Início / Urbano / Além da Escuridão / Capítulo 4 – O Recomeço
Capítulo 4 – O Recomeço

Foi intensa a tristeza que tomou conta dos novos amigos conquistados por Leopoldo em tão pouco tempo, a igreja em peso chorou a morte do irmão que tantas alegrias trouxe a comunidade, os jovens. Crianças e adolescentes com quem ele diversas vezes brincou pelas ruas de bola e lhes contou suas histórias engraçadas lamentaram sua partida. Carlos permaneceu inconformado por várias semanas. Até que lembrou dos conselhos deixados pelo amigo e decidiu seguir em frente.

 Pensou no curto tempo de alegria que ele teve antes de partir e de como pouco pôde aproveitar. Olhou em volta e observou seus dois filhos, esforçando-se para vê-lo reagir e se levantar, saindo do poço de derrotas no qual se encontrava e tomou a decisão de virar a página, em nome do amigo que se foi, da família que ainda lhe restava e por si mesmo. Naquela noite escolheu visitar o bar “Meu Cantinho”, localizado na Avenida Independência. Uma área cercada por comércios e armazéns, além de uma enorme feira livre, bastante movimentada e atraia muitas pessoas naquele horário para relaxar depois do cansaço diário.

O lugar estava, como de costume, lotadíssimo. Era o mesmo que pertencia a sobrinha do amigo Leopoldo, falecido semanas atrás. Após um tempo em pé, sem ter onde assentar-se, foi convidado pela educada mulher a se acomodar numa das mesas que havia sido liberada e foi bem recebido pela mesma.  Permaneceu ali até que todos os outros clientes se foram. Ela retornou, assentando-se ao seu lado como quem estivesse mesmo interessada numa boa conversa, o que aconteceu, quando ele decidiu contar a ela sua história de vida.

 Meire, tornou-se uma agradável companhia nos finais de semana, quando Carlos aparecia naquele local em busca de alguém para conversar. Mas só podia contar com sua total atenção depois que todos os outros clientes tivessem ido embora. Os filhos e vizinhos perceberam certa mudança no alcóolatra. Que passou a ficar mais tempo em casa e só saia para beber nas noites dos sábados e domingos, sempre no barzinho da nova amiga.

Afastou-se das más companhias, cortou o cabelo e fez a barba e alguns já indagavam se ele não estava namorando alguém. Parecia impossível que de alguma forma estivesse ocorrendo uma transformação positiva na vida daquele moribundo. Amargo e cheio de revoltas, mas era exatamente isso que acontecia.

 Depois de conhecer Meire, a proprietária do barzinho onde costumava frequentar, decidiu apostar nisso e com a ajuda da nova amiga conseguia o inesperado. Os dois rapazes viam a mudança no pai e se alegravam, mas não o incomodavam com perguntas para evitar causar qualquer dano ao processo de transformação pelo qual ele estava passando. Diversas vezes ele teve momentos de crise, devido a abstinência temporária do álcool.

Pois tinha por hábito ingerir bebidas alcóolicas todos os dias, começando logo cedo e agora somente aos finais de semana. Era uma luta enorme que travava contra o impulso diário de querer se embriagar, mas pedia que o traçassem no seu quarto e por nada deixassem-no sair. Teve ocasiões nas quais se irritou, quebrou móveis, chamou palavrões, os vizinhos interviram, pensando no pior. Mas logo eram orientados sobre a situação e ajudavam os rapazes a mantê-lo ali, em rédeas curtas, pois esse era seu desejo e suas ordens. Alguns achavam errado o método usado para mantê-lo longe da bebida.

Diziam ser mais correto leva-lo a uma clínica de tratamento para dependentes químicos, mas eles não tinham condições financeiras para tanto, até que Meire, sabendo do esforço do amigo em se manter longe do vício, decidiu leva-lo a uma reunião num grupo anônimo de dependentes. Desde então ele começou a ter certeza de que alcançaria a libertação desejada.

A dedicação daquela mulher em ajudar Carlos na sua recuperação foi tão forte que contratou uma pessoa para tomar conta de seu estabelecimento e passou a leva-lo pessoalmente, todos os dias, às reuniões no grupo de apoio. Além disso, acompanhava de perto sua visita ao médico. Alimentação em casa, que ela mesma fazia questão de preparar, e seus horários de descanso.

Meire era proprietária de um bar, servia bebidas alcóolicas a seus clientes como meio de sobreviver, mas viu naquele homem um tremendo esforço de querer se libertar do vício que o destruía, então decidiu ajudá-lo a alcançar seu objetivo. Além do que já se sentia atraída por ele, se comovia com sua história de vida e via nele um enorme potencial para ajudar outras pessoas a conhecerem à Deus.

