O Daniel tinha desaparecido por uma semana.Ela e o Lucas estavam completamente sem pistas, só podiam esperar pacientemente.Ela não tinha tantos contatos quanto o Lucas, se o Lucas não conseguia encontrá-lo, ela muito menos.Ela dizia que não se importava, mas durante esse tempo não conseguia comer nem dormir direito, e tinha emagrecido muito.Ela ia ao estúdio todos os dias, mas não conseguia pintar nada, estava completamente perdida.Já havia notícias sobre o desaparecimento do Daniel, algumas pessoas diziam que, por ele ter sido policial por tantos anos e ter feito muitos inimigos, ele poderia ter sido eliminado secretamente. Outros diziam que ele havia adoecido gravemente e ido para o exterior para tratamento.Carlos também tinha ouvido as notícias, e vendo-a tão distraída e recusando-se a ficar em casa, insistindo em ir ao estúdio, ele sentia pena.— Bia, se estiver cansada, volte para descansar, tá?— Eu não estou cansada.Ela se esforçava, mas estava com uma aparência péssima.
Leonardo se foi, e ela ficou sozinha esperando do lado de fora da sala de cirurgia, o que era sem dúvida torturante.Ela tinha tantas perguntas em sua mente.Por quê... Por que Daniel chamaria pelo nome dela?Ele não tinha uma paixão secreta por sua primeira paixão?Será que... essa primeira paixão era ela?Ela não conseguia lembrar quando havia salvado ele.Também não entendia o que era, três anos atrás e agora, que o fez perder a razão e arriscar a vida no trabalho.Uma palavra dela, tinha tanto peso assim?A pessoa que Daniel amava profundamente, quem era?Era ela?Como começou esse sentimento, por que era tão profundo? Por que ela não se lembra de nenhum momento juntos?Beatriz sentia uma dor de cabeça intensa, um fragmento de memória passou voando em sua mente, ela tentou desesperadamente agarrá-lo, mas não restou nada.Ela respirava fundo, com dor insuportável, se não pensasse nisso, não doeria.Na verdade, havia uma maneira de fazer Daniel dizer a verdade.Como ele havia sido sa
Esta ligação não tranquilizou Beatriz, pelo contrário, deixou seu coração ainda mais confuso.Ela sabia que Daniel tinha uma relação ruim com sua família, apenas era próximo do avô e de Bruna.Mas ela nunca imaginou que Daniel fosse um filho ilegítimo.Ele nunca havia mencionado...Mesmo Lucas, que sempre trabalhava com ele, nunca havia entrado em seu coração.Ele escondeu de todos, só ele sabia.Ele estaria muito solitário sozinho?— Daniel, desculpe, eu falei palavras duras e impulsivas com você. Mesmo que você tenha me maltratado, eu não me arrependo de ter te salvado naquele tempo. Talvez tenha sido algo pequeno, mas você se lembrou. E eu... não consigo me lembrar! Eu também estou me esforçando muito para convencer a mim mesma que, se não fosse por você, teria sido outra pessoa. Eu poderia legitimamente odiar outra pessoa, mas não sei como enfrentar você. Então, tudo o que posso fazer é me esconder e evitar. Eu sei que minha maneira de lidar não é a melhor, mas eu realmente não sei
Ele realmente poderia ouvir suas palavras?Tudo o que ela disse teve algum efeito?Ela começou a duvidar de si mesma, pensando que o médico estava errado, que ela também estava errada.Ela olhou fixamente para o homem na cama, já haviam passado vinte e três horas, o médico chegou depois, balançando a cabeça em desalento.Leonardo também veio, com uma expressão sombria e triste, parecendo lamentar a perda de um subordinado tão bom.Todos estavam envoltos em tristeza.— Daniel, você não vai acordar? — Sua voz estava rouca.Sem comer, sem beber.Seus nervos estavam à flor da pele, ela estava à beira do colapso.— Era só o que me faltava... Eu não sou assim tão importante, não é? — Ela disse com um sorriso auto-depreciativo. — Você morreu, e agora tenho uma vida nas minhas costas. Toda vez que pensar em você, vou me culpar, por não ter sido útil. Todos depositaram suas esperanças em mim, mas eu não consegui te acordar. Será que também tenho que me responsabilizar pela sua morte?— Não se
