– Pegaram o cara? – Sua voz por alguns segundos se tornou mais séria e sombria, como se sentisse desconforto ao falar do assunto.– Sim, na hora. – Respondi sem nenhum interesse nele, afinal o queria morto se fosse possível.– Cuida dela, Ethan, não a deixe ficar sozinha por nenhum segundo. – Era óbvio, mesmo que a mulher não tivesse falado, cuidando dela com minha própria vida.– Não se preocupe, não vou deixá-la sozinha. – Respondi enquanto olhava para a escada, tendo em mente sua imagem em minha cama tão indefesa.– Quando que vocês irão voltar? – Me lembrei do que a médica havia falado.– Talvez à tarde, o dia acabou de amanhecer e o médico ainda não veio olhá-la. – Explicou.– Tudo bem, me avisa, eu pego vocês. – Informei, voltando a fazer o que estava planejado.– Não precisa, vou chamar aquele senhor. – Avisou, mas sabia que ela só não queria incomodar.– Não se preocupe, eu vou aí de qualquer maneira. – Não queria deixar espaço para a mesma recusar. – Quero que você fique com
Ayanne levantou seu braço e tocou meu rosto levemente com a mão, seu toque era tão suave, em minha pele áspera, senti a necessidade de me afastar, não queria que meu rosto machucasse sua mão, mas, ao mesmo tempo, queria continuar ali com aquele toque, era como seda tocando um pedaço da casca da madeira, olhei com os olhos arregalados, para a mulher que sorriu graciosamente, meu coração estava tão acelerado que podia ser ouvido como batidas na porta no fundo dos meus ouvidos, soltei inconscientemente o ar pela boca quando a mesma acariciou levemente minha bochecha.– Você deveria dormir um pouco, não tem como mentir para mim. – Ayanne sorriu e por alguns instantes meu coração perdeu algumas batidas.– Não… Precisa se preocupar comigo, eu estou bem, preciso… fazer o café da manhã ainda. – Queria não ter demonstrado que estava nervoso, mas acredito que era quase impossível enquanto sentia o calor do seu toque.– Mas você já fez muito por mim, eu posso fazer isso por você. – A mulher tinh
– Pronta? – Sussurrei para a mesma que apenas concordou com a cabeça, e no final nós dirigimos para o carro. Dentro do mesmo não se ouvia nada além do barulho de sua respiração, ela olhava para os lados em alerta mesmo estando em um lugar fechado como aquele, é principalmente para o taxista, quanto, mas ela olhava, mais se aproximava do meu corpo, ela tinha consciência de que não eram todos os homens que eram maus, mas não podia evitar sentir medo, eu a entendo, de verdade, nos meus primeiros meses aqui, foi muito difícil me adaptar a conviver com muitas pessoas, principalmente em volta, quando estava sozinho com meu tio era uma coisa, mas quando haviam outras pessoas em volta, não podia evitar ficar amedrontado, pois sabia em minha mente que alguém ali poderia fazer o mesmo que aquele homem ou a minha mãe fez, principalmente por terem uma idade semelhante às deles. Quando chegamos e saímos do carro, seu aperto em meu braço me fez afastar do mesmo e a envolver em meus braços, a abrace
– Primeiro… a parte de trás das suas coxas. – A médica sussurrou e meu coração se despedaçou, continuou caindo em pedaços, a cada clique meu corpo tremia e um gemido saia da minha boca, a cada disparo daquela câmera me sentia sufocada.“Por favor… para! Por favor! Pensa em algo diferente, Ayanne! Por favor, pense em algo diferente, vai ficar tudo bem. Tentei focar meus pensamentos em outra coisa, mas nada me vinha à memória, mesmo que me esforçasse nada de bom, apenas as cenas repetidas da minha infância, apenas cada sensação de dor que senti em cada corte e queimadura.”– Essas cicatrizes, tem muito tempo certo? – A policial perguntou, concordei com um gemido enquanto balançava a cabeça soluçando enquanto minhas lágrimas molharam meu rosto.– O quanto? – A mesma voltou a perguntar.“Por quê? Porque você continua, tá na cara que não tem nada a ver com aquele homem, por favor para de olhar, por favor. Supliquei não conseguindo formar sequer uma palavra.”– Tudo bem já acabou. – A mulhe
