Violet
Rosalind era uma maldita pedra no meu sapato, sempre foi. Desde que entrou na minha vida de forma tão sutil quanto um furacão, conseguiu virar tudo de cabeça para baixo. Mas, apesar disso, eu não sou uma pessoa injusta. Por mais que eu tenha certeza de que ela se intrometeu na minha vida com a intenção clara de acabar com meu relacionamento com Eathan, quem me devia respeito era ele. Sempre foi ele.
E talvez seja isso que torna tudo ainda mais difícil de engolir.
Respiro fundo, tentando controlar o turbilhão dentro de mim. Damon me observa do outro lado da mesa, como se tivesse certeza de que a qualquer momento eu fosse explodir. Ele é esperto, porque eu realmente estou a um passo disso.
— Não quero que a demita.
DamonNunca fui o tipo de cara que desejava uma vida convencional. Amigos para festas, Edgar para os momentos sérios — isso sempre foi suficiente. Amor, namoro, casamento... Eram ideias tão abstratas quanto desinteressantes. Nunca senti falta. Não achava que fazia parte do meu mundo.Até agora.Até o momento em que senti Violet nos meus braços.Não era algo carnal, longe disso. Ela estava ali, com o rosto enfiado no meu peito, murmurando agradecimentos enquanto seus dedos se fechavam no tecido da minha camisa como se precisasse de algum tipo de âncora.E, naquele instante, algo mudou.— Você não precisa me agradecer tanto assi
VioletEmmet e Gael tinham 18 anos quando se alistaram no exército. Lembro-me como se fosse ontem: os dois tão determinados, os olhos brilhando com o sonho de viver para fazer a diferença. Desde pequenos, sempre falaram sobre como queriam proteger as pessoas, e entrar para as forças armadas parecia o caminho natural para eles.Quando foram selecionados para as forças especiais, foi um misto de orgulho e medo. Sabíamos que significava missões de altíssimo risco: guerras não convencionais, contraterrorismo, operações contra irregularidades. Coisas que pareciam saídas de filmes de ação, mas eram a realidade deles. Não sei quem chorou mais naquele dia, minha mãe ou eu.Com o tempo, nos acostumamos com a ideia. Eles eram magnífi
DamonHavia se passado um mês desde que os gêmeos voltaram para seus serviços, e desde então, Violet parecia carregar uma nuvem de tristeza sobre os ombros. Ela sorria quando eles ligavam por vídeo, a energia retornava por alguns instantes, mas, assim que a ligação terminava, o brilho nos olhos dela desaparecia como se alguém tivesse apagado as luzes.Isso estava me deixando louco.Era irritante perceber o quanto eu me importava com o humor dela, mas mais ainda não saber exatamente como consertar isso. Até que tive uma ideia.Foi por isso que a enfiei no carro naquela manhã. Não expliquei nada, só a mandei entrar e disse para confiar em mim.— Já est
VioletBorboletas.Fazia tanto tempo que não sentia isso que quase esqueci como era.Quando eu era mais nova, elas batiam as asas e voavam sempre que Eathan estava por perto. Mas, depois que cresci, achei que essa sensação fosse apenas uma fantasia juvenil, algo que a maturidade apagava com o tempo.Mas agora...Elas estão aqui de novo, agitadas, inquietas, como se fosse primavera. E tudo porque estou observando Damon e meu pai lavando a louça do almoço, conversando e rindo como velhos amigos.Damon lavando louça.Se alguém tivesse me contado que um dia veria essa cena, eu teria rido. Mas ali estava ele, ao lado do meu pai, mangas da camisa dobradas, rosto relaxado, ouvindo atentamente alguma história que meu pai contava animadamente enquanto esfregava um prato.E as malditas borboletas estavam fora de controle.— Você está fazendo de novo — Megan disse, se sentando ao meu lado.— O quê? — franzi a testa.— Olhando para o Damon como se ele fosse um pedaço de carne suculento.Revirei o