 Pois seu conhecimento sobre as Escrituras Sagradas era surpreendente e todos precisavam voltar a ouvir seus ensinamentos, inclusive ela mesma. A muito tempo atrás ela, também, foi obrigada a deixar de lado sua antiga fé. Nasceu numa família evangélica. Seus pais eram missionários e desde cedo aprendeu sobre a salvação por intermédio do sacrifício feito na cruz pelo Filho de Deus. Ainda bem jovem casou-se com um homem que, semelhante a Carlos, dedicou sua vida ao ministério pastoral e foi vítima da traição de falsos obreiros.  Tiveram suas reputações manchadas por acusações e perderam toda a credibilidade que levaram anos para conquistar diante de seus rebanhos.

Foram vencidos pela raiz de corrupção e engano que existe plantada dentro das religiões, criadas e lideradas por pessoas completamente desprovidas do verdadeiro compromisso com o evangelho e a missão de salvar as almas perdidas no pecado, discípulos do maligno e não de Cristo. Infelizmente, diferente de Carlos, seu esposo não foi forte o suficiente e caiu diante de seus perseguidores de maneira mortal.

Ele cometeu suicídio e ela teve que conviver com a dor daquela tragédia, abandonando a religião e sobrevivendo lá fora, num mundo desconhecido e cheio de armadilhas espirituais. Das quais se manteve longe por grande parte de sua existência, por ter nascido em um lar evangélico nada sabia do poder que as trevas possuem do outro lado da cortina.

Para sobreviver e sustentar os dois filhos, ainda pequenos, teve que aceitar de tudo, desde do trabalho pesado até dormir ao lado de quem não amava. Se prostituiu, vendeu seu corpo, foi violentada e sofreu escárnios por parte dos que antes a admiravam.

Mas agora viam sua desgraça, no meio cristão é assim que funciona, se um de seus membros se perde, afastando-se do grupo, eles desprezam. Não visitam, não se compadecem nem estendem a ele suas mãos para ajudá-lo a voltar ou se levantar. Jesus Cristo, durante um de seus sermões. Exemplificou essa falha no meio da igreja ao citar a parábola do Bom Samaritano, que por ter sido vítima do ataque de seus inimigos encontrava-se jogado à beira do caminho.

Ao passarem por ali aqueles que conheciam a Lei e o dever de ajudar seu semelhante não lhe prestaram socorro e foi exatamente um samaritano, pessoa considerada repugnante e a escória da sociedade judaica daquela época.  Quem se comoveu e sarou suas feridas. Tudo parecia fazer esse mesmo sentido na vida daquele casal, Carlos era o homem ferido que estava jogado a beira do caminho. Enquanto que Meire, atuava como o bom samaritano, ajudando-o a se reerguer. Uma mulher mundana, desviada da fé cristã e por todos os que a conheciam considerada indigna de atenção e respeito.

 Sim, foi exatamente nela que Carlos achou forças para tentar se libertar. Um ano depois de iniciar o tratamento da dependência alcóolica. Ele já se sentia outro homem, com sonhos e propósitos renovados, pena não ter sido antes de perder o emprego, mas para ele estava tudo certo, não iria lamentar.

 Agora que estava se libertando gradativamente do maldito vício e tinha encontrado uma razão para se reerguer, pois se apegou profundamente à mulher que tanto o ajudou, Carlos precisava recomeçar.  Meire passava o tempo todo em que estavam juntos, cobrando-lhe isso. Queria que ele retomasse os rumos certos de sua vida, parasse de olhar para trás e retomasse as rédeas de seus antigos sonhos.

Na verdade, ela cobrava dele as mesmas atitudes que precisava colocar em prática, afinal, também fracassou. Quando perseguida pelos falsos cristãos ao lado do esposo não foi forte o suficiente para ajudá-lo a dar a volta por cima e destruí-los. Mas, dessa vez tudo seria diferente, pois não pretendia sofrer nova derrota, Carlos seria um vitorioso na sua luta contra os inimigos que certamente se levantariam contra ele. No propósito de impedi-lo durante a nova caminhada em direção ao futuro que se despontava.

 Entretanto, diferente de Janaina, que ao invés de segurar fortemente às mãos do esposo e incentivá-lo a seguir em frente para superar todas as adversidades e conquistar seu espaço no lugar que era seu por direito, mesmo que fosse noutro ministério ou numa religião diferente daquela na qual atuava.

Meire, sua nova parceira de luta. iria apoia-lo até que recuperasse a dignidade, condição essa roubada por seus adversários. A maior dificuldade seria convencê-lo de que a culpa por tudo o que lhe aconteceu não estava no Deus em quem ele confiou durante toda sua vida. Mas no poder real das trevas que, usando de astúcia, apoderou-se da fraqueza de pessoas ambiciosas e causou-lhe todo aquele mal. Foram meses de tratamento para alcançar o objetivo almejado, que era a desintoxicação. 

Afim de que ele pudesse renovar as forças e retomar a caminhada. Meire, juntamente com Daniel e Danilo, esforçavam-se como podiam para fazê-lo aceitar a ideia de que Jesus ainda o amava. E queria lhe dá a chance de superar toda aquela adversidade. Mas, apesar de já está sóbrio e quase que totalmente liberto das crises, devido a abstinência do álcool, mostrava-se extremamente irritado, quando o assunto era religião, fé e qualquer tema voltado à vida religiosa.

