarou surpreso. - Léo??? É você? - Ele sorriu com deboche. Ele dividia o mesmo humor que o Paulo.- Oi pai. - Resmunguei sem vontade.- Ricardo. Por que o atraso?- Minha mãe sempre preocupada com o horário.- Tinha trânsito.
Muitas vezes parece que o destino gosta de pregar peças.- Bem, já são 10:15h e o dormitório já fechou. - Jay encarava nosso prédio fechado. - Eu não pensei que o papai iria dormir.Foi uma cena e tanto, tirar o senhor Vasques do carro e o colocar deitado na cama. Fazer uma maratona não teria cansado tanto a gente, levou uns bons 20min pra fazermos isso.- Então onde eu vou dormir? - Perguntei. - Eu não ligo de dormir no banco da praça, qualquer lugar é melhor que minha casa.- Bem eu tenho um lugar. - Falou Jay.- Na casa do teu pai não vai dar, se ele acordar e me ver lá, ele vai contar para o meu pai e vai dar uma confusão enorme. - Respondo.- Mas pode ser na minha casa. - Ele sorriu.- Eu não vou te incomodar lá?- Não, e bem, é melhor que o banco da praça. - Ele abriu mais o sorriso.- Por que está sorrindo? - Fiquei intrigado.- Nada. - Ele ligou o carro, com um sorriso de orelha a orelha.- Você é estranho. - Murm
Quando falam que desenhar é fácil, que é só pegar um lápis e pronto, ao certo essa pessoa nunca foi em uma aula na faculdade de artes plásticas, nunca teve uma aula sobre os princípios dos principais pintores da história e suas metodologias. Olha Picasso está de parabéns.A semana passou como um raio, estávamos nas semanas finais, então quase nenhum aluno estava tendo descanso, incluindo eu.Eu estava saindo da aula parecendo um zumbi, minha cabeça pesava muito. Segui direto para o refeitório, e lá já encontrei Sara e o Miguel sentados juntos, ela acenou para mim. Peguei minha comida e sentei com eles. Sendo a semana de provas e apresentações, o refeitório estava extremamente silencioso, para uma quinta-feira, muitos alunos estavam apáticos ou enterrados em livros e anotações.- Você está sumido durante essa semana. Quase não responde minhas mensagens. - Comentou Sara.- Tenho provas e apresentações. Além de ter que ensaiar para o festival, e amanh
- Você poderia desmanchar essa cara.- Falou Miguel. - Se você subir no palco no dia do festival, com essa cara, todo mundo vai embora.- Miguel. - Minha raiva transbordava nas minhas palavras. Eu estava nervoso, teria que cantar e pra me ajudar meu pai me ligou só pra brigar comigo e me obrigar a fazer coisas pra ele, então eu não estava em um bom dia. - Fique quieto. Se não quer ter um olho roxo.- Misericórdia. - Ele ergueu as mãos como se tivesse se rendendo. - Eu só estava tentando ajudar.- Cale a boca. - Falei entre dentes.- Miguel, cai fora!!! - Jay olhou pra ele friamente. - Você aí!! - Ele suavisou a expressão, falando mais baixo só pra eu ouvir. - Respira fundo, e se for se sentir melhor, feche os olhos, e finja que ninguém está te vendo. - Eu balancei a cabeça. - É só um ensaio, você vai se sair bem!!! Só cante como você cantou quando estava só a gente.- Ok. - Respirei fundo.- Pronto?! - Perguntou ele, concordei com a cabeça. Eu me ap
