Sentados à mesa, Beatriz manteve a cabeça baixa enquanto comia.Ela provou um pouco e percebeu que estava sem sal.Imediatamente, levantou o prato.— Este prato está com pouco tempero, vou adicionar mais sal.— Não precisa, está bom assim.— Não, não está!Beatriz teimosamente levou o prato de volta para a cozinha.Acrescentou um pouco de sal e esquentou novamente.— Este prato não está bem apresentado, vou trocar de prato.— Este não serve, está muito doce. Vou adicionar um pouco de água.Beatriz subitamente se tornou mais atarefada.Se fosse apenas uma refeição comum, com muitas outras pela frente, Beatriz não se preocuparia tanto.Mas agora, sabendo que ele iria para uma missão e sem saber quando voltaria, apenas ao ver a expressão séria de Daniel, já sabia que a missão era perigosa.Ela estava com muito medo...Por isso, queria que a última refeição fosse um pouco melhor.Ela repentinamente se culpou, por que sempre foi tão despreocupada, achando que o sabor estava bom o suficiente
— Cuide-se bem, não emagreça, ou ficarei preocupado.— Quanto tempo? Quanto tempo até você voltar?— Não sei, no mínimo um mês, no máximo... três meses, no máximo três meses eu volto.Três meses, tanto tempo.Mas não importa, a vida tem muitos períodos de noventa dias, ela pode esperar.Ela queria arrumar a bagagem de Daniel, mas ele estava com pressa e precisava viajar leve, apenas carregou uma mochila com algumas roupas para trocar.Ela também viu a arma de Daniel, que ela havia ajudado a conseguir.Ela acariciou suavemente o corpo metálico da arma, frio e sem qualquer calor.Ela deixou um beijo cair.Esperava que aquela arma pudesse substituí-la e proteger Daniel.Seus cílios tremiam, as lágrimas caíam incontrolavelmente, escorrendo pela arma.Daniel viu essa cena na porta, sentindo-se como se estivesse mergulhado em uma fonte termal, com calor percorrendo todo o corpo.Ele tinha que voltar vivo!O tempo passou rapidamente.Daniel estava prestes a partir, e já havia um carro militar
Afonso havia fugido do hospital e ido diretamente ao antigo apartamento alugado de Beatriz, batendo na porta sem parar, até que o inquilino não aguentou mais.Mesmo após explicarem que não havia ninguém chamada Beatriz ali, ele não acreditou e insistiu em entrar para procurar.O inquilino não teve outra escolha a não ser chamar a polícia.A polícia perguntou o número de telefone de algum familiar de Afonso, e o que ele deu foi o número de Beatriz.— Ele é herdeiro do Grupo Silva, vou lhe dar o número dos familiares dele. Ele está doente, espero que vocês entrem em contato imediatamente.Beatriz deu o número da avó dele, pensando que o assunto terminaria ali, mas uma hora depois, a empregada veio correndo preocupada, dizendo que Afonso estava na porta.— Como ele está na porta?Beatriz franziu a testa com força, sem escolha a não ser sair para verificar.Afonso estava discutindo com o motorista.— Eu sou o presidente do Grupo Silva.— Eu não me importo de onde você é presidente, você te
Beatriz revelou a verdade para ele.O rosto de Afonso ficou pálido como papel, olhando para ela em estado de choque.Ele ouviu toda a história, incapaz de processar tudo.Ele balançava a cabeça, como que possuído.— Não pode ser... Isso não pode ser verdade...— Não pode ser... Não pode ser...Ele parecia só conseguir repetir essas palavras.Finalmente, os familiares da família Costa chegaram, mas a avó não veio, provavelmente por conta da idade e do cansaço de viajar.Os que vieram foram o tio e a tia.— Afonso, o que houve? Você está bem?O tio chamou, mas ele não respondeu, o olhar perdido e vazio, repetindo mecanicamente.A tia também estava preocupada: — Bia, o que está acontecendo?— Eu contei a verdade para ele.— O quê? — A tia ficou alarmada: — O médico disse que o cérebro dele ficou sem oxigênio por muito tempo e ainda não está totalmente recuperado, não devemos provocá-lo, e se ele realmente enlouquecer?— Bia, você foi muito imprudente. Eu sei que você o odeia, mas por res