As feridas causadas pela dor da traição vinda da parte daqueles em quem devotou sua inteira confiança. Ainda lhe ardiam no peito. Com a alma amargurada e um forte sentimento de vingança, ele repugnava o simples pensamento de um dia voltar a conviver próximo a eles.  Retornar ao convívio cristão seria a única maneira de Carlos França retomar seu ministério perdido.

 Mas para isso deveria libertar-se totalmente da bebida, reconciliando logo em seguida com a igreja da qual se desligou por vários anos, casar-se novamente e recomeçar do zero. No entanto, esta era a grande dificuldade encontrada por Meire. E todos que desejavam ajuda-lo. Porque sua mágoa permanente contra tudo o que dizia respeito a comunhão cristã o impedia de sequer pensar em voltar a seguir tal caminho.

 Foi ideia de Daniel pedir para a irmã, Denise, que visitasse o pai e o convidasse para irem ao culto na igreja próximo de casa. A princípio ela recusou, mas, devido a insistência do irmão e da tia com quem morava acabou cedendo e fez esse esforço para ajudá-lo a ir ao templo. Aquele domingo foi especial para Carlos que estampava no rosto um largo sorriso acompanhado de um forte brilho nos olhos. Por ter a seu lado a filha que tanto amava, foi alegremente recebido pelos irmãos no templo e durante o culto os corais louvavam a Deus e ele voltava no tempo.

Lembrando cada momento vivido juntos a seu rebanho, quando pastoreava as ovelhas que o Senhor lhe entregou. Ele lhe pediu para que às conduzisse no caminho ao céu. Dentro do peito o coração acelerava a cada louvor, a cada mensagem ouvida, a cada nota musical. Porém, foi no instante em que uma linda jovem subiu ao púlpito para cantar.

E passou a entoar uma canção extremamente espiritual, cuja letra parecia ser uma repreensão divina, que ele não aguentou e derramou-se em pranto, reconhecendo o quanto errou ao culpar à Deus pelo seu infortúnio.  A canção lhe feria a alma, fazendo-o perceber a distância em que se encontrava do Pai Celeste e como precisava voltar aos seus pés, para adorá-lo, reconhecendo a beleza de sua santidade.

 E, enquanto sentia entristecido o espírito, a jovem continuava a entoar aquele lindo louvor, que dizia: “No Getsêmani foi que meu Jesus orou se entregando ao Pai mais uma vez. Logo vieram pessoas para o levar, para a maior de todas as provações. Ele tanto amou, tudo suportou, ele carregou a nossa cruz. Veja os cravos nas suas mãos, seu corpo a sofrer naqueles momentos de dor.

 Veja o Mestre a chorar e saiba que foi por mim e por você que ele mostrou tanto amor. Os soldados cuspiam no seu rosto e ainda é possível ouvir o clamor da multidão, cega pelo poder do mal, exigindo sua morte. Enquanto Jesus olhava para o céu azul e pedia ao Pai que lhes desse o seu perdão...” Ao findar a música o pregador inicia uma mensagem dentro do contexto apresentado pelo louvor, falou sobre o castigo que foi lançado sobre o Filho de Deus, sem que ele merecesse. Relembrou aos presentes do quanto Jesus foi escarnecido e humilhado injustamente. 

Ele sofreu escárnios em lugar dos pecadores, para que assim todos quanto o aceitassem em suas vidas pudesse gozar do perdão divino. Novamente serem aceitos como herdeiros de Deus. Reprendeu aqueles que por terem sido perseguidos ou acusados sem culpa pelos adversários desistiram de permanecer na caminhada, lado a lado com seu Salvador.

Tirando a mão do arado e abandonando a fé naquele que em nenhum momento desistiu da terrível missão de resgatá-los da condenação eterna.  As palavras do pregador eram duras e ouvidas por Carlos com muita atenção, ele era firme no que pronunciava.

 Olhava firmemente para seus ouvintes, diferente dos demais que passaram por ali. Parecia mesmo estar sendo usado por Deus para despertar na igreja e em seus visitantes a importância de se voltar para Cristo e retomar a antiga caminhada da qual se apartaram. A pregação encerrou em quarenta minutos, não havia mais necessidade de prolongar, pois a mensagem já havia sido repassada e os resultados logo seriam vistos. Novamente os corais voltam a entoar louvores logo a seguir o pastor da igreja convoca todos a ficarem de pé.

 É chegada a hora do convite feito aos que sentirem o desejo de entregarem suas vidas aos cuidados de Jesus ou dos que estiverem afastados a se reconciliarem com seu Criador. Carlos ouve o chamado, mas algo insiste em relutar dentro dele para que não dê o primeiro passo rumo ao altar. É a escuridão resistindo ao chamado da luz, porém, seus três filhos se reúnem numa só determinação de ajuda-lo a tomar coragem de se decidir e o convidam a segui-los à frente.

