Sua voz rouca soou, seus olhos escuros fixos nela com uma intensidade que fervilhava de desejo. Ela se perguntava se ele a consumiria ali mesmo.Afinal, ela sabia demais, não havia mais razão para disfarces.— Não... não vou fugir.Ela era pragmática, mas apenas palavras. Ela ainda poderia tentar outra vez. Ela não poderia deixá-lo ir para a prisão, mas também não podia conviver sob o mesmo teto que um agressor.Se ela tolerasse isso, ainda teria alguma dignidade ou consciência?Ela tentou se convencer de que, dada a situação desesperadora e o fato de ter sido drogada, era melhor que fosse Daniel e não outro. Compreender é uma coisa, mas ela jamais poderia perdoar as ações de Daniel.Ela era a vítima! Ela não poderia se solidarizar com os outros!— Você tem medo de mim? — ele perguntou, olhando profundamente para ela. — Medo de quê? Medo de que eu te devore? Fique tranquila, se você não estiver disposta, eu não vou tocar em você.— Daniel, você agora se fazendo de bom moço, não acha is
Se não fosse por Beatriz, ele já teria enlouquecido há muito tempo.Se possível, ele também não queria revelar sua verdadeira natureza. Ele preferiria viver uma vida de disfarces, contanto que ela estivesse feliz.Ele estava atuando intencionalmente. Mas o carinho por ela era verdadeiro. No entanto, ele sabia que tinha cometido erros, e erros imperdoáveis.Ele passaria a vida tentando compensar; ele não tinha o direito de pedir seu perdão, nem conseguia convencer a si mesmo a deixá-la ir, sabendo que ambos estavam sofrendo. Mas ele realmente não queria fazer Beatriz feliz assim.Se ele a deixasse ir desta vez, nunca mais teria uma chance com Beatriz.Beatriz nunca foi uma pipa solta ao vento, presa por uma linha. Ela era um pássaro livre que, uma vez solto, nunca mais seria encontrado.— Finja... que tudo isso foi um engano, — Daniel disse baixinho. — Eu não vou restringir sua liberdade. Você pode ir ao estúdio quando quiser, encontrar-se com Franciely se desejar, mas não pode deixar a
Quando ela mais queria se vingar de Afonso, Daniel propôs casamento.Quando ela usou-se como isca para atrair Willian, ele prometeu protegê-la.Franciely estava em perigo, e ela foi sozinha enfrentá-lo, sem medo, porque sabia que Daniel a encontraria.Ele ensinou-a, passo a passo, como manejar uma arma. Foi ele quem lhe deu a coragem para confrontar Débora.Naquele casamento grandioso, todos estavam atentos ao beijo apaixonado dos noivos no palco, enquanto Daniel beijava a si mesmo em segredo.Como ela pôde ser tão ingênua a ponto de não perceber os sinais evidentes?Afinal, ele havia feito tudo tão obviamente, mas ela sempre achou que era culpa de Daniel, simplesmente porque ela era sua esposa, e nada mais.Ela suspeitou de Bruna, suspeitou de todos, exceto de si mesma.Antes de conhecer a verdade, Daniel era quase perfeito em sua mente, irrepreensível. Ele era o herói de muitos, e também o grande herói que a salvou de perigos iminentes.Ela se orgulhava de sua profissão e sentia-se h
Ela não podia acreditar que alguém mudasse tão drasticamente sem motivo.— Você sabe alguma coisa sobre o sequestro durante a festa de aniversário?— Isso eu já não sei.Beatriz teve que reprimir suas dúvidas. Ela pegou o celular, pensando em ligar para Daniel.Daniel lhe contaria a verdade?Ela massageou as têmporas, decidindo desistir. Ela afastou os pensamentos distrativos e focou no trabalho.Ela tinha vários pedidos sob medida para projetar, a nora do magnata imobiliário encomendou um conjunto com ela. Ela acabara de finalizar o esboço do design e precisava discutir com a Sra. Pacheco.Ela ligou para a Sra. Pacheco para marcar um horário e local.— Hoje tenho disponibilidade, estou na Vila Silva, venha até aqui.— Vila Silva?— Sim, estou tomando um chá e conversando com a Sra. Silva, há algum problema?— Então, eu passo outro dia, quando a Sra. Pacheco estiver disponível, pode me chamar.— Eu já disse, só tenho disponibilidade hoje, você não está entendendo?O tom da Sra. Pacheco
