O plano de Magnus é simples, ele não tem o plano. Magnus sempre costuma planejar tudo, porém, nesta manhã, sua cabeça está nas nuvens, ele não para de falar sobro o acidente que viu na rua.
-Eu tenho certeza de que era ele! -Exclama ele irritado. -aquele cabelo é inconfundível. Se eu pego o desgraçado que atropelou ele, eu o mato na porrada!
-Magnus, o que raios aconteceu? -pergunto sem entender. -Quem foi atropelado?
-O Samuel! Você não esta escutando falar?
-Tô. -Respondo. -Mas eu não faço menor ideia de quem é Samuel.
-Nada de importante. -responde Bianca. -Só a primeira paixonite dele.
-Ah tá. O garoto tímido da aula de Educação Física.
-Ele mesmo. -confirma Bianca.
Magnus está trêmulo, suas mãos suam e ele está ainda mais pálido. Samuel foi o motivo pelo qual Magnus resolveu se assumir, porém, o garoto nunca lhe deu bola. Não sei porque Magunus ainda se importa tanto com ele, mas, mesmo assim, não é uma notícia nada agradável saber que o garoto sofreu um acidente.
-Maguns, qual é? Eu sei que um acidente não é legal, mas, primeiro, esse garoto nem se quer olhar pra você. Segundo, ele é um Zé do LoL. -diz Bianca. -Ele não merece você, não chega nem aos seus pés. Eu tenho certeza de que os amigos impopulares dele estavam junto para acudi-lo.
-E daí que ele é um Zé do LoL? -questiono. -Só porque ele joga LoL, ele tem menos valor? Então é isso que vocês pensam de mim?
-Não foi isso que eu quis dizer. -Bianca responde de cara feia. -Mas você sabe muito bem que os Zés do LoL estão "bem" abaixo de nós.
-Nada disso! -eu grito. -São gente como a gente.
- Vocês querem parar com isso? -diz Magnus. -Eu estou abalado. E não é porque ele é meu...
Magnus trava. Parece que admitir seus sentimentos pelo garoto é algo doloroso para ele. Meu amigo apenas engole seco e continua a falar.
-É uma vida. Um acidente aconteceu. E nós o conhecemos, devemos, ao menos, respeito. Agora vamos logo para esse shopping para eu poder tomar um milk shake gigante e esquecer que isso tudo aconteceu.
Então nosso carro segue direto para o shopping e vamos direto para a praça de alimentação, onde tem uma loja especializada em milk shakes.
-Um Mega Choco Trio, por favor. -pede ele.
-Calda extra? -o atendente pergunta.
-Duas vezes. -responde Magnus.
-Uau, o desespero aí tá grande, hein? -comenta o atendente.
-Você nem imagina Rafa. -meu amigo responde com aflição. -Eu presenciei um acidente de carro horrível.
-Você tá bem? -Rafa pergunta.
-O acidente não foi comigo, mas eu conheço o garoto. -Magnus baixa a cabeça parecendo envergonhado.
-Ah... -solta Rafa. -E as meninas? Vão querer alguma coisa?
-Um grande de... Nuvem azul? -responde Bia.
-É blue ice. -responde o atendente.
-Pode ser esse aí. -diz ela.
-E você? -Rafa se dirige a mim.
-Um mega de paçoca. -respondo sem pensar.
Amo milk shake de paçoca, assim como tudo que pode ser feito com amendoim. Ainda bem que não sou alérgica, não sei o que faria se não pudesse sentir o maravilhoso gosto do amendoim.
O Rafa vai para a máquina e prepara nossas bebidas. Depois volta e as entrega uma a uma, deixando por último a de Magnus. Ele sorri para meu amigo e se atreve a tomar um gole do milk shake dele. Magnus apenas sorri e pega sua bebida.
-Não precisa ter vergonha. -diz Rafa. -Sei como você funciona e não me importo. -ele sorri.
-Obrigado por entender Rafa. -Magnus responde. -Eu vou indo antes que você leve uma bronca.
Nós saímos do espaço e Magnus já está um pouco melhor. Eu não faço ideia de quem é aquele atendente, mas ele pareceu ser bem próximo e, como uma boa amiga, eu prefiro não me intrometer, ao contrário de Bianca.
-Quem é? -ela pergunta.
-Um amigo. -Magnus responde.
-Amigo? -Bianca insiste. -Você deixou ele tomar seu milk shake.
-E daí? -ele pergunta.
-Isso é praticamente um beijo. Você já pegou ele? -ela questiona, mas Magnus não responde.
-Deixa ele. -digo puxando-a pra mais perto de mim. -Ele não tá bem.
