- Podemos fazer muitas coisas... – Ele alisou minha cintura.
- Não gosto de sexo a ponto de viver disto. – Falei seriamente.
- E se fosse com ele? – Patrick perguntou, parando de repente.
- Do que você está falando?
- Que eu gostaria de entrar nos seus pensamentos.
- Eu... Tenho direito de pensar... Sem que você interfira nisto.
- Naquela noite... Chorava por ele.
- Não. – Menti.
- Clara, para o seu próprio bem, recomendo que esqueça Pedro Moratti.
Engoli em seco e o questionei, preocupada:
- Pedro Moratti? Desde quando sabe o sobrenome dele?
- Eu tenho dinheiro, Clara.
- Você... Mandou alguém atrás dele? – Fiquei incrédula.
- Não.
- Mandou sim... Ou não saberia o sobrenome dele, já que nunca mencionei.
- E se eu tivesse mandado alguém para saber sob
Deitei a cabeça no vidro, enquanto Patrick falava sem parar. E eu sequer conseguia prestar atenção nas palavras dele... Porque elas pouco me importavam. Tudo passava rápido pelos meus olhos... Eu via tudo e ao mesmo tempo nada. Exatamente como minha vida: tive tudo... E agora não tinha nada.Quando o carro parou, percebi que estávamos em frente a um Pronto Socorro. Patrick pegou-me nos braços e levou-me para dentro do lugar, deixando o carro com a chave na ignição, fazendo com que meus olhos só conseguissem focar no chaveiro que ficou a balançar enquanto segurava a chave, como se aquilo fosse a coisa mais importante do mundo. E mesmo vendo as pessoas de branco na minha direção, nos meus ouvidos ainda ecoava o som do carro ligado do lado de fora.Fui posta numa maca e levada para enfermaria. Recebi uma injeção e fechei os olhos, imaginando que fosse para alivia
Quatro anos depois ele dizia “eu te amo” pela primeira vez. E aquilo não me pareceu verdadeiro. Sim, cheguei a imaginar que um dia meu marido me surpreenderia com aquela frase. Mas jamais que seria junto de uma quase ameaça de morte.- Você está me assustando, Patrick. Diminua a porra da velocidade! – Gritei.Patrick me olhou de soslaio e riu, pouco se importando com meu nervosismo.Por sorte àquela hora a autoestrada estava praticamente vazia e o trânsito fluía sem problemas. Ainda assim eu sentia medo de Patrick bater em algum carro ou perder o controle do automóvel.- Você é a minha razão de viver, Clara. – Insistiu.- Se sou sua razão de viver... Me deixe viva, Patrick. – Implorei ao perceber que ele brincava com o volante, para me assustar, já que sabia de meus medos com relação à carro e direç&atild
Era a noite da virada do ano de 2004. Me vesti com dificuldade e não consegui me maquiar, só colocando um batom. Me recusava a pedir qualquer auxílio para Sophie. Nenhuma roupa combinava com aquele braço engessado.Assim que cheguei na sala, Sophie me olhou dos pés à cabeça:- Se arrumou demais para ficar em casa, Clara!Olhei para Patrick, sentado no sofá vestindo terno e gravata enquanto mexia no próprio celular. Não tive certeza se não ouviu o que mãe disse ou se fez de desentendido.- Mas... Achei que iríamos à festa do condomínio. – Fiquei confusa, certa de que minha sogra havia falado algo sobre o jantar de confraternização entre os moradores.- “Iríamos”? – ela gargalhou debochadamente – Clara, meu amor, você não tem condições de sair com este braço enges
Nem sei como cheguei à varanda, onde ele estava, como se tivesse sido teletransportada de tão rápido que me aconcheguei aos seus braços. Senti as lágrimas de felicidade escorrendo pelas minhas bochechas, depois de tanto tempo derramando-as por tristeza e decepções.- O que... Você está fazendo aqui? – Minha voz quase não saiu enquanto o apertava a ponto de machucá-lo.- Vim vê-la, Clara! Estava louco de saudades.Fechei meus olhos e deixei as lágrimas molharem sua camisa enquanto a cabeça descansava em seu peito.- O que houve com seu braço? – Renan perguntou, curioso.- Eu... Caí. – Me ouvi dizendo, com vergonha de contar a verdade.Renan alisou meus cabelos gentilmente e virei-me na direção de Talía... Percebendo que não era Talía.- Oi... – A jovem garota de cabelos
