Observar o pôr do sol parecia ser a única coisa que tranquilizava o coração de Luara White. Aquela fusão de vermelho, amarelo, laranja e um leve toque azulado transmitia um sentimento que a mesma se esquecera durante um tempo demasiadamente demorado. Quantas vezes lhe viera à mente aquele singelo sorriso? E aos ouvidos, aquela voz cheia de sentimentos e tons graciosos? Como sentia falta de seu querido pai. O Sr.White sempre tivera um grande coração e por onde passava sempre portava alegria. Lua só não compreendia como homem de tal caráter tivera conseguido chamar atenção da morte sendo tão novo e tão bondoso.
Enquanto o sol se perdia e a escuridão começava a se expandir, Lua se recordava do quanto seu dia houvera sido um completo desastre, uma perdição sendo mais exato. Seu grito de socorro ainda se encontrava entalado em sua garganta e enquanto os dias percorriam ficava mais difícil de segurá-lo, todavia, ao menos ao colocar um sorriso no rosto parecia um belo disfarce diante da sociedade, seus sorrisos verdadeiros já eram extintos e nem alcançavam seus olhos. Quando tivera dado seu último sorriso? Talvez antes do falecimento do pai? Talvez antes de descobrir que sua mãe entrara em grandes dívidas? Ou talvez, antes de descobrir que sua mãe se tornara prostituta? Na verdade, nem a pobre Lua se recordara.
-Luara!!!LUA!!!Zara, sua irmã de oito anos, interrompia seus pensamentos enquanto corria em sua direção.
-Hã...qual o motivo de tamanho escarcéu, Zara?_ Lua se dirigiu a sua irmã mais nova. A menininha encontrava-se junto a Amélia. Sua prima. Que perdera os pais em um acidente e logo fora adotada pela família White.
Lia tinha cabelos louros e lisos. Eles eram longos e batiam em sua cintura. Amélia, jazia em um vestido simples, amarelo e sapatilhas vermelhas, que refletiam toda a delicadeza da garota de oito anos . Com uma graciosidade impecável para sua idade. O oposto de Zara, que apesar de ter a mesma idade da prima, não esboçava sorriso algum. Usava, como já de costume, os cabelos negros presos com alguns fios a solta, e um vestido azul junto a uma bota escura, uma aparencia um tanto triste, por se dizer.
-Lia disse-me que tu participarás da eleição do príncipe Izaac Lordien. Não creio que sejas capaz de me abandonar com a mamãe, para se infiltrar no meio de um castelo e um príncipe metediço!_ respondeu Zara, enquanto gesticulava os braços, demonstrando seu descontentamento.
-O que? O príncipe está à procura de uma esposa?...pensei que veria a morte antes de vê-lo se casar. Todavia, de onde tirastes essa ideia absurda Lia?
-Acabaram de dar o anúncio na praça, vão ser sorteados um nome por província, sendo ao todo 10 eleitas, entre 17 e 21 anos...em momento algum disse que tu serias uma elegida. Meramente, comentei como ficaria esplêndida em um daqueles belos vestidos de princesa _ Amélia sorria sonhadora.
-Tu não pretendes participar do sorteio, não és Lua??_insistia a menina de cabelos negros.
-Não, certamente não. Nem que me dessem uma boa quantia para isso_ Confirmou Lua, já cansada de tal assunto.
-Na verdade, as moças que foram sorteadas, ganharam uma boa quantia em dinheiro e..._ Tentou Lia, até ser interrompida por Zara.
-Isso não importa Amélia. Lua já decidiu-se!
-Mas isso não...
-Basta!! Chega dessa discussão inútil!!_ Lua se direcionou ao seu quarto, com sua paciência por hora já esgotada.
Deitada na cama, observando o teto, Lua se via imaginando como seria participar da eleição. Provável que teria inúmeras vestimentas. Um enorme quarto, com uma cama prazerosamente confortável. Banquetes todos os dias. Uma vida digna de princesa. Ao menos é o que se passava em sua mente um tanto quanto atordoada, já que nunca esteve em uma seleção. Contudo, a garota tinha certeza de um ponto, ponto esse ao qual ELA NÃO PARTICIPARIA DESSA SELEÇÃO! Seria loucura deixar Zara e Lia com a sua mãe, Sara White. Sua irmã em particular surtaria, já que não se encontrava em um bom relacionamento com sua mãe. Na verdade, Sra.White não tinha amor algum com a mais nova de suas filhas, por algum motivo desconhecido e misterioso, que ela jamais revelaria, ou, ao menos era o que a mulher pretendia. E por mais que a pequena Zara tentasse se aproximar, Sara jamais permitia tal ato, o que levou a garotinha a desistir da proximidade, a tornando uma garota com caráter um tanto frio.
Com um suspiro longo, Lua se levantou e foi ao preparo do jantar com a ajuda de Zara e Lia. Durante o processo as pequenas garotinhas só sabiam discutir sobre a eleição. Se Luara White estava surtando? Obviamente que sim, a mesma preferiria no momento usar o espartilho mais apertado do mundo, do que ter de ouvir uma discussão tão boba de duas garotas de oito anos.
