— Como você veio parar aqui? — Daniel perguntou, embora soubesse.— O vovô deve ter ficado confuso por causa da doença e me ligou. Como ele está agora?Daniel balançou a cabeça: — Não sei a situação lá dentro, ainda estão tentando salvá-lo. Mas os médicos disseram que está muito mal, que ele pode...Ele não terminou a frase.Beatriz também vacilou, quase não conseguindo se manter de pé.Ela sabia que esse dia chegaria para o avô, mas não esperava que fosse tão cedo, ainda não fazia um ano.O avô sempre cuidou muito bem dela, mesmo casada com Daniel por tanto tempo, ele sempre foi carinhoso.As pessoas falavam dela, mas ele sempre a protegeu.Ele e a avó de Afonso, que não tinha laços de sangue com ela, deram-lhe o carinho e o amor de uma família.— Daniel... foi por minha causa que o avô ficou doente? — A voz dela tremia com culpa. — Foi porque eu estava brigando com você para nos divorciarmos, que deixei o avô tão zangado, certo? Foi por minha causa que o avô teve um ataque mais ced
Beatriz ficou em silêncio.Em princípio, ela deveria evitar Daniel tanto quanto possível.Mas por alguma razão, ela sempre teve uma fraqueza por ele, talvez... em todos os seus momentos difíceis, ele sempre foi seu apoio, nunca a decepcionando, antes ou depois do casamento.Não como Afonso, que a decepcionou vez após vez, até que ela ficou insensível.Afonso sempre estava pesando os prós e contras, escolhendo o lado que mais o beneficiava, e ela sempre era a descartada.Mas Daniel nunca a abandonou.No quarto, a atmosfera estava tensa.Beatriz não sabia como responder, mas justo quando ela estava preocupada, de repente viu o canto do olho do avô se mexer.Ele estava acordando?— Avô... o canto do olho do avô acabou de se mexer.Daniel se aproximou, querendo ficar irritado.Nesse momento crucial, a atuação do avô não poderia ser mais convincente?— Não se mexeu, pode ser uma ilusão. Você está muito cansada. Vá descansar, eu cuido daqui.Beatriz assentiu, parecia que estava realmente exa
Daniel mal teve tempo de se despedir de Beatriz, e correu para encontrar Lucas.Yago era negro como um africano, ele e Willian operavam na área do Triângulo Dourado, fazendo contrabando no Sudeste Asiático, entre Myanmar e Laos.— Quem são vocês, por que me prenderam?Se fosse uma operação policial, ele deveria ter sido levado para interrogatório, mas por que estava ali escondido?— Daniel, você chegou.Lucas ignorou Yago e foi ao encontro de Daniel quando ouviu passos.Yago, ao ver Daniel, ficou pálido e seus olhos se arregalaram. — Você... você é Daniel Dias?A lenda do homem invencível no mar, jovem e com incontáveis operações de contrabando frustradas em seu currículo. Muitos contrabandistas haviam caído em suas mãos.Antes de cada missão, eles juravam que, se encontrassem Daniel no mar, deveriam matá-lo imediatamente.Todos queriam matar Daniel para dar uma lição à polícia federal.Mas até agora, ninguém conseguiu.Ele se aposentou cedo, surpreendendo a todos, e se tornou o presid
Yago sabia que morreria, mas não queria carregar uma acusação falsa.A fúria de Daniel, parecia, era baseada no mal-entendido de que ele havia violado sua esposa.Daniel parecia querer dizer mais alguma coisa, mas Yago não aguentava mais.Os cortes em seu corpo sangravam, a dor o deixava com os nervos adormecidos, ele não podia mais suportar.Ele desmaiou.Daniel franzia a testa, confuso.Pela reação de Yago, não parecia que ele estava mentindo.Todos sabiam que Beatriz era sua esposa, Yago, ao ser capturado, deveria saber o que tinha feito de errado, mas ainda parecia confuso.O que estava errado nessa história?— Precisamos fazer ele acordar, ele ainda não terminou de falar.Lucas correu para chamar um médico para reanimá-lo.Yago finalmente acordou, mas já estava mais para lá do que para cá.— Fale claramente, você a tocou ou não?— Não... Eu sabia que Willian tinha levado uma mulher para o barco, mas eu não sabia quem era... As tarefas eram distribuídas pelos nossos superiores, eu
