Damon
Violet estava quieta, o que não era uma surpresa, mas dessa vez o silêncio dela parecia mais carregado, quase palpável. Quando a garçonete voltou com o cardápio de sobremesas, ela balançou a cabeça em recusa, sem sequer erguer os olhos. Eu não pressionei. Alguma coisa estava passando pela cabeça dela, algo que eu não conseguia decifrar naquele momento, mas que claramente a incomodava. Deixei que ela ficasse com seus próprios pensamentos enquanto chamei o garçom para fechar a conta.
Depois de uma despedida rápida e nada calorosa, seguimos até a saída. Entreguei uma boa gorjeta ao manobrista que trouxe meu carro até a entrada. Ele agradeceu com um sorriso, mas meu foco estava em Violet, que parecia ainda mais retraída enquanto entrava no carro.
VioletO despertador tocou, o som cortando o silêncio da manhã como uma lâmina afiada, anunciando o fim das minhas férias. O som irritante ressoou no quarto, e eu murmurei algo que nem eu mesma entendi, provavelmente um xingamento. Sem paciência para o mundo, quase joguei o despertador no chão para desligá-lo, só para poder voltar a me esconder no aconchego do travesseiro.Mas não podia. A realidade não me deixava dormir.Com um suspiro exasperado, me sentei na cama, olhando para o espaço, tentando encontrar algum motivo para me levantar. Mas não havia.De modo automático, como se o corpo soubesse o que fazer mais do que a minha mente, peguei a pilha de roupas que havia deixado separada
DamonDeixei Violet terminando seu café e fui para o meu quarto me arrumar para o trabalho, tentando ignorar a sensação de desconforto em meu peito. O que havia acontecido entre nós nos últimos dias ainda estava martelando na minha mente. Eu estava tentando fazer as pazes, tentando ser o cara que ela queria que eu fosse, um amigo, mas a menção do ex dela no meio da nossa conversa tinha sido como um balde de água fria. Eu sabia que Eathan ainda era uma presença na vida dela, mas ouvir o nome dele de novo fez algo apertar no meu estômago. Eu queria ignorar, fingir que não me importava, mas o fato de que ela ainda tinha essa conexão com ele mexia comigo de um jeito que eu não esperava.Me enfiei debaixo da água gelada do chuveiro, buscando alguma forma de espantar a sensa&cced
VioletMinha boca estava seca desde o momento em que Damon se aproximou tanto que eu podia sentir o calor do seu corpo. O toque firme de sua mão na base da minha cintura, o sussurro rouco e o jeito como ele me girou para ficar de frente para ele… foi demais para processar.Eu deveria estar irritada. Depois de tudo que aconteceu, ele deveria saber que precisava manter distância. Mas, no final das contas, ele só estava fazendo o que eu pedi. Era exatamente o que eu havia sugerido: que ele me acompanhasse até o estacionamento para mostrar a Eathan nosso casamento.Só que ele poderia ter me avisado!Respirei fundo enquanto me acomodava no banco do carro. Meus olhos acompanharam Damon até que ele desaparecesse de vista. Ainda sentia a marca de seu toque na cintura, como se sua presença tivesse deixado uma impressão física que eu não conseguia apagar.— Está tudo bem, Violet? — Eathan perguntou, me puxando para fora dos meus pensamentos.Foi só então que o peso de estar no banco de trás do
DamonPerdi a conta de quantas chamadas não atendidas surgiram no meu celular durante o trajeto até o escritório. A tensão já latejava em minhas têmporas, e o som do elevador chegando ao meu andar parecia o prelúdio de mais um dia infernal.Assim que as portas se abriram, vi Stevens, minha secretária, ajeitando papéis sobre a mesa. Ela mal teve tempo de abrir a boca antes de eu despejar o meu humor ácido.— Pedi um novo motorista, Stevens. Por que ainda não tenho um? — rosnei, sentindo o peso da irritação crescendo.Ela levantou-se calmamente, jogando uma mecha de cabelo louro para trás.— Senhor, achei que estava apenas dando um tempo ao Eathan... — começou, escolhendo cada palavra como se pisasse em um campo minado.— Tompson está servindo à minha mulher — interrompi, o tom mais seco do que pretendia.Stevens soltou um suspiro quase inaudível e baixou os olhos para a mesa, murmurando algo que não consegui entender.— Olha, Stevens, eu sei que você está aqui por indicação dele, e ent