POV PedroO jantar havia sido somente em família. Brindamos à meia-noite e depois nos sentamos na sala para conversar. Inevitavelmente me vi falando sobre negócios com o senhor Moratti, o que acabava sempre acontecendo.Eu gostava dos pais de Flora. Eram tão agradáveis quanto ela. E me tratavam realmente como se eu fosse da família.Eu estava um pouco nervoso e assim que a conversa encerrou, antes que os anfitriões se retirassem cedo, como costumavam fazer, retirei a caixa das alianças do bolso e abri, surpreendendo a todos.- Eu... Gostaria de aproveitar esta noite... E este momento... Para pedir que seja minha esposa, Flora.Flora me encarou, sorrindo. Os olhos lacrimejaram e fiquei incerto se ela estava realmente feliz ou pensou que poderia ser outra pessoa com aquele par de alianças na sua direção, como Renan, por exemplo.- Eu aceito! – Ela disse de forma tranquila, limpando a lágrima que caiu por sua bochecha, vindo na minha direção e me dando um beijo.Os pais dela ficaram imen
- Me leve para cama... – Pediu.Aquela era a pior parte... Dormir com ela pensando em outra.Quando cheguei em casa joguei o blazer sobre o sofá e fui para o meu quarto. Eu só usava aquele lugar para dormir e o senhor Amorin tinha razão quando disse que eu e Flora deveríamos encontrar um lugar para começar o nosso lar.Aquela casa era uma tumba de lembranças... De Clara, de minha avó, da pobre Anastácia, que havia engravidado de Jason e aberto mão de tudo para ser mãe.Quando cheguei no meu quarto liguei a luz e deparei-me com a foto de Clara ao lado da minha cama. Sentei-me no colchão e peguei o porta-retrato, passando a mão na imagem como se estivesse alisando a pele macia e morna dela.- Hora de tirá-la definitivamente da minha vida, Clara Versiani. – Pus o objeto dentro da gaveta, com a imagem virada para baixo.Olhei dentro da gaveta o par de alianças que eu havia comprado para nós. Retirei uma delas da caixa e toquei as letras que mandei gravar, escrito “Minha outra metade”. Eu
POV PatrickOlhei para Clara, completamente nervosa e franzi a testa, confuso:- Do que você está falando?- Meu passaporte... Sumiu.- O que... Você quer com o passaporte?- Onde está?- Como eu vou saber onde está o “seu” passaporte?- Me entregue agora, Patrick. – Ordenou, com a mão na minha direção.- Eu não sei onde está a porra do seu passaporte. – Falei palavra por palavra pausadamente a fim de que ela entendesse de uma vez.- Meu pai morreu... Minha mãe fará de tudo para que eu e Renan possamos chegar há tempo para o funeral. E para deixar a Austrália, preciso do meu passaporte.Larguei o que eu estava fazendo e parei na frente dela, encarando-a seriamente:- Vamos encontrá-lo, não se preocupe. Irei ajudá-la a procurar.Ela riu debochadamente:- S
Já tinha trocado várias vezes os números do telefone, a fim de que ele nunca tivesse como entrar em contato. Claro que não tomava aquela atitude somente quando Renan aparecia, para que Clara não desconfiasse. Quando ela me questionou uma vez, falei que era por conta do medo de sermos perseguidos por questões de dinheiro. E inventei mais um monte de desculpas descabíveis.As desculpas eram ridículas. Mas Clara nunca quis saber mais. Parecia se conformar... Ou simplesmente não se importava com as ligações do irmão.O problema é que agora Renan sabia nosso endereço. E certamente viria procurar a irmã novamente, principalmente se ela não aparecesse no enterro. Mas o pior era ele poder trazer notícias de Pedro Moratti.- Precisamos nos mudar... Para um lugar distante de tudo. – Me ouvi falando.Minha mãe suspirou e alisou meu rost