- Eu não vou, simplesmente não vou! A gente fica aqui, curte o lugar. A vista é bacana. Se não tiver casa a gente vive na floresta mesmo. Passei séculos numa caverna - Adwig falava com Dafa, como se estivesse na verdade conversando consigo mesma. As duas, vez por outra, davam um gole na deliciosa bebida que o pequeno gnomo tinha entregue para elas. Era realmente bem forte, até mesmo para o organismo de Adwig, deixava seus sentidos, mesmo que por poucos segundos, alterados. O sabor por outro lado era suave, no primeiro contato com a boca era muito gelado e doce e, ao passar pela garganta, tornava-se quente e apimentado.
- Essa bebida é diferente mesmo. Deixa a gente ligado, ao mesmo tempo meio que em outro plano, o sabor também é surpreendente. Depois que você engole, dá vontade de não beber de novo, mas logo em seguida você sente uma necessidade enorme de tomar mais um pouco. Nunca tinha provado algo assim e minha experiência com isso é vasta, hein. - Dafa parecia realmente surpAdwig e Dafa entraram na sala do trono. Estava vazia, passaram por outro jogo de salas, mais um corredor até encontrarem uma sala que deveria ser algo como um local para reunião de um conselho. Sentados a mesa, Rei, Rainha, por estarem com as coroas em suas cabeças e um terceiro.- Não queremos morrer - o Rei começou assim.- Pois é exatamente o que vim perguntar. Não só o que vocês, Reis querem, mas o que vocês imaginam que o povo queira - Adwig também foi direto ao assunto.- E existe essa opção? - a Rainha perguntou. - Essa história de que eu vim trazer o caos é um mito criado por vocês. Estou aqui, sendo levada a cumprir um destino que não quero e não conheço. Ao que tudo indica, são vocês que procuram o caos para sua ordem - Adwig explicou o que pensava.Os três ficaram pensativos.- Eu me chamo Lotto
Elaryan não retornou e Dafa, com base numa dificuldade que aquela comunidade tinha de quebrar a rotina, começou a acreditar que talvez ela e Adwig teriam um problema.- O povo não está nada satisfeito, nada - dizia Lottor.- Diga aqueles que demonstrarem insatisfação para tomarem as rédeas da própria vida. Que venham falar conosco, que nos enfrente! - dizia Dafa, ao lado de Adwig, na reunião diária com os Reis.Já faziam 5 dias que estavam lá. Tudo parecia como antes e uma certa tensão realmente se formava. Mesmo os Reis sentiam-se desconfortáveis, ansiosos, mas sem saber o que fazer ou como reagir.Dafa puxou Adwig para fora e voou aos céus. A vista era muito bonita, as nuvens causavam um tom de roxo ao ambiente, ao receberem e refratarem a luz do Sol.- O que mais pode causar caos que não seja morte e destruição? - ela perguntou para Adwig.- Talvez seja necessária alguma morte e destruição, mesmo? Será? - Adwig estava pesarosa por chegar a pensar daquela forma.<
- Eu acho que você pegou pesado com ela - dizia Adwig, agora já assumindo um estilo completamente diferente. Quem lembrasse da elfa reclusa em Key jamais a reconheceria olhando agora. Sentada numa cadeira, com as pernas cruzadas com o pé em cima da mesa, comia uma fruta roxa, do tamanho e consistência de uma maçã.- Mas foi ela que pediu, nunca era o bastante, ela queria mais forte, mais forte, mais forte, eu já estava quase desmontando ela cima de você. Deve ter ficado toda roxa. Ainda perguntei se ela queria que eu a curasse, ela disse que não, que queria "continuar sentindo tudo". Isso não é sadomasoquismo não, isso pra mim já é loucura. - Adwig olhou para o julgamento de Dafa, espantada. - Mas, imagine o quão reprimidos estavam os desejos desta mulher, Dafa. Ela teve tantos orgasmos que eu achei que íamos acabar matando ela. Você fala, mas ela te deixou i
Adwig ficou espantada por aquilo ter dado certo e Dafa vibrou. - Bom, terminando as apresentações, estão comigo Gagoim e Bortu. - Era Klif que surgia com os outros dois novamente. - Não estarmos sozinhos, não significava que era com outros que não fossemos nós mesmos. Podemos replicar nossos corpos e controlá-los à distância. Por mais que mate algum deles, nós continuamos vivos. Então, tenho que te dizer que nos enfrentar não é muito fácil. Dafa passou pelos três como se eles não tivessem reaparecido. Pegou o cetro, que havia caído no chão após os corpos desaparecerem, juntou novamente o corpo dos três manipulando o vento e atravessou os corações dos três pelas costas. - Nunca vi nada assim, mas se eles são réplicas, nunca terão o mesmo poder, a mesma capacidade de manipulaç&a