Beatriz acordou lentamente, sentindo-se pesada e tonta, tentou se levantar, mas a tontura a atingiu novamente.Demorou um pouco para ela se recuperar, percebendo que ainda estava no quarto de Daniel.Mas a cama ao lado estava arrumada e limpa, Daniel não estava mais lá.Seu coração afundou ao verificar o tempo, percebendo que havia perdido as críticas vinte e quatro horas.E Daniel?Durante seu desmaio, Daniel ainda não havia acordado, muito provavelmente ele não teria mais chances.Então, o hospital havia removido o corpo de Daniel?Ela pensou nisso, e, em pânico, levantou-se rapidamente, tão ansiosa que nem calçou os sapatos.Ao sair, encontrou duas enfermeiras conversando.— Que jovem, uma pena morrer assim.— Sim, ouvi dizer que era um policial muito promissor, com um futuro brilhante. E ainda por cima, bonito. Uma verdadeira tragédia.Beatriz as interrompeu imediatamente.— Quem morreu?— Não sabemos o nome, faleceu hoje.— Onde ele está?— No necrotério, no subsolo, acabaram de l
Cada passo exigia uma enorme coragem.Finalmente, ela estava diante do corpo.Suas mãos tremiam violentamente.Aos poucos, ela se aproximou e finalmente tocou a beira do pano branco.Com coragem, ela o puxou.Mas antes que pudesse ver claramente o rosto de Daniel, uma mão grande de repente cobriu seus olhos.— Não olhe, ele morreu de maneira horrível, irreconhecível. Tenho medo de te assustar.A mente de Beatriz ficou em branco.A pessoa que falava era Daniel.Sua voz, ela jamais confundiria em toda sua vida.A mão diante de seus olhos também era real.Suas costas estavam firmemente pressionadas contra o peito dele, e o calor que emanava também era real.Daniel não estava morto.Suas pálpebras tremiam, levemente tocando a palma de sua mão.Lágrimas quentes caíam sem controle.— Bia, eu não aguento mais, você pode me segurar?A voz atrás dela se tornou rouca, e ao ouvir essas palavras, o coração de Beatriz falhou uma batida.Ela se virou rapidamente, a tempo de pegar Daniel enquanto ele
Sua voz era tão suave, mas atingia a alma.Beatriz sentiu orgulho dele, mas também estava cheia de medo.Beatriz o empurrou de volta para o quarto, seus olhos inchados como nozes.Sua emoção era tão pesada que até sua respiração estava tensa.— Daniel... você vai morrer? — Ela sentiu que tinha feito uma pergunta tola.Ele quase morreu antes, não é? Com Daniel vivendo dessa maneira, a morte era apenas uma questão de tempo.— Beatriz, eu não posso prometer nada, mas posso te garantir. Com você aqui, pelo menos eu viveria um pouco mais. Com você, eu não quero morrer.— Mas você quase morreu desta vez.— Porque você não me queria mais.A voz de Daniel era tão baixa quanto um sussurro, quase inaudível.Mas ela entendeu sua linguagem labial, naquele momento sua mente ficou em branco, e o silêncio era ensurdecedor.— Você me dá um tempo para pensar, por favor?Beatriz exalou profundamente, sentindo que precisava refletir seriamente.Daniel assentiu, seu olhar claramente ansioso, mas sem ousa
Daniel ficou pálido ao ouvir isso, como se todos esses segredos fossem manchas escuras em seu coração, agora expostos por Beatriz.Sua expressão de desdém não era fingida, e o olhar que ela lançava a ele era de repulsa.Ele já tinha adivinhado a escolha de Beatriz. Conviver com alguém tão difícil como ele deve ser realmente exaustivo.Ele não sabia com quem compartilhar seus sentimentos mais íntimos.Ele também queria dizer a Beatriz que ela era a única pessoa no mundo em quem ele confiava incondicionalmente, a quem se dedicava sem reservas.Mas... como um homem poderia dizer essas palavras sem parecer sentimental demais, além de parecer um tanto perturbado?— Tudo bem... eu entendi. — Daniel, de repente, murmurou com a cabeça baixa.Beatriz ficou surpresa.Entendeu? Entendeu o quê?— Você pode ir, eu não te culpo.— Você ainda tem a cara de me culpar? Daniel, você que ficou em silêncio do começo ao fim, e ainda quer me culpar? — Ela estava tão irritada que quase avançou para mordê-l