Beatriz acordou lentamente, sentindo-se pesada e tonta, tentou se levantar, mas a tontura a atingiu novamente.Demorou um pouco para ela se recuperar, percebendo que ainda estava no quarto de Daniel.Mas a cama ao lado estava arrumada e limpa, Daniel não estava mais lá.Seu coração afundou ao verificar o tempo, percebendo que havia perdido as críticas vinte e quatro horas.E Daniel?Durante seu desmaio, Daniel ainda não havia acordado, muito provavelmente ele não teria mais chances.Então, o hospital havia removido o corpo de Daniel?Ela pensou nisso, e, em pânico, levantou-se rapidamente, tão ansiosa que nem calçou os sapatos.Ao sair, encontrou duas enfermeiras conversando.— Que jovem, uma pena morrer assim.— Sim, ouvi dizer que era um policial muito promissor, com um futuro brilhante. E ainda por cima, bonito. Uma verdadeira tragédia.Beatriz as interrompeu imediatamente.— Quem morreu?— Não sabemos o nome, faleceu hoje.— Onde ele está?— No necrotério, no subsolo, acabaram de l
Cada passo exigia uma enorme coragem.Finalmente, ela estava diante do corpo.Suas mãos tremiam violentamente.Aos poucos, ela se aproximou e finalmente tocou a beira do pano branco.Com coragem, ela o puxou.Mas antes que pudesse ver claramente o rosto de Daniel, uma mão grande de repente cobriu seus olhos.— Não olhe, ele morreu de maneira horrível, irreconhecível. Tenho medo de te assustar.A mente de Beatriz ficou em branco.A pessoa que falava era Daniel.Sua voz, ela jamais confundiria em toda sua vida.A mão diante de seus olhos também era real.Suas costas estavam firmemente pressionadas contra o peito dele, e o calor que emanava também era real.Daniel não estava morto.Suas pálpebras tremiam, levemente tocando a palma de sua mão.Lágrimas quentes caíam sem controle.— Bia, eu não aguento mais, você pode me segurar?A voz atrás dela se tornou rouca, e ao ouvir essas palavras, o coração de Beatriz falhou uma batida.Ela se virou rapidamente, a tempo de pegar Daniel enquanto ele
Sua voz era tão suave, mas atingia a alma.Beatriz sentiu orgulho dele, mas também estava cheia de medo.Beatriz o empurrou de volta para o quarto, seus olhos inchados como nozes.Sua emoção era tão pesada que até sua respiração estava tensa.— Daniel... você vai morrer? — Ela sentiu que tinha feito uma pergunta tola.Ele quase morreu antes, não é? Com Daniel vivendo dessa maneira, a morte era apenas uma questão de tempo.— Beatriz, eu não posso prometer nada, mas posso te garantir. Com você aqui, pelo menos eu viveria um pouco mais. Com você, eu não quero morrer.— Mas você quase morreu desta vez.— Porque você não me queria mais.A voz de Daniel era tão baixa quanto um sussurro, quase inaudível.Mas ela entendeu sua linguagem labial, naquele momento sua mente ficou em branco, e o silêncio era ensurdecedor.— Você me dá um tempo para pensar, por favor?Beatriz exalou profundamente, sentindo que precisava refletir seriamente.Daniel assentiu, seu olhar claramente ansioso, mas sem ousa
Daniel ficou pálido ao ouvir isso, como se todos esses segredos fossem manchas escuras em seu coração, agora expostos por Beatriz.Sua expressão de desdém não era fingida, e o olhar que ela lançava a ele era de repulsa.Ele já tinha adivinhado a escolha de Beatriz. Conviver com alguém tão difícil como ele deve ser realmente exaustivo.Ele não sabia com quem compartilhar seus sentimentos mais íntimos.Ele também queria dizer a Beatriz que ela era a única pessoa no mundo em quem ele confiava incondicionalmente, a quem se dedicava sem reservas.Mas... como um homem poderia dizer essas palavras sem parecer sentimental demais, além de parecer um tanto perturbado?— Tudo bem... eu entendi. — Daniel, de repente, murmurou com a cabeça baixa.Beatriz ficou surpresa.Entendeu? Entendeu o quê?— Você pode ir, eu não te culpo.— Você ainda tem a cara de me culpar? Daniel, você que ficou em silêncio do começo ao fim, e ainda quer me culpar? — Ela estava tão irritada que quase avançou para mordê-l