Violet— De namoradinho novo, professora? — foi a primeira coisa que ouvi assim que coloquei os pés na sala de aula. Malditos adolescentes.Respirei fundo, sentindo minha paciência começar a escorrer pelo ralo.— Não são nem nove horas ainda. As férias lavaram tudo de útil que ensinei pra vocês? — retruquei, sem olhar para nenhum pestinha em específico, enquanto caminhava até minha mesa.Uma risada contida ecoou no fundo da sala, e eu nem precisei me virar para saber que era a Sara. Sempre Sara.— Mas professora, a gente viu na TV! Você tava linda — ela disse, com aquele tom típico de quem tenta bancar a inocente, mas só quer provocar.Levantei uma sobrancelha, ainda sem encará-los.— TV? Que TV? — Me fiz de besta.— No noticiário! — outra voz respondeu, animada. — Com aquele cara gato... como é o nome dele mesmo?— Damon! — Sara gritou, como se fosse óbvio.Ótimo. Não era novidade que até na escola isso ia me perseguir.— Vocês não têm matemática pra odiar? Uma equaçãozinha pra resol
— Era isso? — perguntei, cortando o silêncio que se seguiu ao final da reunião com Edgar e minha secretária.Stevens trocou as pernas cruzadas pela décima vez durante a última hora, ajeitando os óculos. — No momento, sim.— Conseguiu meu motorista? — perguntei, já cansado do assunto.— Agendei quatro entrevistas para amanhã. Posso dar uma sugestão, senhor?Fiz um gesto com a mão para que ela continuasse, sem sequer olhar para ela enquanto afrouxava a gravata.— Sei que foi difícil encontrar alguém que atendesse todos os seus requisitos. Por que não chama Eathan de volta e arruma um novo para a Violet?O nome dela fez meu corpo reagir antes que eu processasse. Meus olhos ergueram-se para Stevens, e a tensão na sala pareceu crescer.— Não tivemos essa conversa antes? — falei, com a voz baixa, mas carregada de irritação.— Violet? — Edgar perguntou, levantando uma sobrancelha enquanto lançava um olhar curioso para Stevens. — Falou como se a conhecesse.Minha secretária manteve a postura
VioletEstamos parados em uma sinaleira quando meu telefone toca, a foto de Emmet brilha no visor, e um sorriso involuntário surge nos meus lábios. Ele sempre tem o poder de me fazer sentir um pouco mais leve, mesmo nos dias difíceis.— Vem jantar aqui, neném? — ele pergunta, a voz familiar e reconfortante, antes mesmo de ouvir meu alô.— Saudade de mim? — brinco.— Estamos voltando para o serviço... queríamos nos despedir.Aquelas palavras me caem como um peso, como se o chão tivesse sumido sob meus pés. Cada vez que as forças especiais levam meus irmãos para mais um serviço, é horrível. Não importa quantas vezes acon
DamonViolet não estava feliz. Isso era óbvio.Thompson me avisou assim que ela entrou no elevador, exatamente como eu havia mandado. Pelo menos uma coisa estava sob controle. Stevens tinha sido rápida em pegar suas coisas e sair daqui antes que Violet chegasse. Achei que tinha sido esperto, pensei que tinha evitado mais um problema. Estava convencido de que, quando as portas do elevador se abrissem e ela me visse ali, esperando por ela, eu ganharia um sorriso.Grande erro.As portas deslizaram, e o que eu recebi foi um olhar que parecia uma mistura de cansaço, irritação e algo que eu não conseguia decifrar, mas sabia que não era coisa boa.— Achei que isso fosse um escritório, n&at