DamonEu não pensei em tudo. Pela primeira vez, um detalhe crucial me escapou. Não que eu esteja reclamando, mas Violet com certeza reclamaria.Megan e Edgar sabem que nosso relacionamento não passa de um contrato, mas os pais dela não. E é exatamente por isso que, neste exato momento, estamos parados na porta do meu quarto na casa de campo, encarando a única cama disponível.Uma cama. Para nós dois.Sinto Violet enrijecer ao meu lado, seus braços cruzados como se estivesse se preparando para uma batalha. Eu, por outro lado, apenas solto um suspiro e passo a mão pelo cabelo, tentando pensar em uma solução antes que ela comece a reclamar.— Você não pensou nisso, não é? — Ela estreita os olhos para mim.— Para ser justo, não achei que precisaríamos dormir aqui.— E onde você pensou que eu dormiria?— Sei lá, talvez num quarto separado?Ela solta uma risada incrédula e aponta para dentro do cômodo.— Ótimo plano, exceto pelo pequeno detalhe de que meus pais nunca entenderiam o motivo de
VioletA luz do dia atravessa fracamente pelas cortinas escuras, e me aconchego mais ainda, bocejando enquanto tento espantar o cansaço. Olho ao redor, tentando entender onde estou, até que finalmente percebo: a casa de campo, o lugar que tem sido uma espécie de refúgio.Demoro alguns minutos para me localizar antes de levantar, arrastando os pés até a cozinha. O cheiro de panqueca no ar me atrai, me fazendo avançar como se fosse um imã.Entro na cozinha e encontro minha mãe no fogão, mexendo uma panela com destreza. Edgar e Megan estão sentados à mesa, conversando animadamente. Meu pai está lá, concentrado, lavando a louça, enquanto Damon, sem nenhuma pressa, já está servindo uma xícara de café, e me coloca n
O vento batia com força contra as janelas do carro de luxo, fazendo os galhos das árvores do lado de fora balançarem como se fossem sombras fantasmagóricas dançando ao ritmo da noite. Lá dentro, o silêncio era quase sufocante, interrompido apenas pelo som constante do motor. Cruzei os braços, tentando controlar o tremor que percorria meu corpo. Mas, no fundo, eu sabia que não era apenas o frio que me fazia tremer. O casaco pesado que Damon havia me dado pouco antes não conseguia aquecer a confusão e a incerteza que dominavam minha mente. Tudo o que eu conhecia, tudo o que planejei para a minha vida, havia mudado em questão de horas. E agora, aqui estava eu, sentada ao lado de um homem que, até pouco tempo atrás, era um completo estranho.Um bilionário. Um enigma. Agora, meu marido.Olhei para Damon, observando seu perfil. A forma como ele mantinha o olhar fixo na estrada, os dedos relaxados no volante, como se tudo o que havia acontecido até ali não tivesse o menor impacto sobre ele.
Violet- Violet, querida - Minha cerimonialista me para assim que desço do carro em frente a igreja.- Algum problema? - Perguntei.Megan, minha melhora amiga, estava vermelha como um pimentão, e me olhava com os olhos pegando fogo enquanto apertava o celular contra o ouvido.- O noivo… - Minha cerimonialista gaguejou, e meu coração palpitou.Megan se aproximou batendo os pés e estendeu o celular para mim. Peguei o aparelho de suas mãos.- Alô?- Vi, meu amor…- Onde você está? - O cortei, já sentindo um enorme bolo na garganta.- Precisamos remarcar, é a Rosalind, ela passou mal e…- Remarcar?- Sei que irá entender amor, Rosalind não tem ninguém. Peça para a cerimonialista falar com o padre, aproveite a festa com nossos convidados e amanhã nos casamos no cartório.- O que você está dizendo, Eathan? - Praticamente gritei.Eu estava ali, parada em frente à igreja, com as mãos trêmulas segurando o buquê, o coração acelerado, o vestido que demorou meses para ficar pronto. Tudo parecia u