Débora havia subornado o motorista. Se ela conseguisse o que queria naquela noite, Afonso, por conta de sua dignidade, não faria nada contra o motorista.O motorista havia recebido uma boa quantia, e a tentação do dinheiro era irresistível.— Eu trouxe o Sr. Silva. Amanhã, quando o Sr. Silva acordar, espero que a senhora fale bem de mim.— Pode deixar.O motorista saiu, deixando os dois sozinhos na casa.Débora, habilidosamente, começou a desabotoar a camisa de Afonso.Afonso percebeu, abrindo os olhos sonolentos e olhando fixamente para a pessoa à sua frente.— Bia...? — ele murmurou, chamando o nome dela, o que deixou Débora furiosa.Ela quis parar ali mesmo, afinal, também tinha seu orgulho.Mas a oportunidade era preciosa, e perder aquela noite significaria esperar por muito mais tempo.Agora, mais do que nunca, ela precisava conquistar o coração de Afonso.— Bia, é você? — Afonso levantou-se rapidamente, segurando firmemente os ombros dela.— Sou eu... Afonso, sou eu...Débora m
Desta vez, Débora estava verdadeiramente assustada. Sempre conseguia manipulá-lo, mas agora Afonso não cedia mais.Quando alguém ameaça com a morte muitas vezes, isso perde o impacto.Ele estava apenas irritado agora.Logo, os papéis do divórcio chegaram.Débora leu e percebeu que não sairia sem nada. Na verdade, ele estava lhe dando uma quantia considerável.Mesmo divorciada, ela poderia viver confortavelmente pelo resto da vida.Afonso estava sendo mais que justo.Mas ela ainda não estava satisfeita e implorou.— Afonso, você realmente vai ser tão cruel? Esqueceu nossas promessas? Disse que me amaria para sempre, esqueceu?— Mas você ainda é a mesma Débora de antes? Talvez você sempre tenha sido assim, e eu nunca te conheci de verdade. Débora, se assinar agora, ainda receberá uma boa quantia. Mas se não assinar, o próximo acordo de divórcio não te dará um centavo!Ao ouvir isso, Débora ficou muda, hesitando.Vendo-a assim, o coração de Afonso parecia estar sendo despedaçado.Se Débor
A cirurgia durou cerca de três horas. Conseguiram reanimá-lo, mas ele sofreu um choque devido à falta de oxigênio no coração. Seus pulmões estavam congestionados, mas foram limpos.O próximo período seria crucial, pois o paciente estava em coma profundo e precisava ser acordado rapidamente.Quanto mais tempo ele permanecesse em coma, maior o risco de danos irreversíveis ao cérebro.A avó, olhando para Afonso inconsciente, enxugou as lágrimas. Não era hora de chorar.Ela já havia passado pela dor de perder um filho e não podia perder seu neto também.Com suas mãos secas, ela continuou a falar com ele.Na infância, ele era travesso e inteligente, sempre amado pelos mais velhos.Com o tempo, tornou-se mais sereno e responsável.— Sempre foi o orgulho dos seus pais, e também o meu. Se não tivesse encontrado Débora... como seria melhor.— Você sempre foi determinado, sempre quis alcançar seus objetivos, e quando não consegue, torna-se uma dor de cabeça. Primeiro foi Débora, agora é Bia. Voc
Ela costumava ser forte, mas os golpes sucessivos a deixaram com mais cabelos brancos e sua postura mais curvada, agora completamente dependente de uma bengala.O tio também saiu, mas hesitou ao ver Daniel ainda ali, afinal, agora era Daniel e Beatriz que estavam juntos.— Sr. Dias…— o tio tentou, constrangido, pedir que ele saísse, já que o sobrinho era mais importante naquele momento.— Pode sair primeiro, — Beatriz disse.— Se você sair, ainda me ama? — Daniel perguntou.Beatriz sentiu-se um pouco impotente: — É claro que sim, querido, agora vá, por favor.Daniel finalmente concordou, mas ainda estava preocupado.Afonso estava agindo de propósito ou era sem intenção? Não era essa uma tática que ele usava antes?Ele sempre usara o avô como escudo, e agora a vovó de Afonso estava desempenhando esse papel.Ele tinha medo, medo de que a lástima de Afonso tocasse Beatriz.Ele nunca deveria ter sido oportunista, agora estava pagando o preço.Do lado de fora, Daniel não conseguia ouvir
