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- Isa não pode saber disso, jamais. – Pensei alto.

Eu dirigi até o meu prédio e entrei no meu AP.

- E aí tigrão, como foi a noite? – Cíntia perguntou.

- A pior de todas. – Respondi.

Contei a noite toda para ela, inclusive o beijo.

- Não conte a Isa sobre o beijo. – Eu pedi.

Cíntia assentiu, eu podia confiar nela, ela nunca diria isso a ninguém.

- Vou dormir, boa noite. – Eu disse a Cíntia e saí da sala.

Quando cheguei ao meu quarto fiquei só de cueca e me joguei na cama, eu estava arrasado e confuso, dormi como um pedra naquela noite. Acordei bem para quem estava ferrado mentalmente, eram 8:00h, eu tomei café com Cíntia.

- Me da uma carona pro trabalho? – Ela perguntou.

- Você começa hoje? – Perguntei.

- Sim, o Four Seasons Hotel gostou do meu currículo. – Ela falou.

- Four Seasons? Quer dizer daquela super rede de hotéis luxuosos e internacional? – Perguntei.

- Esse mesmo, e vou fazer um bico na agencia de moda aqui em New York nos fins de semana. – Ela acrescentou.

- Estou gostando de ver, eu fico bem a vontade sabendo que fome não vamos passar. – Eu disse.

- Pelo menos eu sou responsável o suficiente para não comprar um Camaro por causa de uma garota que nem conheço. – Ela disse me fuzilando com os olhos.

- Eu não estou ganhando uma discussão aqui em New York. – Falei derrotado.

Eu fui até a garagem e busquei o carro, quando cheguei tinha um moleque de 16 anos encostado no meu carro como se fosse o dono dele.

- Gata eu comprei esse carro ontem. – Ele disse para a garota que estava azarando.

- O moleque, sai de cima do meu carro ou eu passo com ele por cima de você. – Eu disse destravando a porta.

Ele não sabia onde enfiar a cara, a garota lhe deu um tapa na cara e foi embora. Eu parei na frente do prédio e Cíntia entrou.

- Four Seasons Hotel, Jarvis. – Falei.

- É pra já senhor. – Ele respondeu.

Eu guiei o carro até o hotel e deixei Cíntia lá, voltei para casa e fui visitar Isa, eu precisava amenizar as ideias, quando cheguei ela me atendeu.

- Oi Isa tudo...

Eu parei de falar por que levei o maior tapa na cara da minha vida.

- Por que você fez isso? Está louca? – Perguntei.

- Não ia me contar que beijou aquela... Aquela... P**A! – Ela gritou.

Alguns vizinhos olharam curiosos, eu entrei rapidamente no AP de Isa empurrando ela comigo.

- Eu vou matar a Cíntia. – Disse pensando alto.

- Ela não me contou, eu ouvi vocês conversando ontem. – Isa disse.

- Que bonito hein? – Eu falei. – Além de arrumar intriga é bisbilhoteira também.

- Não me julgue, você não tá com nome limpo no cartório, mal conheceu ela e já sai beijando. – Isa retrucou.

- Eu não a beijei, ela me beijou. – Eu falei.

- Não importa, você não ia me contar, e isso me deixou chateada. – Ela disse.

- Mas que gênio infernal você tem. – Eu disse irritado.

- Pois então vai ficar sem ver ele por um tempo, fora da minha casa. – Ela disse abrindo a porta. – Hoje Ian me leva para a aula.

- Certo! Então beleza, menos gasolina para gastar! – Eu disse saindo do AP.

A porta bateu as minhas costas, eu entrei no meu AP e fui ate o meu quarto, subi na cama e soquei meu travesseiro varias vezes, depois me joguei em cima dele e fiz o que não fazia muito tempo, chorei, eu estava muito triste, foi incrivelmente horrível como dois dias fizeram minha vida virar um inferno, um tempo depois meu celular tocou e quem estava na linha era Pamela, eu engoli o choro e atendi.

- Alô? – Atendi o celular.

- Oi gato, você vem hoje pro trabalho? – Ela perguntou.

- Sim, por quê? – Eu perguntei.

- Você pode passar aqui e me dar uma carona? – Ela perguntou.

- É claro que eu posso. – Falei. – Vai estar na sua casa?

- Sim, eu almoço em casa todos os dias. – Ela disse.

- Certo depois passo aí e te pego. – Falei.

- Ok, tchau. – Ela disse.

- Tchau. – Eu disse e desliguei.

“Certo, talvez isso me distraia”, pensei. Almocei o que pude e fui buscar Pamela, ela entrou no carro e me beijou outra vez, só que não fiquei impressionado como antes.

- Você é tão meigo... Diferente daquela sua amiga. – Pamela falou quase cuspindo o “amiga”.

- Não sei se somos mais amigos, ela ficou louca quando soube do nosso beijo. – Falei.

- Menos mal, agora você tem mais tempo pra mim. – Ela disse passando a mão no meu rosto.

Eu sorri, mas não tinha certeza se isso era bom, eu queria que Isa me ligasse ordenando que eu pedisse desculpas, eu nem pensei em ligar para ela, eu sabia que ela não ia atender.

- Chegamos. – Falei.

Descemos, ela me beijou e foi para o escritório, eu fiquei na recepção esperando meu supervisor.

- Você é Kayque certo? – Um homem me perguntou.

Ele tinha a minha altura, era negro, parecia ter trinta anos, e tinha cavanhaque, a forma física não era atlética como a minha, mas ele não tinha muitas imperfeições.

- Sou. – Respondi.

- Sou Carter, seu supervisor, me acompanhe. – Ele pediu.

Subimos de elevador e entramos no escritório dele.

- Aqui você me ajuda apresentando suas ideias, estamos precisando de um herói novo. – Ele disse.

Eu assenti, apresentei minha ideia, o K, ele gostou e pediu uma descrição do desenho do herói, depois de feito eu aprovei, ele mandou para a editora e eles transpassaram para o computador, ficou bom, só faltava o histórico do herói e o arqui-inimigo, ficamos naquilo a tarde toda.

- Você pode ir agora, essa semana sua rotina será essa, vamos ver se conseguimos até sexta. – Carter me disse.

 Eu me despedi, chegando ao carro Pamela me esperava, ela me abraçou e me beijou, ela beijava muito bem.

- Vamos logo, meu lindo? – Ela perguntou.

Por que ela disse isso? Só uma pessoa já havia me chamado de “Meu Lindo”, Isa.

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