Depois da conversa com Math, eu estou tremendo inteira. Eu admito que já sou afim dele faz um tempo, mas nunca imaginei que eu o via todo dia, o fato de não conhecê-lo pessoalmente, talvez fosse o que eu gostava mais.
Você deve estar pensando então, porque eu quis abrir o jogo. A dúvida tava me matando e pensei pelo lado dele também. Nós conversamos todos os dias, pensei que fosse melhor ele saber com quem estava conversando.
Samara desceu comigo para servir o almoço, ela tinha feito carne de panela. Meu estômago ronca em aprovação, estou com fome. Ela me serve um prato com arroz, feijão, carne e pimentão. Seus olhos exibem um sorriso inocente, como de quem está achando tudo muito fofinho.
– Eu te falei, não foi? – Ela pergunta rindo. – Já está na hora da senhorita arrumar um namorado.
Eu combinei com Marianne, Maclaire, não sei mais como a chamo, que a encontraria na padaria depois da escola, assim, ninguém nos veria sair juntos.– Você vai mesmo sair com ela? – pergunta Rodrigo. – Você nem sabe se ela tá falando sério. E se ela te der um bolo.– Vou estar em casa, pelo menos.De fato, a padaria fica abaixo da minha casa, o que me dará vantagem para me arrumar, pelo menos um pouco, para... Eu deveria chamar isso de encontro?Estou nervoso, parte porque agora sei que ela sabe muito a meu respeito, parte por ser a garota pela qual sou apaixonado, parte porque não faço ideia do que fazer.– Eu devia tomar um banho quando chegar em casa? – pergunto a Rodrigo.– Eu acho que deveria. Aula de Educação Física, mas isso não vai te atrasar? Chegar atrasado num primeiro encontro pode ser muito ruim.– Ainda não acredito que você vai sair com alguém. – provoca Cléber. – O primeiro de nós a despertar interesse em alguém.– Lembra de ser fir
A padaria dos pais do Math é um ambiente maravilhoso. É calmo e tem um cheiro tão aconchegante que eu poderia ficar lá a vida inteira sem reclamar. A conversa foi muito agradável, ele é tão incrível pessoalmente, como é pelo chat do jogo.Ele falou de como foi quando me viu pela primeira vez e como me achou bonita e bondosa e diferente do restante dos alunos que são fúteis e sem caráter. Contou toda a história, sendo interrompido às vezes pela mãe, que vinha trazer alguma coisa pra gente comer.A mãe dele também é super atenciosa e muito gente boa. Eu contando assim, parece que ela ficou em cima da gente, mas não foi assim. Ela deixou ele livre pra a gente conversar e quando vinha nem falava nada, só sorria.– Desculpa. – Math fala quando a mãe enche a xícara de café pela quarta vez.<
Faz uns dez minutos que estou parado aqui ainda com a sensação do beijo de Mari na minha bochecha. É inexplicável o que estou sentindo. Uma mistura de alegria e medo, talvez.Tomando meu caminho de volta para casa, começo a pensar se é uma boa ideia eu me envolver com a Mari, tipo, eu sou apaixonado por ela e tal, mas será que eu não seria um atraso na vida dela?É óbvio que ela vai se tornar a presidente MissBeauty um dia e, mesmo que um pro player tenha status, nunca vou chegar aos pés dela. Também não sou bonito pra trabalhar na empresa da família.Eu chego em casa e vou para o chuveiro direto, pensando em todas as possibilidades e analisando os últimos acontecimentos. Acabo chegando à conclusão de que baixei a guarda, que tornei real algo que não estou pronto para viver. Eu devia ter mantido minha identidade em segredo, devia ter dito que não era eu.Mas então eu estaria mentindo para a Mari, estou confuso e o pior de tudo é que a única pessoa com quem eu poderia con
