Um homem rosnou baixinho, sua voz cheia de agressividade.Mesmo que a sua voz se assemelhasse à da Inês, o que isso importava? Ela não era a Inês.Mesmo bêbado como estava, ele sabia que a Inês estava então na Cidade P e ainda não tinha voltado.Inês ficou surpresa, olhando para as costas da mão que ele bateu, se sentindo ao mesmo tempo injustiçada e irritada.Estava dando uma de louco com a bebida, é isso? Todo mundo fazia isso!Quando o mau humor da Inês apareceu, ela empurrou o Emanuel para o sofá e se sentou em cima dele. Falando sério, o Emanuel não era páreo para ela, e além disso, ele estava completamente bêbado naquele momento. Vendo uma gravata ao lado do sofá, Inês a pegou e, em um instante, amarrou as mãos de Emanuel.- Solta isso! - Disse ele. Mesmo bêbado, o Emanuel ainda não estava fora de si a ponto de ser completamente manipulado. Com as mãos amarradas, seus olhos instantaneamente se tornaram afiados. A Inês se inclinou, testa contra testa, com um sorriso na voz: - E
- Fale, estou ouvindo. – Inês disse enquanto abraçava firmemente o homem ao seu lado.Emanuel ficou em silêncio por um momento antes de começar a falar lentamente:- Desde que me lembro, vivi com meu avô. As primeiras palavras que as outras crianças falam geralmente são 'papai' ou 'mamãe', mas a minha primeira palavra foi 'vovô'. Quando eu era pequeno, meu pai acabara de assumir o Grupo Antunes e estava sempre ocupado. Eu mal o via uma vez por mês. E quando via, ele sempre estava com uma expressão fria, indiferente comigo. Minha mãe, segundo consta, teve um problema durante o meu nascimento e ficou reclusa em casa até eu completar cinco anos, se recuperando. Até os meus oito anos, eu só os via nos feriados. Nas reuniões de pais na escola, era sempre meu avô quem ia. Me lembro de uma vez, no inverno, quando fiquei resfriado e delirava chamando por 'papai' e 'mamãe'. Meu avô, preocupado com a minha febre alta, ligou para meu pai, pedindo que eles viessem me ver. Mas eles não vieram. Eu t
Inês contemplou Emanuel, relembrando suas palavras anteriores. Um palpite audacioso tomou conta de seu coração. "Será que este é o relatório de paternidade entre Emanuel e Ângelo?"Com cuidado, Inês devolveu o relatório de paternidade ao envelope e se acomodou ao lado de Emanuel, abraçando com firmeza sua cintura. Ela, delicadamente, acariciou os olhos e a testa de Emanuel, com receio de acordá-lo e sussurrou: - Emanuel, não importa quem você seja, eu gosto de você. Desde o momento que te vi, me apaixonei profundamente por você.O que ela amava era o homem que abraçava naquele momento, independentemente de sua identidade, seu amor por ele não mudaria. Inês se aconchegou nos braços de Emanuel, ouvindo as batidas fortes de seu coração, enquanto o sono a envolvia gradualmente....O tempo passava devagar. Emanuel abriu os olhos novamente, sentindo uma dor de cabeça intensa. Ele tentou levantar a mão para massagear a testa, mas percebeu que seu braço estava sendo abraçado. Foi então que
Inês ponderou por um momento e disse:- Amostras A, B e C, uma delas definitivamente é sua!- A amostra B é minha. - Emanuel assentiu- Imaginei que fosse. - Inês comentou;- A amostra C é do Pedro, a amostra A é da minha mãe. - Emanuel continuou.Inês ficou paralisada, ela se lembrou de que os documentos indicavam claramente que as amostras A e C correspondiam às condições genéticas, com uma probabilidade de relação parentesco calculada em 99,9999%...- Pedro é o filho biológico da sua mãe! - Inês olhou para Emanuel, chocada.Ela, inicialmente, havia pensado que uma das amostras seria de Ângelo, mas para sua surpresa, era de Kayra.Então Emanuel e Kayra...Emanuel deu um sorriso irônico, um brilho sarcástico apareceu em seus olhos.- Sim, Pedro é o filho biológico dos meus pais. Aquela mulher que chamei de mãe por mais de vinte anos não tem nenhum laço sanguíneo comigo. No fim, eu sou o filho ilegítimo de mãe desconhecida. Inês, não é irônico? – Ele perguntou. - Emanuel, não fale ass
