Não foi difícil Maria se sentir em casa, ela era tão bagunceira quanto todos ali, provocava os caras no mesmo nível, fofocava com as mulheres, brincava com as crianças até rolando no chão se necessário e nem precisava dizer que ser chamada a cozinha era como estar no seu próprio reino.A tarde passou de forma rápida e pelo jeito Maria havia desistido da ideia de se esgueirar pela porta da frente, fugindo de ter que participar de um almoço em família.— Vocês vão jogar futebol? — sua voz soou surpresa. — Motoqueiros jogando futebol?— Ai! Essa magoou!— Preconceito! — Kai gritou de onde estava perto do gol, apontando um dedo na direção dela, que ergueu as mãos em sinal de inocência ainda rindo.— Hora de mostrar pra ela o que sabemos. — Brutos falou entrando com cara de quem ia jogar pra valer.E foi o que fizemos jogamos com garra até que ficamos empatados, estávamos cansados já quando Denis deu uma entrada bruta e Kai foi pro chão se machucando.— Eu não vou jogar. Seu puto, você que
Era domingo dia de almoço em família, no caso a família do Miguel. Já tinha visto eles em fotos e tinha ouvido falar muito sobre a família grande, maluca e barulhenta. Mas o que eu podia falar, não é mesmo? A minha era igual.Precisava que dizer que não esperava que aqueles homens enormes, cheios de tatuagens e usando coletes com caveiras nas costas com o nome do clube, fossem ser tão crianções, o mesmo valia para as mulheres com cara de duronas, usando o mesmo colete e tão cobertas de tatuagens quanto eles, fossem tão acolhedoras e boas de bola.Tinha acabado de colocar Will na cama, o pequeno capotou todo sujo mesmo, tinha gastado todas as energias brincando com os primos. Não demorou para que os olhinhos vermelhos se fechassem e ele ressonasse pesado em meu colo. Observei por mais um momento ele dormindo pacificamente, Will era uma criança amorosa e não demorou para me ganhar, era assim com todo mundo, não tinha como resistir aqueles olhinhos e o sorriso doce.Afastei os cabelos gr
O mês tinha passado rápido, já havia chegado a festa dos meus pais e eu estava uma pilha de nervos. Por eles fazerem uma festa? Não. Porque eu era a responsável pelo buffet? Não. Mas sim porque ele ia conhecer meus pais.Miguel era o primeiro homem que eu trazia para conhecer a família e esse era o motivo para que eu tivesse passado a semana inteira apreensiva. Queria que tudo fosse perfeito e que os dois se dessem muito bem, a aprovação de meus pais era importante pra mim.O dia foi uma loucura, não abri o restaurante para me certificar de que conseguiríamos arrumar tudo a tempo, sai do salão depois de supervisionar tudo mais cedo para conseguir me arrumar a tempo de Miguel chegar.Ele tinha feito acrobacia para ter a noite de um sábado livre, mas não precisei fazer esforço para que ele aceitasse ir, o homem parecia ter ganhado na loteria. Se ele ao menos soubesse quem o Senhor Nascimento é de verdade.Oito horas em ponto a buzina do seu carro soou me fazendo correr para colocar os s
Maria vinha estando nervosa por vários dias, pensando sobre como sua família reagiria quando nos conhecêssemos e eu vinha tentando tranquilizá-la, sempre fui bom com pais, talvez as tatuagens e meu cabelo grande causassem uma má impressão no começo, mas nada que um pouco de conversa não resolvesse.Mas assim que chegamos e encontramos a irmã dela eu entendi o que ela queria dizer, o olhar em cima de mim não foi nada discreto e quando as duas desapareceram eu podia imaginar o tipo de conversa que estariam tendo. Mas não quis pensar naquilo, nada iria estragar essa noite, era a festa dos pais de Maria e a primeira vez que ela trazia um cara para apresentar a famíliaA cerimonia da renovação de votos foi rápida e ainda sim bonita, eles pareciam um casal apaixonado de verdade, o que me lembrou das palavras de Maria no outro dia: meus pais são o casal mais apaixonado que já conheci, ainda sim nunca me vi amando alguém assim.Por isso quando ela sussurrou que me amava depois de me beijar na
