Eu sei que durante essa história você vai me achar estranho então vamos começar do começo. Meu nome é Mathieu, eu sei é estranho, mas a explicação é a mais óbvia, minha mãe achou que seria legal colocar um nome com traços franceses, já que a família dela tem descendência.
Eu não tenho muito para falar sobre mim, tenho 17 anos e estou no último ano do Ensino Médio no Colégio Newton. Mas não tem nada de legal lá, eu sou um nerd invisível e pertenço a um grupo intitulado de Os Zés do Lol.
Pra ser sincero, eu não ligo para isso, prefiro ser um Zé do Lol do que um babaca do time de futebol da escola, as meninas correm atrás deles e, se for preciso, limpam o suor deles com a língua pra chamar atenção. Mas tem uma garota que não liga pra eles, ela é popular e eu sei que talvez nunca tenha chances com ela, mas ela é diferente, ela não liga pra popularidade, não fica com os caras bonitões e se preocupa bastante com suas notas.
Essa garota é a Marianne Sinclair, entende porque eu nunca vou ter chances com ela? O pai dela é dono da MissBeauty e eu sou só o filho da dona Fernanda da doceria, que aliás, rala muito pra pagar minha escola.
Minha vida é simples. Eu chego da escola, tomo um banho e almoço o prato de comida que minha mãe deixa na geladeira. Depois sento, faço os deveres e, aí, vou para o PC jogar com os muleques. Não somos chamados de Zés do Lol à toa, ficamos em média seis horas na frente do computador jogando juntos.
Somos em exatamente cinco, eu, o Cléber, o Rodrigo, o Samuca e o Leandro. Eu jogo de suporte, o Lê é o meu ADC, Rodrigo é o mid, Cléber o top e o Samuca o jungler, nosso maior sonho é montar um time profissional e ir jogar o CBLol e pra isso temos o nosso fundo dos champs. Sim, nós separamos uma quantia de dinheiro por mês pra poder juntar.
Além deles, eu tenho uma amiga no Lol, eu não a conheço pessoalmente, mas seu nick é Maclaire, é um dos únicos contatos que tenho com o mundo feminino, ela é legal e joga de ADC o que nos torna a botlane perfeita.
Mas, vamos aos fatos, hoje é sexta-feira. Estou na casa do Samuca para assistirmos à final do CBLol amanhã, vai ser um grande jogo, Kabum contra Pain. A mãe do Samuca pediu pizza para jantarmos e o moleques não param de falar do jogo.
-A Pain que vai ganhar! -diz Cléber
-Tá bom. -responde Leandro em tom sarcástico -Pois eu digo que não ganham. O Revolta sola o seu BrTT num piscar de olhos!
-Gente o que é isso? -pergunta Rodrigo -Somos um time, e não vamos ganhar nada com vitória de nenhuma das duas equipes.
-Vai dizer que você... -Cléber tenta argumentar
-Quer dizer que eu nada! -exclama Rodrigo, irritado -Vamos assistir o jogo amanhã e, independentemente de quem ganhar, nós vamos acompanhar e estudar todas as jogadas. Qual é galera, esse é o nosso último ano de escola, ano que vem o CBLol é nosso!
A cozinha explodiu em aplausos. Rodrigo sempre foi o apaziguador do grupo, sem ele, não teríamos chegado tão longe.
-Não vejo a hora de ser famoso. -diz Leandro -Quando as gatinhas vão cair no colo do pai.
-Ah não. -reclamo em tom de brincadeira -Eu já carrego você no colo, se tiver que carregar uma garota junto tamo ferrado.
Depois dessa discussão toda nós vamos para o quarto dormir. Em alguns instantes Cléber e Leandro já estão roncando e eu fecho os olhos tentando fazer o mesmo, mas então o barulho recomeça, escuto a voz do Samuca chamando pelo Rodrigo e logo em seguida os dois saem do quarto.
Queria muito saber o que rola entre esses dois, sempre com segredos entre si. Os outros nunca notaram, então, mesmo que eu comente, eles acham que é noia minha. A única com quem eu já comentei foi a Maclaire, ela acha que eles se pegam escondido, eu acho um pouco improvável, mas ela diz que um dos melhores amigos dela é gay então ela sabe.
-Math. -Leandro me chama -Tá acordado?
-Tô, o que foi? -pergunto
-Perdi o sono.
-E o que você quer fazer?
-Trouxe umas besteiras extras pra gente comer de madrugada. -diz Leandro -Tá afim?
-Comida? -A voz de Cléber ressoa no escuro -Alguém falou em comer? Eu tô com fome.
