O dia se ergueu ensolarado, e eu me vi ajeitando uma cesta de guloseimas para uma manhã nos jardins em companhia de Lady Ellen e Lucas. Há dois dias que ela não colocava os pés para além da varanda da sala de leitura, e não faria bem ao menino, o ar viciado daquela casa cheia de adultos eternos. Ele precisava de espaço para correr. Nada melhor, então, do que um piquenique.
Eu, por outro lado, ansiava por notícias da França que n&a
Chegamos a Orléans era noite plena, e eu não trocara uma palavra sequer com Edmund desde que deixáramos Limoges. Em nossa última parada, eu cochilara um pouco dentro da própria carruagem, tencionava poupar todo tempo perdido desnecessariamente em minutos ganhos da nossa chegada à Paris antes do prazo previsto. Entretanto, as noites mal-dormidas começavam a verter seu efeito em meu humor, e com um meio sorriso, mesmo tendo sido descortês com ele inúmeras vezes naquela viagem, Edmund sugeriu:— Façamos um descanso merecido de algumas horas a mais do que o normal. — Estendeu-me o braço para que descesse do coche. — Os cavalos precisam de descanso, &aa
Chegamos a Paris. Era noite. A estalagem, nos limites da cidade, estava vazia e não houve problemas em conseguirmos quartos.— Monsieur — o dono deixou no ar para que fosse completado por Edmund.— Conde Ernöyi e Condessa de Vaslui.— Senhor, eu não percebi. &m
Eu abri os olhos, ciente de que estava só, ainda que meu corpo todo estivesse aquecido pelo dele. Como explicar a mim mesma que, em anos, aquela havia sido a noite na qual me esquecera do mundo? Na qual eu realmente dormira sem me preocupar com o amanhã... com o que viria? Eu estava protegida de tudo e me sentia segura. Afundei meu rosto no travesseiro onde ele dormira, ao meu lado, e inspirei cada nota de sândalo que ele deixara ali. Abandonei-me nos meus erros.— Bonjour, princesa — sussurrou no meu ouvido, sem que eu o tivesse visto entrar. — Está quase na hora de irmos — completou sob
O desejo latente pelo cheiro, o gosto dele. E eu rolava na cama, tremendo.E escorreguei por cima do corpo pequeno ao meu lado, brilhando em escarlates. Afastando os cabelos escuros de seu rosto. Tão lindo o meu menino... Tão parecido com ele. Minha língua passeou em suas feições, serenas... Sem me temer. E eu chorei, trazendo o corpo dele, mole, contra o meu. Se ao menos ele pudesse me matar antes que eu fizesse isso a ele.Apertei-o firme contra mim, e com um beijo delicado em sua testa voltei a deitá-lo sobre os lençóis. Saí da cama e me aninhei no chão, entre a porta e o armário. Eu mataria quem passasse por aquela porta, jurei em
De almas sinceras à união sincera.Nada há que impeça. Amor não é amor,se quando encontra obstáculos se altera.Ou vacila ao mínimo temor.Amor é um marco eterno, dominante,que encara a tempestade com bravura; Chegamos a Paris na manhã seguinte e nos abrigamos numa estalagem nos limites da cidade. Os cavalos estavam muito castigados, não aguentariam mais duas léguas. Ajudei-a sair do coche, já que insistiu que estava bem disposta e juntos nos postamos à frente do dono do lugar. Uma nova entrevista para o quarto, na qual eu me vi obrigado a revelar nossa condição de amantes, já que era parte do nosso plano, e me senti imensamente agradecido de entrar no aposento e me ver livre desse comportamento na frente de outrem. — Como se sente? — indaguei ao retirar o casaco e o laço do pescoço.A Tempestade - Edmund
Foi a primeira noite, desde que começamos aquela missão que a vi dormir profundamente, abraçada ao meu corpo enquanto a acarinhava lentamente, guardando aquele momento para mim. Beije-lhe os cabelos por onde desciam meus dedos com ternura. Seria realmente uma traição pertencermo-nos dessa forma? Alguém poderia nos recriminar por nosso amor eterno? Deixei-me dormir algumas horas, acalentado no calor do corpo onde começava e terminava minha existência.Levantei ainda era madrugada, Lise dormia serenamente e aproveitei para me livrar do corpo do renegado. Não demorei muito nessa tarefa, minha velocidade aliada à correnteza do rio Sena e tudo estava resolvido. No entanto, minha volta à estalagem não
Eu a vi subir naquele coche com a estranha sensação de que deveria impedi-la de ir. No entanto, por mais que aceitasse que esse era um aviso de meus sentidos imortais diante do conhecimento que Victor alegava ter de nossos interesses, seria o mesmo que entregá-la de mão beijada para ele. Se eu tinha a pequena chance de neutralizar Victor, eu a usaria para manter Lise a salvo juntamente a Inês. Tudo estava devidamente acertado para que Francis, meu estimado cocheiro e Protettori honorário, levasse Lise a salvo de volta para Órleans, onde Derek assumiria a guarda dela até Limoges. Tudo deveria ser feito tão rápido quanto a presença dos renegados permitisse. Eu não era um tolo de achar que Victor mandaria Inês sem prote&