Se eu gostava de provocar meu pai, mas é claro que sim, afinal eu era a decepção da família e tinha que fazer por merecer esse título.- Me explica: por que você trouxe a gente junto? - Miguel me encarava coçando a cabeça, nós estávamos no shopping, mais especificamente na frente do cinema, onde a menina havia marcado de nos encontrar.- Porque meu pai não disse nada, se era pra eu vir sozinho ou acompanhado. - Eu sorri. - Está vindo a Sara aí. - Junto com ela vinha a Anna, o Jay e o meu irmão, esse era novidade, mas onde Anna estivesse ele estaria.- Bem, Léo, teu pai vai te matar.- Sara riu e pegou a mão do Miguel.- Estou fazendo o que ele mandou. - Então avistei a moça. - Bem compre os ingressos e a pipoca, que eu já volto.- Ei, mas que filme vamos assistir? - Gritou Miguel.- Escolha qualquer um.A menina era a típica patricinha filhinha de papai. O cabelo hiper arrumado, maquiagem em dia, modo de se vestir. E exalava um perfume doce demai
Eram mais ou menos umas 19:30h a hora que eu terminei meus trabalhos, resolvi olhar meu celular e tinha umas setes mensagens não lidas, duas eram do Miguel e cinco do Jay.Mensagem do Miguel:"Ñ me espere hoje à noite, vou ficar na casa da Sara."- Nossa, eles já estão nesse nível. - Pensei em voz alta.Mensagem do Miguel:" Cara, vc está imerso nesses livros?! Me responda assim que ver essa mensagem. E coma!! E tranque a porta!!!!" Você está vivo?"Minha resposta:" Ok!! Miguel!!! Pode ficar tranquilo, eu estou vivo, já vou comer e eu sempre tranco a porta!!! Se divirta aí!!Respirei fundo e fui abrir as mensagens do Jay." Oi!!"" Miguel está na casa da Sara, e falou que vc está estudando."" Ele disse que vc não come quando estuda. Verdade?""POR QUE NÃO ME RESPONDE?"" Estou preocupado. "Eu encarei o celular assustado, de repente ele vibrou novamente. Mais uma mensagem dele." Estou levando comida,
Todos os anos, a família da Sara ajudava o orfanato da cidade, uma iniciativa que começou com os pais delas e continuou com as tias.- Oi Léo. - Sorriu Anna. - Obrigado por vir.- Que isso. Eu trouxe mais uma mão, tudo bem?- Jay!!!!- Gritou Sara.- Você veio!! Mas você disse que não poderia vir. Que tinha trabalho.- Humm. Vou ganhar ajuda depois. - Ele estava carregando uns baldes e vassouras.- Humm... - Anna encarou Sara. - Algo me diz que o Léo tem algo haver com isso.- Prometi ajudá-lo, se ele nos ajudasse.- Respondo. - Vou pegar as tintas.- Pegue a chave. As latas estão no porta malas. - Falou ele.Antes de me virar para buscar as tintas, notei uma olhada sugestiva entre as duas irmãs, e um sorriso cúmplice entre elas.Eu sempre ajudei as meninas no orfanato. Seja na limpeza, venda de rifas, distribuição de comida, arrecadação de brinquedos ou roupas. Por isso, todos naquele lugar me conheciam, principalmente as f
A manhã passou apática, com nada muito interessante acontecendo, mas na hora do almoço resolvi ligar meu telefone e encontrei 30 ligações da minha mãe, 10 da Anna, 20 do meu irmão, sem contar as inúmeras mensagens. Porém o que me preocupou foram as ligações dos meus avós e de minha tia Sofia. Minha tia nunca ligou pra ninguém. Por isso resolvi retornar para meu avô, ele me atendeu no segundo toque.- Léo!!! - Meu avô suspirou aliviado. - Magda ele atendeu. - Como era uma vídeo chamada, minha avó apareceu na tela.- Léo!!! Graças a Deus!!! - Ela me olhou preocupada. - Alfredo me dê o telefone. - Ela toma o aparelho da mão do meu avô. - Filho, como você está?- Estou bem vovó. - Menti, forçando um sorriso.- Não minta!!!- Ela ralhou. - Sabemos o que seu pai fez, aquele desalmado. Nós nunca fizemos isso à nenhum dos nossos filhos. O Ricardo deve ter puxado o teu lado da família, Alfredo.- O quê?! - Escutei meu avô gritar. - Até parece, não me envolva nas caga