Carina estava com as mãos suando. Queria ir logo ao assunto.
"Sobre o que queriam falar comigo? Fiz algo de errado?". Ela falou sem ao menos respirar. Estava com medo da resposta e ainda mais com medo de perder o emprego.Ela ganhou a atenção de Estefano. Que deu um sorriso antes de responder abraçou um tom sarcástico. "Bem, isso apareceu um pouco diferente. Parece que você está se entregando. Agora eu que te pergunto Carina. Você fez algo de errado?"Ela sentiu seu rosto ficar vermelho novamente. "N-não, não foi o que eu quis dizer. Mas você não vem muito por aqui. Algo sério deve ser." Ela disse tentando se justificar.Ele deu outro sorriso e assentiu. "Sim. Preciso dos seus serviços. Quero que trabalhe diretamente para mim."Ela ficou com um semblante confuso. Mas ele continuou." Sei que tem origens italianas. Sua mãe se não me engana."Carina sentiu angústia. Será que sua mãe tinha algo haver com aquilo." Sim. Mas o que isso importa? Só tenho o sangue da parte dela. Mas eu nasci lá.""Isso que eu quero. Preciso de uma pessoa que nasceu na Itália. Sabe." Ele se levantou e começou a caminhar pela sala, aparentemente ele viu a garrafa de whisky e pediu ao seu filho uma dose, enquanto Carina o observava atenta a cada movimento."Quero expandir os meus negócios para a Itália. E alguém com cidadania iria realmente me ajudar a ficar mais próximo aos meus objetivos."" Que tipo de negócios? O que quer que eu faça?" Ela disse em um tom preocupado."Não quero que saiba por agora. Porém…. Antes de embarcar eu vou te contar qual a sua missão. Mas antes preciso que você aceite."Aquilo parecia estranho demais. O homem que ela viu duas vezes na vida queria que ela aceitasse um trabalho em uma terra que ela não lembrava de ter visitado alguma vez. Sua expressão estava cada vez mais séria. Até que a voz de Stefano interrompeu seus pensamentos."Vou te pagar muito bem por isso. Na verdade. Quero te deixar milionária. O que você acha ?"O interesse de Carina mudou. Aquilo era tudo que ela queria desde muito tempo. Entre tantos planos, o de ter dinheiro suficiente para viver bem era o principal. Mas ela continuou calada, esperava que ele desse mais alguma informação."Vou direto ao ponto Carina. O que você vai fazer será fácil. Mas não vai te colocar em algum risco. Mas preciso que me ajude. São apenas negócios e eu pago muito bem e pelo que minha equipe de TI contou, parece que o sonho é comprar um apartamento daqueles." Ele apontou para o prédio mais alto de Central Park.Carina respirou fundo. Como ele sabia de tudo isso. "Até onde você sabe sobre minha vida, Sr. Stefano?"Ele bebeu um um show de Whisky, e deu uma risada alta. "Posso dizer que os jovens de hoje em dia escrevem bastante em redes sociais. Isso é um alerta minha querida. Qualquer um pode ter suas informações. É preciso tomar cuidado."Carina ficou um pouco pensativa, aquilo era tentador e bom demais para ser verdade. E pensar que tudo aconteceu por que tem o sangue Italiano, ela não esperava que isso algum dia pudesse dar alguma vantagem."Mas tem um problema. Suponho que você precise de alguém que seja fluente. E eu não sei quase nada sobre a língua falada naquele país. Vim para cá muito nova e minha mãe me ensina algumas coisas e algumas canções. Mas ela foi embora muito nova. Não tenho como aprender assim tão fácil."Ele se sentiu novamente na cadeira. Olhou para os olhos de Carina. "Eu já pensei em tudo. Imaginei que soubesse. Por isso o Bruno está aqui. Ele é professor de Italiano. Ele vai te dar algumas aulas. Foi bom você falar. Você só pode aceitar se você aprender pelo menos o básico. Por isso você vai viajar daqui a pelo menos um mês. Isso se você aceitar, é claro."Carina olhou novamente para o Bruno. Ele estava degustando o Whisky. E com tantas informações ela se esqueceu que ele estava ali. Mas ela teve a impressão que ele