Celeste MoreauEntrar na cabana foi como atravessar um limiar invisível entre o conhecido e o desconhecido. O cheiro de ervas queimadas era mais intenso ali dentro, misturando-se ao aroma amadeirado do ambiente. Magnus nos observava em silêncio, os olhos afiados como se pudesse enxergar além da nossa pele, além das nossas máscaras.Sienna foi a primeira a quebrar o silêncio.— Obrigada por nos receber. Sei que isso pode parecer estranho, mas...— Mas vocês precisavam de um lugar seguro — Magnus completou, cruzando os braços. — Eu senti quando algo mudou. Algo poderoso despertou.Ele olhou diretamente para mim. Um arrepio percorreu minha espinha. Não era surpresa que ele tivesse percebido a mudança. Depois do que aconteceu, da forma como as sombras desapareceram com meu feitiço, até eu estava tentando entender o que havia dentro de mim.— O que exatamente você sentiu? — Damian interveio, seu tom firme, mas atento.Magnus inclinou a cabeça, como se ponderasse até onde poderia falar. Fin
Damian VólkovDepois da revelação de Magnus, o silêncio se prolongou. Eu ainda tentava processar o que acabara de ouvir. Meus instintos gritavam para proteger Celeste, para afastá-la de qualquer ameaça que pudesse recair sobre ela e sobre... nosso filho.Ficamos sozinhos em algum momento que nem percebi. Quando me dei conta, Celeste estava diante de mim, os olhos brilhando com uma mistura de espanto e medo.Ajoelhei-me diante dela, segurando sua cintura com delicadeza. Encostei minha testa em seu ventre, sentindo seu calor, sua essência, sua existência. Um turbilhão de emoções me consumiu, e a única coisa que consegui fazer foi agradecê-la.—"Obrigado," —minha voz saiu baixa, carregada de reverência. —"Você me deu o presente mais maravilhoso que eu jamais poderia imaginar."Celeste soluçou, lágrimas escorrendo pelo rosto. Ela passou as mãos pelos meus cabelos, como se tentasse me acalmar, mas era eu quem queria protegê-la.Levantei-me, segurando seu rosto entre minhas mãos. —"Eu juro,
Nicholas VaughnO silêncio reinava na sala quando Magnus terminou de falar. O peso da revelação pairava sobre todos nós como um espectro invisível. Eu observava Damian e Celeste processarem as informações, seus olhos refletindo um turbilhão de emoções. Eles estavam tão absorvidos na própria tempestade que, por um instante, pareciam ter esquecido da minha presença.Cruzei os braços, encostando-me na parede. —"Há algo que precisamos discutir antes de tomarmos qualquer decisão precipitada. O feitiço de proteção precisa ser reforçado."Celeste franziu o cenho, virando-se para mim.— "Mas eu já estou protegida pelo feitiço da imortalidade. Não estou?"Suspirei, sabendo que o que viria a seguir não seria fácil de explicar. —"O feitiço da imortalidade garante que você não morra de causas naturais e que sua vitalidade seja preservada, mas não impede que forças externas a alcancem. Quem quer que esteja nos observando—e eu garanto que há alguém observando—poderá sentir essa mudança em você. Seu
Celeste MoreauO peso da decisão ainda pesava em meus ombros enquanto observava Magnus traçar os detalhes do mapa sobre a mesa. A imagem envelhecida mostrava a região remota da Romênia onde Nosferatu poderia estar selado, um local envolto em segredos e lendas. Meu coração batia forte dentro do peito, e uma parte de mim se perguntava se realmente estávamos prontos para enfrentar o desconhecido.—"Então é isso," —murmurei, deslizando os dedos sobre o papel amarelado. —"Nós realmente vamos até lá."Damian estava ao meu lado, imponente e sério. Seu olhar afiado indicava que ele já havia tomado sua decisão. —"Não há mais tempo para hesitação. Se há algo que precisamos entender sobre sua condição e sobre o bebê, as respostas estarão lá."Nick resmungou ao fundo, cruzando os braços. —"Ainda acho uma péssima ideia. Mas também acho que não temos muitas opções."Sienna ergueu uma sobrancelha para ele. —"Oh, então você é capaz de admitir isso? Milagre."Nick lançou um olhar afiado para ela, mas
