Meu olhar traça o rosto sereno de Téo, envolvido em um sono profundo, após chegarmos em nosso limite juntos, não conseguimos pronunciar uma se quer palavra, nem mesmo nos aninhamos um ao outro como acostumávamos fazer após sexo, meu coração se apertou, mas tentei me manter onde estava, sem procurar aconchego, eu não queria parecer fraca, emocinal, ou talvez sem coração, afinal, era ele que não sabia no que havia se trasnformado uma boa parte de sua vida, era ele quem não conhecia a mulher que dormia ao seu lado, então virando-me para o lado oposto da cama, de costas para ele, murmurei um boa noite, o sono demorou para chegar, mas chegou, segundos depois de ele adormecer também, então ali estava eu, acordei antes mesmo que o sol nascesse, e velava seu sono, deixando que lembranças me penetrassem, me fazessem sentir meu coração virar fragalhos.
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TÉO Minha cabeça está uma verdadeira zorra, uma bagunça por completo, desde a hora que acordei no hospital sentindo cada parte do meu corpo sentir como se tivesse virado um saco de pancada. As imagens eram um borrão, e apenas me lembrava precisamente de ter recusado sair com alguns amigos em plena sexta, e ido dormir exausto, em meu limite devido à semana de entrega de trabalhos da faculdade e de prática intensiva em meu estágio, nisso, até então eu tinha apenas vinte e três anos, em meu último ano de estágio e faculdade, solteiro, e sem planos para filhos no momento, e talvez pelos próximos dez anos pelo menos. Mas agora, tudo mudou, e indica que eu não só, conclui minha faculdade como entrei em um negócio com meu pai, o qual eu até então, me lembrava apenas de estar cogitado sobre. Toda via, não é apenas isso! Eu não só estou em um relacionamento sério, como estou... casado e um filho estava a caminho, um filho! Puta
TÉO Não sei como reagir diante minha mãe, e isso é estranho, mais estranho do que minha situação com Cecília. Até porque, com ela parece tudo novo, algo a ser definido, já com a minha mãe, as coisas parecem da mesma forma, e de algum modo confuso, por que não sei exatamente em qual pé paramos, estamos. Lembro de termos uma boa relação, a qual eu prezava muito, e muitas vezes não me sentia confortável em lhe dizer não, mas agora, parecia que algo havia acontecido, como se tivesse se rompido, desde o momento em que, pelo que eu me lembre, dei meu primeiro não a ela, e isso não me deixa nada confortável. Engulo seco, sustentando o olhar de minha genitora, ela parece impaciente. — Perdeu a memória, mas continua da mesma forma, sem um pingo de educação — Revirou os olhos, terminou de empurrar a porta ligeiramente fechada e passou por mim — Ainda não sei onde errei... — Resmungou dramaticamente, seguindo para a cozinha
CECÍLIADentro do meu carro, em frente a minha clínica, esfrego minha fronte, minha cabeça pesa, lateja, e meus ouvidos apitam, enquanto minha mente ri de mim.É inegável que o corpo de Téo reconheceu o meu na noite anterior, a forma como suas mãos me tocaram, o modo como seu corpo tomou o meu, deixaram isso claro. Foi evidente que em algum lugar dele, ainda existe vestígio de mim, de nós, toda via, do mesmo modo como tudo isso é incontestável, é claro que, a sua mente é a que comanda tudo, e ela está definitivamente apagada, uma bagunça. Eu vi isso nessa manhã, quando por um momento, ao sentir seus dedos me tocando intimamente, eu tive a esperança boba de que tudo não havia passado de um pesadelo, um dos meus piores… eu poderia sorrir, eu poderia soltar fogos de artifícios, então a confusão de meu