E me virou para Magnus.
-O Rafa é legal. Ele te ouviu e não falou nada, apenas se preocupou com você.
-Ah meu Deus! -exclama Bia. -Olhem no andar debaixo. É ele, você podem ficar aqui, eu já volto.
E Bianca sai correndo pelo shopping apenas para alcançar o garoto por quem ela é apaixonada. Ela tem um coração enorme e não liga nem um pouco para o que pensam dela, quando ela tá afim de alguém ela corre atrás sem pensar duas vezes.
Nós nos sentamos em um banco no corredor. Magnus ainda está abatido, seus olhos caídos e o olhar perdido. Ele está com o canudo na boca, mas não está sugando seu shake.
-Quer falar sobre isso? -pergunto.
-Ah você sabe. -ele responde. -O Samuel é um cara incrível, mesmo que ele não me dê bola, eu me preocupo com ele. Já superei o fato de ele não querer nada comigo, mas eu gosto dele e pensar que agora ele está em um hospital me dá calafrios. Eu queria ir lá, mas seria ridículo.
-Não acho ridículo, mas sei que você ficaria muito chateado se ele te tratasse mal. -digo. -Além do mais você nem sabe em qual hospital ele está.
-Verdade, né. -um sorriso brota em seu rosto.
-Depois, amanhã, você pode dar uma passada na casa dele, para ver como ele está. Posso te acompanhar se quiser.
-Mari você é a melhor amiga de todas! -ele exclama e me dá um abraço super apertado.
Nós ficamos ali mais um pouco esperando a Bia, mas então ela manda uma mensagem dizendo que não volta e eu e Magnus passamos a andar pelo shopping. Ele faz questão de entrar em todas as lojas e comprar algo em quase todas elas.
Eu compro umas duas peças de roupa também e uns acessórios legais. Então Magnus me compra uma flor, é engraçado ver o florista achando que somos um casal.
Depois de comprar quase o shopping todo, decidimos voltar para casa. Então ele liga para seu motorista e esperamos um pouco até que ele chegue. E, assim, vamos embora.
-Obrigado Mari. -diz ele ao me deixar na porta de casa. - Você melhorou meu dia e no meu coração tem um lugar especial pra você.
No domingo de manhã eu levanto cansado. é dia de ir ao parque com meu primo, mas não tenho a menor vontade. Acontece que eu e meu primo temos nossas diferenças, mas ele gosta de me encontrar aos fins de semana para manter a amizade, ele diz que ajuda a manter as origens.Eu escuto a buzina do carro dele, então ponho a mochila sobre os ombros e saio para a rua onde ele me espera dentro de sua BMW. É, ele é rico, um fato que prefiro esquecer e me concentrar apenas naquilo que nos une.– E aí? – cumprimento entrando no carro.– Beleza? – ele pergunta. – Pronto pra corrida de bike?– Será que dá pra ser sem a bike? – pergunto. – Tô precisando movimentar os músculos.– Claro! – exclama ele. – Aconteceu algo de estranho?– Meu amigo foi atropelado ontem, a coisa foi um pouco feia.– Qual deles? – Meu primo pergunta.– O jungler. – respondo sabendo que ele não ligaria o nome à pessoa. – A gente tinha ido ao mercado, íamos assistir a final do CBLoL na casa dele
No domingo de manhã, eu me levanto bem cedo, pois Magnus irá passar na minha casa para irmos visitar o Samuel. Eu nunca falei com o garoto na minha vida, mas acredito que não seja assim, tão ruim.Coloco uma calça jeans e uma baby look rosa, prendo os cabelos em um rabo de cavalo e passo um pouco do meu perfume favorito. No rosto, um blush para dar cor e um batom mais avermelhado. Coloco um tênis mais esportivo e desço para a cozinha.Samantha está colocando a mesa, sozinha no ambiente e cantarolando uma música alegre.– Bom dia, minha querida! Acordou cedo.– Bom dia Samantha! – respondo. – Vou sair com o Magnus.– Num domingo de manhã? – ela pergunta espantada. – Algo muito grave deve t
O despertador toca às cinco. Eu abro o olho ainda no escuro tentando tatear meu celular. A lembranças do dia anterior ainda todas na mente. Marianne sentada ali, naquele sofá na casa do Samuca, eles rindo e conversando como velhos amigos.Levanto da cama e vou até a janela para sentir um pouco da brisa da manhã que, por algum motivo, cheira a cookies de chocolate. O vento levemente quente indica que a temperatura irá subir, infelizmente.Eu detesto calor, não há uma roupa que seja totalmente fresca e o uniforme do colégio é muito grosso. É claro que muitos alunos não usam, mas eu, como um bom nerd, tenho que usar. Então eu tiro o pijama e vou para debaixo do chuveiro, a água fria para que eu desperte mais rapidamente. Quem dera eu pudesse ficar uma hora ali embaixo.Depois de banhado