Foi difícil, sair dos braços de Ethan foi extremamente difícil, mesmo que fosse apenas para trocar a roupa que estava, mas sabia que ele não poderia fazer aquilo, e eu não queria ficar sozinha, como uma criança amedrontada, mas sabia que conseguiria fazer aquilo sem que ele me visse realmente trocando de roupa, de qualquer jeito, não queria ficar sozinha, sabia que se ficasse, os monstros voltariam, quando aquele beijo acabou, não sabia exatamente o que falar, mas não eram uma minhas preocupações naquele momento, e agradeci por Ethan não perguntar nada, e apenas me pedir para levantar e trocar de roupa.– Você não vai sair mesmo né? – Perguntei baixo enquanto o homem dava as costas para mim.– Juro que não vou sair, estarei aqui de costas e com os olhos fechados apenas. – E foi o que ele fez, o vi levantar as mãos na altura dos olhos e permanecer com eles ali, primeiro peguei minha calça e coloquei por baixo do vestido estranho que elas me deram, e depois tirei as mangas da roupa e de
Depois de um tempo havíamos chegado em frente sua casa, assim que o carro parou e ele abriu sua porta o segui pelo mesmo lado, ele me ajudou a sair e então fechou a porta após agradecer o homem e pagar a corrida, levantei a cabeça novamente e vi minha casa, ela parecia normal, mas a sensação que tinha que por dentro iria encontrar uma grande surpresa que um homem estaria lá dentro, aquela porta não aguentaria, mas nada, não era mais seguro ali dentro, a casa que lutei tanto para adquirir foi aonde eu me afoguei por completo.“Por quê? Por que tinha que acontecer essas coisas comigo? Eu merecia tudo isso? Eu fiz alguma coisa de errado? Mas nada me vinha à mente, nenhum pecado, nenhum ato criminoso, nenhum insulto aos mais velhos, mesmo que tenha sofrido tanto nunca faltei com respeito a ninguém, eu apenas nasci.”“Mas por que isso? Por simplesmente eu ter nascido? Talvez fosse, talvez aquela era a resposta.”– Eu vou trocar suas portas, vou colocar novas no lugar. – Ouvi a voz de Ethan
Aquele momento, aquele momento foi um misto de emoções, estava ansioso, preocupado, confuso e feliz quando senti seus lábios sobre o meu, eu estava feliz, aquela fora a primeira vez que havia beijado alguém, e estava ainda mais contente por esse alguém ser aquela mulher, mas, ao mesmo tempo, estava confuso, não sabia o que fazer, sentia as lágrimas de Ayanne em meu rosto, se misturando naquele beijo, era como se aquilo fosse a salvação dela e a minha perdição, meu coração estava tão acelerado quando entrei apressado naquela sala, meu cérebro só pensava em uma única coisa, se ela estava bem, quando ouvi seus gritos meu peito apertou, e quando vi suas lágrimas meu coração sangrou, ela era indefesa, estava indefesa contra seus próprios medos, e não sabia como poderia ajudá-la, mas dentro de mim sabia de uma coisa, que deveria estar lá, ao seu lado, mesmo que fosse apenas para segurá-la, mesmo que fosse apenas para chorar ao seu lado, eu deveria estar lá.A mulher que sorrir lindamente ao
Enquanto me abaixava e abria o armário, peguei seu pote e depositei a quantidade certa do copo de medida. – Vamos lá garoto, vamos comer juntos então. – Coloquei o pote perto da mesa entre a cadeira de Ayanne e a minha que ficava na ponta, assim que a mulher se sentou confortavelmente voltei para a cozinha para pegar uma jarra de água na geladeira.– Precisa de ajuda? – A ouvi perguntar, não levantei a cabeça ainda olhando a geladeira. – Não, está tudo bem, pode continuar aí, só esqueci da água. – Levantei a jarra mostrando para a mesma, peguei dos compôs sobre a pia e os levei para a mesa.– Pronto, agora podemos comer tranquilos. – Falei enquanto enchia seu copo e em seguida o meu.– Obrigada. – A mulher agradeceu com um sorriso tímido.– Você está falando muito essa palavra ultimamente. – Brinquei com a mulher que rapidamente ficou vermelha.– Eh… Eh desculpa. – Respondeu constrangida enquanto olhava para baixo.– Essa palavra também está saindo muito da sua boca. – Apoiei meu ro