E ele os acompanha para cair de joelhos diante do Senhor e lhe pedir perdão por ter sido tão fraco. Confessar seus pecados e novamente ser aceito como filho, para que outra vez seja digno de cumprir sua missão como mensageiro de Deus. A igreja permanece de pé e glorificam o poder do Espírito Santo em resgatar das garras do maligno mais um de seus filhos, era a ovelha perdida sendo salva pelo Bom Pastor. Toda honra e glória foram dadas ao Senhor de toda a terra e seu ungido recomeçava ali uma outra parte de sua importante história.

 Passando da morte espiritual para uma vida repleta de experiências.  As quais futuramente seriam usadas para ajudar novas vidas que precisavam de salvação. Depois de agradecer a filha caçula por ter aceito o convite para vir ajuda-lo naquela difícil decisão. Ela partiu mais uma vez, demonstrando dar pouca importância a mudança que viu acontecer na vida do pai.

 Sua frieza com a família que a gerou era impressionante, parecia mesmo desprezá-los por puro prazer, considerava-se parte daqueles com quem morava e via os pais e irmãos como pessoas desprezíveis dignos de seu repúdio.  Mas Carlos a perdoava, não guardava rancor algum, entregava tudo nas mãos do Deus que um dia lançou fora de sua vida, no esquecimento, mas agora voltava a reconhece-lo como um Mestre amado a quem dedicaria sua inteira. Sua total e completa dedicação. Seria, entretanto, necessário tempo e paciência, pois sua vida como um ébrio e as acusações que ainda pesavam sobre ele.

 A separação da primeira esposa e o fato dela estar vivendo com outro homem, o que tornava inviável uma reconciliação, levaria a impossibilidade de ele ser aceito como um líder espiritual.  Então, como deveria agir, qual as chances de se reerguer? Estas eram as dúvidas por parte daqueles que intentavam ajuda-lo, mas, o próprio Cristo afirmou que tudo é possível ao que crer. Foi neste particular que Walter, um antigo companheiro que atuava como diácono nos tempos em que Carlos era pastor, surgiu com uma proposta irrecusável:

 — Meus irmãos, em Cristo, não fiquem preocupados com este detalhe em particular. O pastor Carlos e eu fomos grandes amigos no passado e muitas vezes pude contar com seu apoio quanto às minhas privações financeiras, pessoais e até mesmo as ministeriais.

Hoje, ocupando uma posição semelhante a que ele ocupou naquela época, sinto-me no dever de retribuir toda a ajuda recebida. Apoiando meu amado irmão neste momento tão delicado, quando ele se esforça para recuperar seu antigo ministério pastoral. Na verdade, não procurei por ele antes porque tinha notícias de seu estado de completa dependência alcóolica e sabia de sua aversão às coisas de Deus. Mas, agora que está sóbrio e desejoso de recomeçar como um ministro de Deus, vim lhe fazer uma oferta

 — Bem, pastor, quero me apresentar ao senhor. Meu nome é Meire de Alencar, sou uma amiga de Carlos e quero agradecer a sua gentileza em vir aqui para nos dar seu apoio. Mas, nos diga, qual seria mesmo essa oferta que acabou de mencionar?

— Sim, minha querida irmã, trata-se de uma grande oportunidade para Carlos reiniciar seu ministério pastoral

— E como seria?

— Bem, eu não faço mais parte do antigo ministério, onde eu e ele atuávamos juntos no passado. Hoje, faço parte de uma nova plataforma de fé pentecostal, mais séria e fiel aos princípios divinos, mais compromissados com o evangelho e os ensinamentos de nosso Mestre Jesus Cristo. E, conhecendo bem a forma íntegra como ele atuou no antigo campo no qual trabalhamos, acredito que certamente se sentirá confortável com a doutrina cristã que professamos

 — Bem, alegro-me bastante com isso, creio que Carlos irá gostar de ouvir sua proposta. Entretanto, como o pastor já pôde perceber, ele está ausente no momento.

 E nenhum de nós podemos afirmar ao certo sobre qual será sua decisão a respeito, mas prometo deixá-lo a par de sua proposta e logo em seguida entraremos em contato

— Perfeito, minha irmã, ficarei aguardando sua ligação

Logo em seguida, Meire deixa Carlos a par das novidades e juntos passam a examinar as informações fornecidas por Walter sobre a nova religião que acabara de chegar ao Estado. Visitando alguns de seus templos para conferir a doutrina ensinada. Tudo estava correto, nada contrário ao que afirmavam as Escrituras Sagradas, era hora de entrar em contato com o antigo amigo e discutir sobre os pormenores.

 A maior preocupação era como evitar que o conselho do novo ministério não levasse em conta seu passado vergonhoso e desconsiderasse as acusações que ainda pesava sobre seus ombros, pois logo que soubessem de sua ligação com a nova igreja seus inimigos iriam tentar impedir sua ascensão ao cargo.