Tenho prova na segunda de manhã. Levanto bem disposta e vou para o chuveiro, tomar um banho para acordar. Fico pensando no dia anterior e na fala de Samantha, que ainda ressoa na minha cabeça.Aqueles garotos são muito unidos e jogam como uma equipe há bastante tempo. MTagáK uma vez me contou que jogava com seus amigos do colégio e formavam um time juntos e que ele jogava comigo por diversão, porque eu era uma garota legal.Também me recordo que ele me contou que é apaixonado pela garota popular de seu colégio e ela nem dá bola para ele. E, se ele for, realmente, o Mathieu, há uma grande chance de essa garota ser eu. Ainda mais, se eu levar em conta a forma que ele reagiu quando me viu na casa do Samuel.Saio do banho e visto uma calça jeans, eu raramente uso uniforme, meu pai considera-o
Sinto meu coração parar. De repente, tudo gira fazendo sentido, mas não consigo acreditar.– Isso é uma brincadeira? – pergunto incrédulo. Ela começa a digitar.– Não. Também não consigo acreditar que você é o Math. – Maclaire responde.Meu cérebro está à milhão tentando processar a informação. Ma de Marianne e Claire do Sinclair, como não tinha percebido antes? É tão óbvio. Minhas mãos estão trêmulas e não consigo digitar uma palavra sequer. As mensagens dela continuam chegando.– Você ainda está aí?... Me desculpe, não deveria ter falado assim do nada... É que eu estava tão atordoada com isso. Pensar que você é a pessoa que sabe tudo sobre mim e agora eu descubro que estava do seu lado o tempo todo.
Depois da conversa com Math, eu estou tremendo inteira. Eu admito que já sou afim dele faz um tempo, mas nunca imaginei que eu o via todo dia, o fato de não conhecê-lo pessoalmente, talvez fosse o que eu gostava mais.Você deve estar pensando então, porque eu quis abrir o jogo. A dúvida tava me matando e pensei pelo lado dele também. Nós conversamos todos os dias, pensei que fosse melhor ele saber com quem estava conversando.Samara desceu comigo para servir o almoço, ela tinha feito carne de panela. Meu estômago ronca em aprovação, estou com fome. Ela me serve um prato com arroz, feijão, carne e pimentão. Seus olhos exibem um sorriso inocente, como de quem está achando tudo muito fofinho.– Eu te falei, não foi? – Ela pergunta rindo. – Já está na hora da senhorita arrumar um namorado.
Eu combinei com Marianne, Maclaire, não sei mais como a chamo, que a encontraria na padaria depois da escola, assim, ninguém nos veria sair juntos.– Você vai mesmo sair com ela? – pergunta Rodrigo. – Você nem sabe se ela tá falando sério. E se ela te der um bolo.– Vou estar em casa, pelo menos.De fato, a padaria fica abaixo da minha casa, o que me dará vantagem para me arrumar, pelo menos um pouco, para... Eu deveria chamar isso de encontro?Estou nervoso, parte porque agora sei que ela sabe muito a meu respeito, parte por ser a garota pela qual sou apaixonado, parte porque não faço ideia do que fazer.– Eu devia tomar um banho quando chegar em casa? – pergunto a Rodrigo.– Eu acho que deveria. Aula de Educação Física, mas isso não vai te atrasar? Chegar atrasado num primeiro encontro pode ser muito ruim.– Ainda não acredito que você vai sair com alguém. – provoca Cléber. – O primeiro de nós a despertar interesse em alguém.– Lembra de ser fir
A padaria dos pais do Math é um ambiente maravilhoso. É calmo e tem um cheiro tão aconchegante que eu poderia ficar lá a vida inteira sem reclamar. A conversa foi muito agradável, ele é tão incrível pessoalmente, como é pelo chat do jogo.Ele falou de como foi quando me viu pela primeira vez e como me achou bonita e bondosa e diferente do restante dos alunos que são fúteis e sem caráter. Contou toda a história, sendo interrompido às vezes pela mãe, que vinha trazer alguma coisa pra gente comer.A mãe dele também é super atenciosa e muito gente boa. Eu contando assim, parece que ela ficou em cima da gente, mas não foi assim. Ela deixou ele livre pra a gente conversar e quando vinha nem falava nada, só sorria.– Desculpa. – Math fala quando a mãe enche a xícara de café pela quarta vez.<