Haviam muitos convites pra cantarmos em vários lugares, dirigir programações, eventos, cantar em inaugurações e num desses dias eu fui convidado pra dirigir a programação de uma igrejinha não longe dali, num bairro chamado Santa Fé, era a mesma igrejinha onde frequentava um rapaz chamado Cleber, um antigo “amigo” da Amanda que quando ficou sabendo quem iria pra lá naquele final de semana, tratou de desaparecer não sei por que razão, afinal, aquele assunto que o assustava pra mim já estava morto e enterrado a muito tempo.
A programação toda foi muito bonita e agradou a todos, de lá fomos convidados pra outra programação numa cidade mais afastada, mais pra perto do interior do estado, a duas horas de carro e depois num congresso estadual da igreja onde eu iria também dirigir a programação toda, no meio da mensagem falada eu vi alguém que me pareceu familiar, olhei pra esquerda da plateia, haviam mais de trezentas pessoas ali, mas entre todas me pareceu ver u
Minha oportunidade chegou, um dia quando eu e o Thiago entravávamos na igreja, para participar do culto jovem, sábado à tarde, a Isabelle estava lá e veio me importunar:– Oi Leozinho.– O que você quer?– Te cumprimentar.– Tenho uma coisa pra você – abri a bolsa e joguei o CD em cima dela pegando ela de surpresa.– Ai! O que é isso?– Na próxima vez que você fizer outra porcaria dessas, guarde pra você Isabelle. – Ah legal, e aí você gostou? – ela falou sorrindo e guardando o CD na bolsa – fez uma cópia pra você?– Você está de brincadeira comigo não é?– Não, eu só queria que você visse umas fotos assim mais “esquentadin
Era difícil de acreditar, mas os dois estavam namorando, parecia brincadeira, era teatro ou o mundo estava virando de cabeça pra baixo. Acho que era mais a segunda opção, pois depois de meia hora mais ou menos de vídeo, as imagens foram interrompidas bruscamente, aparentemente um furo na gravação, mas entrou outro vídeo que me deixou aterrorizado, como se alguém tivesse emendado dois vídeos diferentes pra formarem um só. Havia um casal nu fazendo sexo na tela, ficamos espantados, mas por se tratar de um curso pra casados ainda achamos que fazia parte da programação embora o pastor fizesse de tudo com o computador o vídeo não parava, depois a câmera subiu e pegou o rosto do casal se beijando loucamente, eu queria morrer quando vi do que se tratava, era eu e a Isabelle na tela do projetor, numa cena de sexo horrenda, imoral, com beijos diabólicos e animalescos, minhas pernas amoleceram, meu rosto congelou, a Bianca tapou a boca aterrorizada. O Thi
Depois ela abriu novamente e me jogou em cima todas as cartas que eu já tinha escrito pra ela, todas as fotos que a gente tinha junto: – E aproveita e leva esse seu lixo junto com você.Eu fiquei ali com as duas mãos no batente da porta, de cabeça baixa e olhos fechados, limpei o rosto com a manga da camisa:– Tenha calma Leonardo, ela está nervosa, espera ela se acalmar aí vocês conversam, você sabe que essas crises dela sempre passam.– Não dona Lurdes, pra mim chega, eu não aguento mais isso.– Ei, o que você está querendo dizer com isso?– Acabou Danda, vocês ouviram, eu fui o pior desgraçado que já passou pela vida dela.– Léo, não leva isso em conta não ela 'tá nervosa, vem aqui amanhã e...
Bati três vezes à porta do escritório pastoral na igreja, havia barulho de gente lá dentro, mas ninguém atendia a porta, eu chamava e ninguém respondia, até que o pastor Otávio, o mesmo que me recebeu no primeiro dia em que cheguei à Valparaíso, abriu a porta com cara de contrariado, parece que já sabia que era eu, me mandou que eu entrasse e tomasse assento, trancou a porta, sentou-se à minha frente e guardou alguns segundos de silêncio antes de iniciar: – Leonardo meu jovem, tenho que ser sincero, não tenho boas notícias pra você, ontem... – Pastor aquele vídeo era falso, eu tenho como provar. – Tem como provar? De que forma? – Me dê uma cópia do que está no seu computador e eu mando pra análise. – Sinto muito, já apaguei de lá, você vai ter que pegar do seu original mesmo. – Mas eu não tenho original nenhum, eu... – Talvez a Isabelle tenha.