-Que novidade. -diz Leandro. -Tá esperando o que Math? Acende logo essa luz!
-Melhor não. -diz Cléber. -Eu não sei o que aqueles dois foram fazer, mas se acendermos a luz, eles vão saber que estamos acordados.
-Eles devem estar bem ocupados. - Eu digo .
-Eu duvido muito. -fala Leandro. - Eles devem ter ido comer alguma coisa também. Mas se eles realmente se pegam, não vão voltar pra cá se a luz estiver acesa. Então acende essa luz agora.
Então eu levanto do meu colchão e vou até a parede ligar a luz. A claridade incomoda meus olhos no início, mas rapidamente me acostumo e coloco meus óculos.
Ao lado de Cléber, está uma baita sacola com salgadinho, chocolates e uma garrafa térmica com café. Ele realmente se preparou para essa noite.
Enquanto comemos, ficamos jogando Uno. Leandro começa a falar de uma garota que ele tá afim e eu me distraio total da conversa pensando no sorriso de Marianne, se ela ao menos soubesse quem eu sou, se eu tivesse apenas uma chance, mas ela jamais sairia com um Zé do Lol.
-E você, Math? -Cléber pergunta.
-Eu o quê? -pergunto confuso.
-De qual garota da escola você gosta? -Leandro responde.
-De nenhuma. -minto.
-Ah vai me dizer que daquela infinidade de meninas lindas nenhuma te atrai?
-Leandro insiste.
-É, não gosto de nenhuma. -repito.
-Deve ter alguma garota que mexe contigo. -diz Cléber.
Eu não posso contar a eles, são meus amigos, mas não entenderiam. Preciso dar uma desculpa para que eles não desconfiem de nada.
-Até tem. -respondo. -Mas vocês não conhecem.
-Tem nome? -Leandro pergunta.
-Não sei o nome dela. Ela joga comigo de vez em quando. O nick dela é Maclaire.
Eu sei o que você tá pensando e eu não gosto dela assim, mas foi a única solução que encontrei para que eles desistissem.
Depois que assunto e a comida acabam, nós apagamos a luz e voltamos a deitar. Logo os roncos dos dois voltam a cortar o silêncio, eu fico um pouco mais acordado, tempo suficiente para ouvir Rodrigo e Samuca voltando para o quarto.
Na manhã seguinte, meu celular desperta às oito, tocando What makes you're beautiful. Eu o desligo e sento-me na cama espreguiçando-me. Bia está roncando na cama ao lado e, antes que pergunte, sim, a Bia tem a cama dela no meu quarto já que ela praticamente mora aqui.Eu desço da cama e vou para o banheiro enquanto checo meus afazeres do dia, felizmente não tenho nenhum evento social da MissBeauty, mas ainda tenho que ir ao shopping com Bia e Magnus, pelo menos vou fazer umas compras e talvez comer algo diferente no almoço.Eu tomo um banho rápido e lavo meus cabelos, depois os seco e passo a chapinha para deixá-los ajeitados. Saio do banheiro vestindo um roupão e vejo Bia acordando com expressão sonolenta.-Que horas são? -ela pergunta.
Nós acordamos cedo para assistir à final do CBlol, mas não é bem assim que a coisa acontece, logo que acordamos saímos para ir ao mercado e comprar besteiras para comer durante a tarde, sim saímos os cinco. Vamos até o mercado e pegamos tudo que você puder imaginar para comer, salgadinho, pão de queijo, nugget,s pão de alho, chocolate, biscoitos, refrigerante e algumas latas de energético, acredite ou não, o Samuca diz que tudo isso é necessário para estarmos bem atentos aos detalhes do jogo. Pegamos também pipoca para micro-ondas e algumas balas, tem tantas sacolas que mal dá para carregar.Nós saímos do supermercado e voltamos andando para casa do Samuca, porém, no meio do caminho, um motorista que estava na contramão passa o sinal vermelho, e atinge o Samuca, que voa e desmaia na mesma hora.Nós ficamos muito desesperados. Eu chamo uma
O plano de Magnus é simples, ele não tem o plano. Magnus sempre costuma planejar tudo, porém, nesta manhã, sua cabeça está nas nuvens, ele não para de falar sobro o acidente que viu na rua.-Eu tenho certeza de que era ele! -Exclama ele irritado. -aquele cabelo é inconfundível. Se eu pego o desgraçado que atropelou ele, eu o mato na porrada!-Magnus, o que raios aconteceu? -pergunto sem entender. -Quem foi atropelado?-O Samuel! Você não esta escutando falar?-Tô. -Respondo. -Mas eu não faço menor ideia de quem é Samuel.-Nada de importante. -responde Bianca. -Só a primeira paixonite dele.-Ah tá. O garoto tímido da aula de Educação Físic