— Eu sei que a verdade é cruel, mas é a realidade.— Vovó, pode me contar novamente, por favor? Deve haver algum mal-entendido, ela deve ter me interpretado mal…Afonso estava pálido, mesmo após ouvir a confirmação da avó, ele ainda não queria acreditar.Ele agarrou firmemente a mão da avó.Então ela compartilhou tudo o que sabia, de forma ainda mais detalhada, sobre como Afonso desafiara a família por Débora, causara uma cena em uma reunião familiar, e como usara seu próprio filho para tentar incriminar Beatriz...Após ouvir tudo, o coração de Afonso afundou.Ele ficou ali, atordoado, por um longo tempo.— Eu... quero ver Débora.— Você quer vê-la?— Só de longe, quero saber que tipo de pessoa me deixou tão cego!— Afonso, não jogue toda a culpa em Débora. Por que você não admite que foi sua autoestima e seu desejo de posse que te dominaram? Se Beatriz tivesse sido insistente, você poderia ter deixado pra lá. Mas porque ela foi direta em seus sentimentos, você começou a duvidar se ela
Ela aprendia rapidamente, sacrificando sono e refeições, frequentemente esquecendo-se de comer e indo dormir tarde.Lucas ficava preocupado ao vê-la assim.— Cunhada, você precisa cuidar da sua saúde, ou o Daniel vai ficar preocupado quando voltar.— Então deixe que ele fique preocupado, e você conta tudo para ele, sem deixar nada de fora!Beatriz tinha seus próprios pensamentos.Se Daniel soubesse o quanto ela se esforçava na sua ausência, talvez ele voltasse mais cedo?Ela sabia que seus pensamentos eram infantis, mas não conseguia evitar.Beatriz sempre foi curiosa sobre o que havia atrás daquela porta trancada.Quando Daniel voltasse, ela definitivamente perguntaria o que estava escondido ali.O tempo passava despercebido; para outros, um mês era rápido, mas para ela era longo demais.Durante o dia, havia tarefas para ocupar o tempo, mas à noite, a imagem de Daniel surgia em sua mente, dificultando o sono.Ela sonhava repetidamente com Daniel coberto de sangue, com uma expressão de
— Não venha com essa cara de quem perdeu um amor, Afonso. Eu nunca te fiz mal. Podemos jantar, mas espero que cumpra sua palavra e não apareça mais na minha frente. Vamos seguir caminhos separados.Afonso tentou falar, mas sua garganta estava amarga.Ele subitamente entendeu por que, antes de perder a memória, sempre agia de forma contraditória e insistia em perturbá-la.Se realmente comessem juntos, não haveria mais nenhum vínculo entre eles, e ele sabia que isso o machucaria profundamente.Mas tudo isso era culpa dele mesmo!De repente, ele não queria mais aquele jantar.No entanto, já havia falado. Deve muito a Beatriz e deixar ela ir era o melhor para ambos.Os dois foram ao restaurante. Beatriz realmente só queria comer, sem relembrar o passado ou discutir outros assuntos, desejando terminar logo para ir embora.Afonso tentou iniciar conversas várias vezes, mas ela não deu continuidade, deixando-o um pouco frustrado.Nesse momento, o secretário de Afonso apareceu.Ele parecia um p
Logo após a saída de Beatriz, a expressão inocente de Afonso desapareceu, dando lugar a uma expressão cruel e ameaçadora.Ele estreitou os olhos perigosamente, determinado a descobrir que jogada Débora estava planejando.Ele entrou no carro.— Chamou o médico? O que o médico disse?— Não chamamos o médico, foi a Srta. Costa quem disse que seu ciclo menstrual estava atrasado há uma semana e que o teste deu positivo.— Então leve-a ao hospital.— Mas a Srta. Costa insiste em ver você, antes disso ela não irá a lugar algum.— Está bem, então vamos ver o que está acontecendo, — Afonso disse com um tom sombrio.O secretário tinha certeza de que a situação de Débora não terminaria bem.Atualmente, Afonso estava completamente apaixonado por Beatriz. Se não fosse por essa mulher, o senhor estaria vivendo muito feliz com a Srta. Rocha.O senhor agora... estava assustador.Débora ansiava por esse filho como por uma bênção, e todos os remédios tradicionais que ela havia coletado por aí não tinha