Após o almoço que no caso foi lanche, voltamos para o ateliê, na lanchonete apenas jogamos conversa fora, nada de muito importante realmente aconteceu, não que fosse um momento banal ou algo do tipo, temos que aceitar que a vida nem sempre vai nos trazer momentos inesquecíveis como uma simples ida em um restaurante e você acaba conhecendo sua alma gêmea, ou andando na rua e você encontra um parente que nunca tenha conhecido, a vida sim nos traz muitas surpresas é obvio, mas temo que aceitar que mesmo as coisas, mas monótonas como um simples conversa em uma lanchonete é algo para se sentir feliz e grato. Afinal de estar vivo já é algo para se comemorar, talvez pareça que sou uma boba ao pensar assim, mas quando você é alguém que já experimentou o lado obscuro da vida e conseguiu sair dessa você já tem motivos para agradecer, quando voltamos ao estúdio a tinta a havia secado na maior parte que precisava, escolhi os vários tons de marrom para começar com o contorno do corpo, talvez não
– Você pode pensar assim, mas creio que os outros não vão gostar de saber disso. – Continuei sustentando meu argumento.– Tudo bem, então vou te propor algo, aí cabe você decidir se vai ou não aceitar. – Começou.– E isso seria? – Perguntei quando o vi fazer uma pausa para falar.– Por que não fazer um teste sem muito compromisso? Se der certo você pode considerar minha proposta inicial, afinal nunca a certeza se não houver tentativa. – Naquele momento meu estômago abriu espaço para um salão de borboletas dançantes.Draven estava realmente convencido que era sim uma boa ideia começar com aquilo, e eu não sabia como de fato me sentir em relação a isso, não sabia se ficaria grata pela primeira vez alguém gostar de mim, afinal isso nunca aconteceu antes, nunca namorei, nunca fui a encontros, não realmente segurei na mão de um homem que não fosse para ser jogada em algum canto do quarto escuro, nunca tive uma boa relação com as pessoas mesmo que tivesse ainda desconfiava profundamente.E
Após deixar a casa de Ayanne na noite em que havia entrado o urso, não ousei falar com ela, quando a vi ser deixada em casa por aquele cara, percebi que não adiantaria me aproximar, no final as pessoas vão escolher aqueles que têm uma aparência melhor, que é mais agradável de se olhar, era o normal, não posso julgá-la afinal também não gosto de mim, não gosto da minha aparência, mas o que poderia fazer? Fiquei marcado em minha infância, vivo nessa pele costurada e marcada, a carne já cicatrizou, mas a alma vai continuar sangrando, é a vida, é assim que se vive, eu só posso aguentar isso sozinho, afinal quem vou culpar? Quando abri os olhos de manhã vi o sol nascer timidamente tentando atravessar as cortinas fechadas, respirei profundamente quando me precisei me levantar, meus músculos rangeram quando me espreguicei já sentado na beirada da cama, me pus de pé e caminhei até o banheiro do outro lado do quarto, assim que me coloquei em frente ao espelho, vi a imagem que convivi minha vi
Havia comprado, sua comida, uma cama maior que seu tamanho, mas seria usada mesmo quando ele crescesse e uma guia para poder sair com ele, não queria um animal que me desse trabalho na rua então decidi educá-lo corretamente, não comprei um pote já que ele era pequeno e não compraria várias vezes conforme ele fosse crescendo, então apenas estou usando o prato que peguei na primeira vez, me abaixei em frente ao armário e peguei o saco de ração o despejando no prato, ele começou a fazer a maior festa, pulando em minha perna tentando alcançar o prato, era fofo, mas sei que se deixá-lo com aquele tipo de comportamento vou ter problemas no futuro.– Espere, você só vai comer quando se acalmar. – Falei como se ele tivesse entendido, já em pé coloquei o prato na bancada e fui preparar meu café, coloquei um pouco de água na chaleira e a pus sobre o fogão, peguei dois ovos na geladeira, e duas fatias de pão no armário guardando a embalagem, assim que terminei de preparar tudo e de fazer meu caf
