VioletEu não fiquei surpresa com o jornalista ligando. Estava atordoada, sim, mas surpresa, não. Quando você vive sob os holofotes, como Damon, e agora eu, é apenas uma questão de tempo até a mídia começar a invadir sua vida. O que realmente me surpreendia era como ele, de repente, se transformava.Uma hora, ele estava ali, calmo, quase zen. Havia algo nele que parecia intocado pelo estresse do mundo, como se o fato de ele ter acabado de voltar de uma corrida ao amanhecer fosse a coisa mais normal do mundo. Ele parecia estar em sintonia consigo mesmo, quase como se a pressão do dia a dia não pudesse tocá-lo.Mas, então, quando o celular tocou e ele entendeu quem era, a mudança foi instantânea. A máscara de calma des
DamonJá devidamente vestido e com a cabeça fervilhando de decisões a tomar, sabia que não podia esperar até segunda-feira para resolver o problema do telefone. Precisava de novos números, tanto para mim quanto para Violet. Quanto mais eu pensava sobre isso, mais ficava claro que precisávamos estabelecer alguns limites em relação à nossa privacidade. Não estava disposto a permitir que qualquer um, especialmente jornalistas, invadissem nossas vidas dessa maneira.Enquanto caminhava pelo quarto, estava em dúvida, me perguntava se ela gostaria de sair para trocar os números comigo ou se deixava ela passar o dia todo naquele adorável pijama que parecia ter se tornado parte de sua personalidade. Mas antes que eu pudesse decidir como agir, enquanto saia do quarto,
VioletEnquanto o elevador descia, me encostei na parede, tentando parecer relaxada. Aproveitei o momento para observar Damon sem que ele percebesse.Ele vestia uma camisa polo azul-escura, que se ajustava perfeitamente ao seu torso definido, combinada com calças de alfaiataria casual em um tom mais claro e sapatos que pareciam confortáveis, mas sofisticados. Mesmo numa roupa que ele provavelmente consideraria casual, Damon exalava elegância. Era quase injusto. Aquelas roupas, que pareciam tiradas de um catálogo, eram mais refinadas do que qualquer coisa que eu já tinha no meu guarda-roupa.Então, meu olhar involuntariamente voltou para a forma como a camisa delineava seu peito e ombros. Era impossível não lembrar do momento mais cedo, quando esbarrei nele e ele me segu
DamonEu mudei a rota sem pensar muito, desviando para o parque onde costumo correr. O ar fresco da manhã parecia mais tranquilo aqui, e talvez fosse o que Violet precisasse. Ela estava visivelmente despedaçada, os olhos marejados e a raiva ainda ali, misturada com uma dor tão crua que transparecia em cada respiração.— Vamos caminhar um pouco — falei, mais para quebrar o silêncio do que por saber se ela realmente queria. Ela concordou, silenciosa, como se as palavras fossem pesadas demais.Eu queria tanto dizer que tudo ficaria bem, abraçá-la até que ela parasse de chorar, de sentir aquele nó na garganta. Mas em vez disso, coloquei as mãos no bolso, sentindo a textura do tecido contra os dedos enquanto caminhávamos pela trilha, o
VioletVoltamos pelo caminho que havíamos percorrido, mas dessa vez o silêncio era diferente. Não havia mais aquela pressão, o peso das palavras não ditas, nem a sensação de que o vazio entre nós era algo insuportável. Cada passo parecia mais leve, mesmo que os pensamentos ainda girassem na minha cabeça, como um turbilhão. Mas eu sabia que, no fundo, estava melhor. Não completamente, mas melhor.Ainda me sentia chateada, claro. A dor não sumia de uma hora para outra. Mas, de alguma forma, algo em mim tinha se acalmado desde que falei aquelas palavras para Damon. Talvez fosse a sensação de que, pela primeira vez em muito tempo, eu não estava carregando todo o peso daquilo sozinha. Ele me entendia, ou pelo menos tentava entender, e isso significava mais do que e
DamonAssim que a campainha soou, fiquei atento aos movimentos de Violet. Ela parecia tranquila, mas eu sabia que, por dentro, estava nervosa. Para tentar acalmá-la – ou talvez para acalmar a mim mesmo – aproximei-me e deslizei minha mão para a base de suas costas. O toque foi casual, mas o calor da pele dela, exposta entre a calça da jardineira e a blusa curta, fez com que eu segurasse o ar por um segundo. Violet virou o rosto ligeiramente, me lançando um olhar discreto, mas não disse nada. Eu também não.A porta se abriu, e me vi cara a cara com um dos irmãos de Violet. Lembrei-me das instruções dela para diferenciar os gêmeos. Cicatriz na sobrancelha? Não. Esse era Gael. Ele abriu um sorriso tão largo que parecia capaz de iluminar a entrada inteira antes de puxar Vi
VioletGael e Damon começaram a conversar sobre negócios, algo que não era nenhuma surpresa vindo do meu irmão mais velho. Ele tinha o dom de puxar papo sobre qualquer coisa, mas o jeito como ele inclinava a cabeça e analisava Damon deixava claro que aquilo era, na verdade, um interrogatório disfarçado. Típico de Gael.Enquanto isso, Emmet, no maior descaramento do mundo, se jogou no sofá ao meu lado e deitou a cabeça no meu colo. Olhei para ele com as sobrancelhas erguidas, mas ele só deu um sorriso preguiçoso.— Não gosto do seu marido — ele disse direto, como se eu não soubesse disso desde o segundo em que dei a notícia do casamento.— Que novidade &mdash
DamonNa minha vida, manter as emoções sob controle era uma arte que eu praticava diariamente. Não importava o caos ao meu redor, eu sabia que não podia permitir que meus sentimentos ficassem à vista. Era uma necessidade. Um reflexo quase automático de anos lidando com situações extremas enquanto sustentava um semblante calmo e pacífico.Mas Violet não tinha esse hábito. E, olhando para ela agora, estava claro para qualquer um na sala que ela estava a um passo de desmoronar.Desde o início da manhã, percebi que ela não estava bem. Suas emoções já tinham sido testadas pelas lembranças que a assombravam, e a mágoa ainda pairava no fundo de seu olhar. Agora, ser notícia na TV