As palavras dele eram como facas, e a raiva borbulhou no peito de Sarah.— Thomas, você... não me deixou abrir a boca naquela noite. Se tivesse permitido que eu falasse, tudo teria sido esclarecido e não estaríamos aqui nos acusando.Sarah sentia o peso da frustração crescer dentro dela enquanto se lembrava da noite em que tudo aconteceu. O silêncio imposto por Thomas a deixara sem voz.Agora, ele parecia incapaz de perceber o quanto a responsabilidade era dele também.— Você acreditou nela sem sequer verificar se era a verdadeira mãe da criança — continuou Sarah, a indignação transparecendo em cada palavra.— Você tomou decisões precipitadas, Thomas, e agora estamos presos nesse ciclo de desconfiança.Thomas olhou para ela, a confusão e o arrependimento refletidos em seu olhar. Ele sabia que suas ações tinham consequências, mas a dor de ouvir as verdades que Sarah estava colocando em palavras era quase insuportável.As acusações dela eram justas, e ele se viu lutando para encontrar u
Sarah se trancou no quarto, tentando processar a montanha de emoções. Durante meses, ela se convencera de que Adrian era apenas o filho de Anna e Thomas. Afinal, eles eram casados...Afinal, agora tudo fazia sentido. Cada conexão que sentia com Adrian, cada momento em que ele parecia ser mais do que um paciente: ele era seu filho.A alegria de reencontrar Adrian se misturava com uma raiva que ela não conseguia conter. Anna havia destruído sua vida, roubado seu filho e deixado que ela acreditasse no pior. Como se não bastasse, ainda tentou matá-la ao atear fogo na casa.Sarah olhou seu reflexo no espelho, os olhos espelhavam sua determinação e o rosto transmitia uma força que ela nunca havia experimentado anteriormente.— Anna não vai escapar desta.Thomas permaneceu isolado em seu escritório, enquanto tentava assimilar a verdade arrasadora. Adrian, que ele acreditava ser seu filho biológico com Anna, na verdade, era fruto do relacionamento conturbado dele com Sarah.Perdido em seus pe
Na manhã seguinte, Thomas convocou Sarah para um encontro no jardim. O sol matinal filtrava-se pelas árvores, lançando sombras que dançavam suavemente no gramado. Ele parecia exausto, mas havia uma determinação ardente em seus olhos que Sarah nunca havia visto antes.Um silêncio profundo se instalou, quebrado unicamente pelo sussurro do vento nas folhagens e pelo canto distante dos pássaros, um claro contraste com a tempestade emocional que os dois enfrentavam.— Vamos discutir sobre a Anna — declarou ele, com uma voz resoluta e direta.— E sobre o que faremos a partir de agora.Sarah cruzou os braços, seu olhar fixo e desafiador.— Não há o que pensar, Thomas. Ela precisa ser confrontada pelo que fez. Pelo que roubou de mim.Thomas assentiu, seu maxilar tenso como uma corda prestes a estourar.— Concordo plenamente. Mas precisamos ser estratégicos. Anna não é do tipo que recua facilmente. Ela vai lutar com todas as armas.Sarah avançou um passo, seus olhos brilhando com uma determina
Naquela tarde, Sarah sentou-se no escritório com Thomas, cercados pelos documentos que haviam reunido: Papéis antigos, registros médicos e tudo que poderia ser usado para confrontar Anna. O ambiente estava carregado de tensão, mas também de determinação.— Precisamos construir uma base sólida, — disse Thomas, quebrando o silêncio. — Não podemos deixar espaço para que ela negue ou manipule as coisas como sempre fez.Sarah folheava os papéis à sua frente, buscando respostas que ajudassem a fechar o círculo de mentiras.— Tudo começa com a verdade sobre Adrian e Aurora, — respondeu ela, sua voz baixa, mas carregada de convicção. — Precisamos provar que ela sabia desde o início. Que ela roubou não só minha vida, mas a deles também.Thomas inclinou-se sobre a mesa, apontando para um registro específico.— Isso pode ajudar. É o histórico médico de Adrian logo após o nascimento. Algumas coisas não batem, principalmente as datas. Se cruzarmos isso com os relatórios do hospital onde Anna disse
