Capítulo 90Charlotte desceu as escadas em direção à sala de jantar, o som dos seus passos ecoando pelo corredor. Ao chegar perto da entrada, percebeu uma porta se abrir ao lado, e por ela saiu Marcus, que estava ajustando as abotoaduras da camisa. Ele parecia distraído, o que deu a Charlotte a oportunidade de perguntar:— Para onde dá essa porta?Marcus, ainda absorto em seus pensamentos, respondeu sem hesitar:— É a garagem. Guardo a maior parte dos meus carros ali.Charlotte assentiu, disfarçando seu interesse. Uma ideia começou a se formar em sua mente. Precisava encontrar uma maneira de escapar, e aquela garagem parecia ser a oportunidade perfeita. A primeira coisa que teria que fazer seria descobrir onde Marcus guardava as chaves dos veículos e garantir que, quando o momento certo chegasse, ela estivesse preparada para agir.— Eu amo carros, poderia me mostrar sua coleção?Ele olhou para ela com interesse, surpreendido por sua curiosidade. Como um entusiasta apaixonado, ofereceu
Capítulo 91O motor do Nissan Heritage roncava suavemente enquanto Charlotte acelerava pela estrada deserta. Seus olhos varriam o caminho à frente, atentos a qualquer sinal de perseguição. A cada quilômetro percorrido, a adrenalina em seu corpo se misturava com uma sensação crescente de alívio e determinação. Ela estava longe de estar segura, mas pelo menos estava livre daquele inferno.Chegou o momento certo para ligar para o marido. O carro tinha um telefone integrado, uma raridade para a época, mas que agora parecia ser sua única chance de entrar em contato com Jack. Com mãos ainda trêmulas, Charlotte apertou o botão para ativar o telefone e discou o número de Jack de memória, orando para que ele atendesse.Enquanto o telefone tocava, ela segurava o volante com força, o coração acelerado, esperando ouvir a voz do marido. Depois de alguns segundos que pareceram uma eternidade, a linha foi atendida.— Alô? — A voz de Jack estava rouca e cansada.Charlotte sentiu uma onda de alívio, q
Capítulo 92Jack estava na estrada, o farol alto cortando a escuridão da noite como uma lâmina, mas cada segundo parecia se arrastar em uma eternidade. Sua mente estava fixada em Charlotte, imaginando-a sozinha, dirigindo através da escuridão, lutando desesperadamente para voltar para ele. A ideia de perdê-la novamente o consumia, e o medo o impulsionava a acelerar mais e mais, enquanto o som do motor rugia na estrada vazia.O celular estava no viva-voz, e ele podia ouvir a respiração tensa de Charlotte do outro lado da linha, sentindo a ansiedade dela se refletir em seu próprio peito. De repente, o outro celular que havia levado tocou no banco do passageiro, quebrando o silêncio pesado. Jack atendeu rapidamente, a mão firme no volante.- Victoria? - perguntou ele, a urgência evidente em sua voz.- Sim, Jack. Já coloquei alguns oficiais nas estradas que levam à fronteira. Eles estão atentos a qualquer sinal dela ou do carro que possa estar dirigindo. Estou a caminho.- Bom. Vou estar
Capítulo 93Austin freou bruscamente ao lado do irmão e da cunhada, as rodas do carro derrapando na estrada enquanto a poeira subia ao redor. Ele saiu do carro, rindo alucinado, o coração ainda batendo acelerado pela adrenalina.— Cacete! Vi tudo como se fosse um filme, só que da arquibancada! — exclamou, ainda rindo, enquanto corria para abraçar Jack e Charlotte. — Bem-vinda de volta, cunhada!Jack, que ainda segurava Charlotte firmemente contra si, soltou um suspiro de alívio. Sentia o corpo de Charlotte tremendo, ainda estava assustada, mas ao mesmo tempo, aliviada.Charlotte olhou para Jack, depois para Austin, piscando algumas vezes enquanto tentava lembrar do homem que a chamava de cunhada. O rosto dele era familiar, mas a memória dela estava embaçada, como uma névoa que não se dissipava.— O que foi? Vai me dizer que não se lembra de mim? — perguntou Austin, seu sorriso agora mais suave, mas com um toque de preocupação nos olhos.Charlotte franziu o cenho, tentando buscar na me