CECÍLIA Com as mãos na maçaneta da porta, suspirei profundamente, me preparando para encarar Téo, após literalmente fugir dele. A conversa com Zoe havia me dado uma nova visão a respeito do meu casamento, não que eu precisava que uma pessoa de fora me mostrasse o que devesse fazer, mas o modo como minha miga disse com propriedade das palavras me fez por um segundo parar de enxergar apenas essa sensação angustiante de não ter certeza do que me aguardava, do que seria meu casamento, foquei em outros pontos, como, eu não queria acabar com meu casamento, eu ainda amava meu marido da mesma forma, ou melhor, meu sentimento por ele, naquelas semanas intermináveis e incertas no hospital, me fez sentir mais a flor da pele, me fez amá-lo mais, e havia o fato de que, um pequeno ser humano estava crescendo em mim, um fruto que Téo havia ansiado, um fruto do nosso amor, que mesmo desconhecido por ele, existia... embora tudo tivesse uma bagunça, havia inúmeros motivos
CECÍLIA Meu olhar fica atento entre o médico e ele, logo na maca a alguns metros longe de mim, sentada em frente a ampla mesa do médico. Já fazia um pouco mais de um mês desde que ele ganhou alta, e estamos vivendo juntos, a atmosfera entre nós ainda era mio pesada, desconhecida até mesmo para mim, até por que, mesmo que antes estivéssemos em tipo de guerra conjulgal, havia lembranças, que eu acreditava assolar, tanto quanto eu. Mas eu tinha que lhe dar alguns crédito, ele havia tentado, todo dia me fazia mostrar alguma coisa que poderia ajudar com sua memória, foram tentativas vãs, é claro, minhas esperanças sobre ele se lembrar de mim, diminuiam cada vez mais, e minha insegurança aumentavam... mas eu também tentava, tentava ser compreensiva com a situação, paciente com ele, e tentava ajudá-lo com tudo ao meu alcance, e ali estávamos nós, em sua primeira consulta após o acidente. Téo havia parado de mancar, mas dores de cabeça que com
CECÍLIAHidratei minha face, meus lábios, então fiz um coque alto, frouxo, para que eu me sentisse a vontade quando me deitasse. Ouvi barulhos minimos sobre a cama, da cadeira giratória, em frente a minha penteadeira, me virei para a cama que dividia com Téo, ele estava inquieto desde que cedeu para os seus pais mais cedo, a respeito de ir no evento da empresa fernandes, não havíamos tido tempo para discutirmos qualquer coisa ainda, mas agora parecia uma hora perfeita, levantei-me de minha cadeira e me acomodei sentada no meu lado da cama, o olhar dele desviou-se do livro em que fingia ler para mim, um sorriso pacíficp curvou meus lábios.— Tudo bem? — Inquiri, ele assentiu colocando o livro no mesinha embutida na cabeceira da cama — Você parece tenso desde que aceitou participar do evento... — Resmunguei, deixando minha mão e
TÉOEu havia pegado o carro para dirigir pela primeira vez desde todo o ocorrido... Foi um momento tenso, para mim e para minha esposa, que se recusou a falar comigo até que chegássemos ao estacionamento do evento. Sentada no banco de motorista, ela sorriu para mim, parecendo orgulhosa, e até mesmo aliviada. Cecília estava radiante. Em um vestido de modelo corpete de seda e com uma fenda ousada, eu só conseguia pensar no quão bela ela estava, e como eu me sentia sabendo que ela era minha... não como uma posse, propriedade, mas de uma forma mais singular...Na primeira vez que a vi, assim que sai do banheiro, senti vontade de despi-la, de me enterrar em seu corpo, por que parecia quanto mais a tinha, mais a queria, e eu sinceramente não sabia de onde havia saído sentimentos tão primitivos, mas a olhando... em pé, em frente ao espelho, tentando subir o z&iac
CECÍLIA Eu não sabia ao certo definir em uma única palavra apenas, como me sentia... Enganada, frustrada, triste... profundamente triste. Téo teria mentido para mim quando me diz que não gostava dela? Ele teria escondido de mim por pena, ou para acobertar uma traição... não, não... esse não era o Téo que eu conhecia... ele nunca me faria pagar papel de idiota... ele terminaria... Inspiro e Expiro, andando de um lado para o outro na frente de nosso carro... ele estava com a chave, não tinha como nem mesmo abrir a porta... Uma mão quente e grande toca em meu ombro eu me desvencilho... sabendo que se trata dele, meu marido. — Não me toca... — Demando em uma falsa calma, não consigo nem olhar para ele. — Cecí... — Não, não, não — Grito com o olhar baixo, ardendo por segurar lágrimas idiotas — Me leva para casa, por favor... — Peço, ouço seu suspiro