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Agente .2
Agente .2
Por: And Cruz
Capítulo 1 - 1º Dia

São três horas da manhã alguém bate na porta, fico em silêncio, há uma segunda batida com dois toques espero cinco minutos e vou até a porta, tem um bilhete enfiado por baixo dela que é breve e sucinto "Às 6h no CPBD... Não atrase e não peça nada, mesa 9 do 2º andar"

Não há assinatura, não diz a quem devo encontrar, sem informação alguma, nada por nada com nada vezes nada, claro que eu também não esperava nada mais do que isso, a não ser o nome do lugar ao invés das iniciais.

Quebro minha cabeça para encaixar um lugar que caiba nessa inicial, o bilhete diz não peça nada, deve ser um restaurante, às seis da manhã devem servir o desjejum, segundo andar, então deve ser grande. Agora um lugar nessa metrópole que sirva café da manhã com dois andares que caibam nas letras CPBD.  Dou uma buscada na internet e acho um lugar que encaixe "Café Para um Bom Dia" ótimo, o único problema que é distante de onde eu moro atualmente 2h no mínimo. Não Atrase! Que Maravilha.

Tomo um banho e ponho um terno preto com uma camisa azul e uma gravata vermelha e preta, me olho no espelho ─ estou bonitinho! ─  4h deixa eu voar, (ou pelo menos ir o mais rápido que meu velho Gol permita)

Chego faltando cinco minutos, entro subo procuro a mesa nove, fica no canto, longe da janela, qualquer um buscaria outro lugar para sentar-se. Me sento de costa pra parede com visão total para o ambiente, vou reparando nas pessoas, na mesa 3 tem um casal, imagino que espanhóis,  devem tá passando a lua de mel e vieram conhecer o Brasil, a bolsa dela tem adesivos de Tóquio - Japão, Seul - Coréia do Sul e Cidade do México - México, já conheceram as três maiores e agora por que não conhecer a quarta maior metrópole do mundo? Na mesa 4 há dois homens, provavelmente amigos, que estão formando um novo negócio, pelo que vejo estão com caixas de sapatos, devem estar esperando o investidor para mostrar o produto e combinar a repartição dos lucros. Na 5 tem outro casal, estão completando aniversário de casamento as alianças estão sendo renovadas, admiro casais que ficam por dez anos juntos e ainda saem pra comemorar, admiraria muito mais se o cara não traísse a mulher, que já descobriu isso, mas não diz nada por que provavelmente está traindo o rapaz também, aliais, o amante dela trabalha aqui é um dos garçons, que passa toda hora para servir a mesa 5 ou a 6 que fica do lado. O problema é que a mesa 6 há dois cavalheiros que estão esperando o momento certo para roubar o bom restaurante, talvez eu devesse intervir, não, uma das minhas funções é não chamar atenção.

Continuo passando meus olhos pelo restaurante, há uma coisa que me incomoda nele, mesas 3, 4, 5 e 6 eu estou na 9 e tem mais uma do outro lado desocupada 10. O que houve com as mesas 1, 2, 7 e 8?

Seis horas e ninguém aparece, mandaram eu não me atrasar e eles se atrasam, deve ser outro teste. Reparo um telefone no bolso do garçom que não reparou que está ali, ele me nota e vem pegar meu pedido:

─ Bom dia o senhor vai pedir algo agora?

─ Ô não, estou esperando uma pessoa, tem horas?

Ele olha para o pulso que deveria estar o relógio, mas lembra dos cavalheiros da mesa 6? Então o garçom perdeu o relógio e eu não quero realmente saber das horas, só quero distraí-lo.

─ Acho que deixei meu relógio lá embaixo, mas tem um bem ali na rua, ─ dois pontos: o primeiro ele é um idiota, o segundo ele se inclina pra ver o relógio da rua enquanto eu posso ver pela janela, que como disse antes, está distante da minha mesa ─ Seis e Cinco!

─ Obrigado, vou aguardar mais um pouco.

─ Como preferir!

Peguei o celular em seu bolso, e assim que ele vira as costas o celular toca, eu atendo no primeiro toque:

─ Muito bem agente, foi bem nos dois primeiros testes achou bem o local a tempo e me surpreendeu, devo confessar, pegando esse celular.

─  Obrigado!

─ Próximo teste. Diga o que há de errado com esse restaurante.

─ Ok, a primeira é a numeração das mesas essa que estou é a 1 a que está vazia é a 2. O segundo é o letreiro está diferente do cardápio no letreiro de fora está Café Para um Bom dia, no cardápio esta Café Forte Para um Bom Dia e o terceiro é a parede do lado da escada ela é tem uma porta falsa, provavelmente uma passagem que nem os garçons ainda viram.

─ Muito bem agente, aguarde mais cinco minutos que aparecerá alguém pra falar contigo pessoalmente!

─ Não teremos cinco minutos?

─ Como não?  