Beatriz olhou profundamente para o homem na cama de hospital, sem um pingo de compaixão, mesmo diante de seu estado atual.Seu único gesto de bondade era controlar-se para não proferir palavras de maldição, deixando tudo nas mãos do destino.Mas se tinha que contar o passado com grande emoção para despertá-lo, ela sentia repulsa só de pensar.— Afonso. — Sua mão passou suavemente sobre a máscara de oxigênio dele. — Se você realmente não acordar, não se preocupe, vou cuidar bem da sua avó. Vou substituí-lo e cuidar dela até o fim.Ela olhou para ele de cima, sem um traço de ternura no olhar.Ela já havia dito tudo o que precisava, e já estava ali há quase meia hora, mas nada tinha mudado.Ela saiu do quarto.— Vovó, desculpe, eu falei muito sobre o passado com ele, mas ele ainda assim não...Ela fingiu estar triste, mas não esperava que o médico entrasse para verificar e saísse animado: — Sr. Silva, o Sr. Silva acordou!Beatriz ficou boquiaberta, seria possível?Ela arregalou os olhos,
— Está com ciúmes?— Sim, estou com ciúmes. Eu sei que vocês dois passaram por muita coisa. Afonso é como um espinho no meu coração. Cada vez que ele aparece, me lembra que você, por causa desse homem, arriscou sua vida várias vezes, sem se importar com a própria segurança!— Enquanto você estava lá dentro salvando pessoas, eu estava do lado de fora rezando para que ele nunca mais acordasse, que estivesse morto para sempre. Sei que meus pensamentos são sombrios, mas não consigo me controlar. Agora, Afonso quer fazer algum tipo de jogo? Fingir amnésia? Ficar no momento em que mais te amava? O que ele quer, disputar você comigo?— Ele conseguiu que a Velha Sra. Nunes te procurasse uma vez, pode fazer isso novamente. Só de pensar que minha noiva, por causa de um telefonema ou mensagem, tem que estar na frente do ex-namorado, me sinto mal.Beatriz ouviu ele desabafar, um tanto surpresa.Este homem raramente falava tanto de uma só vez; ele estava acostumado a guardar tudo para si.— Você...
Sentados à mesa, Beatriz manteve a cabeça baixa enquanto comia.Ela provou um pouco e percebeu que estava sem sal.Imediatamente, levantou o prato.— Este prato está com pouco tempero, vou adicionar mais sal.— Não precisa, está bom assim.— Não, não está!Beatriz teimosamente levou o prato de volta para a cozinha.Acrescentou um pouco de sal e esquentou novamente.— Este prato não está bem apresentado, vou trocar de prato.— Este não serve, está muito doce. Vou adicionar um pouco de água.Beatriz subitamente se tornou mais atarefada.Se fosse apenas uma refeição comum, com muitas outras pela frente, Beatriz não se preocuparia tanto.Mas agora, sabendo que ele iria para uma missão e sem saber quando voltaria, apenas ao ver a expressão séria de Daniel, já sabia que a missão era perigosa.Ela estava com muito medo...Por isso, queria que a última refeição fosse um pouco melhor.Ela repentinamente se culpou, por que sempre foi tão despreocupada, achando que o sabor estava bom o suficiente
— Cuide-se bem, não emagreça, ou ficarei preocupado.— Quanto tempo? Quanto tempo até você voltar?— Não sei, no mínimo um mês, no máximo... três meses, no máximo três meses eu volto.Três meses, tanto tempo.Mas não importa, a vida tem muitos períodos de noventa dias, ela pode esperar.Ela queria arrumar a bagagem de Daniel, mas ele estava com pressa e precisava viajar leve, apenas carregou uma mochila com algumas roupas para trocar.Ela também viu a arma de Daniel, que ela havia ajudado a conseguir.Ela acariciou suavemente o corpo metálico da arma, frio e sem qualquer calor.Ela deixou um beijo cair.Esperava que aquela arma pudesse substituí-la e proteger Daniel.Seus cílios tremiam, as lágrimas caíam incontrolavelmente, escorrendo pela arma.Daniel viu essa cena na porta, sentindo-se como se estivesse mergulhado em uma fonte termal, com calor percorrendo todo o corpo.Ele tinha que voltar vivo!O tempo passou rapidamente.Daniel estava prestes a partir, e já havia um carro militar