Sílvia era uma senhora atraente, tinha 45 anos e duas filhas. Com traços italianos, tinha o nariz grande, mas proporcional ao seu rosto comprido. Era uma italiana no sangue e se mostrou infeliz por ter se mudado ainda jovem para os Estados Unidos. Carina e Bella eram ainda crianças quando foi deixada aos cuidados na irmã Telma, no orfanato no subúrbio.
"Mãe. Você não pode fazer isso com a gente." Carina era a irmã mais velha e se via desesperada ao ver sua mãe indo em direção ao táxi. Ela tinha apenas 12 anos e não conseguia entender porque aquilo estava acontecendo."Nós já conversamos sobre isso. Preciso da sua ajuda para que cuide da sua irmã. Eu vou voltar para buscar vocês. Mas o lugar que estou indo eu não vou poder levar nenhuma." Ela deu um beijo na testa de Carina e pediu para que o motorista seguisse viagem.Carina perdeu suas forças, o choro se tornou incontrolável, até que foi acolhida pela irmã Telma. "Vai ser melhor assim. Sua mãe está sofrendo demais, não é bom para vocês conviver com eles." Ela apenas ignorou os conselhos, chorou até adormecer em seu mais novo quarto.Ao contrário da irmã. Bella parecia estar muito bem, ao menos teria certeza que agora ia ter um pouco de paz para escutar suas músicas sem a interrupção dos gritos da sua mãe e das garrafas se quebrando pelo seu pai.Carina e Bella ainda quando morava com os pais viviam em um tormento todos os dias. Seu pai chegava bêbado, era um típico Americano, ninguém sabia onde ele arrumava dinheiro para tantas bebidas, mas ele estava sempre com uma garrafa na mão.Era nítido para as meninas que Silvia não aguentava aquela vida. Ela sempre o confrontava sobre as bebidas e ele sempre se descontrolava. Ao final da noite ela ia dormir no quarto das meninas com alguns hematomas e em meio a soluços abraçava as filhas e cantava uma antiga canção de ninar ninar Italiano.Ao acordar as meninas já não via mais a mãe. Só o que elas sabiam é que ela trabalhava na casa de um homem rico. Mas de uma coisa as meninas não poderiam reclamar. Apenas de matar no subúrbio, nunca faltou comida em casa, nem brinquedos. Sua mãe sempre chegava ao final do dia com algumas novidades para as meninas. Talvez como uma forma de pedir desculpas por tudo aquilo.Em meio às discussões, Carina sempre queria defender a mãe. Ela não conseguia entender o porquê não considerava o Arthur como o pai. Bella apenas escondia uma hora debaixo da cama, outra no guarda roupa.Certa manhã Carina acordou com um lindo vestido ao lado da sua cama. Sua mãe estava em pé na porta olhando as filhas dormirem sem dizer apenas uma palavra. Carina olhou para o lado, na cama da irmã também tinha um lindo vestido azul."Mãe? De onde é esse vestido? " Ela perguntou se alongando, mas com um olhar curioso."Quero que vistam. Hoje vamos passar o dia no shopping." Silvia chegou perto de Carina, passou os dedos em seu cabelo. Ao perceber que Bella estava em um sono profundo ela pediu por misericórdia para Carina cuidar da irmã."Me escute. Vou precisar voltar à Itália por algum tempo. Preciso que você cuide da sua irmã. Me prometa que vai cuidar dela."Carina se engasgou com a própria saliva. "O que está me dizendo? Você vai ter coragem de nos deixar aqui com o Arthur? Você não pode fazer isso." Seus olhos já estavam cheios de lágrimas incontroláveis. O olhar da Silvia para a filha era de piedade, era notável que seu coração estava partindo."Não, ele não consegue cuidar nem dele mesmo. Vocês vão ficar em um orfanato." Ao ver os olhos arregalados de Carina, ela se antecipou para se justificar. " Mas não estarão disponíveis para a adoção. Quero que entenda que não estou abrindo mão de vocês. Eu vou voltar.""Como posso ter certeza disso?" Ela falou enxugando as lágrimas que insistiam em cair."Precisa confiar em mim. Sei que é muito jovem agora. Mas um dia sei que vai me entender. Agora quero que vista isso, antes que acorde sua irmã. Você é a mais velha Carina. Precisa me ajudar. Está bem?"Carina não entendia muito bem, seus pensamentos estavam confusos para uma criança tão pequena. Mas fez o que sua mãe pediu, já que não tinha certeza o quanto essa notícia afetaria sua irmã mais nova.Sílvia deu um beijo no rosto de Bella que a fez se despertar do do profundo, ao olhar para o lado ela deu um pulo. "Esse é exatamente o vestido que eu pedi para você naquele dia. Mas ele é tão caro mãe. Como conseguiu o dinheiro?" Ela falou enquanto vestia com rapidez a roupa."Não importa muito onde eu consegui, apenas que vamos dar uma volta no shopping. Vocês podem pegar o que quiserem e comer o que quiserem."O olhar da Carina era de dor. Enquanto sua mãe falava e