─ Mesa 6, eles vão assaltar o restaurante, acabou de chegar o carro de fuga deles.

─ Droga! Droga! ─ Por um momento o agente perde o controle, esse não era o plano ─ Está certo disso?

─ Cem por cento, mas posso evitar sem me expor!

─ Boa sorte!

Ele fala isso e desliga, eu chamo o garçom:

─ Estou com um pequeno problema, você sente esse cheiro de vazamento de gás?

─ Na verdade não, o senhor está sentindo?

─ Acho que não deve ser nada para alarmar os clientes, mas todo caso não teria nenhum patrulhamento para dá uma olhada?

Os cavalheiros da mesa seis se entreolham e me olham conversando, chamar a polícia não seria bom para eles então, como esperava, chamam o garçom e fecha a conta e vão embora discretamente. Depois digo ao garçom que me enganei não há cheiro de gás, só algum lugar fritando algo:

─ Ah sim claro, no começo eu confundia muito também! ─ falei que ele é um idiota?

─ Bom enquanto espero será que poderia me trazer um cappuccino, por favor!

─ Pra já!

Ele se afasta em alguns instantes um homem de estatura média loiro, com óculos escuros, veste um terno azul-marinho com uma camisa branca e uma gravata azul listrada em dois tons. Se senta a minha mesa quando o garçom me traz o cappuccino:

─ Te avisamos para não fazer pedido!

─ E como faria para não desconfiarem?

─ É tem razão,  como soube do assalto?

─ Um dos cavalheiros estava com um ponto com o cara do carro e ambos estavam armados, além disso, o garçom ficou sem a carteira, sem o relógio e sem o celular o dele e o implantado.

─ Ótimo,  vejo que é  bem observador e bom de improviso. Teu nome como é? 

─ Archimedes

Esse é um problema da minha vida de infância, sim esse é meu nome, até porque seria ainda mais idiota como codinome ou como apelido. Sim já ouvi essas piadinhas que A o que mete, eu também fui aluno em escola pública e era difícil minha vida de criança. 

Archimedes é grego, Arch quer dizer muito e mede pensador, pensa muito ou grande pensador. Dizem que na antiguidade Archimedes era um matemático, físico e inventor, e fez importantes descobertas de onde surgiu o Princípio de Archimedes e de onde surgiu a incrível pesquisa dos cônjuges João de Freitas e Marta Cardoso de Freitas, meus pais, que por algum motivo não queria mais uma criança com nome comum nesse mundo.

O agente olha para minha cara tentando deduzir se estou falando sério ou não

─ Pode falar teu nome mesmo agente, não há necessidade de esconder aqui comigo!

─ Agente Douglas, certo? O senhor acha mesmo que eu escolheria Archimedes para codinome? Sim meu amigo Archimedes esse é meu nome

─ Hahahahaha Que bom vai usar um id então! Ei como sabe meu nome?

─ Sou um espião não sou? ─ Respondo rindo de sua cara ─ Minha obrigação!

Ele fica pensativo e ele é ainda mais idiota que o garçom, o nome dele apareceu no visor do seu celular, na tela de bloqueio quando ele o colocou sobre a mesa, mas por que estragar a diversão?

─ Tudo bem, Archimedes,  você é o novo recruta do programa ponto, você será o ponto 2 (.2) e muitos só o chamarão assim, seu nome verdadeiro é por sua conta em risco, diga se não achar que prejudicará, mas aconselho que se for dizer, diga apenas para companheiros como eu, Douglas, que sou o Agente .. Sou apenas o cara da tecnologia, por isso não tenho um número. Alguma dúvida?

─ Não, pode prosseguir.

─ Perfeito você estará encarregado de uma missão e terá .1 ao seu lado, não posso dar-lhe informações sobre nada por hora, só quando você for a base P. que você encontrará nesse envelope. Bem Archimedes, sua vida será acabada agora e renascida às 14h.

Adorei esse cara acho que posso zuar um pouquinho com ele:

─ Obrigado Douglas. Permita-me lhe dizer uma coisa chegue mais perto, por favor!  ─ Ele aproxima ─ Eu acho melhor você encontrar tua aliança e tirar a marca de batom antes que chegue em casa e tua esposa veja.

Ele dá um salto para trás na cadeira eu dou risada dele:

─ Um toque de amigo!

─ Como sabe que sou casado, por acaso você me pesquisou?

─ Não amigo só atende ao telefone que a Andreia Amor está te ligando!

Ele ver a ligação e fica sem graça a me ver reclinando na cadeira e rindo dele, vou adorar trabalhar com esse cara!

Quando ele desliga e fala que tem de ir embora e nos veríamos outro dia

─ Aceite meu conselho Douglas, ache a aliança e limpe a marca de batom!

Ele sai correndo para casa, pelo menos imagino, encontrar com a amada esposa. Eu peço mais um cappuccino e uns croissants, como tranquilamente, praticando meu esporte favorito, observando. 

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