— Se você não falar, ninguém vai pensar que você é mudo. — Daniel disse, irritado.Lucas fez uma careta, sem ousar continuar.Daniel voltou ao sanatório e encontrou Beatriz adormecida ao lado da cama, enquanto o Velho Senhor também dormia profundamente.O médico não pôde deixar de dizer: — A Srta. Rocha tem ficado ao lado do Velho Senhor o tempo todo, sem desgrudar, assumindo as tarefas dos cuidadores. Ela faz tudo pessoalmente, e quando o Velho Senhor não tem apetite, ela prepara pratos leves e apetitosos. Nos últimos anos, vimos tudo o que a Srta. Rocha fez, ela é muito boa para o Velho Senhor. Ela não é de jogar jogos, apenas tem um bom coração.Os idosos trazidos aqui geralmente têm poder e status, com descendentes que não têm tempo para cuidar deles, deixando-os sozinhos e solitários. Assim, vêm aqui para ter alguma companhia.A família Dias não cuidava do Velho Senhor, ele tinha um temperamento isolado e, após uma grande discussão com o pai de Daniel, mudou-se para cá em um aces
Daniel tentou empurrá-la, buscando manter uma distância segura.Mas logo após afastá-la um pouco, ela rapidamente se aconchegou novamente.— Abraço... — ela murmurou, abraçando-o ainda mais apertado.Sua incrível suavidade segurava firmemente seu braço.Sua respiração estava desordenada.Daniel não sabia como havia sobrevivido aquela noite, reprimindo seu desejo, sem se atrever a se mover.Ele até duvidava de sua própria sexualidade; como poderia manter-se tão inabalável?O tempo passava com dificuldade.Na manhã seguinte.Beatriz achou que tinha dormido bem, sentindo-se revigorada, e não pôde resistir a esticar os braços, tentando bocejar.Mas, inesperadamente, encontrou uma barreira de carne.Ela pausou por um momento, olhando confusa para o homem ao lado da cama, com as roupas amarrotadas, ainda as mesmas de ontem.Como ela poderia ter dormido com Daniel?Daniel abriu seus olhos profundos, que estavam cheios de vasos sanguíneos, claramente não tendo dormido bem.Sua voz estava rouc
— Você está pensando demais, isso não vai acontecer.— Então me leve com você!Afonso queria ceder, mas lembrou do que Beatriz disse antes, para não permitir que Débora aparecesse na frente dela.Ele ainda sente pena de Débora, temendo como ela reagiria ao saber que é infértil para o resto da vida.Além disso, ela realmente ainda não se recuperou fisicamente, não é adequado sair, ele pensou nela em todos os aspectos.— Eu já disse, fique em casa descansando! — A voz de Afonso ficou mais severa.Não era mais um tom de discussão, mas uma ordem!Débora ficou pálida, olhando para ele incrédula.— Afonso, entre eu e Beatriz, quem você escolhe?Afonso franzia a testa, visivelmente irritado: — Por que isso veio à tona novamente? Eu obviamente escolho você!— É porque eu tive um aborto, você me despreza agora, quer reatar com Beatriz...— O que isso tem a ver? Débora, você pode parar de ser controlada pelos hormônios? Estou cansado de discutir isso, se acalme um pouco.Originalmente, foi ela
Fernando estava num dilema, passar o telefone para ela ou não.Ele ainda segurava o aparelho na mão: — Bia pode ir, mas tem que levar o Daniel com ela.— Por que, qual é a relação deles agora? Eles estão divorciados, não tem que ficar arrastando um ao outro. O seu neto pode não ter vergonha, mas a minha Bia tem.— Então, que nenhum dos dois vá!Fernando desligou o telefone abruptamente.Beatriz não sabia se ria ou chorava, os dois juntos tinham mais de cento e cinquenta anos e ainda brigavam como crianças, ficando vermelhos de raiva.— Avô Fernando, então eu vou ou não?— Vai... se for, leve o Daniel com você, depois eu mando buscar você, ainda preciso de você aqui, criança.— Mas nós já estamos divorciados.— Daniel também pode visitar a Velha Sra. Nunes.— Mas é um jantar de família.— Ele tem a cara dura, não tem problema nenhum ele ir.Daniel estava na porta, com o rosto tão escuro quanto o fundo de uma panela, querendo disparar um canhão no avô.— Vocês dois se arrumem e vão logo,