Mas, depois de ouvir Walter explicar a forma como a convenção agia ao receber seus novos filiados, tranquilizou-se em relação a tais dúvidas.  Finalmente o tratamento chega ao fim e Carlos se torna um homem restaurado, disposto a tudo para refazer o tempo perdido.

Recuperar seu ministério e mostrar a seus adversários que o acusaram injustamente que nada pode deter os que nasceram com missão de servir a Deus. Meire possuía uma propriedade localizada próximo da avenida principal do bairro onde moravam e cedeu para que fosse construído o novo templo.

 Após ser devidamente filiado à nova convenção, Carlos assumiu o campo de trabalho como pastor evangelista ao lado dos filhos e de sua nova esposa. O casamento com Meire se deu no dia primeiro de julho daquele ano, era um lindo dia de verão, o templo encontrava-se decorado com muitas flores. Todos os convidados compareceram como previsto.

 A cerimônia ocorreu normalmente e em seguida ofereceu-se um jantar aos amigos no salão anexo ao templo, entre os que se fizeram presentes durante o enlace matrimonial estavam, também, pastores, ministros e líderes evangélicos, os quais prestigiaram o casal e o parabenizaram pela grande conquista.

  Nas semanas seguintes espalhou-se o boato por entre os cristãos sobre a inesperada recuperação e retorno de Carlos ao ministério pastoral. Muitos dos quais o desprezaram, apunhalando-o pelas costas, foram visitar o templo onde ele pastoreava. Fizeram isso apenas para conferir se era mesmo verdadeiro os comentários feitos a respeito. Enquanto seus inimigos admiravam-se de seu retorno ao púlpito como o esplendido pregador que sempre foi.

 Carlos e sua equipe de auxiliares, formada a partir de obreiros de outras igrejas que decidiram apoia-lo na sua nova empreitada, evangelizavam pelas ruas, becos e valados em busca de almas sedentas de paz. Precisavam de amor e compreensão, e lhes apresentavam Jesus Cristo como a única solução para suas vidas. Como viveu muitos anos jogado na sarjeta em companhia de outros viciados tornou-se uma referência de superação para eles. Facilitando suas conversões. Os presentes recebiam facilmente a palavra de fé e esperança vinda dos lábios daquele que até pouco tempo dividia com eles a mesma garrafa ou copo de bebida.

O respeitavam e lhe seguiam confiantes de que a seu lado alcançariam a mesma transformação espiritual e a oportunidade de viverem uma nova existência, livres da escravidão que o álcool e as drogas lhes proporcionavam. Em poucos meses o templo que tinha capacidade para mais de trezentas pessoas estava lotado. Teve ocasiões em que precisaram improvisar cadeiras e espaços para acomodar tantos visitantes.

 Que quase sempre se convertiam ao evangelho e retornavam para suas casas transformados. Logo o conselho percebeu o enorme potencial de Carlos e Meire no trato com as almas e decidiram unanimemente consagrá-los a uma maior posição eclesiástica. E de pastores evangelistas se tornaram presidentes do campo onde atuavam, comandando outros de posições inferiores.

Tomando decisões importantes e com poder para ordenar novos candidatos ao ministério local.  Em dois anos o casal edificou novos templos, ordenou novos líderes e permitiu à igreja se instalar mais amplamente em vários pontos estratégicos da cidade. Tornando-se mais forte na evangelização de pessoas necessitadas de Deus e convertendo-as a seguirem no caminho da salvação, passaram a incomodar outros ministérios.

 Principalmente aqueles que pertenciam a seus inimigos declarados, autores da conspiração que manchou a boa reputação conquistada no passado e agora viam-no ressurgir das cinzas como um verdadeiro milagre do Altíssimo. Ocorriam reuniões constantes na Convenção Estadual, onde líderes de diversos campos evangélico procuravam encontrar uma forma de parar o rápido crescimento da nova igreja, que chegou e em pouco espaço de tempo cresceu assustadoramente:

 — Precisamos achar uma forma imediata de controlar a expansão desse novo ministério, eles vieram sabe-se lá de onde e estão por toda parte, senhores, tomando nossos territórios conquistados com tanto esforço!

 — Sim, e não começamos hoje, estamos aqui neste Estado e no restante do país a mais de um século, fomos os primeiros a implantar o pentecostalismo no Brasil desde 1911, e não podemos permitir que um grupinho de pastores qualquer roubem essa conquista que nos pertence por direito!

  — Concordo plenamente com nosso presidente e vice no que diz respeito a tomarmos uma providencia para coibir esses invasores, mas o que os pastores propõem que façamos?

Pois este ministério mal chegou e já estão presentes por todo o Estado e centenas de nossos congregados já mudaram de lado, seguindo após suas doutrinas?

