Ximena Valverde Ainda tentava descobrir o que era mais constrangedor; eu ali em pé sem calcinha, ou a cara de descontentamento de Alejandro ao ver Iker na nossa frente.Tentando sair daquela situação vexatória, fui até Iker, lhe dando um beijo na bochecha e, de maneira descontraída, eu disse:— O que faz aqui? Já faz mais de quatro horas que largou do trabalho. — para não piorar a situação, tentei amenizar minha expressão tão surpresa e confusa quanto a do Alejandro.— É, Pavel, o que faz aqui? Algum problema urgente e confidencial na empresa, ao qual você não poderia esperar até amanhã ou ligar? — o tom de voz duro do Alejandro era nítido.Imediatamente e disfarçadamente, mandei um olhar reprovador para Alejandro. Fosse lá o que ele estivesse pensando, deveria guardar para si só, afinal, Iker não tinha ideia de que estávamos juntos e, ao menos no momento, ninguém dentro da empresa deveria saber.— Ximena disse que estava vindo embora, resolvi esperar para levá-la em casa, fiz mal? E
Ximena Valverde Sabia que não estava na hora de acordar, ainda era o final da madrugada, beirando aparecer o crepúsculo para o amanhecer. O sonho era muito bom, sentia todo o universo passar pelo meu corpo, me envolvendo de magnetismo e calor. Mas para que sonhar, se a realidade era muito melhor? Abri meus olhos e Alejandro tinha a cabeça no meio das minhas pernas, sugando meus lábios inferiores da mesma maneira que fazia com a minha boca. Se tinha melhor maneira de despertar, eu desconhecia. Fiz um movimento brusco, com isso, provavelmente Alejandro pensou que eu fugiria. Só se eu fosse louca. Ele segurou minhas coxas com precisão e afundava a língua de maneira rígida no meu meio, tocando minhas paredes internas. Sua língua explorava os meus cantos mais sensíveis, me deixando enlouquecida. Me contorcia, arranhando o lençol que forrava a cama. Queria cravar minhas unhas na pele dele, mas quando me curvava, Alejandro não deixava, me empurrava com cuidado de volta ao colchão. — Al
Alejandro Albeniz Dizem que quem não deve não teme, mas não sabia porquê, ao ver Ximena conversando com os policiais, algo em mim se moveu aqui dentro. Senti um arrepio, uma coisa estranha e a necessidade urgente de tirar eles de perto dela.Lembro de um dia que cheguei em casa e Mercês me informou que o acidente entraria em investigação pela civil. Eu pouco me importei, tinha certeza de que não fiz nada de errado, mesmo assim, ao vê-los aqui, algo me incomodou. Eu só ainda não entendia o motivo.Entramos na minha sala e falei para eles se acomodarem. Um deles sentou na poltrona e os outros dois nas cadeiras de frente para mim. — Então, senhor Albeniz, que curioso a noiva de Carlos Alcaraz trabalhando aqui na sua empresa, gratidão ou remorso? — um dos policiais questionou.Foi impossível não franzir o cenho. Que porra o policial estava pensando? — NRA, nenhuma das respostas anteriores. — falei debochado. — Ximena Valverde entrou aqui pelo próprio mérito, só tomei ciência dela na va
Ximena Valverde Saber que Carlos foi vítima de algum sádico ou de um erro absurdo, trouxe dores que já estavam um tanto adormecidas. No entanto, eu não iria deixar a tristeza me dominar. Carlos merecia justiça e eu lutaria até o fim por isso.Sabia que meu estado de nervos estava fazendo Alejandro ponderar em me contar tudo o que sabia, mas ele tinha que entender que não podia esconder nada de mim. A família do Carlos e eu tínhamos todo o direito de saber quem foi o culpado por sua morte e de cobrar que essa pessoa fosse punida.— Ximena, não há culpados ainda. Primeiro, é uma investigação para saber quem abasteceu a aeronave com o combustível errado e só depois, teremos um indiciado e, se a polícia provar, aí sim, teremos um culpado. — ele me explicou com cautela.— E o plano de voo, foi assinado por quem? — Essa parte muito me interessava.— Eles ainda estão investigando isso.— É um papel, Alejandro, é só olhar a assinatura. — falei o óbvio.— Sim, o Sepúlveda está tratando de en
