Doutor, depois de todas essas coisas que contei, finalmente aquele ano estava chegando ao fim.
E o que aconteceu naquele último dia de ano? Inicialmente, nada. Absolutamente nada.
Sinceramente queria muito estar ao lado dela, sentir seu corpo tocar o meu, mas esse foi um dos momentos que achei não me ser permitido.
Antes de mais nada, quero lhe contar o que estava programado para aquele que seria o último dia daquele ano louco e intenso.
Meu carro pareci que funcionaria sem problemas, então, iríamos viajar para uma cidade vizinha e nos reunir com amigos. Amigos que não eram meus. Amigos... dela... E isso não me animava nem um pouco, afinal, se você conhecesse as pessoas que ela chama de “amigos”, entenderia meu drama e minha revolta.
Porém, doutor, dentro de um ano atípico, sem sentido, com tudo que estava me acontecendo, eu resolvi ir. Como se tivesse muita escolha.
Doutor, no último encontro eu contei como, na virada de ano, terminei abandonado e abraçado a uma garrafa de vinho. Eu achei que, ali, depois de terminar tudo com “ela”, poderia viver em paz com Joana Gabriela. Mas não foi assim. No mesmo dia, minha amada resolveu dar uma chance para “ele” e eu terminei tudo com ela dias depois.E aí, a primeira semana do ano terminou. Eu? Bem, consertei algumas coisas na minha casa, tentando adaptar ao meu novo modo de viver. “Ela” mandou uns amigos que tiraram seus objetos de lá, levando tudo que puderam.Agora imagine. Fiquei numa casa vazia, sem sofá, sem cama, sem geladeira e sem TV. O fogão “ela” deixou porque achava velho e feio.Doutor, minha vida retornava ao zero.Naqueles dias todos não tive nenhum contato com Joana Gabriela. Nenhuma mensagem, nenhum sinal de que estava bem ou não.Resolvi camin
Passado esse momento, tivemos um dia um tanto quanto especial.Já havíamos marcado para nos encontrarmos e eu aguardava temeroso e ansioso por esse dia.Por que temeroso? Não sei se é essa a palavra para definir o que eu sentia naqueles angustiantes dias antes do encontro. Mas meu coração se preocupava com o que poderia acontecer nesse dia que passaríamos algumas horas juntos. Não queria de forma nenhuma que algo que acontecesse ou que fosse dito a magoasse.Por outro lado, estava ansioso. Esse mal que me atinge e que normalmente controlo voltou a me atacar nessa expectativa de encontrá-la.Quando aquela manhã chegou, preparei o material que precisaria para o dia, resolvi alguns assuntos pelo computador e aguardei um contato dela.Eu esperava que ela fizesse um contato bem cedo, devido ao lugar que estava e ao lugar que iríamos nos encontrar, mas não aconteceu. Por
Doutor, sei que parece estranho. Depois de tudo que aconteceu, não contei para Joana Gabriela que agora poderíamos ficar juntos. Fiquei me perguntando, sozinho, deitado no chão da sala, por que isso. E acho que cheguei a uma conclusão. Um dos motivos que faziam com que nosso relacionamento fosse tão intenso era a impossibilidade. Pelo menos era o que eu achava naquele momento da minha vida.Viver esse estranho, intenso e gostoso relacionamento com Joana Gabriela me faz sentir o adolescente que nunca fui. Muito do que faço para ter pelo menos um minuto ao seu lado é muito mais do que já fiz um dia para estar com alguém.E amanheceu mais um dia das minhas férias. Um dia sem expectativas de vê-la, mas que ainda podia sentir tão presente em mim os momentos anteriores quando estivemos juntos por horas naquela praça. Admito que se eu fechasse meus olhos, ainda poderia sentir o corpo del
Depois de tantos encontros e desencontros, doutor, me sinto um pouco mais à vontade de relatar assuntos que me são mais íntimos e de além de minhas vitórias, contar meus fracassos. Posso confiar todas essas informações sem preocupações, doutor? Posso ter a certeza de que nada vai interferir no seu julgamento quanto ao meu caráter?Hoje quero falar de um dia que chamei de “O Dia que Não Foi”. Pode parecer um nome bobo, mas é assim que senti este dia.Na noite do dia seguinte, depois de correr pela cidade para encontrar Joana Gabriela, sabe o que descobri? Que teria minha tarde inteira do dia seguinte completamente livre, de todos e de tudo. Sozinho. Poderia fazer o que quisesse. Meu trabalho retornava aos poucos, mas ainda não era em toda a carga horária semanal que eu deveria cumprir.E então minha mente começou a imaginar tudo que seria po
Doutor, se no último encontro eu chamei aquele dia de “O Dia que não Foi”, acho que posso me dar o direito de chamar esse dia de “o dia que deveria ter sido”.É estranho pensar assim, caminhar com possibilidades, mas, sinceramente, doutor, tenho percebido que nesses últimos dias nem mesmo o destino tem me ajudado. Parece que ele quer que eu fique longe de Joana Gabriela. E o mais interessante é que justamente nesse momento que vivo, um abraço dela me faria muito bem. Não precisava de muito mais, somente um abraço.Sabe, tem dias que me questiono duas coisas: por quê? E para quê? É uma situação tão complexa, doutor, que muitas vezes as lágrimas rolam de meu rosto por não saber como proceder, qual o próximo caminho seguir, o que fazer. Mas nesse dia o que me entristeceu foi o fato de que nem mesmo contemplar o sorriso dela me foi pe
Às vezes é engraçado os rumos que nossa vida toma. Fico a pensar que, há alguns meses, minha maior preocupação era pensar em contas, em minha família, em meu trabalho. Mas um novo componente surgiu: Joana Gabriela. Desde que ela apareceu em minha vida, muito mudou. Penso em horários e dias para ficarmos juntos, aguardo ansioso quando sei que ela vai fazer um contato e ainda arrumo formas para ficar com ela.Depois do dia que não foi e do dia que deveria ter sido, passei um dia péssimo, questionando se tudo aquilo valia a pena e até que ponto viver esse relacionamento era sadio para nós dois.Mais do que isso. Estava revoltado porque, ainda com possibilidades claras de encontrar Joana Gabriela, só tive desencontros. E um novo elemento se juntava à história. Antes, os problemas eram “ele” e “ela”. Agora, apareceu Alexandro Francisco do nada e e
Doutor, no último encontro iniciei falando daquilo que o destino me aprontou e de como ela e Alexandro Francisco saíram juntos da festa que não pude ir e trocaram um beijo. Hoje quero contar do dia seguinte a este acontecimento.Uma dúvida ainda estava no ar, e essa dúvida era se ela conseguiria realmente me encontrar. Porém, era um momento decisivo no nosso relacionamento. Precisava resolver com ela nossa situação.E assim foi meu dia. Levantei-me cedo, resolvi alguns assuntos e saí no horário que eu marquei de encontrá-la. Caminhei pelas ruas, sabendo que aquele poderia ser o último encontro. Afinal, como alguém que simplesmente encontra com outro em uma festa e sai com ele pode ser de confiança?Quando nos falamos naquele dia pela primeira vez, ela estava a caminho do nosso encontro. Por mais carinhosa que tentava ser, eu me mantive frio. Respostas rápidas
O dia amanheceu mais triste. Nem mesmo o sol era capaz de aquecer meu coração que chorava em saber que chegávamos ao final de um relacionamento tão lindo. Dor. Parece que rasgaram meu coração no meio. Parece que meu corpo não vai resistir. Parece que vou explodir. Esse era o sentimento.Nosso relacionamento é uma rua sem saída. Era essa a frase que eu ouvia ecoar em minha mente a todo momento.Sozinho, deitado no sofá da minha casa, diante da TV que permanecia desligada quase o tempo todo, eu apenas sofri. Minhas forças se esvaíram, tudo o que eu pretendia se foi. E eu? Só chorava. Me alimentava mal, não me sabia nem ao certo quando tomara o último banho. Não havia mais nada que pudesse me motivar a viver.Ali, deitado, pensei como posso ter sido tolo. Se tivesse contado a ela que estava livre, se falasse que agora poderíamos lutar pelo nosso am