— Que tal ser você, caro Milton Farias, a nos dá uma ideia do que fazermos diante de tal ameaça ministerial? Afinal, foi o irmão quem primeiro teve a péssima ideia de perseguir o pastor Carlos França e desacreditá-lo diante de todos, convencendo este conselho de que ele seria um perigo às nossas ações nesta convenção, por ser um homem fiel em extremo a suas convicções cristãs

— Sim, pastor, a colocação é bem oportuna. Que tal agora nos ajudar a resolver esse terrível problema que surgiu de suas escolhas erradas e nos precipitou a tão tenebroso resultado?

— Caros pastores, compreendo que diante de tamanha preocupação tenham motivos o bastante para tentar encontrar um bode expiatório para culpa-lo por tudo isso, mas não esqueçam que se agi precipitadamente e no final chegamos a essa situação foi com o apoio de todos presentes nesta reunião, se os senhores não tivessem me dado total autoridade nada teria sido feito

 — Então, de acordo com a resposta do irmão, nós agora somos os verdadeiros responsáveis por tudo de pior que está acontecendo?

 — Perdão, pastor Gilberto, mas é exatamente isso que tentei explicar! Todos nós concordamos em criar motivos que nos dessem razões para expulsar Carlos França deste ministério. E não me venha com consciência pesada, tentando se inocentar das decisões que juntos tomamos neste conselho contra aquela inocente família

— Admiro-me de vê-lo reconhecer a inocência do homem que acusou publicamente de ser um devasso, ladrão e indigno de continuar à frente de sua própria igreja, que liderou durante muitos anos. Por acaso não foram estas as acusações que o amado pastor lançou impiedosamente sobre aquele pobre coitado?

— Sim, e não me orgulho disso, mas se não tivesse tomado tal atitude seria ele a estar sentado nessa cadeira como presidente e não o senhor!

     — Senhores, por favor, paremos com essa fútil discussão e vamos nos ater aos fatos que nos é mais importante neste momento tão crucial, precisamos conter o avanço dos nossos adversários o quanto antes melhor!

— Pastor Francisco tem razão, paremos de nos acusarmos uns aos outros e vamos focar nossas atenções na busca por soluções mais objetivas. Para começar, lembremos que cometemos o grave erro de expulsar deste ministério um grande evangelista e hoje ele pertence ao lado oposto, aquele contra quem teremos de combater

— Amados, por acaso não somos todos filhos de um mesmo Deus e nossa causa não é semelhante? Então porque estamos aqui reunidos em conselho, traçando planos e estratégias para enfrenta-los como se fossemos inimigos? Belém do Pará não é uma terra pertencente a essa ou aquela religião e qualquer denominação, seja ela pentecostal ou não, tem toda a liberdade de vir aqui e anunciar a Jesus Cristo aos pecadores. Não é correto calar a boca de novos missionários, ambicionando territórios ou campos, pensando apenas nos lucros financeiros advindos de dízimos e ofertas.

Que são doados pelos membros de nossos templos. Lembre-se que para o Senhor, o mais importante são as almas que conseguimos levar a Deus

 — Sabe, pastor Pedro, ficamos bastante emotivos com suas palavras de um verdadeiro servo de Cristo, mas lembre-se que temos muitas despesas a serem pagas em nosso campo e que isso se faz com dinheiro. Além disso, os invasores não estão se apoderando de nossa gente apenas para conduzi-las ao céu, eles buscam recursos financeiros tanto quanto nós!

— Compreendo, caro irmão, mas penso que estamos priorizando o lado material da igreja e relegando a segundo ou terceiro plano as coisas espirituais, quando deveria ser o oposto

— Pois tente manter seu ministério sem considerar o lado financeiro, amado irmão, e veja se será capaz de subsistir por muito tempo. Todos nós um dia tivemos um coração totalmente voltado apenas a expansão do evangelho, mas depois de um certo tempo percebemos que o mundo é uma máquina movida através do dinheiro e se não tivermos o bastante ficaremos sucumbimos em dívidas e muitos outros problemas que nos levarão a um caos sem precedentes. Então, recomendo que pare de julgar nossas atitudes e comece a nos ajudar a encontrar uma maneira de evitar que em breve percamos todos os nossos ofertantes e dizimistas para essa nova denominação e terminemos com nossos cofres vazios!

 — Muito bem, presidente, bom argumento!

 — Isso mesmo, devemos expulsar estes invasores de nossos campos o quanto antes!

 — Vocês dois, Francisco e Pedro, sugiro que enviem alguns dos nossos irmãos auxiliares de maior confiança para os templos desses invasores para observarem de perto suas doutrinas, liturgias de cultos e tudo o que possa nos ajudar a encontrar um ponto fraco para desestruturá-los! Os restantes de vocês, por favor, encontrem suas próprias formas de cooperar com esse objetivo primordial, que é retomar nossas ovelhas roubadas por estes falsos mestres!

A reunião encerrou-se logo após os presentes receberem as instruções e o plano malicioso de Gilberto foi imediatamente colocado em ação por seus liderados. Nomeado a presidente da convenção estadual daquela denominação pelo mesmo conselho que causou a destruição de Carlos.