não tirava os olhos dela."Onde você aprendeu Italiano?" Ela perguntou um pouco tímida."Eu sou Italiano. Minha mãe é de lá. Vivo nos dois continentes. Tenho dois lares." Ele tomou mais uma golada da bebida e emendou. "Vai ser um prazer trabalhar com você querida. Acho que podemos nos dar bem."Ela respirou fundo. Olhou nas mãos do Bruno, eram grandes e pareciam firmes. Era claro que ela não iria deixar a oportunidade daquilo passar."Bom. Acho que não tenho nada a perder…. Eu aceito sua proposta. Quando podemos começar?"Os sorrisos dos homens a pegaram de surpresa. Ela teve a impressão que tudo isso foi mais fácil do que eles planejavam."Só tem mais uma coisa. Ninguém daqui pode saber sobre essa conversa. Vou pedir para dar baixa no seus documentos. Agora você não trabalha mais aqui. Pode arrumar suas coisas. "Antes que Carina pudesse assentir Stefano completou. "Está proibida de usar as redes sociais. Preciso que desative todas."Carina arregalou os olhos. "Ou ele não confia em mim, ou estou entrando em uma completa furada." Ela pensou enquanto tentava assimilar."Não vou correr nenhum risco de vida. Não é mesmo? Você me garante?""Claro!" Ele falou tentando acalmar. " Eu só preciso que isso fique entre a gente. Você deve imaginar que eu tenho muitos negócios nesta cidade. Com isso eu junto alguns inimigos que gostam de saber meus próximos passos. Isso é apenas precaução."Carina se sentiu mais tranquila, até se lembrar de Bella. "Mas e minha irmã?" Sua pergunta soou quase como um grito."Ela não pode saber, infelizmente. Mas eu também pensei sobre isso. Já que você quer tanto morar em um daqueles prédios. Eu vou ceder um para você ficar durante esse mês de aulas. Diga a sua irmã que você vai viajar a trabalho. Não precisa mais do que isso."Carina olhou pela janela pensativa. Sua irmã tinha sido diagnosticada com diabetes a pouco tempo, o dinheiro que as duas ganhavam não dava para pagar as próprias contas, mas ainda tinha um problema. Arthur acumulou muitas dívidas com um agiota, e para piorar eles foram ao menos 3 vezes no orfanato para vasculhar em busca de dinheiro.Com medo de serem mortas, mais da metade do salário iria para um escritório mal cuidado no subúrbio, a dívida estava longe de ser aniquilada. E o restante do dinheiro iria para os remédios de insulina da irmã, já que ficar sem eles era a mesma coisa de condenar a morte.Carina não se imaginava sem a irmã, não poderia pensar que por causa dela, sua irmã poderia morrer. Se caso se tornasse mesmo milionária as coisas poderiam mudar e ela é a irmã poderia ao menos ter qualidade de vida sem se preocupar com dinheiro."Minha irmã está doente, não tem nada mesmo que eu possa fazer? Não quero deixar assim." Ela falou com os olhos já cheio de lágrimas."Vou pedir para cuidarem bem dela, não se preocupe, está bem? Do que ela precisa? Insulina?"Carina se assustou, como ele sabia daquela informação? Mas aquilo já não importava, se ele fizesse ao menos alguma coisa pela irmã, até ela voltar dessa viagem já estava bom."Sim, precisa de insulina. E está difícil conseguir, como deve saber, tenho problema em conseguir dinheiro até mesmo para cuidar dela. "Ele deu meio sorriso e depois ficou sério novamente."Pelo visto os seus problemas acabaram, não acha? Vou mandar pacotes de insulina para ela usar dentro de um ano. Assim quando você retornar ela ainda vai ter que usar por muito tempo. "Carina se sentiu aliviada, ao menos uma parte dos seus problemas havia sido resolvido, agora só tinha que arrumar uma desculpa para dar para a irmã, uma que justificasse a sua ausência.Stefano já tinha sumido de vista, mas Bruno iria acompanhar até o orfanato, mas antes teria que arrumar sua mesa. Ela sabia que muitas fofocas iriam acontecer, já que o que estava ocorrendo com ela não era nada anormal naquela empresa."Vou esperar você perto do