Quando cheguei em casa avistei Caio na sala, sentado no chão em frente a mesa de centro rodeado por vários papéis, pastas e o notebook de novo.— Você tem dois minutos para tirar tudo isso da mesa, antes que eu coloque fogo. — o repreendi atirando minha bolsa e sapatos em qualquer lugar no chão.Não podia acreditar que ele tinha passado o dia inteiro enfiado novamente nos livros.Eu sabia que a apresentação dele na reunião seria maravilhosa e ele conseguiria o trabalho logo de cara. Porque ele parecia ser o único a não dar crédito ao próprio potencial?— Opa, nem tente. Você sabe que preciso dar um jeito de estudar o máximo que eu puder. É uma oportunidade muito importante.— E você vai arrasar, como se você não estivesse se preparando pra essa vaga há anos, fora que eu já te dei o dia inteiro livre. — expliquei o ajudando a pegar um por um por dos papéis e guardá-los novamente. — Outra coisa, você me prometeu que seria meu até lá, então não me faça te odiar. — chantagem sempre funcio
— Ela tinha uns oito anos, a mãe dela ainda tem fotos do buraco enorme que ficou na cabeça dela e da Jenny. — e essa foi minha deixa para sair do transe. Respirei fundo, recuperando minhas forças e a postura.— Lindo ficar falando de duas pessoas quando elas não estão no lugar pra se defender. — resmunguei entrando e colocando a pizza na mesa.Encarei bem os dois homens a mesa, desconfiada, pois aqueles dois podiam acabar comigo até o fim da noite.Um contando meus segredos e o outro me afastando por completo.— Agora você está aqui. Se defenda e diga que você é Jenny não brincaram de salão e ela terminou com uma franja de um dedo e você com um buraco no meio do cabelo.Era verdade, ele tinha sorte de nossa mãe ter nos pego antes de continuar a brincadeira, ou teria sobrado para ele e para Cris também.— Agora você já o envenenou contra nós.— Jamais. — Guilherme disse sorrindo. — Estou adorando saber o quão virada no capeta você era.— Ei, em minha defesa todas as crianças já fizeram
Acordei no outro dia com o sol entrando no quarto e batendo bem no meu rosto, quando tentei me mexer percebi que meu braço estava preso por baixo de Guilherme. Em algum momento durante a noite ele tinha se virado e se aconchegado contra meu corpo.— Guilherme... — eu o chamei já sacudindo seu corpo adormecido.— Hmmm. — seu resmungo saiu, mas ele não se mexeu um centímetro. — Guilherme, meu braço. Acorda! — falei mais alto e o empurrei com mais força para ele acordar. — Desculpa. — ele murmurou finalmente se virando e liberando meu braço.Enquanto massageava o braço dormente eu comecei a perceber que o dia já tinha clareado, o sol já estava forte do lado de fora. Droga, eu tinha perdido a hora de novo, aquilo estava virando rotina.— Que horas são?— Pouco mais de dez horas. Porque?— Droga, queria ter falado com Caio antes de ele sair para a entrevista.— Ele sabe que você queria, mas que estava ocupada de mais. — ele disse com um sorrisinho cínico crescendo.— Claro, com você deit
Não podia ser, eu não queria pensar, não queria acreditar naquilo! Minha cabeça continuava a repetir o mesmo mantra sem parar.— Isso é... Essa é a última coisa que eu esperava de você. — sussurrei puxando ainda mais o lençol tentando me cobrir da melhor maneira possível.— É a última coisa que eu esperava também. — ele murmurou e senti a cama afundar quando ele se sentou atrás de mim, meu corpo endureceu no mesmo instante, apenas em sentir sua proximidade.Porque ele tinha que estragar tudo? Estávamos aproveitando tanto, estava tudo ótimo.— Você não percebeu? — Guilherme perguntou e eu apenas balancei a cabeça negando. — Eu também não, na verdade não sei bem quando notei que me sentia assim sobre você. Mas então fez sentido, aquela cena ridícula na boate, o fato de você estar na minha cabeça o dia todo.Não respondi nada e pareceu se passar uma eternidade naquele silêncio constrangedor.Meu cérebro se recusava a funcionar e processar essas informações. Ele se negava a acreditar que
