Capítulo 2
Na manhã seguinte.

Por causa da dor intensa no ferimento de Pola, ela insistiu para que Jacob ficasse mais uma noite no hospital.

A caminho do trabalho, ao passar por um cruzamento, Jacob deu uma ordem repentina ao motorista:

— Vá para a Vila Werland.

Ele não queria voltar para lá, mas suas roupas já estavam há dois dias no corpo. Era hora de trocá-las.

Ao chegar na casa, no entanto, não foi recebido com o calor habitual de uma mulher ansiosa pela sua chegada, mas sim com uma frieza que parecia preencher todo o ambiente.

No centro da sala, sobre a mesa de café, estava um documento de divórcio.

Jacob olhou para a assinatura no final da página, junto com a chave da casa colocada em cima do contrato. Seus olhos escuros brilharam por um breve momento, com uma emoção difícil de decifrar.

Em seguida, ele subiu as escadas em direção ao quarto.

Era a primeira vez que Jacob entrava no quarto de Eliana.

Durante os últimos três anos, eles haviam vivido como estranhos, dividindo a mesma casa, mas sem interferir na vida um do outro.

O quarto estava exatamente como ele imaginava: limpo e organizado.

Nos últimos três anos, Eliana havia cuidado de cada detalhe da vida doméstica dele. Ele tinha que admitir que, como esposa, em certos aspectos, ela até que era competente.

Sentindo-se incomodado por seus próprios pensamentos, Jacob franziu as sobrancelhas e foi até o guarda-roupa dela.

Todas as roupas, joias e qualquer coisa relacionada à família Perry estavam lá.

Exatamente como ela havia escrito no contrato de divórcio: ela não levou nada. Saiu de mãos vazias.

Então, aquela história de que estava à beira da morte era apenas um truque barato?

Os olhos de Jacob brilharam com uma pitada de sarcasmo.

— Eliana, quero ver qual é o seu próximo jogo.

O toque do celular interrompeu seus pensamentos. Ele tirou o aparelho do bolso e, ao ver o nome na tela, uma sombra de desapontamento que talvez nem ele mesmo tivesse percebido passou pelos seus olhos.

— O que foi? — Ele atendeu de forma seca.

Do outro lado da linha, o assistente Thomas parecia nervoso.

— Senhor, a Srta. Pola está em perigo!

Jacob franziu o cenho imediatamente.

— Estou a caminho.

Ao chegar ao hospital, seguranças estavam posicionados na porta do quarto, e as câmeras de segurança não mostravam ninguém suspeito, mas Pola havia sido envenenada e sua vida estava por um fio.

O médico responsável suspeitava:

— Sr. Jacob, é possível que a Srta. Pola já estivesse envenenada antes de chegar ao hospital...

Antes que o médico pudesse terminar, Pola o interrompeu:

— Jacob, não culpe a Eliana. Ela só estava tentando proteger o casamento dela. Se eu tivesse escutado o que ela disse e me afastado de você, nada disso teria acontecido. A culpa é toda minha.

— Nesse momento, você deveria se preocupar consigo mesma, e não com aquela mulher cruel. — Jacob pegou o celular e, furioso, ligou para Eliana.

— Desculpe, o telefone que você ligou está desligado.

A raiva em seus olhos era tão intensa que parecia capaz de devorar qualquer um que estivesse por perto. Ele olhou para Thomas e ordenou friamente:

— Procurem Eliana, não importa onde ela esteja! Quero que a encontrem!

...

Enquanto isso, na Vila das Colinas.

Assim que entrou pela porta, Eliana espirrou. Andrew Hughes, que a acompanhava, ficou imediatamente preocupado:

— Elia, você está resfriada?

Ela esfregou o nariz, tentando aliviar a coceira, e espirrou de novo.

— Não é nada.

— Dois espirros seguidos? Você com certeza pegou um resfriado! — Andrew largou a bagagem dela e foi depressa para a cozinha. — Vou fazer um chá de limão para você.

Observando a preocupação genuína de Andrew, Eliana lembrou-se das palavras de Jacob: "Eu já disse que a vida dela não importa para mim."

Quando alguém se importava com ela, até um simples espirro causava preocupação. Quando não se importava, mesmo que ela estivesse à beira da morte, não moveria um dedo.

Três anos atrás, ela fez de tudo para se casar com ele. Por gratidão, ela reprimiu sua verdadeira natureza, se humilhou e se esforçou para ser uma esposa exemplar.