gesticulava ela reparou em suas roupas. Ela nunca tinha visto a mãe tão tão arrumada como aquele dia. Os brincos e o colar eram tão brilhantes que pareciam diamantes. Aquelas peças só poderiam ser encontradas nas maiores joalherias de New York. Carina não entendia nada de joias, mas sabia que sua mãe era orgulhosa o bastante para não usar acessórios baratos.Aquele dia foi longo, Carina esqueceu o que tinha conversado mais cedo com a mãe. Às três se divertiram muito. Até que o por do sol chegou. Carina viu sua mãe tentando conversar com Bella, mas a irmã estava indiferente para o que a mãe estava dizendo.Ao chegar em casa, Sílvia pediu para que as meninas arrumassem as malas. Pois não poderia se atrasar. Ao entrar na casa Arthur estava lá, imóvel na poltrona. Parece que já tinha conversado conversado Silvia sobre o que ia acontecer. Ele observou as meninas arrumando as coisas, ali da sala mesmo.Carina poderia afirmar que o olhar de seu pai era de tristeza. Mas ela não se importava muito. Por um lado ela pensava que aquilo tudo poderia servir para que eles se afastassem.A consciência de Carina só apareceu quando ela percebeu que de fato ficaria sem a mãe. Ela não queria isso, mas a mulher parecia estar decidida no que queria fazer. Só estou para as meninas aceitarem o destino.Carina já iria fazer 20 anos e Bella tinha acabado de completar 18 anos. Como Carina já desconfiava sua mãe nunca tinha voltado para levar embora. Mas mandava dinheiro sempre que possível.Elas já tinham idade para sair do orfanato porque não tinham dinheiro o suficiente para isso. Enquanto Carina passava o dia no escritório distante do orfanato, Bella trabalhava na sala de conveniência da esquina. Elas se encontravam todos os dias para irem juntas para o orfanato, e Carina sempre insistia que o dinheiro era a maior causa dos seus problemas."Acho que se aparecer um homem rico na minha frente, eu me casaria." Ela falou distraída olhando para os carros. "Mas seu sonho não era casar por amor ? O que aconteceu?" Bella falou dando uma risadinha. Já acostumada com as ideias da irmã."Duvido que eu vou me casar por amor algum dia. Nem quero pensar nisso, precisamos de dinheiro Bella, ou vamos ser condenadas a morar naquele lugar para sempre." Ela suspirou fundo. Mesmo que seu para a irmã
Carina estava com as mãos suando. Queria ir logo ao assunto."Sobre o que queriam falar comigo? Fiz algo de errado?". Ela falou sem ao menos respirar. Estava com medo da resposta e ainda mais com medo de perder o emprego.Ela ganhou a atenção de Estefano. Que deu um sorriso antes de responder abraçou um tom sarcástico. "Bem, isso apareceu um pouco diferente. Parece que você está se entregando. Agora eu que te pergunto Carina. Você fez algo de errado?"Ela sentiu seu rosto ficar vermelho novamente. "N-não, não foi o que eu quis dizer. Mas você não vem muito por aqui. Algo sério deve ser." Ela disse tentando se justificar.Ele deu outro sorriso e assentiu. "Sim. Preciso dos seus serviços. Quero que trabalhe diretamente para mim."Ela ficou com um semblante confuso. Mas ele continuou. " Sei que tem origens italianas. Sua mãe se não me engana."Carina sentiu angústia. Será que sua mãe tinha algo haver com aquilo." Sim. Mas o que isso importa? Só tenho o sangue da parte dela. Mas eu nas
Stefano já tinha sumido de vista, mas Bruno iria acompanhar até o orfanato, mas antes teria que arrumar sua mesa. Ela sabia que muitas fofocas iriam acontecer, já que o que estava ocorrendo com ela não era nada anormal naquela empresa."Vou esperar você perto do elevador, só não demore muito por favor, tenho bastante coisa para fazer hoje" . Bruno agora parecia estar mal humorado."Não vai me dizer que aquele papel de bom homem era só porque estava perto do pai" . Ela pensou e apenas deu um suspiro longo indo em direção a mesa.Carina podia sentir os olhares sobre seus ombros, todo mundo queria saber ao certo o que realmente tinha acontecido naquela sala de reunião. Quando ela chegou à mesa e colocou suas coisas dentro da caixa ela conseguia ouvir cochichos. Ela apenas deu um sorriso satisfeita. "Tenho certeza que eles pensam que fui demitida. Bom, na verdade eu fui, mas em breve pretendo ganhar mais dinheiro do que esse povo medíocre. Ela pensou enquanto olhava pela última vez aque