 Ele era implacável com seus opositores e reagia com violência, se preciso fosse, diante das ameaças que surgissem diante de seu corrupto ministério. Sua intenção era se manter na posição de líder maior da igreja o máximo de tempo possível.  Depois repassar ao filho o cargo, também pastor e a quem já tinha colocado como seu vice, usando meios inescrupulosos, após sua saída voluntária ou ao ser jubilado.

O ato de jubilar um líder espiritual é afastá-lo de suas funções por diversas razões Devido à idade, grave enfermidade ou qualquer razão que não o torne mais apto a continuar exercendo suas atividades. Portanto, se essas eram suas intenções, ficava obvio a necessidade de impedir qualquer coisa que tentasse impedir seu total e permanente controle. Sobre a atual posição que ocupava. Pois estava frente à sua igreja.

Diversos obreiros foram enviados como espiãs aos templos da nova denominação evangélica recém espalhados por todo o Estado. A doutrina era menos rígida de que a ensinada pelos antigos guias e os fiéis a abraçaram com grande facilidade. Principalmente os mais jovens que eram proibidos de usar roupas consideradas extravagantes ou mundanas, bem como viver em plena comunhão com os descrentes.

Carlos França era contrário à toda essa liberdade religiosa, pois acreditava no alerta dado pelo Mestre Jesus de que um pouco de fermento pode contaminar toda a massa, porém, mesmo presidindo a comunidade local não possuía poderes que o levasse a impedir tais costumes e isso o fez pensar em se desligar daquele ministério assim que lhe fosse possível.

Seguindo deu próprio conceito de vida cristã, ao lado de Meire, seus filhos e as ovelhas de seu rebanho que desejasse segui-lo.  Sobre este assunto chegou a conversar com a família por diversas vezes e foi bastante compreendido por todos, pois eles concordavam com suas ideias a respeito da santidade que os filhos de Deus devem ter. Sempre que possível. Reunia-se com sua igreja e pregava-lhes um sermão elaborado com textos bíblicos sobre o assunto.

Seu alvo era de antemão prepara-los para estarem aptos a escolher entre seguir as ordenanças divinas ou os costumes pecaminosos do mundo que lhes cercava. Os demais líderes da nova ordem religiosa, ao contrário dele, não estavam preocupados com a qualidade espiritual de seus discípulos, mas com a quantidade, pois disso advinha um saldo maior nas tesourarias dos templos, como Gilberto havia citado.

 Os pastores do outro lado não estavam invadindo seus territórios à procura apenas de seguidores na intenção de conduzi-los a Deus, mas visavam os lucros, assim como ele mesmo, Gilberto, costumava fazer. Era o sujo, falando do mal lavado. Aquilo entristecia o coração de Carlos e de todos os outros que sofriam ao ver o evangelho ter se tornado apenas um meio de ganhar dinheiro.

Uma desculpa para atrair quem estivesse sofrendo qualquer tipo de angústia espiritual e lhes prometer a libertação. Com essa doutrina maligna obtinham em troca recompensas materiais, ele presenciava ali cenas absurdas praticadas em nome de Cristo durante os cultos. Tudo era feito para convencer a igreja a doar seus bens mais preciosos para homens e mulheres que se identificavam como profetas enviados pelo Senhor.

 Quando na verdade vínculo algum tinham com ele. Todo aquele engano lhe fazia lembrar as duras palavras de Cristo ao afirmar que no final dos tempos surgiriam os falsos cristos. Convertendo a verdade em mentira e enganando se possível até os escolhidos. Lembrava da hipocrisia dos que lhe cavaram uma cova. 

Anos atrás, e contemplava diante de sua face lobos vorazes dispostos a qualquer coisa para acumular seus tesouros mal adquiridos. Precisava sair dali fundar seu próprio ministério, limpo, santo, sem ganancias ou outro interesse que corrompesse os bons costumes que aprendeu desde que se decidiu a andar na presença de Deus.

Durante o tempo que passou presidindo seu novo rebanho só acumulou para si a confiança de muitos dos seus congregados, certamente o seguiriam para onde fosse.  Eram famílias inteiras cativadas a não se distanciar das verdades divinas expostas nas páginas da Bíblia Sagrada, a verdadeira. Palavra que conduz o mais vil pecador a uma nova vida, e ele era, naquele momento, a maior prova de que o evangelho limpa o homem de suas impurezas mais profundas e Cristo pode mudar sua história de fracassado a um vencedor.

Carlos França não era como os outros guias espirituais conhecidos pelos cristãos.  Ele se destacava por trazer como bagagem as marcas do sofrimento vivido durante os doze anos em que se manteve distante da luz divina. Seus ensinos não eram vazios, pois falava com segurança das situações mais terríveis que passou ao lado de outros que, como ele tropeçaram nas adversidades da vida. E acabaram sucumbindo em suas próprias fraquezas. Mas por um milagre foram erguidos do poço de lama onde se encontravam.