elevador, só não demore muito por favor, tenho bastante coisa para fazer hoje" . Bruno agora parecia estar mal humorado."Não vai me dizer que aquele papel de bom homem era só porque estava perto do pai" . Ela pensou e apenas deu um suspiro longo indo em direção a mesa.Carina podia sentir os olhares sobre seus ombros, todo mundo queria saber ao certo o que realmente tinha acontecido naquela sala de reunião. Quando ela chegou à mesa e colocou suas coisas dentro da caixa ela conseguia ouvir cochichos. Ela apenas deu um sorriso satisfeita. "Tenho certeza que eles pensam que fui demitida. Bom, na verdade eu fui, mas em breve pretendo ganhar mais dinheiro do que esse povo medíocre. Ela pensou enquanto olhava pela última vez aque
Ainda sonolenta ela se sentou na cama. Bella estava com os olhos arregalados para ela. Ela sabia que teria que se explicar, mas foi dormir exausta sem não ter um bom motivo para dizer que estaria deixando a irmã para trás. E apesar de arriscado ela decidiu contar a verdade, ou pelo menos meia verdade. "Tente se acalmar, por enquanto vou morar apenas perto do Central Park, ainda vou estar em New York próximo a você. " Ela disse esfregando as mãos nos olhos. "Que sono horrível é esse?" Ela pensava enquanto se ajeitava para continuar contando.Bella ainda estava com uma expressão de dúvida. "Pode me contar isso direito, vai se mudar e não vai me levar? Você não está nem doida e …" Ela foi interrompida por Carina."Eu ganhei uma promoção, vou trabalhar direto para o meu chefe, vou ter que fazer algumas viagens e ele me cedeu o apartamento para ficar mais fácil, o orfanato é muito longe, e tem certas reuniões que não posso chegar atrasada e você sabe como é esse metrô, uma hora funciona
Carina acordou com a irmã chamando um pouco impaciente, levou um susto ao perceber que todos o sol já estava forte do lado de fora."Que horas são? Não vai me dizer que estou atrasada e…" Ela tentou procurar o celular mas desistiu, deveria ter guardado junto com as roupas."Não queria dizer nada, mas seu príncipe encantado está lá fora te esperando para vocês irem para o tal castelo em frente ao central Park, e ele parece que não está com cara de bons amigos.""Merda! Ele me falou que não gostava de atrasos. Mas também, não sei porque justo hoje deixei o celular nao sei aonde." Ela levantou correndo, vestiu a mesma roupa do dia anterior, quando se deu conta que precisava de um banho. Mas isso teria que esperar. Ela passou o primeiro perfume que encontrou. E foi pegando as malas, quando foi interrompida pela irmã."Não espero que eu te ajude a descer tudo isso. Aquele cara lá embaixo é forte o suficiente pra carregar todas de uma vez só. Porque não pede ajuda para ele? Aí você se faz d
"Precisamos ir Carina. Já nos atrasamos muito, preciso resolver algumas coisas da empresa do meu pai. " Ele falava enquanto pegava as malas apressado.Carina estava calma apesar da pressão que Bruno estava fazendo. Antes de sair pelo quarto ela segurou a mão da irmã."Mantém contato comigo. Só estou fazendo isso porque precisamos do dinheiro. Mas logo eu volto para te buscar, ai sim vamos poder morar juntas."Bella parecia estar com os olhos cheios de lágrimas, mas estava tentando disfarçar. "Se cuida, eu não quero que você se preocupe comigo, eu confio que você vai voltar. "Carina estava com o coração apertado. Sua irmã foi abandonada pela segunda vez. Ela se lembrou do dia em que a mãe foi embora. Foi exatamente assim, com a promessa que voltaria. Ainda na porta ela se virou novamente para Bella. "Eu prometo que volto."Carina deixou o quarto em direção à sala da irmã Telma. Estava com pressa, mas não poderia sair sem se despedir. Ao entrar na sala, a encontrou vazia. Carina ver
