Violet— De namoradinho novo, professora? — foi a primeira coisa que ouvi assim que coloquei os pés na sala de aula. Malditos adolescentes.Respirei fundo, sentindo minha paciência começar a escorrer pelo ralo.— Não são nem nove horas ainda. As férias lavaram tudo de útil que ensinei pra vocês? — retruquei, sem olhar para nenhum pestinha em específico, enquanto caminhava até minha mesa.Uma risada contida ecoou no fundo da sala, e eu nem precisei me virar para saber que era a Sara. Sempre Sara.— Mas professora, a gente viu na TV! Você tava linda — ela disse, com aquele tom típico de quem tenta bancar a inocente, mas só quer provocar.Levantei uma sobrancelha, ainda sem encará-los.— TV? Que TV? — Me fiz de besta.— No noticiário! — outra voz respondeu, animada. — Com aquele cara gato... como é o nome dele mesmo?— Damon! — Sara gritou, como se fosse óbvio.Ótimo. Não era novidade que até na escola isso ia me perseguir.— Vocês não têm matemática pra odiar? Uma equaçãozinha pra resol
— Era isso? — perguntei, cortando o silêncio que se seguiu ao final da reunião com Edgar e minha secretária.Stevens trocou as pernas cruzadas pela décima vez durante a última hora, ajeitando os óculos. — No momento, sim.— Conseguiu meu motorista? — perguntei, já cansado do assunto.— Agendei quatro entrevistas para amanhã. Posso dar uma sugestão, senhor?Fiz um gesto com a mão para que ela continuasse, sem sequer olhar para ela enquanto afrouxava a gravata.— Sei que foi difícil encontrar alguém que atendesse todos os seus requisitos. Por que não chama Eathan de volta e arruma um novo para a Violet?O nome dela fez meu corpo reagir antes que eu processasse. Meus olhos ergueram-se para Stevens, e a tensão na sala pareceu crescer.— Não tivemos essa conversa antes? — falei, com a voz baixa, mas carregada de irritação.— Violet? — Edgar perguntou, levantando uma sobrancelha enquanto lançava um olhar curioso para Stevens. — Falou como se a conhecesse.Minha secretária manteve a postura
VioletEstamos parados em uma sinaleira quando meu telefone toca, a foto de Emmet brilha no visor, e um sorriso involuntário surge nos meus lábios. Ele sempre tem o poder de me fazer sentir um pouco mais leve, mesmo nos dias difíceis.— Vem jantar aqui, neném? — ele pergunta, a voz familiar e reconfortante, antes mesmo de ouvir meu alô.— Saudade de mim? — brinco.— Estamos voltando para o serviço... queríamos nos despedir.Aquelas palavras me caem como um peso, como se o chão tivesse sumido sob meus pés. Cada vez que as forças especiais levam meus irmãos para mais um serviço, é horrível. Não importa quantas vezes acon
DamonViolet não estava feliz. Isso era óbvio.Thompson me avisou assim que ela entrou no elevador, exatamente como eu havia mandado. Pelo menos uma coisa estava sob controle. Stevens tinha sido rápida em pegar suas coisas e sair daqui antes que Violet chegasse. Achei que tinha sido esperto, pensei que tinha evitado mais um problema. Estava convencido de que, quando as portas do elevador se abrissem e ela me visse ali, esperando por ela, eu ganharia um sorriso.Grande erro.As portas deslizaram, e o que eu recebi foi um olhar que parecia uma mistura de cansaço, irritação e algo que eu não conseguia decifrar, mas sabia que não era coisa boa.— Achei que isso fosse um escritório, n&at
VioletRosalind era uma maldita pedra no meu sapato, sempre foi. Desde que entrou na minha vida de forma tão sutil quanto um furacão, conseguiu virar tudo de cabeça para baixo. Mas, apesar disso, eu não sou uma pessoa injusta. Por mais que eu tenha certeza de que ela se intrometeu na minha vida com a intenção clara de acabar com meu relacionamento com Eathan, quem me devia respeito era ele. Sempre foi ele.E talvez seja isso que torna tudo ainda mais difícil de engolir.Respiro fundo, tentando controlar o turbilhão dentro de mim. Damon me observa do outro lado da mesa, como se tivesse certeza de que a qualquer momento eu fosse explodir. Ele é esperto, porque eu realmente estou a um passo disso.— Não quero que a demita.
DamonNunca fui o tipo de cara que desejava uma vida convencional. Amigos para festas, Edgar para os momentos sérios — isso sempre foi suficiente. Amor, namoro, casamento... Eram ideias tão abstratas quanto desinteressantes. Nunca senti falta. Não achava que fazia parte do meu mundo.Até agora.Até o momento em que senti Violet nos meus braços.Não era algo carnal, longe disso. Ela estava ali, com o rosto enfiado no meu peito, murmurando agradecimentos enquanto seus dedos se fechavam no tecido da minha camisa como se precisasse de algum tipo de âncora.E, naquele instante, algo mudou.— Você não precisa me agradecer tanto assi
VioletEmmet e Gael tinham 18 anos quando se alistaram no exército. Lembro-me como se fosse ontem: os dois tão determinados, os olhos brilhando com o sonho de viver para fazer a diferença. Desde pequenos, sempre falaram sobre como queriam proteger as pessoas, e entrar para as forças armadas parecia o caminho natural para eles.Quando foram selecionados para as forças especiais, foi um misto de orgulho e medo. Sabíamos que significava missões de altíssimo risco: guerras não convencionais, contraterrorismo, operações contra irregularidades. Coisas que pareciam saídas de filmes de ação, mas eram a realidade deles. Não sei quem chorou mais naquele dia, minha mãe ou eu.Com o tempo, nos acostumamos com a ideia. Eles eram magnífi
DamonHavia se passado um mês desde que os gêmeos voltaram para seus serviços, e desde então, Violet parecia carregar uma nuvem de tristeza sobre os ombros. Ela sorria quando eles ligavam por vídeo, a energia retornava por alguns instantes, mas, assim que a ligação terminava, o brilho nos olhos dela desaparecia como se alguém tivesse apagado as luzes.Isso estava me deixando louco.Era irritante perceber o quanto eu me importava com o humor dela, mas mais ainda não saber exatamente como consertar isso. Até que tive uma ideia.Foi por isso que a enfiei no carro naquela manhã. Não expliquei nada, só a mandei entrar e disse para confiar em mim.— Já est