— Com dez anos.Daniel, engolindo o constrangimento, revelou a verdade.Beatriz arregalou os olhos. Daniel era cinco anos mais velho que ela; ela tinha apenas cinco anos na época. Daniel gostava dela?— Como assim? Eu era tão jovem! Como você poderia gostar de mim?— Você esqueceu, mas eu não. Eu e minha irmã fomos sequestrados, e você estava lá também.— Eu?Beatriz ficou atônita.Daniel prosseguiu, contando a história.Beatriz sentia a cabeça girar, lembranças turvas começaram a emergir.O garoto coberto de sangue.Seu olhar era determinado e frio.Ela ainda não conseguia lembrar de mais nada. Sua mãe sempre dizia que ela era travessa quando pequena e que tinha batido a cabeça, foi naquela época.— Os policiais trabalharam com você por dentro, invadindo aquele galpão abandonado. Eles descobriram que você era um infiltrado, ficaram furiosos, querendo te matar. Eles te jogaram do segundo andar, parte para descontar a raiva, parte para atrasar os policiais. Você caiu e se machucou muito
Uma mulher nas mãos de sequestradores, qual será o seu destino? Beatriz Rocha estava vivenciando esse pesadelo. Aquele grupo queria transformá-la em uma prostituta.Ela estava vendada e com a boca selada por fita adesiva, amarrada em um canto como um animal. Seu corpo estava coberto de cicatrizes, sem um pedaço de pele intacto. A corda que a prendia era curta, tinha menos de um metro. Se ela se movesse um pouco mais para a frente, a corda apertaria seu pescoço. Várias vezes, Beatriz lutou inutilmente, ficando sem ar, o rosto roxo, a voz sufocada.Ela não podia escapar...Do lado de fora, ela ouvia os sequestradores xingando furiosamente. Eles tentaram violentá-la, mas ela reagiu mordendo a garganta de um deles. Se tivesse um pouco mais de força, teria quebrado sua traqueia, matando-o.Por isso, Beatriz foi brutalmente espancada e amarrada ali. Drogada, sua resistência foi reduzida a quase nada.De repente, lá fora, algo aconteceu. O barco em que estavam colidiu violentamente, e ela cai
Aquele era um clube que Afonso frequentava, onde ele costumava beber com os amigos.A razão dizia para Beatriz não acreditar nas palavras do chefe dos sequestradores, que tudo era mentira. Mas seu corpo, fora de controle, queria verificar. Ela esteve ao lado de Afonso por três anos e sabia o número da sala privativa que ele frequentava. Foi diretamente para lá.— Afonso perdeu, o que vai ser, verdade ou desafio?— Verdade.— Então, quem é a mulher que você mais ama no seu coração?— Isso ainda é uma pergunta? Claro que é Débora.Beatriz estava do lado de fora, ficando cada vez mais pálida. Suas pernas ficaram pesadas como chumbo, e suas mãos pairaram no ar, incapazes de bater na porta por um longo tempo. Depois, parece que eles começaram outra rodada do jogo. Desta vez, Débora foi quem perdeu.— Cunhada perdeu, então, você escolhe verdade ou desafio?— Desafio.A voz da mulher era suave como água.— Então beije um dos homens aqui por três minutos.— Ah, não brinque assim.Débora estava
Daniel estendeu a mão, com dedos bem definidos e a palma larga. Ao ouvir a voz dele, Beatriz ficou paralisada no lugar, incapaz de se mover.Nesse momento, o delinquente, embriagado, correu em direção a eles. — Você é cego? Não vê que estou aqui? Acredita se eu disser que vou te bater...Daniel não disse nada. Apenas passou o guarda-chuva para ela e chutou o delinquente.Ele pegou o celular e fez uma ligação, e a polícia local chegou imediatamente.— Este homem estava assediando uma mulher. Provavelmente é um criminoso habitual. Levem-no para a detenção para um aviso.— Claro, claro, vamos cuidar disso.Os policiais foram muito educados e levaram o homem embora.Nesse meio tempo, Beatriz deveria ter corrido, mas suas pernas não obedeciam, e ela permaneceu paralisada. — Posso te levar para casa?— Quem é você, afinal? — Ela perguntou, tremendo.— Sou um ex-colega de escola do Afonso. Éramos bastante próximos. Agora, estou aposentado, sem emprego fixo.— Você era policial antes?Daniel