Decidi ir embora de Valparaíso, pra onde ou por quanto tempo não sei, mas uns dias depois consegui finalmente minha demissão, muito à contra vontade do meu chefe, diga-se de passagem, passei na Amanda pra comunicá-la que em poucos dias eu estaria partindo, mas ao chegar descobri que eu teria de voltar outra hora, embora ela não estivesse trabalhando naquele dia, a Isabelle estava sozinha em casa.– Que bom que você veio, eu estava com saudades.– Isabelle – falei sentando no sofá ficando de frente pra ela – você está sempre com saudades.– De você sim.– Decidi mesmo ir embora. Eu e a Bia terminamos de vez. Acabou tudo.– 'Tô te achando forte pra dizer isso.– Chorar não vai me trazer ela de volta, eu sou inocente, se ela não acredita, nã
Depois abaixei a cabeça, de olhos fechados com os dedos entrelaçados na testa com os dois polegares pressionando meus olhos e os cotovelos nos joelhos. Numa coisa a Klísia tinha acertado, realmente eu tinha passado a maior vergonha da minha vida, e ela tinha mesmo conseguido arrancar tudo o que me era mais caro, mas felizmente nem todos os meus amigos tinham engolido isso.– A gente preparou uma cópia pra você Leonardo – o Félix me estendeu um DVD com meu nome escrito, segurei o DVD nas mãos em pé andando em círculos dentro da sala. O Zec ficou de pé também e colocou a mão no meu ombro.– Cama rapaz, não vá fazer nenhuma besteira.– Muito pelo contrário, quero uma cópia desse vídeo pra mandar pra direção da igreja.– Já tentamos isso
Eu achava que seria fácil sair de Valparaíso como foi quando deixei São Marco Del Rey a cidadezinha onde eu vivi com a Danny, o problema é que Valparaíso estava dentro de mim, e onde quer que eu fosse eu levaria ela comigo, foi relativamente fácil me distrair e tentar esquecer o que sobrou da Daniela quando fui pra Valparaíso e conheci os Mensageiros, a Bianca e todo o resto, mas não era fácil fazer o mesmo agora, o problema era que a Daniela estava morta e a Bianca estava viva, e eu não conseguia aceitar a derrota daquela forma, não conseguia aceitar o fato de que a Bianca não me queria mais. Eu pensava nela todos os dias. Consegui um emprego numa escola primária como professor de informática pra ganhar metade do que eu ganhava antes com música, só que como o custo de vida em Anápolis era baixo, eu não tinha do que reclamar, comecei a ficar com uma garota da escola chamada Fabiana, uma moça alta’ e bonita, mas nós dois sabíamos bem que era só curtição, a gente
Deitei no sofá da sala e deixei que ela descansasse até a noite, quando ela própria se levantou, tomou outro banho, e foi preparar o jantar. Três dias depois ela havia se revelado na enfermeira mais dedicada da face da terra, estávamos os dois tomando sol no pequeno quintal dos fundos numa tarde quente quando me veio uma dúvida: – Bia, como foi que você convenceu seus pais a te permitirem viajar pra cá, sozinha e de madrugada? – Eu não tive tempo de avisá-los. – Você não deixou nenhum bilhete? – Não tive tempo. Eles ainda não sabem onde estou. – Bianca você enlouqueceu? Porque não avisou pelo menos a Amanda? O que deu em você? Eles já devem ter ido te procurar em todos os hospitais e necrotérios da cidade. – Eu não tive tempo de avisar. – Pois então você vai falar com eles agora – peguei o telefone sem fio e entreguei na mão dela. <