Violet
Damon está ali, sentado a poucos centímetros de distância, tão casual que é difícil lembrar que estamos casados. A combinação dele, uma calça de moletom escura e uma camiseta de mangas compridas preta, o faz parecer quase... acessível. Seus cabelos ainda estão úmidos do banho, e ele parece relaxado, o que deixa o ambiente leve, como se de repente fossemos velhos amigos compartilhando um jantar simples.
Mas não posso ignorar o que aconteceu algumas horas atrás. Seu beijo ainda está em minha mente, uma lembrança que, toda vez que invade meus pensamentos, traz um calor inesperado ao meu rosto. Eu me sinto dividida, como se estivesse entre o começo de uma amizade improvável e algo… mais. Algo que ainda não sei como lidar.<
DamonViolet terminou o jantar em silêncio, o olhar fixo no prato, claramente digerindo mais do que a comida. Eu queria retomar o tom leve de antes, a conversa casual que estávamos tendo sobre suas aulas e seus alunos. Mas, vendo a expressão dela, entendi que talvez fosse melhor lhe dar um tempo para processar tudo.Eu me encosto na cadeira, observando-a de soslaio. Sua testa ligeiramente franzida, os lábios pressionados — ela parecia perdida em pensamentos, e, de algum modo, isso me incomodava. Eu não queria que esse tipo de coisa fosse um peso para ela. Este acordo era para resolver problemas, não para criá-los.Quando ela termina de comer, levanto-me e começo a recolher os pratos. Dou-lhe um olhar breve, mas decido manter a distância, respeitando seu sil&
DamonAcordei antes do sol nascer, como de costume. Após um banho rápido, vesti minha roupa de corrida, ajustei o cadarço dos tênis e peguei o celular para registrar mentalmente uma nota: passar em alguma padaria na volta. Violet merecia um café da manhã decente, e pão fresco parecia um bom começo.As ruas ainda estavam quase desertas, envoltas em uma penumbra tranquila. A cidade parecia respirar mais devagar nesse horário, com o silêncio quebrado apenas pelo som rítmico dos meus passos e da minha respiração controlada. O ar frio da manhã entrava pelos pulmões, clareando minha mente, mas não o suficiente para afastar as lembranças da noite anterior.A conversa com Violet, o peso das palavras dela, e, claro, a
DamonAcordei antes do sol nascer, como de costume. Após um banho rápido, vesti minha roupa de corrida, ajustei o cadarço dos tênis e peguei o celular para registrar mentalmente uma nota: passar em alguma padaria na volta. Violet merecia um café da manhã decente, e pão fresco parecia um bom começo.As ruas ainda estavam quase desertas, envoltas em uma penumbra tranquila. A cidade parecia respirar mais devagar nesse horário, com o silêncio quebrado apenas pelo som rítmico dos meus passos e da minha respiração controlada. O ar frio da manhã entrava pelos pulmões, clareando minha mente, mas não o suficiente para afastar as lembranças da noite anterior.A conversa com Violet, o peso das palavras dela, e, claro, aquele maldito telefonema ainda martelavam na minha cabeça. O casamento que começou como um contrato já estava gerando consequências — meu número pessoal vazado, um repórter cavando informações, e, pior, a vida de Violet sendo dissecada por estranhos. Eu sabia como era lidar com is
VioletEu não fiquei surpresa com o jornalista ligando. Estava atordoada, sim, mas surpresa, não. Quando você vive sob os holofotes, como Damon, e agora eu, é apenas uma questão de tempo até a mídia começar a invadir sua vida. O que realmente me surpreendia era como ele, de repente, se transformava.Uma hora, ele estava ali, calmo, quase zen. Havia algo nele que parecia intocado pelo estresse do mundo, como se o fato de ele ter acabado de voltar de uma corrida ao amanhecer fosse a coisa mais normal do mundo. Ele parecia estar em sintonia consigo mesmo, quase como se a pressão do dia a dia não pudesse tocá-lo.Mas, então, quando o celular tocou e ele entendeu quem era, a mudança foi instantânea. A máscara de calma des
DamonJá devidamente vestido e com a cabeça fervilhando de decisões a tomar, sabia que não podia esperar até segunda-feira para resolver o problema do telefone. Precisava de novos números, tanto para mim quanto para Violet. Quanto mais eu pensava sobre isso, mais ficava claro que precisávamos estabelecer alguns limites em relação à nossa privacidade. Não estava disposto a permitir que qualquer um, especialmente jornalistas, invadissem nossas vidas dessa maneira.Enquanto caminhava pelo quarto, estava em dúvida, me perguntava se ela gostaria de sair para trocar os números comigo ou se deixava ela passar o dia todo naquele adorável pijama que parecia ter se tornado parte de sua personalidade. Mas antes que eu pudesse decidir como agir, enquanto saia do quarto,
VioletEnquanto o elevador descia, me encostei na parede, tentando parecer relaxada. Aproveitei o momento para observar Damon sem que ele percebesse.Ele vestia uma camisa polo azul-escura, que se ajustava perfeitamente ao seu torso definido, combinada com calças de alfaiataria casual em um tom mais claro e sapatos que pareciam confortáveis, mas sofisticados. Mesmo numa roupa que ele provavelmente consideraria casual, Damon exalava elegância. Era quase injusto. Aquelas roupas, que pareciam tiradas de um catálogo, eram mais refinadas do que qualquer coisa que eu já tinha no meu guarda-roupa.Então, meu olhar involuntariamente voltou para a forma como a camisa delineava seu peito e ombros. Era impossível não lembrar do momento mais cedo, quando esbarrei nele e ele me segu
DamonEu mudei a rota sem pensar muito, desviando para o parque onde costumo correr. O ar fresco da manhã parecia mais tranquilo aqui, e talvez fosse o que Violet precisasse. Ela estava visivelmente despedaçada, os olhos marejados e a raiva ainda ali, misturada com uma dor tão crua que transparecia em cada respiração.— Vamos caminhar um pouco — falei, mais para quebrar o silêncio do que por saber se ela realmente queria. Ela concordou, silenciosa, como se as palavras fossem pesadas demais.Eu queria tanto dizer que tudo ficaria bem, abraçá-la até que ela parasse de chorar, de sentir aquele nó na garganta. Mas em vez disso, coloquei as mãos no bolso, sentindo a textura do tecido contra os dedos enquanto caminhávamos pela trilha, o
VioletVoltamos pelo caminho que havíamos percorrido, mas dessa vez o silêncio era diferente. Não havia mais aquela pressão, o peso das palavras não ditas, nem a sensação de que o vazio entre nós era algo insuportável. Cada passo parecia mais leve, mesmo que os pensamentos ainda girassem na minha cabeça, como um turbilhão. Mas eu sabia que, no fundo, estava melhor. Não completamente, mas melhor.Ainda me sentia chateada, claro. A dor não sumia de uma hora para outra. Mas, de alguma forma, algo em mim tinha se acalmado desde que falei aquelas palavras para Damon. Talvez fosse a sensação de que, pela primeira vez em muito tempo, eu não estava carregando todo o peso daquilo sozinha. Ele me entendia, ou pelo menos tentava entender, e isso significava mais do que e