-O que tu achas do príncipe Izaac, Lua?_ perguntou Lia enquanto se sentava à mesa.
-Bom, eu só o vira pelos jornais. Devo dizer que ele é um belo homem, de fato, é impossível não reparar. Porém, por ser da realeza deve ser um homem arrogante, petulante e mimado._ respondera Lua com total convicção.
-Concordo, ele deve ser um homem terrivelmente estúpido._ concordou Zara, e logo após se instalou um silencio, não muito duradouro, já que um escândalo demasiado preencheu o lado de fora da casa. Levando as meninas da mesa a se olharem com um olhar triste, já que as mesmas sabiam do que se tratava.
-Isso é abominável..._ disse Lia cabisbaixa.
-Ao menos, eu gostaria de entender o porquê dessa revolta contra o cristianismo._ Zara seguiu os mesmos pensamentos da prima.
-Os cristãos são perseguidos por quererem, eles vivem algo que é ilegal em nosso reino_ disse Lua.
-Tu sempre, disse-me que devemos seguir o que acreditamos. Porque agora tu julgas pessoas que fazem exatamente isso??_ indagou Zara.
Luara se transtornou por um momento, e se dirigiu a sala antes que fulminasse sua irmã apenas com um olhar. A mesma por acaso acabou vendo pela janela, algumas mulheres cristãs sendo maltratadas e chicoteadas. Provavelmente, em seguida essas mulheres já se encontrariam mortas, o que fez passar pela mente de Lua o dia da morte de seu pai. Sr.White houvera sido morto do mesmo modo. A verdade é que até mesmo ela concordava com os pensamentos de Lia e Zara, mas ela também sabia o preço de defender o que se ama e acredita.
Algum tempo já havia se passado. Lia se encontrava em um sofá juntamente com a Lua e ambas tricotavam, e conversavam sobre quais eram as linhas mais viáveis a serem usadas. Zara se via perdida no mundo de seu livro, assentada em uma poltrona perto da clareira, aproveitando prazerosamente o calor que lhe era proporcionado. Quando de repente, de jeito bruto a corriqueiro, a porta da sala foi-se aberta. Levando as garotas a um breve susto e rapidamente conduziram seus olhares para a porta. Onde avistaram a Sra.White. A mesma apresentava-se com um vestido vermelho, justo e decotado ao busto.
-Lua, minha filha, tu soubestes da eleição? Soubestes da quantia em dinheiro que será dada às famílias das elegidas?_ Perguntou Sara com um longo sorriso.
-Ouvi por cima mamãe_disse Lua voltando sua concentração ao tricô.
-Bom... isso não importa, todavia, tive uma ideia brilhante minha filha. Uma ideia que nos trará a liberdade sobre as dívidas.
-Sério mamãe? Então me diga. Que brilhante ideia seria essa minha cara mãe?_ disse Lua com um tom debochado e totalmente desinteressado. O que ela não esperava era a resposta que sua mãe daria. E a surpresa e indignação da jovem fora tamanha, a levando a espetar a ponta da agulha em seu dedo. Não acreditando no que ouvistes, ela perguntou de maneira desesperada:
-O QUE??
-Tu participarás da eleição do príncipe Izaac!!
-Filha, tu sabes que é o único jeito, nós podemos pagar as dívidas e restaria dinheiro para mudarmos de vida!!_ disse Sra.White. -Todavia, nem sabemos se serei uma eleita. Duvido muito que de tantos nomes, justo o meu sejas sorteado_Lua não parava de andar de um lado ao outro, repentinamente pareceu que o mundo fora contra ela, até sua mãe houvera surtado com essa ideia de eleição. -Lua não pode participar!_proferiu Zara, tão cansada quanto a sua irmã sobre tal assunto. -Essa não é uma decisão sua pirralha. Lua não está no direito de escolha_Sara já se encontrava com os nervos à flor da pele, afinal quem aquela garota minúscula pensava que era, para contrariá-la? Pobre Zara, se soubesse da verdade e dos mistérios que cercavam sua vida. -
-Se Deus realmente me ama, porque Ele nos permite passar por sofrimento?_ Zara perguntou, por mais que ela, agora tivesse absoluta certeza que Deus a amasse, ela não entendia como um ser de amor poderia permitir tanto sofrimento.-As vezes Ele te deixará passar por sofrimento, e não pense que Ele não sofrerá junto a ti, ou que não se importa. Foi por amor a ti, que Ele sofreu naquela cruz, e é por amor a ti, que quando tu sofres, Ele sofres junto contigo. É por amor a ti, que Ele sofres. O fardo que tu carregas, não conseguirá carregar sozinha, por isso tu tens de ir até Ele, tens de se entregar a Ele, tens de confiar nEle...tu procuras descanso, vá até Ele, e Ele te dará...todavia, essa decisão vai vir de ti. Deus te ama tanto que não te prendes a Ele, Ele te dá o livre arbít