Beatriz soltou sua mão com força e saiu sem olhar para trás, enquanto a Sra. Pacheco, indignada, se aproximava: — Débora é muito boa com você, deixa você fazer o que quer. Mas se fosse comigo, eu te mostraria, vou te ensinar uma lição...Quando a Sra. Pacheco colocou a mão no ombro de Beatriz, ela a agarrou e a jogou por cima do ombro com facilidade. A Sra. Pacheco gritou de dor.Os outros três ficaram aterrorizados.Esse judô limpo e eficaz, completamente inesperado que Beatriz, com seu corpo esguio, pudesse derrubar a robusta Sra. Pacheco.— Já chega, você desperdiçou toda a minha manhã, e eu ainda não acertei as contas com você. Agora, peça desculpas, você sabia que não tinha tempo, mas mesmo assim me chamou aqui, para brincar comigo! Rápido, peça desculpas.— Você... é assim que seu estúdio trata os clientes, com essa arrogância? Não sabe que o cliente é rei?— Desculpe, mas aqui, eu que sou o rei!— Você... eu vou postar isso na internet, para todo mundo ver sua verdadeira face. Q
Ela chutou o peito delas e deu um tapa no rosto de Débora. Ela fingiu perder o controle, continuando a atingir Débora.Débora quanto mais tentava separar a briga, mais apanhava, ao passo que a Sra. Pacheco, exceto por parecer um pouco desgrenhada, não tinha grandes ferimentos.— O que todos estão fazendo aqui, transformando meu lar em quê?Foi então que a porta foi aberta com um chute. Afonso entrou, o rosto pálido de raiva.Débora correu para ele como quem vê um salvador, chorando copiosamente. — Afonso, ela me maltratou.— Beatriz, é você novamente? — Afonso franzia a testa, seu olhar para ela era complexo.Ela que sempre fora tão frágil e doce, como um coelhinho manso que precisava de seu cuidado e companhia. Mas agora, ela se mostrava feroz como um tigre.Ele sabia que seu tipo era mais como Débora, mas por algum motivo, ver Beatriz dessa forma também despertava seu interesse. Ele nunca havia realmente conhecido a verdadeira Beatriz!Essa sensação de desconforto apertava seu coraçã
Afonso observava sua silhueta com uma complexidade em seu olhar, surpreso por ela estar disposta a se humilhar por Daniel.Ele apertou os punhos silenciosamente, com uma fúria ardente em seu coração.Beatriz voltou ao quarto, onde algumas mulheres já haviam se arrumado, mas ainda pareciam desalinhadas. A Sra. Pacheco tinha uma marca de mão no rosto, e Débora segurava a barriga, visivelmente abalada.— O que você quer agora, vai nos bater de novo?Elas tremiam, encolhidas juntas.— Eu fui precipitada... não deveria ter recorrido à violência, Sra. Pacheco. Espero que a senhora possa me perdoar, esquecer essa ofensa.A surpresa foi geral, ninguém esperava que Beatriz se rendesse tão rapidamente.— Você... está falando sério? — A voz da Sra. Pacheco tremia.— Sim, agi sem pensar nas consequências, me desculpe. — Ela se curvou sinceramente em pedido de desculpas.A Sra. Pacheco ajeitou a roupa, erguendo-se com dignidade.— Então agora você pensou nas consequências, sabendo que o tio do meu
Daniel não tinha nem um pingo de poeira em si, o que mostrava o quão fácil tinha sido lutar contra eles.A expressão de Afonso era de extrema insatisfação.— Sr. Dias, sua chegada é mais que oportuna. Sua esposa realmente precisa de disciplina, e eu estava apenas tentando, com toda a boa vontade, dar-lhe uma lição.Ao ouvir isso, Daniel puxou Beatriz para perto de si, encarando Sra. Pacheco com um olhar que ela não ousava retribuir. Era evidente que o olhar de Daniel era intimidador e frio.— Minha esposa não está sob sua jurisdição para ser disciplinada.— Ela me atacou!— Bia, foi assim mesmo?— Não, ela que começou. Eu deveria apenas ficar parada e apanhar? Desde o início, foi ela quem me provocou, unindo-se a outras para me intimidar. Ela me atacou primeiro, e eu apenas reagi.Beatriz não sabia por que, mas ao ver Daniel, sentiu um alívio imediato, como se tivesse encontrado seu porto seguro, esquecendo-se de que ainda estava zangada com ele e que ainda não o havia perdoado.— Se f