Ainda sonolenta ela se sentou na cama. Bella estava com os olhos arregalados para ela. Ela sabia que teria que se explicar, mas foi dormir exausta sem não ter um bom motivo para dizer que estaria deixando a irmã para trás. E apesar de arriscado ela decidiu contar a verdade, ou pelo menos meia verdade. "Tente se acalmar, por enquanto vou morar apenas perto do Central Park, ainda vou estar em New York próximo a você. " Ela disse esfregando as mãos nos olhos. "Que sono horrível é esse?" Ela pensava enquanto se ajeitava para continuar contando.Bella ainda estava com uma expressão de dúvida. "Pode me contar isso direito, vai se mudar e não vai me levar? Você não está nem doida e …" Ela foi interrompida por Carina."Eu ganhei uma promoção, vou trabalhar direto para o meu chefe, vou ter que fazer algumas viagens e ele me cedeu o apartamento para ficar mais fácil, o orfanato é muito longe, e tem certas reuniões que não posso chegar atrasada e você sabe como é esse metrô, uma hora funciona
Carina acordou com a irmã chamando um pouco impaciente, levou um susto ao perceber que todos o sol já estava forte do lado de fora."Que horas são? Não vai me dizer que estou atrasada e…" Ela tentou procurar o celular mas desistiu, deveria ter guardado junto com as roupas."Não queria dizer nada, mas seu príncipe encantado está lá fora te esperando para vocês irem para o tal castelo em frente ao central Park, e ele parece que não está com cara de bons amigos.""Merda! Ele me falou que não gostava de atrasos. Mas também, não sei porque justo hoje deixei o celular nao sei aonde." Ela levantou correndo, vestiu a mesma roupa do dia anterior, quando se deu conta que precisava de um banho. Mas isso teria que esperar. Ela passou o primeiro perfume que encontrou. E foi pegando as malas, quando foi interrompida pela irmã."Não espero que eu te ajude a descer tudo isso. Aquele cara lá embaixo é forte o suficiente pra carregar todas de uma vez só. Porque não pede ajuda para ele? Aí você se faz d
"Precisamos ir Carina. Já nos atrasamos muito, preciso resolver algumas coisas da empresa do meu pai. " Ele falava enquanto pegava as malas apressado.Carina estava calma apesar da pressão que Bruno estava fazendo. Antes de sair pelo quarto ela segurou a mão da irmã."Mantém contato comigo. Só estou fazendo isso porque precisamos do dinheiro. Mas logo eu volto para te buscar, ai sim vamos poder morar juntas."Bella parecia estar com os olhos cheios de lágrimas, mas estava tentando disfarçar. "Se cuida, eu não quero que você se preocupe comigo, eu confio que você vai voltar. "Carina estava com o coração apertado. Sua irmã foi abandonada pela segunda vez. Ela se lembrou do dia em que a mãe foi embora. Foi exatamente assim, com a promessa que voltaria. Ainda na porta ela se virou novamente para Bella. "Eu prometo que volto."Carina deixou o quarto em direção à sala da irmã Telma. Estava com pressa, mas não poderia sair sem se despedir. Ao entrar na sala, a encontrou vazia. Carina ver
Carina nunca tinha comido tanto na vida. Mas também não deixou comida na mesa. Estava cheia e nao aguentava nem sequer andar."Acho que vou precisar de ajuda para entrar no carro, capaz de eu nem conseguir entrar." Ela deu um sorriso tímido."Oras, não exagere. Vai ter que aprender a comer bastante assim, já que na Itália todos comem muito. " "Está ansiosa para conhecer sua nova casa temporária? " Ele disse já dentro do carro.Carina sentiu um frio na espinha, aquilo era um sonho longe de se realizar, e tudo estava acontecendo rápido demais.Não duraram 5 minutos dentro do carro e já chegaram no lugar de destino. Surpreendente era a coberta do arranha-céu mais alto da redondeza. Carina observou que todos tratavam Bruno com muito respeito, ele deixou a chave com o manobrista e ambos entraram no elevador.Carina escutava as batidas do próprio coração. Ao chegar no destino ele abriu a porta para ela."Bem vinda a sua nova casa. Tem algumas bebidas na adega, mas se você não quiser, pode
Carina só conseguia observar o quanto ele era atraente principalmente quando dirigia o carro. Mas ela conseguia enxergar alguns defeitos, principalmente que ele era um mandão. A noite já estava fria, anunciando que o inverno iria chegar. E por falta de sorte Carina tinha esquecido seu único casaco velho nas suas malas. Ao chegar no restaurante ela mal conseguia falar, seus dedos estavam congelados e definitivamente aquele vestido não era adequado para aquele dia."Acho que deveria ter ido contra as suas ordens e vestido uma calça jeans. Pelo menos não sentiria tanto frio."Ao perceber que o corpo de Carina estava frio, ele rapidamente tirou o blazer e colocou nos ombros dela. Carina só percebeu quando uma gostosa sensação de conforto cobriu os seus ombros. Aquilo realmente a surpreendeu. E com um sorriso quis agradecer imediatamente."Obrigada por isso! ""Só o seu sorriso já vale eu passar um pouco de frio. " Ele deu a mão para que ela pudesse segurar."Espera um pouco. Você é sem