A princípio foi deveras difícil de Luara White concordar com a ideia demasiada de sua mãe. Sara White queria que sua filha fosse selecionada, e para isso a garota ao menos necessitaria participar do sorteio. Lua não estava com vontade alguma de colaborar, entretanto se pegou surpresa quando Zara também passou a insistir que a irmã participasse do sorteio. Justo a mesma que era contra.Quando fostes fazer sua inscrição ela não se encontrava nos seus melhores dias, e para complicar ainda mais, sua mãe e prima não fechavam a boca um único segundo, elas se encontravam mais animadas do que a própria Lua. Na verdade, Lua estava achando tudo aquilo um exagero de sua mãe. Afinal, como em centenas de garotas justo o seu nome seria sorteado? Todavia, ela havia sido elegida, e essa notíci
Luara se encontrava deveras encantada com o extenso jardim abundante a flores e todos os tipos de plantas possíveis. Jamais vira coisa igual aquilo. Seus olhos tinham um intenso brilho e seu rosto refletia um imenso sorriso. Sorriso esse que lhe era verdadeiro e revelava sua grande admiração.-Nunca vi olhos tão brilhantes _ disse príncipe Jaspian que estava parado a frente de Luara. O pequeno príncipe imaginava que a garota fosse gostar do jardim, contudo não imaginou que a moça teria tal reação. Ela já admirava o jardim a quase dez minutos.-Desculpe-me alteza. Eu jamais presenciei tal coisa. Esse jardim não lembra-te de um belo conto de fadas?_ disse luara ainda perdida no grandioso jardim.-F
Os primeiros raios de sol já se encontravam presentes acompanhados de uma leve garoa que aos poucos se iniciava. Era início de primavera. As flores logo começariam a dar vida ao reino de Breamfox, principalmente a capital do reino. Lightsfull, ficava linda na primavera. O castelo ficava ainda mais banhado pelas flores e com um clima do qual, a rainha Eliz Lordien considerava perfeito. Ela realmente amava flores e os habitantes da capital concordavam com sua rainha. Afinal, era quase impossível não concordar. O reino, realmente ficava com um clima gracioso quando estabelecia-se a primavera.O dia anterior havia mudado todas as expectativas de Lua, ou quase todas, já que a mesma não tinha vontade alguma de conquistar o coração do príncipe Izaac. Todavia, desejava se aventurar na imensidão daquele castelo, p
Os segundos pareceram parar por um longo tempo para Izaac. Ector estava tão pasmo quanto ele e Lua se encontrava confusa com aquela situação. Izaac se perguntou várias vezes, por quais motivos, Hilary Rossi estaria justo em seu castelo. Eles raramente se viam. Na grande parte das vezes eram em bailes. No entanto,o príncipe chegou à conclusão de que, talvez, fosse algo relacionado aos pais de ambos. Hilary não havia mudado nada. Continuava sendo uma bela mulher e parecia estar mais elegante do que nunca.-O que a senhorita faz aqui?_ perguntou Izaac, de forma rígida e o sorriso, que outrora, se encontrava no rosto da srta.Rossi, aos poucos sumiu e suas bochechas se ruborizaram. Ela pigarreou e disse:-Meu pai, tem negócios a tratar com o Rei Lordien e mamãe achou uma b
Izaac tivera tido vários encontros durante a semana. Nenhuma das sorteadas fizera ele ter o coração disparado, as borboletas no estômago, ou até mesmo os arrepios na pele. Entretanto, havia se passado somente uma semana. Ele compreendia que isso exigia tempo. Ele não encontraria seu verdadeiro amor em uma semana. Esse tempo nem ao menos daria a ele a oportunidade de conhecer as 10 mulheres. Observar os pequenos detalhes. Conhecer suas verdadeiras personalidades e decidir qual seria sua esposa. De fato seria uma atitude muito impensada, caso fosse realizada. Portanto, lá estava ele, há cerca de cinquenta minutos esperando srta.Zoe Mckee, em frente a porta do quarto dela. O máximo que o distraía, eram os passos rápidos e desesperados que vinham de dentro do quarto. Obviamente deveriam ser empregadas.-Será que vai
O abraço rodeado de emoções durou por volta de alguns longos minutos. Nenhuma pessoa presente no salão se atreveu a interromper o singelo momento. Contudo, isso não durou muito tempo. De repente Hilary surgiu acompanhada de Ector. Ambos riam demasiadamente. Pareciam distraídos conversando sobre algum assunto deveras engraçado.-Como tu podes não se lembrar Hilary? Tu tinhas, cinco anos. Tu nem sequer imaginou que aquela coisinha vermelha era uma pimenta. Depois que comestes, começou a gritar e correr por todo o palácio. Os empregados ficaram desesperados sem saber o que estava acontecendo _ dizia Ector rindo.-Não me lembro, mas tenho absoluta certeza de que a imaturidade pode ser minha defensora. Afinal eu tinha apenas cinco anos, Ector!_ disse Hilary fazendo