3. O pesadelo

Havia se passado um dia, meu quarto era o porão, aquele sujo e assustador porão, eu não tinha permissão a banhos e alimentos além dos restos que sobrava do prato dele, era tratada pior que os mendigos e cachorros.

Pois bem, eu era sua escrava, adormeci naquele porão onde o piso era duro, sujo e úmido sem acesso até a um coberto para me proteger do frio que eu sentia pela minha pele sensível, eu sabia que daquele jeito eu acabaria adoecendo e o sentimento que isso acontecesse eu também saberia que ele me mataria.

De repente ouvi passos vindo de fora do porão e logo percebi que se aproximavam, me levantei completamente imunda quando reparei na portinha minúscula se abrindo e ele descendo as escadinhas do porão me encarando de máscara.

Quero café, ande e vá fazer estou com fome.

O obedeci e fui em disparada até a cozinha preparar seu maldito café, tremendo o que ele poderia fazer se eu demorasse um pouco mais, chegando lá lavei as mãos que se encontravam com crosta de sujeira daquele porão por conta do chão imundo e em seguida abri a geladeira procurando leito, queijo, presunto, requeijão e mumu, os coloquei sobre a mesa e fui ao encontro do pão, facas, xicaras, uma por virtude e os arrumei a mesa, passei o café e o servi, logo em seguida o homem se sentou a mesa experimentando meu café que por virtude do nada ele se zangou.

O que é isso? Pó puro? Que porcaria!

Gritou ele enquanto se levantava com a xicara na mão, se aproximando de mim e jogando todo conteúdo de dentro ao meu encontro. O café fervente me fez gemer de dor enquanto prendia um grito em minha garganta, minha pele foi ficando vermelhada devagar e ardia muito, tentei segurar as lagrimas para não o irritar mais, porem foi em vão, eles caíram pelo meu rosto, minha pele estava queimada.

“Monstro” pensei comigo, como ele podia ser tão ruim assim?

Eu o olhei e ele me encarava furioso, saiu da minha frente e pegou o bule de café e voltou em minha direção, na hora percebi o que ia fazer e o desespero de ter mais queimaduras me tomou me afastei dele e parei.

Vou refazer... por favor não jogue isso em mim novamente.

Refazer? Não jogar?

Ele me encarou com o bule na mão com uma expressão de pensativo, como se escolhesse entre jogar o u não jogar em mim aquele café quente. Ele me olhou e eu abaixei a cabeça completamente assustada do próximo passo que ele daria, orava baixinho para que Deus tivesse misericórdia de mim e não permitisse que ele voltasse a me queimar ou me matar.

Refaça... e rápido e bem forte.

Ele soltou o bule e saiu da cozinha, peguei o bule e corri pra debaixo da torneira primeiro lavando minhas queimaduras, haviam formado bolhas em minha pele, e meu rosto ardia, queimava e cada passada de água fria nele era um alivio, suspirei algumas vezes e voltei a refazer o café, abri o armário em cima da pia e busquei o pó de café, o achando coloquei em cima da pia e lavei o bule, fervi e arrumei o mesmo com o filtro começando a passar o café tudo de novo.

Lembrei a foram que passei da ultima vez e com medo de cometer o mesmo erro cuidei para que isso não se repetisse.

Com o café na mesa fui até a sala chama-lo, mas ele não estava lá fui então até o seu quarto, batendo em sua porta quando o vi abrindo-a, meu coração se amedrontou e acelerou com medo que eu tinha dele me bater, queimar ou até mesmo me matar.

O que faz aqui?

O café... ele está passado... está na mesa.

Já? Estou indo.

Ele saiu do quarto me fazendo cair no chão com o empurrão que ele me deu, para que eu saísse do seu caminho, olhou para mim que permanecia caída fazendo um sinal para que eu levantasse e caminhasse, o obedeci me direcionando a cozinha, estava faminta enquanto o assistia comer despreocupado com nada, pensei em ataca-lo, mas sei bem onde pararia se fizesse isso então permaneci ali, de pé em suas costas enquanto babava pela comida.

Depois que ele terminou de comer reparei que sobrou migalhas do seu prato, me dando vontade de chorar, era aquelas migalhas que eu comeria pela manhã, peguei o que consegui com as mãos e logo virei o prato na boca, completamente faminta.

“Como cabei assim?” porque acabei assim? O que eu fiz para merecer isso?

Me perguntava direto, sempre tentei ser a melhor filha e escutar muito a minha mãe, eu só tenho 16 anos e ainda não sabia quase nada do lado de fora já que dificilmente saia de casa, ficava lá vendo animes e desenhos infantis, sai naquela noite em um culto da igreja e acabei aqui por ter me perdido no caminho de volta para casa.

Garota... venha aqui agora.

O ouvi gritar da sala, correndo até lá.

Vou sair e você vai ir junto.

Pensei que essa era minha oportunidade de escapar dele e concordei com a cabeça baixa, ele nem se quer me olhou e se levantou do sofá desligando sua TV enorme de 41 polegadas. Passou por mim em direção ao seu quarto e quando saiu de lá me examinou da cabeça aos pés.

Vá tomar um banho, vão desconfiar de mim com uma garota acabada e machucada como você, tem roupas em cima da pia do banheiro é antiga da moradora que morou aqui antes de mim.

O obedeci e fui, liguei o chuveiro e deixei que a água escorresse pela minha pele dolorida e logo me limpei com um sabonete tirando toda crosta de sujeira que tinha em mim.

Rápido...

O ouvi gritar do lado de fora e apressei o passe, desliguei o chuveiro e vesti o que tinha ali, roupas de velha, mas mesmo assim vesti ainda me sentindo triunfante com um banho que minha pele doía.

Saí do banheiro e me deparei com ele de cara, ele estava a minha espera então o segui ele tirou a mascara e pôs em cima do sofá, quando se virou eu conseguir ver quem era.

Meu corpo congelou ao vê-lo era o rapaz me emprestará o celular quando precisava, o rapaz lindo e misterioso, afinal era o rapaz não qual eu achei lindo que seria meu sequestrador fiquei meio que em choque.

Vamos.

Ele disse logo abrindo a porta enquanto eu estava choque em ver quem era, “Deus isso é um pesadelo só pode” pensei comigo na mesma hora.

Poxa como eu fui tão inocente e terminei aqui... como confiei num cara que me levaria estar presa aqui.

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