Damian VólkovA escuridão da floresta ao nosso redor parecia pulsar com uma presença invisível, uma força primitiva que fazia os pelos da minha nuca se arrepiarem. Celeste estava ao meu lado, sua respiração contida, seus olhos arregalados observando as sombras que se moviam entre as árvores. Meu instinto gritava para protegê-la, para afastá-la desse lugar maldito, mas não havia mais volta.Os olhos vermelhos que nos encaravam das trevas eram a prova de que não estávamos sozinhos. Eu podia sentir a energia deles, a fome contida, o desejo de sangue e destruição que exalavam em ondas. Vampiros ancestrais. Criaturas que jamais deveriam ter acordado.—"Eles sabiam que viríamos", murmurei, minha voz baixa, mas cheia de tensão.Nick rosnou baixinho, seu corpo em estado de alerta. —"Isso não é bom. Se eles estavam esperando por nós, então Nosferatu pode não estar mais selado."Magnus estreitou os olhos, observando as figuras se aproximando. —"Não necessariamente. Ele pode ainda estar preso, m
Celeste MoreauA escuridão da câmara parecia mais densa do que antes, como se o ar estivesse impregnado com a energia de algo antigo e poderoso. Meus sentidos estavam em alerta, meu coração batia tão rápido que eu podia ouvi-lo nos ouvidos. Havia uma força no ar, algo primitivo e avassalador, que nos envolvia como uma sombra viva.O caixão de obsidiana jazia imóvel sobre o altar de ossos, sua superfície negra reluzindo com uma luz fantasmagórica. Por um instante, um silêncio sepulcral dominou o ambiente, como se o próprio tempo tivesse parado. Mas então, um som baixo e profundo ecoou pela câmara.Um ranger de pedra contra pedra. A tampa do caixão deslizou milímetro por milímetro, revelando o que estava dentro.Nosferatu.Meus olhos se arregalaram ao ver a criatura que repousava ali. Sua aparência não era monstruosa como as lendas descreviam. Seu rosto era pálido, as feições marcadas pelo tempo, como se fosse uma escultura de marfim envelhecida pelos séculos. Seus olhos, no entanto, er
Celeste MoreauA câmara reunida em silêncio após as palavras de Nosferatu, mas a tensão era quase palpável.Damian ainda estava rígido ao meu lado, sua presença como um escudo sólido entre mim e o ser ancestral. Seus olhos âmbar, que sempre foram um refúgio para mim, agora ardiam com algo perigoso – desconfiança, fúria, e uma necessidade primitiva de me proteger a qualquer custo.Nosferatu não desviou o olhar. Havia algo em sua expressão – um peso carregado pelo tempo, um arrependimento que o fazia parecer menos uma criatura das trevas e mais um homem quebrado pelo destino.—“Você realmente acredita que pode protege-la sozinho, lobo?” —Sua voz é mais firme, mais humana agora. —“Acha que sua força será suficiente quando o verdadeiro perigo vier?”Damian cerrou os punhos ao meu lado. —“Eu não 'acho'. Eu sei. — Seu tom era cortante, definitivo.Nosferatu sorriu – um sorriso sem humor, sem malícia, mas carregado de compreensão. —“Foi exatamente isso que eu pensei quando tive Eva em meus b
NosferatuA noite estava carregada de medo e perseguição. A igreja estava em meu encalço, sacerdotes armados com lâminas abençoadas e orações gravadas na pele, prontos para me erradicar. Eu os havia subestimado, e agora, estava encurralado.Eva apareceu quando tudo parecia perdido. Seu olhar carregava algo que nunca vi em mais ninguém: determinação e amor. Ela não era apenas uma feiticeira poderosa, era minha aliada... minha amante.—“Não vou deixar que eles te destruam,” —ela sussurrou, traçando runas no ar enquanto me olhava com dor nos olhos.— “Eu encontrei uma forma de te proteger.”Eu deveria ter desconfiado. Eu deveria ter impedido.A magia tomou conta de mim antes que eu pudesse reagir. Correntes invisíveis se enrolaram ao meu redor, selando-me dentro de um feitiço que nenhum humano poderia quebrar.—“Eva, o que você está fazendo?”— Minha voz soou grave, carregada de incredulidade e traição.Ela se ajoelhou diante de mim, os olhos marejados, os dedos tremendo ao tocarem meu ros