Emanuel colocou o celular de lado.- Não vai dar problema, né? - Inês estava um pouco preocupada.- Fique tranquila, com Lucas lá, não vai dar problema. – Emanuel tentou tranquilizar Inês. - Valentina gosta do Lucas, será que ela não se declarou para ele ontem à noite aproveitando a embriaguez? – Ela brincou.- Se ela se declarou, talvez agora esteja escondida em algum lugar, sofrendo por ter sido rejeitada, isso sim. - Emanuel disse.- Como você sabe que ela foi rejeitada? Não pode ter sido um sucesso? A Valentina é tão bonita e tem uma personalidade tão boa, talvez o Lucas já gostasse dela há tempos. - Inês riu.- Pelo que eu sei, Lucas já tem alguém em seu coração. - Emanuel disse enquanto colocava um ovo descascado no prato na frente de Inês.- Valentina sabe disso? - Inês ficou sem palavras. Depois de fazer esta pergunta, ela sentiu que era uma questão inútil. Claro que Valentina não sabia, caso contrário, ela não teria perseguido Lucas sem hesitação.- Não sei se Lucas contou pa
Lucas esperou por quase meia hora na sala de estar, até que a porta do quarto se abriu. Valentina surgiu usando um moletom de manga comprida, caminhando lentamente para fora do quarto. Seu rosto estava vermelho enquanto olhava para Lucas. Na mesa de centro da sala, ainda havia garrafas de vinho da noite anterior, inacabadas. Lucas, com a cabeça baixa, parecia perdido em pensamentos, e sua expressão não era das melhores.Ao ver Valentina, Lucas se levantou. Ela o olhou, nervosa, torcendo os dedos, mordendo o lábio inferior, sem saber o que dizer. Seus olhares se encontraram, e por um momento, nenhum dos dois falou. O silêncio entre eles era palpável e constrangedor.Finalmente, Lucas quebrou o silêncio:- Srta. Valentina, me desculpe, eu bebi demais ontem à noite.Valentina ficou tensa, seus olhos cheios de emoções complexas, se fixaram em Lucas. Desde que ela pediu para ele não a chamar mais de Srta. Valentina, ele sempre se dirigia a ela pelo primeiro nome. Agora, ele voltou a usar o
Ouvindo o som da porta se fechando, Valentina cobriu o rosto com as mãos e finalmente começa a chorar.- Lucas, eu realmente gosto muito de você, por que você simplesmente não pode tentar gostar de mim? Em que eu sou inferior à pessoa que você gosta? - Valentina falava com sigo mesmo, abraçando seus braços firmemente. Consumida pela tristeza, ela se agachou lentamente e permaneceu ali por horas a fio. ...Em Monte Vista, a pedido de Inês, Emanuel finalmente decidiu dedicar uma tarde para descanso em casa. Depois de um cochilo, Emanuel acordou se sentindo muito mais revigorado para retornar à Mansão da família Antunes. Inês sabia que ele desejava ir à Mansão da família Antunes para investigar sobre sua origem, e como forma de auxiliá-lo nesse momento, ela se ofereceu para acompanha-lo, mas ele recursou com gentileza. - Eu não ficarei muito tempo na Mansão da família Antunes, espere por mim em casa, tá bom? Daqui a pouco estou de volta. – Ele disse. Inês hesitou em responder.- Fique
Havia uma caixa de remédios no apartamento de Valentina, e Inês, preocupada com a garota, mediu sua temperatura. 38,5 graus. Agindo prontamente, Inês preparou uma canja para Valentina e, após alimentá-la, deu um medicamento para baixar a febre.- Valentina, você chorou? - Perguntou Inês, sentada ao lado da cama, observando os olhos inchados e vermelhos de Valentina, cuja expressão habitualmente alegre e sorridente estava agora obscurecida.- Não, é apenas um resfriado. Meus olhos estão irritados, por isso estou com aspecto de choro. Mas não é nada demais. – Ela respondeu. - Seus olhos estão bastante inchados. Você que eu não ia perceber que você chorou? – Inês disse acariciando a cabeça de Valentina. Valentina apertou os lábios, se sentindo ainda mais triste por dentro. - Aconteceu alguma coisa? - Inês segurou a mão de Valentina.Valentina sabia que não podia esconder de Inês e falou baixinho: - Na verdade, não é nada sério. Aproveitei que estava embriagada e me declarei para Luca