Hoje, olhando para trás, percebeu que nos últimos três anos, sua cabeça só podia estar cheia de vento.

Tudo bem que ele a salvou uma vez, mas naquela ocasião, ela entregou sua pureza a ele. Ele não saiu perdendo. A ideia de que ela tinha uma dívida de gratidão com ele era completamente absurda.

Engolindo a dor que insistia em se manifestar, Eliana chamou Andrew antes que ele entrasse na cozinha:

— Não precisa se preocupar. Mas sobre a família Mason em Cidade B, vou precisar da sua ajuda para fazer contato.

— Família Mason?

Os olhos de Eliana se estreitaram:

— Os assassinos dos meus pais, e talvez até o ataque que sofri três anos atrás, podem estar ligados à família Mason.

Ao ouvir isso, Andrew franziu o cenho com força.

— A família Mason está profundamente envolvida na política. Isso significa que quem está por trás disso é ainda mais poderoso do que imaginávamos. Coincidentemente, o chefe da família está doente e à procura de um médico renomado. Vou espalhar a notícia de que você é uma médica milagrosa.

Dez minutos depois, Andrew voltou com uma resposta.

— Elia, a família Mason está com pressa e quer que você vá o quanto antes. Mas e seus ferimentos...

Desde que havia visto Eliana pela primeira vez, Andrew queria perguntar sobre os ferimentos que cobriam seu corpo e sobre onde ela esteve nos últimos três anos. Se estava viva, por que nunca fez contato?

Mas, conhecendo bem o temperamento dela, ele preferiu não tocar no assunto.

Eliana sabia que Andrew estava preocupado, mas tudo relacionado a Jacob era algo que ela não queria mencionar para ninguém.

Já estava acabado. Não haveria mais nada entre eles. Não havia motivo para que seus amigos soubessem de Jacob.

Mas ela também sabia que, se não explicasse nada, Andrew não ficaria tranquilo. Pensando por um momento, ela respondeu:

— Eu criei um cachorro. Depois de três anos, ele ainda não havia se acostumado comigo e acabou me mordendo.

Andrew ficou vermelho de raiva.

— Onde está esse cachorro? Vou arrancar os dentes dele!

Quem ousaria machucar sua família? Não importa quem fosse, ele não deixaria passar!

— Morreu. — Respondeu Eliana calmamente. — Morreu dentro de mim.

Ela mudou de assunto:

— Informe a família Mason que estarei lá daqui a dois dias, às quatro da tarde.

Dois dias se passaram rapidamente.

Na sala da presidência do Grupo Perry, Jacob olhou para Thomas, que acabava de entrar.

— Ainda não encontraram?

— Ainda não encontramos um médico capaz de neutralizar o veneno. — Thomas hesitou por um segundo e continuou. — Sra. Eliana, por ser órfã, não tem familiares. Nos últimos três anos, toda sua vida foi diretamente ligada ao senhor, sem nada suspeito. Portanto... Também não conseguimos localizá-la.

— Dois dias... — Jacob murmurou.

Será que ela estava se escondendo por culpa? Ou será que ela também...

Percebendo que estava se preocupando com Eliana, Jacob franziu a testa com força.

— Aumente os esforços para encontrá-la!

— Sim, senhor!

Jacob foi até a janela de vidro e olhou para o horizonte distante. Em seus olhos, havia uma mistura de emoções que ele mesmo não conseguia identificar.

— Eliana, espero que você consiga se esconder para sempre.

— Senhor... — Thomas voltou correndo, sem nem bater na porta. — O senhor precisa ver isto!

Jacob pensou que finalmente tinham encontrado Eliana, mas, ao olhar o telefone que Thomas entregou, seus olhos se estreitaram.

— Luna?

— Luna é uma das médicas mais famosas do país! — Thomas estava eufórico. — Ela é conhecida por curar qualquer tipo de envenenamento ou doença. Sua habilidade médica é incomparável. Anos atrás, ela desapareceu misteriosamente, e todos pensavam que estava morta. Mas agora, há rumores de que ela reapareceu. Acabei de receber a notícia de que hoje, às quatro da tarde, ela irá à família Mason, em Cidade B, para tratar o chefe da família. O senhor deveria tentar levá-la para tratar a Srta. Pola!

— Família Mason, em Cidade B...

Se a família Mason a estava contratando, era porque a médica realmente tinha algo a oferecer.

— Vá buscá-la.

Quando Thomas estava prestes a sair, Jacob o chamou de volta.

— Eu mesmo vou.
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