- Aliás, Chae, você tem algum poder, assim, consegue controlar o ar, voar, fazer alguma coisa diferente? Só pra eu saber? - Dafa perguntou enquanto saiam. - Acho que você deveria ter feito essa pergunta lá em cima, antes de trazer ela com a gente, não agora, já saindo do prédio, né? - Adwig questionou a decisão dela. - E você acha que mesmo que ela diga que não eu não vou levar ela com a gente? Vou deixar ela mais durona que nós duas juntas. Você vai ver. - Chae tentava interromper, mas se via impossibilitada, entre as duas. - Você nem sabe se é isso que ela quer - Adwig continuou. - É, com licença... Será que eu posso falar? - As duas pararam de discutir entre si e deram atenção para Chae. - Assim, eu sei alguns truques, na verdade em outras vidas eu fui bastante poderosa. Eu era uma guerreira... das boas. Mas quando acabei aqui, acolhida nessa sociedade, que parecia tão pacífica, tão em ordem, com valores que eu busquei tanto em minha primeira vida, decidi que era
Dafa não quis perder tempo conversando ou esperando reunir informações. Partiu para o ataque, saltou contra Freyr dando um soco. Incendiou suas próprias mãos e concentrou energia trazendo um relâmpago dos céus que atingiu o oponente no momento do impacto de seu golpe. Aconteceu uma explosão, tudo ficou claro e quando voltaram a enxergar, nada tinha acontecido.- Eu não poderia demonstrar com maior clareza o que é o plano espiritual, parabéns. - Freyr começou a andar calmamente sobre a água que corria ao lado das flores perto de onde estava.Eu criei uma espécie de segunda camada nesse mundo. Um véu. Para penetrar uma pessoa precisa, basicamente morrer. Ela não chega a morrer, pois não renasce, então não é a palavra certa, mas ela se desprende de seu corpo físico e ele desaparece dentro desse véu fica apenas a sua part&iacu
O retorno de Dafa e Adwig trazendo consigo os Elfos Iluminados, num primeiro momento pareceu aterrorizante. Mas quando eles se mostraram as pessoas de luz, que realmente representavam e começaram a contar que pretendiam transformar a vida naquele planeta para algo que pudesse melhorar a vida de todos, houve uma festa. As duas foram erguidas e jogadas para o alto, foi uma festa. Depois vieram as perguntas, uma na sequência da outra. - Vocês podem fazer isso com calma, mudar o mundo de vocês, reconstruírem, terem liberdade, balancear trabalho e prazer. Viverem como elfos que são, em contato com a natureza. Mesmo que queiram uma vida com modernidades e regras, ela pode ser mais leve e em comunhão com coisas mais simples. Acho que vocês não precisam de Reis, apesar de eles continuarem lá, sãos e salvos, peço desculpas pelo teatro... Vocês podem decidir o melhor para vocês mesmos em conjunto
Aquele era o Palácio dos seus Contos de Fada, das histórias que seu pai contava quando ela era criança. Segundo seu pai, o Palácio mais lindo que podia existir era o palácio dos Elfos Primordiais, mas ela sabia que muita das coisas vinham da imaginação dele, da adaptação para as histórias que ele criava para uma criança que vivia sozinha e tinha o pai como único amigo de brincadeiras. Sua mãe não tinha esse mesmo engajamento, não entrava nas situações como seu pai fazia. Ele transformava tudo em mágica. Não havia crianças em Key, ela por muito tempo foi a única. Seu irmão agia como adulto desde que começou a falar. E suas brincadeiras consistiam em vasculhar o mundo. Aventureiro, chegava a passar dias na floresta. Adwig tinha medo. Gostava de seu pequeno mundo, do seu chão, de ter pra onde correr, se precisasse. Ela já sabia que era diferente, que nada poderia machucar ela de verdade, que ela era praticamente imortal. Ainda assim, gostava de segurança e detestava chamar a atenção. S