Carina nunca tinha comido tanto na vida. Mas também não deixou comida na mesa. Estava cheia e nao aguentava nem sequer andar."Acho que vou precisar de ajuda para entrar no carro, capaz de eu nem conseguir entrar." Ela deu um sorriso tímido."Oras, não exagere. Vai ter que aprender a comer bastante assim, já que na Itália todos comem muito. " "Está ansiosa para conhecer sua nova casa temporária? " Ele disse já dentro do carro.Carina sentiu um frio na espinha, aquilo era um sonho longe de se realizar, e tudo estava acontecendo rápido demais.Não duraram 5 minutos dentro do carro e já chegaram no lugar de destino. Surpreendente era a coberta do arranha-céu mais alto da redondeza. Carina observou que todos tratavam Bruno com muito respeito, ele deixou a chave com o manobrista e ambos entraram no elevador.Carina escutava as batidas do próprio coração. Ao chegar no destino ele abriu a porta para ela."Bem vinda a sua nova casa. Tem algumas bebidas na adega, mas se você não quiser, pode
Carina só conseguia observar o quanto ele era atraente principalmente quando dirigia o carro. Mas ela conseguia enxergar alguns defeitos, principalmente que ele era um mandão. A noite já estava fria, anunciando que o inverno iria chegar. E por falta de sorte Carina tinha esquecido seu único casaco velho nas suas malas. Ao chegar no restaurante ela mal conseguia falar, seus dedos estavam congelados e definitivamente aquele vestido não era adequado para aquele dia."Acho que deveria ter ido contra as suas ordens e vestido uma calça jeans. Pelo menos não sentiria tanto frio."Ao perceber que o corpo de Carina estava frio, ele rapidamente tirou o blazer e colocou nos ombros dela. Carina só percebeu quando uma gostosa sensação de conforto cobriu os seus ombros. Aquilo realmente a surpreendeu. E com um sorriso quis agradecer imediatamente."Obrigada por isso! ""Só o seu sorriso já vale eu passar um pouco de frio. " Ele deu a mão para que ela pudesse segurar."Espera um pouco. Você é sem
O café da manhã foi agradável. Mas como o Bruno já advertiu no jantar do dia anterior, os estudos seriam intensos a partir dali. Ela precisava saber ao menos o básico para pegar o trabalho que por sinal ela não sabia exatamente qual era. O que estava deixando um pouco angustiada.Enquanto levava a xícara de café na boca ela observava ele concentrado escrevendo alguma coisa no celular."Me fale, já que você é professor, quer dizer que tem muitas alunas?" Ela perguntou em um tom de inocência."Não vai me dizer que você é ciumenta? Ele perguntou sem desviar o rosto do celular."O que? Não, claro que não. Só quero saber… Já disse que queria te conhecer melhor. Tenho impressão que você sabe da minha vida inteira.""Escuta bem, quando eu tenho que trabalhar para o meu pai, apenas foco nisso. Então respondendo sua curiosidade, não! Eu não tenho muitas alunas, agora mesmo é só você. Então não se preocupe. " "Tá, então em que mais você trabalha? Você fica fazendo serviços para o seu pai?."Eu
Ao voltar para o apartamento, Carina tinha inúmeras perguntas e todas estavam sendo ignoradas por Bruno que estava focado em apenas adiantar as aulas de Italiano."Sei que tem muitas perguntas Carina, mas sinto muito porque não vou responder mais nada. Você não deveria saber disso. Mas agora precisa se concentrar ou não vamos sair de New York nunca. " Carina tentou se concentrar, mas nada estava fixando na sua mente. "Talvez fosse melhor eu ter ficado sem saber, agora não consigo me concentrar. " Bruno respirou fundo, ele tinha que consertar aquilo, ou quem iria ficar no prejuízo seria ele. Então ele tentou acalmar ela. Colocou o livro ao lado do notebook, tirou o caderno e a caneta da mão de Carina. Ele passou os dedos na mecha de cabelo que estava caindo no rosto delicado de Carina e tentou dizer a voz mais calma possível."Sei que agora deve estar com medo. Mas só temos que fingir, está bem? Nunca vou tocar em você, sem que você permita, é claro." Ela balançou a cabeça. Isso