A noite tinha sido mais perfeita do que eu imaginei que seria, toda família adorou Miguel e minha mãe até de mais, meu pai fez cara feia, mas não implicou com Miguel e enquanto eu dançava com Will vi bem os dois conversando, já era um começo.Chegamos em casa por volta das duas da manhã, o pequeno estava capotado já desde que saímos da festa. Passei na frente de Miguel e abri a porta para que ele entrasse caminhando com o filho.Dona Magda tinha saído com as amigas por isso a casa era só nossa, entrei no banheiro no quarto dele antes que Miguel voltasse, eu tinha planejado como aquela noite terminaria independente do resultado de hoje.Tomei uma ducha rápida, passei um perfume e coloquei a lingerie vermelha que tinha comprado especialmente pra hoje. A renda do sutiã moldava meus seios e o aro ajudava a deixá-los empinados, enquanto a calcinha era fina e estava bem enterrada na minha bunda. Queria fazer Miguel perder a cabeça essa noite!— Você acredita que foi só eu colocar ele na cam
Sem duvida alguma eu amava Maria e com ela ali nos meus braços, com a cabeça deitada em meu peito, eu sabia que tinha tomado a decisão certa em ignorar o que o pai dela queria.Ele podia achar que eu não fosse o melhor para sua filha e ele tinha todo o direito de pensar assim, eu fiz muitas coisas erradas no meu passado, coisas pelas quais eu deveria estar preso, mas eu não estava e havia deixado tudo isso para trás, junto com a minha cadeira de presidente no Devil’s Head.Poderia até não ser digno dela, mas ela me ama assim como eu a amo, então não iria a lugar nenhum.— Acordou tão sério hoje. — a voz dela me trouxe de volta ao presente e eu virei minha cabeça para poder olhá-la. — O que está maquinando nessa cabecinha linda?Se ela soubesse com o que eu estava preocupado ficaria muito triste e tristeza era a última coisa que eu gostaria de ver no rosto dela.— Estava pensando em como seria o melhor jeito de te acordar.— Acho que tenho algumas ideias. — sem esperar mais ela jogou a
Will estava correndo na grama brincando com o cachorrinho que encontramos na entrada do parque, todo sujo e assustado o filhotinho ganhou o coração de nós três, agora os dois rolavam na grama e corriam como se fossem amigos inseparáveis.— Miguel vai enlouquecer quando ver o cachorrinho. Ele sempre negou um ao filho, disse que Will só ganharia um cachorrinho quando soubesse limpar a bagunça.— Agora ele vai ter que engolir. — sorri ainda encarando o menino correndo e gargalhando. — Meu pai também nunca me deixou ter um e depois que fui morar sozinha não tinha tempo de cuidar nem de uma planta.— Não duvido que ele vá aceitar com um sorriso no rosto, não tem nada que você peça com um sorriso que ele não vá correndo fazer. — ela falou com uma voz tão emocionada que eu voltei meu olhar para ela no mesmo instante. — Você veio mesmo pra mudar aquela cabeça dura.Se ela soubesse que não era só com ele, Miguel tinha esse mesmo efeito sobre mim, eu fazia qualquer coisa para ele sorrindo.— Ma
— Você aqui de novo. — Brutos acertou um tapa em meu ombro e se sentou na banqueta ao meu lado. — Anda, está na hora de você dizer o que está acontecendo.Eu vinha tentando evitar Maria por uma semana, mas era quase impossível já que ela estava passando cada vez mais tempo na minha casa. Isso acabou me obrigando a passar mais noites do que eu queria no bar e com os Devil’s.— Não aconteceu nada. — resmunguei pegando o copo e dando mais um gole no meu whisky.— Claro que aconteceu, eu te conheço muito bem, sei quando tem algo de errado. — apesar do bar estar lotado, repleto de mulheres, Brutos não parecia estar disposto a ir embora e me deixar em paz. — Faz muitos anos que você não passava tanto tempo aqui no bar, então é claro que alguma coisa está acontecendo. É sobre Will? Ou sua garota?Suspirei lembrando me das palavras do pai de Maria. Eu podia não ser o melhor partido, mas eu a amava e faria qualquer coisa para vê-la feliz, por isso estava cogitando fazer o que o velho me disse