Ela estava tão desapontada com Afonso que, mesmo que ele decidisse não se divorciar agora, ela não ficaria surpresa.— Avó... desculpe, eu magoei você recentemente...— Deixe pra lá, somos família, feridas entre nós podem ser curadas, e podemos nos reconciliar. Mas e aquelas pessoas sem laços de sangue? Uma vez feridas, não espere que elas perdoem e esqueçam.Sua avó estava insinuando algo.Afonso abriu a boca para dizer algo, mas não conseguiu encontrar as palavras.Sua avó estava certa, Beatriz não o perdoaria incondicionalmente.Após terminar a ligação, Afonso não entrou para visitar Débora, apenas instruiu que cuidassem bem dela.Débora ainda pensava em encontrar-se com Afonso, consciente do grande alvoroço que havia causado, era evidente que ele não suportava a ideia de perdê-la, demonstrando grande ansiedade ao enviá-la para o local.Porém, ela já estava acordada, por que ele se recusava a vê-la?Ela chorava e fazia escândalos, mas apenas os profissionais da saúde e a babá a impe
— Está bem.Daniel a abraçou mais forte, seu queixo repousando suavemente no ombro dela, respirando profundamente o perfume que dela emanava.Perto dela, seu coração se tranquilizava, permitindo-lhe pensar com clareza.Muitas vezes, quando ele estava prestes a errar o caminho, bastava pensar calmamente em Beatriz, no que ela faria, que ele conseguia suprimir os demônios internos.— A notícia do nosso cancelamento de noivado já foi divulgada, não haverá mais fofocas sobre você.— Hmm, estou um pouco com fome, vou procurar algo para comer na cozinha.Ela se esticou preguiçosamente, sabendo que Daniel não se deixaria abater por essas questões.Ela se levantou para ir à cozinha, esquecendo-se do celular.Daniel estava no telefone com Lucas quando o celular de Beatriz tocou.Como estava no silencioso, ele não ouviu, e foi apenas quando viu a tela do celular iluminada que notou.Ele estava prestes a chamar Beatriz para atender, mas a chamada já havia sido encerrada.O número parecia ser inte
— Eu só estava usando o banheiro, alguma coisa errada?Daniel parecia desinteressado, como se não tivesse percebido nada.Beatriz tentou se acalmar; afinal, ela não havia feito nada de errado, mas sentia-se como alguém que temia ser descoberta.— Estou resolvendo algumas coisas do ateliê.— Precisa de ajuda?— Não, não, vai ser rápido.— Então tá, vou para o escritório.Daniel continuou observando-a, fazendo com que ela se sentisse desconfortável.Ele franziu os lábios, mas no final, não disse nada e foi embora.Assim que ele saiu, Beatriz trancou a porta rapidamente e ligou para a instituição.— Desculpe, mas eu não preciso mais desse serviço. Não será necessário continuar a seleção para mim.— Srta. Rocha, conforme o contrato, esse valor não é reembolsável.— Entendi, entendi, foi um erro da minha parte.— Você também pode participar de outros projetos nossos, como congelamento de óvulos ou esperma, exames genéticos, e teste de sexo do bebê com apenas um mês de gravidez através de um
Então, que direito ele tinha de julgá-la?— Bia... já que é assim, eu tratarei qualquer filho seu como se fosse meu.— Hm?Que confusão era essa, de onde vinha essa história de filho?— Você está estranho hoje, o que está acontecendo?— Nada, vamos comer.Daniel baixou o olhar, descascando os camarões que ela tanto gostava de comer.Beatriz também não perguntou mais, pois sabia que Daniel era assim; ele podia ser astuto com outras pessoas e situações, mas com ela, ele se perdia, cheio de dúvidas e com um temperamento difícil.Estar com alguém assim era de fato difícil, mas ela havia perdido tanto, e mesmo sabendo que o amor de Daniel por ela era quase patológico, ela ainda sentia seu coração aquecer.Alguém a amou por vinte anos.Quando todos a abandonaram, ele estava lá.Quando seus pais planejaram um futuro sem ela.Quando ela esperava desesperadamente por Afonso, e ele estava comemorando o aniversário de Débora.Todos a abandonaram, mas ele, mesmo antes de conhecê-la, já havia dado