 Deram a volta por cima e ali estavam, a seu lado, cantando o hino da vitória.  Portanto, não tinha dúvidas de que se decidisse recomeçar do zero, todos o acompanhariam. O templo que atuava como pastor presidente era de sua propriedade e seu desligamento acarretaria apenas em perder sua importante posição eclesiástica e ter que caminhar clandestinamente, desligado de qualquer convenção local.

Mas isso não seria um problema, poderia se filiar noutras existentes por todo o país, assim, anunciou a seus auxiliares a decisão de romper com o conselho e fundar seu próprio ministério. Colocou diante deles a proposta de iniciarem juntos essa ousada empreitada e viu neles o amor pela obra e a coragem de segui-lo por onde quer que andasse.

 A capacidade que sempre teve de liderar levaria Carlos a conduzir de forma impressionante seus seguidores em direção ao surgimento de uma nova denominação evangélica que, como desejou que fosse, teria como único objetivo conduzir pecadores ao pé da cruz de Cristo, sem interesses materialistas e ambiciosos.

O templo Príncipe da Paz, construído na propriedade de Meire e que deu início ao novo ministério que o acolheu era de sua propriedade, visto que ela agora era sua esposa. Portanto, ninguém poderia contestar que ele e seus discípulos permanecessem cultuando no local depois de seu desligamento, e assim aconteceu. Cerca de quatrocentos fieis se mantiveram firmes na decisão de ajuda-lo no novo projeto e com esse apoio sentiu-se motivado a prosseguir. O incentivo da família e de sua igreja eram como colunas que o sustentavam rumo ao futuro brilhante que o aguardava.

 Depois de tantas perseguições parecia ter chegado o momento em que finalmente realizaria o sonho de criar uma religião cristã. Realmente comprometida   com o autêntico evangelho de Cristo e sua missão de transformar o mais vil pecador numa nova criatura. A cada vitória ao lado daqueles que o apoiavam podia compreender as razões pelas quais Deus permitiu sua queda diante dos inimigos que o alvejaram com mentiras e acusações. Era intenção do Altíssimo prepara-lo para algo maior e mais promissor.  Fazia parte de um grande plano para elevar o servo do Senhor a uma posição superior.

Onde ele pudesse ser capaz de decidir o caminho certo por onde o rebanho deveria seguir até alcançar as mansões celestiais e assim se cumprisse a promessa feita por Jesus, que afirmava: “E onde eu estiver, ali estareis vós também”. A notícia sobre o desligamento do pastor Carlos França do antigo ministério causou alívio em seus adversários. Isso por acreditarem ter ele sido banido mais uma vez e deixado de ser uma ameaça a seus propósitos

Sabiam de sua influência sobre os novos convertidos e de como o admiravam, devido sua trajetória de vida, seu afastamento significava que se tornaria mais fácil convencer os desgarrados a voltarem ao aprisco.  Através da influência de seus ensinamentos muitos cristãos deixaram suas congregações de origem.

Rebelando-se contra as velhas ideologias dos que viam o evangelho como forma de acumular bens e riquezas materiais. Mas agora, pensavam eles, sem sua influência conservadora aos princípios de santidade do verdadeiro cristianismo seria fácil convencê-los a voltar. O que eles não sabiam era que a intenção de Carlos se firmava exatamente na possibilidade de levar com ele o rebanho resgatado do pasto envenenado por suas arrogâncias.

Tanto a primeira convenção de pastores. Como a segunda, onde atuou como um autêntico líder espiritual poderiam até prosseguir com suas doutrinas do materialismo religioso, mas aqueles que um dia ouviram seus ensinos jamais voltariam a segui-los. Ele seria seu guia rumo as capinas do Jordão, em direção a terra prometida, a uma existência de paz com seu Criador.

No decorrer dos meses só aumentavam o número de fiéis e templo tornou-se pequeno demais. Sem espaço para acomoda tão numerosa multidão, levando-o a adquirir novos imóveis para acomodar os irmãos que chegavam. Em menos de dois anos já se contavam dezenas de novas igrejas oriundas do incansável trabalho feito pelo evangelista Carlos.

 E sua equipe de auxiliares formada por jovens, adolescentes, homens e mulheres inteiramente comprometidas com a salvação dos pecadores do outro lado. Ouvia-se rumores de que seus inimigos se roíam de inveja ao ver sua prosperidade.  Todos que se alegraram ao vê-lo caído à beira do caminho e não foram sensíveis a ponto de estender-lhe as mãos agora contemplavam sua ascensão ministerial. Aquele a quem traíram e lançaram na cova dos leões saiu ileso de diante dos leões.

O inocente mancebo que jogaram na fornalha ardente por querer se manter fiel perante seu Deus e por negar-se a corromper-se com as lentilhas dos poderosos, estava ali, diante deles como um vencedor.  Sofreu todas as adversidades depois de por elas ter sido vencido, distanciou-se de seu Deus, mesmo tendo-o amado um dia e defendido sua causa com fervor.  Tornou-se um ébrio, uma vergonha para aqueles que antes o haviam conhecido e sabiam do potencial que tinha em conduzir almas para Cristo.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo