É muito estranho como reagimos às mais adversas situações. Principalmente depois de passarmos determinada etapa de nossas vidas. Parece que cada momento vivido nos transforma e reagimos diferente às situações.
Veja, doutor, esse é nosso encontro de número 21. Desde o primeiro que falo dos meus desejos, das minhas angústias e do louco sentimento que surgiu entre Joana Gabriela e eu. Sinceramente, não é uma loucura?
Tudo foi ficando tão intenso que era mais do que esperado vivermos um momento onde estaríamos só os dois e nos amaríamos de uma maneira tão mágica e intensa que, só de falar, consigo sentir a pele dela tocando na minha. E isso precisava acontecer justamente no dia de Natal?
E sabe o que senti depois disso? Paz. Tranquilidade. Era como se eu recebesse o prêmio principal, se alcançasse o meu maior objetivo.
Mais um dia amanheceu, doutor, e eu estava ainda mais tranquilo em relação ao que tinha acontecido entre Joana Gabriela e eu.Pensei nela, sim, a noite toda. Parecia que este, que era o segundo dia sem contato com ela (lembre-se, ela foi viajar logo depois do Natal), minha mente procurava reviver cada detalhe daquela maravilhosa tarde. O objetivo? Não sei se era me castigar por estar longe ou me fazer desfrutar mais uma vez dessa incrível sensação.A única certeza que eu tinha naquele momento era que os dias, que nem eu mesmo sabia quantos, em que eu estaria separado dela, seriam bons. Seria bom para que ela seguisse seu caminho e para que eu pensasse menos nesse louco sentimento.Sim, doutor, uma parte de mim dizia que seria bom. E naquele dia essa parte estava me dominando. Eu quase não dormi, como se estivesse com ela na cama novamente naquela tarde. Sentia a presença dela tão forte ali que
Doutor, aquele encontro inesperado, no meio da tarde, me fez refletir o que eu sou capaz de fazer para ter um momento ao lado dela. E fiquei com medo. Nem mesmo eu conheço meus limites. Sou capaz de coisas que nunca esperei. Sou capaz de ir além daquilo que acredito e de superar minhas próprias capacidades.Mas admito que aquela tarde foi boa, ainda que para um encontro tão rápido. Trocamos algumas palavras que me mostraram que temos a mesma visão sobre aquilo que estamos vivendo.Que visão é essa? De que estamos vivendo algo mágico, mas que ela precisa encontrar alguém que possa viver os momentos ao lado dela.E não é assim que tem que ser? Sim, tudo é muito lindo para nós, mas o que adianta se não poderemos levar adiante esse relacionamento?Mas ela me disse algo que nunca esquecerei. Ela disse que mesmo o dia que estiver distante de mim, ao lado des
A complexidade daquilo que vivo atualmente é tanta que nem mesmo eu consigo uma explicação. Sim, busquei tentar entender esse sentimento avassalador que toma conta de mim em minha atual caminhada.Muitas vezes, coisas simples tornam-se tão importantes, tão necessárias, tão reais, que quanto mais eu tento entender, mais eu me complico.Atualmente, até a distância tornou-se relativa para mim. Mesmo que não esteja ao lado dela, muitas vezes sinto como se estivesse. Mesmo que não a veja, sinto que ela está ali, bem ao meu lado.Como isso acontece? Não sei. Mas sei que isso torna algumas coisas mais fáceis.Veja bem, doutor. Tive dois dias muito difíceis, dias recheados de aborrecimentos, de cobranças, de caras feias. E mesmo depois de trabalhar muito, de realizar tarefas que nem a mim pertenciam, só o que escutei eram frases para me desanimar.