No domingo de manhã eu levanto cansado. é dia de ir ao parque com meu primo, mas não tenho a menor vontade. Acontece que eu e meu primo temos nossas diferenças, mas ele gosta de me encontrar aos fins de semana para manter a amizade, ele diz que ajuda a manter as origens.Eu escuto a buzina do carro dele, então ponho a mochila sobre os ombros e saio para a rua onde ele me espera dentro de sua BMW. É, ele é rico, um fato que prefiro esquecer e me concentrar apenas naquilo que nos une.– E aí? – cumprimento entrando no carro.– Beleza? – ele pergunta. – Pronto pra corrida de bike?– Será que dá pra ser sem a bike? – pergunto. – Tô precisando movimentar os músculos.– Claro! – exclama ele. – Aconteceu algo de estranho?– Meu amigo foi atropelado ontem, a coisa foi um pouco feia.– Qual deles? – Meu primo pergunta.– O jungler. – respondo sabendo que ele não ligaria o nome à pessoa. – A gente tinha ido ao mercado, íamos assistir a final do CBLoL na casa dele
No domingo de manhã, eu me levanto bem cedo, pois Magnus irá passar na minha casa para irmos visitar o Samuel. Eu nunca falei com o garoto na minha vida, mas acredito que não seja assim, tão ruim.Coloco uma calça jeans e uma baby look rosa, prendo os cabelos em um rabo de cavalo e passo um pouco do meu perfume favorito. No rosto, um blush para dar cor e um batom mais avermelhado. Coloco um tênis mais esportivo e desço para a cozinha.Samantha está colocando a mesa, sozinha no ambiente e cantarolando uma música alegre.– Bom dia, minha querida! Acordou cedo.– Bom dia Samantha! – respondo. – Vou sair com o Magnus.– Num domingo de manhã? – ela pergunta espantada. – Algo muito grave deve t
O despertador toca às cinco. Eu abro o olho ainda no escuro tentando tatear meu celular. A lembranças do dia anterior ainda todas na mente. Marianne sentada ali, naquele sofá na casa do Samuca, eles rindo e conversando como velhos amigos.Levanto da cama e vou até a janela para sentir um pouco da brisa da manhã que, por algum motivo, cheira a cookies de chocolate. O vento levemente quente indica que a temperatura irá subir, infelizmente.Eu detesto calor, não há uma roupa que seja totalmente fresca e o uniforme do colégio é muito grosso. É claro que muitos alunos não usam, mas eu, como um bom nerd, tenho que usar. Então eu tiro o pijama e vou para debaixo do chuveiro, a água fria para que eu desperte mais rapidamente. Quem dera eu pudesse ficar uma hora ali embaixo.Depois de banhado
Tenho prova na segunda de manhã. Levanto bem disposta e vou para o chuveiro, tomar um banho para acordar. Fico pensando no dia anterior e na fala de Samantha, que ainda ressoa na minha cabeça.Aqueles garotos são muito unidos e jogam como uma equipe há bastante tempo. MTagáK uma vez me contou que jogava com seus amigos do colégio e formavam um time juntos e que ele jogava comigo por diversão, porque eu era uma garota legal.Também me recordo que ele me contou que é apaixonado pela garota popular de seu colégio e ela nem dá bola para ele. E, se ele for, realmente, o Mathieu, há uma grande chance de essa garota ser eu. Ainda mais, se eu levar em conta a forma que ele reagiu quando me viu na casa do Samuel.Saio do banho e visto uma calça jeans, eu raramente uso uniforme, meu pai considera-o
Sinto meu coração parar. De repente, tudo gira fazendo sentido, mas não consigo acreditar.– Isso é uma brincadeira? – pergunto incrédulo. Ela começa a digitar.– Não. Também não consigo acreditar que você é o Math. – Maclaire responde.Meu cérebro está à milhão tentando processar a informação. Ma de Marianne e Claire do Sinclair, como não tinha percebido antes? É tão óbvio. Minhas mãos estão trêmulas e não consigo digitar uma palavra sequer. As mensagens dela continuam chegando.– Você ainda está aí?... Me desculpe, não deveria ter falado assim do nada... É que eu estava tão atordoada com isso. Pensar que você é a pessoa que sabe tudo sobre mim e agora eu descubro que estava do seu lado o tempo todo.
Último capítulo