Chegamos ao shopping rapidamente e Guilherme andava apressado na frente, como se já soubesse onde a irmã estava, então surgiu no meu campo de visão uma loira alta e linda, que correu em sua direção o abraçando apertado no momento que o alcançou.Eu parei a uma curta distância, não querendo atrapalhar o momento dos dois e assisti a conversa olho no olho, enquanto ela chorava ele secava suas lágrimas.Apesar das pessoas em volta e os olhares curiosos, não era como se eles se importassem, e pela primeira vez eu vi o lado "irmão super protetor" de Guilherme, o lado que eu só tinha ouvido falar.Não devia ter sido nada fácil para ele criar uma criança e administrar uma empresa, ao mesmo tempo em que tinha que lidar com a dor da perda da mãe.A mãe... a mesma que morreu com câncer, que parou o tratamento para seguir com a gravidez, de sacrificando pela filha.Imagino que se eu estivesse em sua situação talvez fizesse o mesmo, não sei, mas não consigo parar de pensar.Senti como se minha gar
Um homem alto, cabelos grisalhos e olhos pretos, acompanhava Guilherme, ele era bonito, logo se via que os filhos tinham a quem puxar. Ele me cumprimentou com um sorriso, um sorriso familiar.Ali estava o dono do sorriso maravilhoso que o filho tinha, um sorriso largo, elegante e sedutor.— George Monteiro, ao seu dispor. — ele falou antes de pegar minha mão e beijá-la.— Emma Souza, e o senhor é um verdadeiro gentleman.— Você, me chame de você. E espero que meu filho também seja assim. — ele murmurou me dando o braço e caminhando comigo até o sofá.— Ele tenta. — respondi sorrindo quando olhei para Guilherme, que nos observava com verdadeiro interesse agora.Talvez já estivesse se arrependendo de ter me trazido para conhecer sua família. Eu torcia pra isso, quem sabe assim ele não tirava as ideias doidas sobre sentimentos da cabeça.— Vou ver se o almoço está pronto. — ele deu dois passos e parou se voltando para nós. — Não a espante, pai.Ele saiu sem mais nenhuma palavra, me deixa
Tinha se passado um mês desde que Guilherme e eu começamos a ficar, as coisas estavam diferentes, eu me sentia mais leve a cada dia que passava. E toda aquela felicidade chegava a assustar.Tinhamos acabado de voltar de viagem, um final de semana na praia, só nós dois e o mar de testemunha das nossas loucuras.Eu já não estava mais pensando se estávamos indo rápido de mais, ou se íamos apenas deixando o barco seguir, tudo o que eu conseguia pensar é que estava amando cada momento com ele.Mesmo quando ele agia como o cabeça dura que era, ou quando banca a o garoto mimado. Eu adorava cada nuance daquele homem.Guilherme me mostrou no pouco tempo em que estávamos juntos que ele era uma caixinha de surpresa e que estava mais do que determinado a me fazer cair de amores por ele.Entrei na loja e percebi logo de cara que Lise estava estranha.— O que aconteceu amiga? Porque essa cara tristonha?— Não aconteceu nada, nada além de sono. — ela despistou. — Anda, me conta como foi o jantar com
A ruiva alta e linda parada na minha frente falou, com um sorrisinho no rosto.— Sou amelhor amiga de Guilherme, se é que me entende. — o tom transbordando insinuações não me passou despercebido, mas fiz questão de ignorar.— Prazer. — respondi simplesmente, não pretendia cair no seu joguinho.— Oh acertou, é isso mesmo o que temos. — mais que mulherzinha irritante. Me voltei para a janela, reunindo todas as minhas forças para ignorá-la. — Escuta aqui, você pode fingir que não sabe do que estou falando, mas é só um aviso, ele faz isso sempre e depois volta pra mim. Pergunte a qualquer um aqui e todos vão te dizer, Guilherme não passa mais de três semanas com a mesma mulher, a não ser comigo. — ela estava me tirando do sério.Eu sabia da vida de galinhagem dele antes de mim, mas isso tinha parado, não há um tempo longo, mas ele estava comigo há um mês e não o tinha visto com mais ninguém.Não imaginei que um de seus antigos casos poderia me parar no meio de uma festa, e tentar me afron