É engraçado como vejo a vida hoje. Sempre vivi cada momento, sem dar atenção aos detalhes. Sempre olhei a vida com outros olhos, com olhos de quem passa por ela. Mas desde que eu e Joana Gabriela passamos a viver esse momento tão estranho e tão intenso, cada momento vivido ao lado dela tornou-se um marco em minha vida.Veja bem, num encontro anterior, relatei como um simples encontro com ela, um abraço e minutos ao seu lado me fizeram tão bem. Também relatei o quanto ela me deixou mais feliz através de mensagens que me enviou. Momentos singelos, porém, marcantes em minha vida.Será que é porque não posso estar ao lado dela todos os momentos que desejo?Pois não sei o que é pior, estar longe, separado pela distância, se comunicando apenas por mensagens e por ligações, ou estar com ela sem poder revelar tudo aquilo que sinto, sem pode
Doutor, depois de todas essas coisas que contei, finalmente aquele ano estava chegando ao fim.E o que aconteceu naquele último dia de ano? Inicialmente, nada. Absolutamente nada.Sinceramente queria muito estar ao lado dela, sentir seu corpo tocar o meu, mas esse foi um dos momentos que achei não me ser permitido.Antes de mais nada, quero lhe contar o que estava programado para aquele que seria o último dia daquele ano louco e intenso.Meu carro pareci que funcionaria sem problemas, então, iríamos viajar para uma cidade vizinha e nos reunir com amigos. Amigos que não eram meus. Amigos... dela... E isso não me animava nem um pouco, afinal, se você conhecesse as pessoas que ela chama de “amigos”, entenderia meu drama e minha revolta.Porém, doutor, dentro de um ano atípico, sem sentido, com tudo que estava me acontecendo, eu resolvi ir. Como se tivesse muita escolha.
Doutor, no último encontro eu contei como, na virada de ano, terminei abandonado e abraçado a uma garrafa de vinho. Eu achei que, ali, depois de terminar tudo com “ela”, poderia viver em paz com Joana Gabriela. Mas não foi assim. No mesmo dia, minha amada resolveu dar uma chance para “ele” e eu terminei tudo com ela dias depois.E aí, a primeira semana do ano terminou. Eu? Bem, consertei algumas coisas na minha casa, tentando adaptar ao meu novo modo de viver. “Ela” mandou uns amigos que tiraram seus objetos de lá, levando tudo que puderam.Agora imagine. Fiquei numa casa vazia, sem sofá, sem cama, sem geladeira e sem TV. O fogão “ela” deixou porque achava velho e feio.Doutor, minha vida retornava ao zero.Naqueles dias todos não tive nenhum contato com Joana Gabriela. Nenhuma mensagem, nenhum sinal de que estava bem ou não.Resolvi camin
Passado esse momento, tivemos um dia um tanto quanto especial.Já havíamos marcado para nos encontrarmos e eu aguardava temeroso e ansioso por esse dia.Por que temeroso? Não sei se é essa a palavra para definir o que eu sentia naqueles angustiantes dias antes do encontro. Mas meu coração se preocupava com o que poderia acontecer nesse dia que passaríamos algumas horas juntos. Não queria de forma nenhuma que algo que acontecesse ou que fosse dito a magoasse.Por outro lado, estava ansioso. Esse mal que me atinge e que normalmente controlo voltou a me atacar nessa expectativa de encontrá-la.Quando aquela manhã chegou, preparei o material que precisaria para o dia, resolvi alguns assuntos pelo computador e aguardei um contato dela.Eu esperava que ela fizesse um contato bem cedo, devido ao lugar que estava e ao lugar que iríamos nos encontrar, mas não aconteceu. Por
Doutor, sei que parece estranho. Depois de tudo que aconteceu, não contei para Joana Gabriela que agora poderíamos ficar juntos. Fiquei me perguntando, sozinho, deitado no chão da sala, por que isso. E acho que cheguei a uma conclusão. Um dos motivos que faziam com que nosso relacionamento fosse tão intenso era a impossibilidade. Pelo menos era o que eu achava naquele momento da minha vida.Viver esse estranho, intenso e gostoso relacionamento com Joana Gabriela me faz sentir o adolescente que nunca fui. Muito do que faço para ter pelo menos um minuto ao seu lado é muito mais do que já fiz um dia para estar com alguém.E amanheceu mais um dia das minhas férias. Um dia sem expectativas de vê-la, mas que ainda podia sentir tão presente em mim os momentos anteriores quando estivemos juntos por horas naquela praça. Admito que se eu fechasse meus olhos, ainda poderia sentir o corpo del