Capítulo 94Os dias se passaram na fazenda Colt, e a rotina lentamente começava a voltar ao normal. Charlotte ainda lutava para recuperar suas memórias, mas, cercada pelo amor de Jack e o carinho de Madelyn, sentia que estava a caminho de reencontrar a si mesma.Em uma manhã nublada, Marcus Delgado foi retirado do hospital, ainda debilitado dos ferimentos que sofrera na perseguição. O semblante outrora arrogante agora estava desprovido de qualquer resquício de poder. Ele estava preso a uma cadeira de rodas, os olhos cansados e o rosto marcado pela derrota.Ao sair do hospital, Marcus foi imediatamente escoltado por dois oficiais da lei até o veículo que o levaria à prisão. O destino estava selado: a justiça finalmente havia sido feita, e ele pagaria por todos os crimes que cometera. A sentença veio de forma rápida e implacável, uma decisão final de primeira instância que não deixou espaço para dúvidas ou apelações.As portas do tribunal haviam se fechado para ele, assim como a vida qu
Capítulo 95Meses depois, o tão esperado momento chegou. Joshua Colt nasceu de parto normal, trazendo alegria e emoção para a família. Charlotte segurava o bebê nos braços, sentindo a mesma felicidade que experimentou quando Madelyn nasceu. Jack, ao lado dela, olhava para o filho recém-nascido com um sorriso orgulhoso, cheio de amor e gratidão.Os dois se emocionaram ao ver Madelyn, agora irmã mais velha, se aproximar curiosa e encantada pelo irmãozinho. Ela acariciou a bochecha do bebê com delicadeza, enquanto Charlotte e Jack trocavam um olhar de cumplicidade, certos de que a família estava completa.Foi nessa alegria que se passaram vinte anos. Charlotte estava na cozinha, finalizando os últimos toques no bolo de aniversário. As memórias daqueles vinte anos passaram por sua mente como flashes, lembrando-a de cada desafio superado, cada riso compartilhado e cada lágrima derramada. Hoje, Jack estava completando sessenta e um anos. Apesar das marcas do tempo em seu rosto, ele ainda m
Capítulo 96No dia seguinte de manhã, Matthew, estava escovando um dos cavalos campeões do senhor Colt. Alazão, um imponente cavalo negro, sempre foi o favorito de Matthew. A escova deslizava ritmicamente pelo pêlo brilhante de Alazão, cada movimento acalmando o animal.Foi então que ele ouviu um suspiro suave, como uma brisa sussurrando entre as árvores, e seus sentidos se aguçaram. Ele se levantou lentamente, e ao se virar, seus olhos foram tomados por uma visão que sempre mexia com ele de uma forma que não conseguia explicar. Lá estava ela, Madelyn Colt, a mulher que tinha dominado seus pensamentos e sonhos mais secretos. Seus cabelos negros, levemente encaracolados, emolduravam um rosto angelical que o hipnotizava sempre que a via. Maddie tinha sido sua perdição silenciosa por anos.A proximidade dela fazia seu coração bater descompassado, a presença dela o afetava de uma forma que ele nunca havia sentido antes por ninguém. Ele sabia que deveria dizer algo, se aproximar, mas o me
Capítulo 97Austin supervisionava o trabalho dos funcionários, assumindo as responsabilidades que antes eram de Jack. Embora Jack ainda fosse a figura central da fazenda, sua energia já não era a mesma, e ele sabia que era hora de confiar mais em Austin e, eventualmente, em seus filhos, Joshua e Madelyn.- Não se preocupe, Jack. Vou cuidar de tudo aqui até que Joshua e Maddie estejam prontos para assumir as rédeas - havia assegurado Austin há poucos meses atrás.Jack, embora ainda cheio de amor pela terra e pelos animais, sabia que os anos estavam começando a pesar. Ele aceitou a oferta de Austin com gratidão, reconhecendo que o irmão era capaz e confiável, sempre pronto para ajudar. - Eu sei que você vai, Austin. E fico mais tranquilo sabendo que você está aqui. Joshua e Maddie têm um grande exemplo a seguir - respondeu Jack com um sorriso de satisfação.Eles haviam passado por tanto juntos, e agora, com Jack se aproximando da aposentadoria, Austin estava determinado a manter a faze