Sei o que você está pensando. Beijá-lo foi arriscado e eu concordo com você. Acontece que meu coração ficou despedaçado quando eu o vi apanhar, minha vontade era de entrar no meio daquilo tudo e mandá-los parar, mas Magnus não iria deixar eu fazer isso.
Eu gosto do Math, de verdade. E ele se arriscou daquele jeito por algo que aquele cara falou de mim. Sempre existiram garotos me paquerando ou se apaixonando por mim, mas ele é diferente, ele não é popular, não tem dinheiro e não liga para quem é o meu pai. Math gosta de mim por quem eu sou e, hoje, eu consigo perceber que eu também gosto dele. Todas aquelas conversas nossas, no fundo, eu tinha o desejo de conhecê-lo e ter um relacionamento com ele.
Magnus então se aproxima por trás de mim e sussurra em meu ouvido:
– Quer um tempo sozinha
– Querem um tempo sozinhos? – Leandro pergunta.– Não. – respondo. – Vamos ter mais tempo no caminho para casa.– E precisamos ir, galera. – diz Magnus. – Os alunos do período da tarde já estão chegando.Todos nós nos dirigimos até a saída do colégio. Om motorista de Magnus espera impaciente do outro lado da rua e o garoto oferece carona aos nossos amigos, deixando-nos a sós.– Você tá bem? – Marianne pergunta.– Melhor do que nunca. – respondo, sorrindo.– Estou falando sério. – Ela diz. – Foi uma surra e tanto.– Não foi tanto assim. – respondo. – Eu deixei ele me bater.Ela ri.– Fiquei muito preocupada. Você parecia bastante machucado.– E eu estava. – respondo. – Mas você me curou.– Você é um bobo. – diz ela, rindo.– Mari, você tem certeza? – pergunto.– Que você é um bobo? Sim.– Que você quer namorar comigo. – respondo.Ela pega minhas mãos e olha nos meus olhos.– Math, eu andei ap
– Nós precisamos descer para almoçar. – digo quando me separo de Math. – Daqui a pouco a Samara vem bater aqui e nos arrasta lá pra baixo.– E daí? – Math pergunta, dando de ombros.– Você não vai querer ser arrastado pela Sam. – respondo. – Ela literalmente te pega pelas orelhas.– Se você diz... – Ele ergue as palmas das mãos. – Vamos descer então.Nós saímos do quarto e descemos a escada até a sala e depois vamos para a cozinha, onde Sam está andando pra lá e pra cá com os pratos na mão.– Sentem-se. – diz ela. – Eu já ia buscar vocês.– Imaginei. – respondo. – O que tem para o almoço?
Ao sair da casa da Mari, eu sigo rumo à minha casa, com pressa, pois sei que minha mãe precisa de ajuda na padaria. Mas minha mente está girando em torno de tudo o que aconteceu hoje. Cada beijo e cada soco que levei e que espero que a maquiagem esteja cobrindo bem.Enquanto caminho, a ficha vai caindo e um certo pânico vai tomando conta de mim. Não tinha tomado noção da profundidade dos meus atos. Namorar a Mari significa que ela vai começar a passar mais tempo conosco, vai andar conosco e acabará virando uma piada.Ou, talvez, exista uma pequena chance de o colégio passar a nos aceitar. Mas eu não quero acreditar nisso, pois, para um excluído, como eu, a pior coisa é criar falsas expectativas. O melhor a se fazer é esperar o pior, assim, se o melhor acontecer, será uma surpresa.Quando
Na manhã de quinta-feira, eu levanto mais cedo, pois o Magnus me avisou que me buscaria meia hora antes do habitual. Tem uma dor latente no lado esquerdo da minha cabeça, como se quisesse me alertar de algo.Eu visto o uniforme do colégio e coloco um par de tênis, daqueles de corrida, para a aula de Educação Física. Depois, prendo o cabelo em um rabo de cavalo e arrumo minha mochila, colocando nela os livros das aulas de hoje.Quando eu desço, vejo que Sam está preparando crepiocas, o que ela sempre faz em dias de Educação Física, ela diz que é para energia extra. As de hoje são de calabresa com queijo e o cheiro está maravilhoso.– Bom dia, Sam! – cumprimento.– Buenos dias, Mari! – Ela responde, bem mais animada que o normal. – Dormiu b
Eu fiquei sem reação depois que tudo aconteceu. Rodrigo conseguiu me convencer a ir para a sala de artes, onde estamos agora, fazendo o mesmo que ontem, vasos de corda. Me desculpe a franqueza, mas quem inventou esse DIY não tinha mais nada o que fazer na vida.Guilherme passa atrás de mim e eu fico gelado por um tempo, mas ele apenas me ignora, como sempre foi o normal. E eu sempre preferi assim, ser ignorado é melhor do que apanhar daquele jeito.– Relaxa. – diz Leandro. – Isso logo acaba. Eles vão achar outra coisa pra zoar.– Duvido. – Rodrigo responde. – Nós somos o centro da zoação na escola inteira. Com a atitude da Marianne, vamos ficar mais um bom tempo aguentando isso tudo.– Eu não entendo. – Cléber reclama. – A mina é a mais p
Durante a manhã, Magnus me deu um sermão enorme, dizendo que eu devia ter ficado quieta, pois os alunos do nosso colégio podiam ser muito cruéis. Também disse que eu não deveria ter dito na frente de todo mundo que Math era meu namorado, pois isso podia terminar mal. Mas o que eu podia fazer, estou cansada de esconder quem eu sou por medo do que os alunos do colégio diriam.– Pense pelo lado bom. – Eu digo. – Agora podemos andar com eles sem nos preocupar em nos esconder.– Eu nunca nem quis andar com eles. – diz Bia. – Minha reputação já era depois do que você fez. Nunca mais um garoto desse colégio olha pra mim.– Pra você isso é ótimo. – Magnus responde. – Você precisa se aquietar um pouco. Não precisa pegar todos os garotos do colégio.
Eu chego na cozinha, onde estão o Samuca e o Rodrigo. Eles me olham de uma maneira não muito agradável e eu engulo em seco.– Aconteceu alguma coisa? – pergunto.– Eu só quero te alertar sobre algumas coisas. – diz Samuca.Eu não sei você, mas se uma pessoa, toda engessada, olha pra mim com cara séria e diz que precisa me alertar, isso me assusta muito.– O que foi? – questiono– Eu vou direto ao ponto. – Samuca fala. – Eu sei que você tá vivendo um sonho, mas essa história não me desceu. Do nada, essa garota chega, diz que vocês jogam juntos e que se conhecem há muito tempo. Até aí tudo bem, mas as coisas estão muito aceleradas. O normal era vocês passarem mais tempo juntos, ao invés de
– Que cara é essa? – Bianca pergunta. – Nós estamos em casa faz uma hora e você mal falou nada.– Estou pensando no que os garotos disseram. – respondo. – Acha que fui imprudente?– Amiga, você seguiu o seu coração. Se ele te disse que você deveria ter agido como agiu, então você agiu certo.– Mas você e o Magnus pareceram não concordar muito. – Eu digo.– Você sabe que eu gosto de uns cinco minutinhos de fama. – Ela responde. – Tenho medo de não ser mais querida. Mas, a sua felicidade é importante pra mim. E eu sempre soube que, ou você ia deixar de jogar, ou isso se tornaria público. Nós estamos