No dia seguinte, na escola, Magnus e Bianca querem saber tudo o que rolou no encontro com Math que, aliás, eu ainda não vi hoje. Acho que a sala dele tá envolvida no projeto de criatividade do colégio. Espero que seja esse o real motivo.– Conta logo! – exclama Bianca. – Como foi?– Não rolou nada, se é isso que vocês querem saber. – respondo.– Mas vocês conversaram? Foram aonde? – Magnus pergunta.– Nós passamos a tarde na padaria dos pais dele. – Eu falo. – A mãe dele serviu salgados e café pra gente.– Um encontro com a mãe do cara junto? Cara, que furada! – Bianca comenta.– Primeiro, que não era um encontro romântico. – respondo. –
– Então é verdade. – diz Leandro. – Nosso Math teve um encontro ontem.– Não foi bem um encontro. – respondo.Nós estamos na sala de artes, trabalhando no projeto de criatividade do colégio. Este ano a inspiração é o DIY (Faça você mesmo) e nós estamos trabalhando com a parte de decoração.Todo ano o colégio se inspira em algo e escolhe uma turma de cada série para participar. É um projeto em equipe, mas, graças às panelinhas, os Zés do LoL trabalham entre si.Estamos trabalhando com cordas, fazendo tapetes e vasos. Gostaria de estar na sala de aula, fazendo exercícios de matemática. Ficar aqui é horrível, nem intervalo nós vamos ter, o que reduz minhas chances de ver a Mari para zero por cento.
Sei o que você está pensando. Beijá-lo foi arriscado e eu concordo com você. Acontece que meu coração ficou despedaçado quando eu o vi apanhar, minha vontade era de entrar no meio daquilo tudo e mandá-los parar, mas Magnus não iria deixar eu fazer isso.Eu gosto do Math, de verdade. E ele se arriscou daquele jeito por algo que aquele cara falou de mim. Sempre existiram garotos me paquerando ou se apaixonando por mim, mas ele é diferente, ele não é popular, não tem dinheiro e não liga para quem é o meu pai. Math gosta de mim por quem eu sou e, hoje, eu consigo perceber que eu também gosto dele. Todas aquelas conversas nossas, no fundo, eu tinha o desejo de conhecê-lo e ter um relacionamento com ele.Magnus então se aproxima por trás de mim e sussurra em meu ouvido:– Quer um tempo sozinha
– Querem um tempo sozinhos? – Leandro pergunta.– Não. – respondo. – Vamos ter mais tempo no caminho para casa.– E precisamos ir, galera. – diz Magnus. – Os alunos do período da tarde já estão chegando.Todos nós nos dirigimos até a saída do colégio. Om motorista de Magnus espera impaciente do outro lado da rua e o garoto oferece carona aos nossos amigos, deixando-nos a sós.– Você tá bem? – Marianne pergunta.– Melhor do que nunca. – respondo, sorrindo.– Estou falando sério. – Ela diz. – Foi uma surra e tanto.– Não foi tanto assim. – respondo. – Eu deixei ele me bater.Ela ri.– Fiquei muito preocupada. Você parecia bastante machucado.– E eu estava. – respondo. – Mas você me curou.– Você é um bobo. – diz ela, rindo.– Mari, você tem certeza? – pergunto.– Que você é um bobo? Sim.– Que você quer namorar comigo. – respondo.Ela pega minhas mãos e olha nos meus olhos.– Math, eu andei ap
– Nós precisamos descer para almoçar. – digo quando me separo de Math. – Daqui a pouco a Samara vem bater aqui e nos arrasta lá pra baixo.– E daí? – Math pergunta, dando de ombros.– Você não vai querer ser arrastado pela Sam. – respondo. – Ela literalmente te pega pelas orelhas.– Se você diz... – Ele ergue as palmas das mãos. – Vamos descer então.Nós saímos do quarto e descemos a escada até a sala e depois vamos para a cozinha, onde Sam está andando pra lá e pra cá com os pratos na mão.– Sentem-se. – diz ela. – Eu já ia buscar vocês.– Imaginei. – respondo. – O que tem para o almoço?