— O que foi? — Daniel, vendo sua expressão franzida, perguntou nervoso.— Parece único, vamos provar.Beatriz sorriu, pegou o bolo da geladeira e experimentou um pedaço. Era mediano, a massa estava um pouco densa, um pouco difícil de engolir.Honestamente... Não era muito bom.Mas notando o olhar expectante de Daniel, ela pensou, será que ele que fez?— Está delicioso, nunca comi um bolo de morango tão bom.A preocupação nos olhos de Daniel se dissipou, e ele também sorriu: — Que bom que gostou.— Experimenta também.Ela levou um pedaço até ele com sua colher, e Daniel não hesitou em comer.Ele não era exigente com comida, tampouco um grande fã de doces, então não conseguia distinguir muito bem.Achou bastante saboroso.Eles terminaram o bolo juntos, um pedaço de cada vez.— Se gostou, farei mais vezes.— Gosto, sim, mas doces não podem ser consumidos frequentemente, que tal uma vez por semana?Daniel concordou com a cabeça.Depois, ele recebeu uma ligação e teve que ir ao escritório
— Lucas já foi embora? Eu tinha preparado café.— Ele veio pegar um documento.Daniel sentia coceiras por todo o corpo, querendo se arranhar, mas se conteve enquanto Beatriz estava presente.Sua força de vontade era admirável, e isso não era nada para ele.Beatriz abriu a boca, querendo perguntar, mas se conteve.Cada um tem seu orgulho peculiar, não há necessidade de apontar isso. Ela seria mais cuidadosa da próxima vez e nunca mais o faria comer creme de leite.— Então, continue ocupado, estou saindo.Por alguma razão, Beatriz sentiu um aperto no coração.Ela se conteve, saiu rapidamente e só voltou ao seu quarto para chorar.Quanto mais ela entendia a teimosia de Daniel, mais ela percebia que ele era um ser humano real, não tão invulnerável quanto parecia, capaz de se machucar e de ficar triste, mas ele tinha aprendido a esconder isso muito bem.Daniel, dolorosamente tocante.Ela secou as lágrimas e ligou para Lucas, querendo saber mais sobre Daniel.O que ele gostava, o que ele não
Ao ouvir isso, Beatriz se encheu de um sentimento agridoce e comovente.Ela imediatamente mandou trazer suas coisas.O escritório era amplo, espaçoso o suficiente para ambos.Beatriz, como se fosse um pincel, adicionou cor a esta tela monocromática que era a vida de Daniel, com árvores verdes, nuvens brancas, flores vibrantes...Pouco a pouco, ela completava o quadro da vida dele.— Continue com seu trabalho, vou me aninhar aqui e ler um pouco.Ela se recostou em sua cadeira, folheando uma revista de moda.Mas não demorou muito para que o sono a vencesse, e ela adormecesse profundamente.Daniel a observava com ainda mais ousadia.Ele mal podia acreditar que isso era real, a resposta proativa de Beatriz o enchia de alegria, como uma criança.Ele se aproximou sem conseguir se controlar, sentou-se ao lado dela em silêncio, observando-a.O sol brilhava sobre ela, um pouco forte demais, fazendo-a franzir a testa.Rapidamente, ele fechou as cortinas, escurecendo o ambiente.Daniel, sem contr
— Bia, é linda.Ao ouvir isso, Beatriz quase perdeu uma batida do coração.Os olhos de Daniel eram negros e brilhantes, desarmados, sem rancor ou imponência; quando molhados, pareciam os de um grande cachorro.Ele levantou os olhos para olhá-la, fazendo com que ela mal conseguisse respirar direito.Ela segurou o rosto dele e tomou a iniciativa, beijando seus lábios.No início foi ela quem tomou a iniciativa, mas depois Daniel tomou as rédeas.Ele a beijava com urgência.Em seu coração, ele pensava que, se se esforçasse um pouco mais, talvez Beatriz não pensasse em ter filhos com outro, mas o considerasse.Ele queria ir além, mas pensando na resistência dela, não ousou prosseguir.Quando o beijo terminou, ele olhava para ela com seus olhos cheios de uma súplica ainda mais intensa, marcados pelo desejo insatisfeito. Ele estava desconfortável, sofrendo para se conter, mas sem alternativa.— Me dê mais um pouco de tempo...Beatriz também sentiu um pouco de embaraço.Era um momento para se