Alejandro Albeniz Com meu pai era desse jeito, tínhamos que deixar ele falar e falar e falar. Botar para fora todo tipo de asneira megalomaníaca que ele, em sua cabeça, achava mais do que normal. Entretanto, tudo tinha limite, uma linha tênue, e ele começou a cruzar essa linha quando insistiu em atacar a Ximena.— Na minha casa essa aproveitadora sem berço, essa cadela sem pedigree não entra!— A quem o senhor está chamando de cadela? Não me faça esquecer que o senhor é meu pai e fazê-lo engolir seus próprios dentes! — ele arregalou os olhos. — Está perdendo o juízo, a noção.— Não vou aceitar que me ameace dentro da minha própria casa. Exijo respeito!— Respeito não se exige, se conquista. E você perdeu o meu no momento em que ofendeu a mulher por quem eu me apaixonei. — acho que ele nunca pensou que eu diria algo assim, que estava apaixonado e justamente por uma qualquer no dito dele. Afinal, sua expressão não negava sua surpresa. — O senhor está idêntico a puta da sua mulher, porq
Alejandro AlbenizXimena não precisou me pedir duas vezes, apenas pedi para ela repetir, que era para ter certeza que eu ouvia certo. Sem pestanejar ou ter qualquer sombra de dúvidas, acatei com prazer seu pedido de ir morarmos juntos, a euforia tomou conta de mim, que até suportaria olhar para cara da minha família, desde que seja para eu pegar minhas coisas. Enfiei mais uma camiseta na mala e senti o zíper reclamar pelo volume de roupas contido ali dentro, mas não tinha tempo para pensar nisso. Analisei rapidamente ao redor, ódio correndo em minhas veias… Quarto enorme, closet cheirando a lavanda cara, tapete que afundava sob os pés de tão macio, e nada disso tinha gosto de lar. Hoje, menos ainda. Eu só queria meter tudo num saco de lixo, jogar no carro e sumir. Até que, antes que eu tivesse a chance de fazer qualquer outra coisa, atrás de mim surgiu Mercês. Seu salto fazendo clac‑clac no piso me dava nos nervos, parecia que cada passo dela criava eco nos meus ouvidos. Fosse a rai
Ximena Valverde Eram seis da manhã, por conta do inverno, ainda estava um pouco escuro. Acordei com o barulho do despertador, passei a mão por toda a extensão do colchão e Alejandro não estava mais ao meu lado na cama. Tinha um som de alguém fazendo esforço físico vindo do lado de fora e olhei pela janela. Alejandro fazia flexão batendo palma, lavado de suor, vestido com calça de moletom e sem camisa. — O que é isso? Seduzindo a vizinhança? — falei divertida, me aproximando de onde ele estava.— Bom dia… Amor! — me olhou e disse quase sem fôlego, mas continuou fazendo seu exercício.— Muito bom dia! Vou fazer nosso café. Alejandro ainda ficou um bom tempo lá fora se exercitando, deu tempo de fazer o café e me arrumar para o trabalho. Estava arrumando a mesa, quando ele saiu do banheiro de banho tomado, cheirando a sabonete, desodorante masculino e testosterona.— A louça é sua. — avisei.— Justo. Mas vou avisando que vou hoje mesmo comprar uma lava louça para essa casa. — Preguiço
Ximena Valverde No caminho para casa, vim reclamando com Alejandro. Aquele não era o momento de falar isso com meus pais. E o pior foi a reação do meu pai. Quando o senhor Pedro falava, falava e falava era sinal de que em algum momento tudo ia ficar bem. Entretanto, quando ele se calava, era porque ele ficou realmente chateado.Agora, sim, teríamos que ir à casa dos meus pais com mais calma e conversar com eles sobre como as coisas aconteceram. Porque mesmo sendo dona do meu nariz, não gostava de ver a decepção estampada no rosto do senhor Pedro.Alejandro entendeu que foi impulsivo, no entanto, ele estava mais interessado em saber como foi que me acidentei. Eu mesma estava muito confusa, porém, não iria ficar fomentando besteiras, nem eu sabia ao certo o que tinha acontecido. Não falei que achei ter visto o Iker e muito menos que parecia que o carro foi jogado em cima de mim de propósito. Em sua insistência em saber exatamente o que aconteceu, pois aparentemente não se convenceu da