Thomas e Sarah entraram na sala de reunião com passos lentos, como se carregassem um peso invisível nas costas. O médico-cirurgião cumprimentou sorridente, mas ficou sério.— Vamos discutir a escolha do doador — começou o médico. — Antes de qualquer decisão, é importante destacar que as duas, Sarah e Aurora são compatíveis, mas há fatores a se considerar.Thomas apertou a mão de Sarah com determinação, um gesto mudo de solidariedade. Ela inspirou profundamente, esforçando-se para conservar a compostura, mas a apreensão transparecia em sua expressão.O médico destacou três pontos principais:‘Recuperação de Aurora’: Como Aurora é uma criança, sua recuperação física seria mais rápida. No entanto, o impacto emocional poderia ser mais significativo devido à sua ligação com o irmão gêmeo.‘Riscos para Sarah’: Sarah enfrentaria maiores riscos físicos e precisaria de mais tempo para se recuperar, o que poderia afetar sua capacidade de cuidar das crianças.‘’Consentimento de Aurora’: Mesmo se
O estado de Adrian piorava a cada dia, e a atmosfera na mansão Lewantys estava carregada de tensão. Sarah passava noites em claro ao lado da cama dele, observando o filho lutar para respirar, enquanto Thomas se revezava entre o hospital e a casa, tentando manter a calma por Aurora.Os resultados dos testes finais de compatibilidade ainda não haviam chegado, e cada minuto parecia uma eternidade.Sarah sentia o peso da decisão que estava por vir. Estava chegando o momento crítico de determinar quem seria mais compatível para a doação. E se Aurora fosse a mais compatível? A simples possibilidade trouxe um nó à sua garganta.Se Aurora fosse escolhida, isso significaria expor sua filha a um procedimento médico complexo e potencialmente doloroso.Sarah sabia que Aurora era jovem demais para passar por um procedimento tão complexo, isso só deveria ser feito em última instância.— Não posso permitir que seja ela, se houver a menor chance de que possa ser eu a fazer a passar pelo procedimento
O momento em que Sarah e Adrian receberam alta foi marcado por uma mistura de alívio e emoção. A mansão, antes mergulhada em silêncio e incerteza, agora se preenchia com uma nova energia de esperança.Thomas abriu a porta da casa com um sorriso que ele não conseguia conter. Aurora era a mais feliz, correu para o irmão, envolvendo-o em um abraço bem apertado.— Mamãe, papai, Adrian, vocês chegaram! — exclamou ela, irradiando de felicidade.Ainda fraco, mas sincero, Adrian retribuiu o abraço com um sorriso tímido.Sarah observava a cena com o coração cheio de gratidão. O medo e a tensão dos últimos dias finalmente estavam sendo substituídos pela tão esperada paz.Thomas se aproximou de Sarah e segurou sua mão com carinho.— Nós conseguimos, — ele murmurou, olhando nos olhos dela.Sarah assentiu, sentindo as lágrimas brotarem novamente, mas desta vez de alívio.Apesar do retorno ao lar, a mansão ainda era marcada por momentos de tensão. Thomas e Sarah evitavam conversas pessoais e focava
Nos primeiros dias após a doação Sarah sentiu desconforto localizado, que foi amenizado com o ' uso de analgésicos e medidas simples.No procedimento de transplante de medula, a ocorrência de rejeição é incomum, mas pode ocorrer. Por isso, Sarah permaneceu ao lado do filho, garantindo todos os cuidados necessários até que ele se recuperasse completamente.Após algumas semanas, Sarah e Thomas decidiram que era hora de enfrentar Anna de uma vez por todas.Contudo, como sempre, Anna parecia estar um passo à frente. Quando chegaram à casa dela, encontraram apenas uma mensagem afixada na porta, escrita com uma caligrafia cuidadosa, mas carregada de desprezo:— Se vocês acham que vão vencer, estão subestimando do que eu sou capaz.Thomas olhou para Sarah, que segurava o papel com os dedos trêmulos, os olhos fixos e duros.— Ela sabe que estamos chegando perto, — disse Sarah, com a voz grave.Thomas assentiu, a mandíbula tensa.— E isso a torna ainda mais perigosa.Anna já estava em ação. De