– O que aconteceu com ela?! – Perguntei apreensivo, já olhando para sua casa esperando a mulher tomar a frente.– Eu não sei, ela tá com febre já tem alguns dias e não melhora, no hospital falaram que era só um resfriado e que com os remédios logo melhorava, não sei, mas o que fazer. – Flora explicava desesperada enquanto me levava até sua casa, podia notar de longe o quanto a mulher estava apreensiva afinal ela não tinha mais esposo, e agora com sua filha doente, era um trabalho em dobro.– Fica calma, vou ver o que está errado. – Falei enquanto passeávamos pelo jardim e entramos na varanda. Flora abriu a porta e me levou da sala até o andar de cima para o quarto da menina, que assim que a vi deitada em sua cama sabia que tinha alguma coisa muito errada, a pele da criança era tão pálida que parecia que estava morta.– Chama um táxi ou uma ambulância o que vier primeiro. – Disse enquanto soltava a coleira do Akira no chão que começou a se agitar estranhamente cheirando tudo o que via
– Entendo sem problemas me deixe examinar a menina. – A doutora se aproximou e desembrulho Megan como um pacote de presente delicado apenas retirou um pouco o pano e começou a passar o objeto pelo peito da criança começando a escutar alguma coisa, se me lembro bem o nome era estetoscópio, me lembrei quando o médico fez o mesmo em meu peito, quando era, mas novo, havia perguntado o que era aquilo e para que servia, o mesmo me explicou que era para ouvir a parte de dentro do corpo, mas nitidamente.Enquanto esperávamos a doutora falar o que estava acontecendo, Flora ficava trêmula ao meu lado, a mulher estava tão tensa que transpirava, segurei sua mão delicadamente e sorri para a mesma tentando a tranquilizar mesmo que soubesse que um simples toque não mudava nada.– Vai ficar tudo bem! – Falei nesse meio tempo, e assim que soltei a frase a médica se levantou e olhou em nossa direção.– E então doutora ela vai ficar boa? – Flora se adiantou, tomando a frente.– Bom não vamos nos precipi
Às vezes é interessante como a vida nos vira de cabeça para baixo, em um momento estamos muito bem e no outro temos que correr para um hospital com medo de que um ente-querido morra, quando Flora me ligou desesperada porque não conseguia chamar uma ambulância, fiquei angustiada, sabia que a mais nova estava doente, mas havia aparentemente piorado, já estava no ateliê aquela altura prestes a começar a pintar, mas assim que meu telefone tocou e soube do seu desespero não perdi tempo e chamei o senhor Joseph, era engraçado como a vida coloca pessoas em sua vida no momento certo, pode ser um meio de dar um empurrãozinho em nossas vidas, como se ela soubesse de tudo que estava prestes a acontecer. Havia deixado tudo para trás sem tempo de explicar, naquele momento não lembrava mais de Draven ou minha pintura, apenas Megan vinha em minha mente, peguei minha bolsa e corri para fora do estúdio ouvindo os questionamentos de Draven e Kiana. O hospital não era longe, só precisava andar um pouco
– Você! – Flora parecia muito atormentada, mesmo com aquela pequena palavra sabia que não teria algo bom ali.– O que tem eu? Algum problema? – Como que fosse de se esperar, o homem era totalmente cínico.– Foi você que disse que a minha filha estava só com uma gripezinha, está feliz agora? Que tipo de médico dá um diagnóstico sem nem mesmo olhar direito? – Agora havia entendido o porquê daquela reação da mulher tão doce, nunca havia visto a mulher falar assim com ninguém.– Acho que está me confundindo com outra pessoa, senhora. – Como o homem estava de costas para mim, não sabia qual era o seu olhar naquele momento, mas pela sua voz sabia que ele estava debochando da situação.– Não estou te confundindo, foi você que disse que era apenas uma gripe boba e que logo iria passar! Não tá lembrado? Não tem nem quatro dias que vinhemos aqui? Agora a doutora tá me falando que minha filha está com pneumonia, isso é culpa sua! – Podia ver claramente o semblante de Flora tomar um tom vivo de v