Beatriz era extremamente atenta ao perigo. Ao escutar o homem chamá-la de “Beatriz,” reagiu imediatamente, cobrindo o rosto com uma expressão envergonhada ao vê-lo se aproximar.— Eu... estava pensando no nome do nosso filho.— Disse, fingindo empolgação.Ele sorriu de leve, sentando-se ao lado dela e apoiando o braço no encosto do sofá.— É? E qual seria? — Ele perguntou, sem grande interesse, já que duvidava que essa criança algum dia viesse a nascer.— Rei Santos! Não é poderoso? — Ela apertou o braço dele, quase brilhando de entusiasmo.Sério mesmo? Rei Santos? Ele baixou os olhos, encarando a mão dela segurando seu braço. Ficou em silêncio por um instante, aliviado que ela parecia não ter desconfiado de nada. Se tivesse, certamente não estaria tão entusiasmada em escolher um nome para o bebê. Mas, desconfiando ou não, tudo seria resolvido quando Jason chegasse amanhã.— Rodrigo, você também acha que Rei Santos soa imponente, né? — Insistiu, com um brilho malicioso nos olhos.Ele,
O homem a olhou por um segundo, com um sorriso de canto, e, num gesto ágil, pegou o pedaço de pizza que ela tentava esconder.— Daqui a pouco alguém passa para cuidar disso. Você come a refeição balanceada — Disse ele, num tom suave.Beatriz, sem se abalar, apenas elogiou mentalmente sua própria reação rápida, tentando aliviar a tensão. À tarde, precisaria fazer uma infusão, então se entreteve assistindo a uma série, enquanto Rodrigo parecia concentrado no trabalho. Por enquanto, os dois mantinham uma convivência pacífica.Do outro lado, Eulália deixou o hospital, mas o que Beatriz havia confidenciado a ela não saía de sua cabeça; quanto mais pensava, mais estranha a situação parecia. Beatriz estava, sem dúvida, em apuros. Decidiu esperar Jean chegar em casa para discutir e planejar uma maneira de ajudar a amiga.Naquele dia, Eulália foi de carro ao hospital. Ao parar no sinal vermelho, ouviu um estrondo e sentiu o corpo ser lançado contra o volante. O susto a deixou atordoada e, com
Eulália estava dirigindo quando o taxi foi atingido por trás. Com o impacto, seu peito se chocou contra o volante, causando uma contusão pulmonar. Ela estava no hospital, sem riscos à vida no momento.Rodrigo informou Beatriz sobre a situação de Eulália. Beatriz rapidamente ligou para Jean para mantê-lo atualizado. Após desligar, Rodrigo, gentil, sugeriu que ela tomasse um banho e descansasse:— Agora, você também precisa cuidar de si mesma. Vá tomar um banho e depois durma um pouco, tá?Beatriz, porém, não conseguiria dormir enquanto Jean não chegasse ao hospital e visse Eulália. Além disso, não queria ver aquele Rodrigo, ele tinha o rosto dele, mas fazia coisas desumanas. Ela acenou com a cabeça, caminhando em direção ao banheiro.Rodrigo foi buscar uma muda de roupa para ela e comentou, suspirando: — Esqueci de pegar o seu pijama.— Não precisa, não gosto de usar pijama no hospital.— Ela respondeu, pegando as roupas que ele lhe entregava e entrando no banheiro.Beatriz apoiou as mãos
Beatriz já não tinha mais dúvidas de que o homem ao seu lado era mesmo Rodrigo. Ela sabia que ele tinha voltado em segurança. Mas, apesar disso, de vez em quando, ela ainda ficava encarando o rosto de Rodrigo. E toda vez que isso acontecia, ele ria e provocava: — Tá me achando bonito demais, é?Beatriz revirava os olhos. Com aquele rosto ainda inchado, bonito era a última coisa que ele estava. Depois de alguns dias internada, Beatriz finalmente recebeu alta. O carro já esperava do lado de fora do hospital. Rodrigo a ajudou a se acomodar no banco e colocou o cinto de segurança para ela. Em seguida, pegou um livro e começou a ler em voz alta, aparentemente para o bebê.— Um feto de menos de um mês não entende nada disso. Você tá lendo pra mim ou pra você mesmo?— Beatriz bufou, impaciente. Rodrigo fechou o livro com um sorriso tranquilo:— Tudo bem, eu paro. Não precisa ficar irritada.Beatriz percebeu o tom áspero em sua voz e, meio sem jeito, apertou de leve a manga da camisa de Rodrigo:
— Homem é tudo igual.— Beatriz resmungou depois de xingar Rodrigo. Ela se recostou preguiçosamente no sofá, pegou um tomatinho e o colocou na boca. Doce, nada azedo, perfeito. Depois de mastigar, voltou ao seu discurso. — Rodrigo, como é que você não sabe nem as noções básicas do dia a dia? Não sabe que roupas de cores diferentes têm que ser lavadas separadamente?— Ela pegou outro tomatinho para aliviar a irritação. Estranho… antes ela olhava para Rodrigo e achava ele perfeito, dos pés à cabeça. Agora, parece que tudo nele está errado. Será que a fase de lua de mel acabou?— Nem lavar roupa você consegue, e ainda faz uma mulher grávida resolver isso! Você sabia fazer antes; está fazendo de propósito, não está?Isso era o ponto crucial. Antes, Rodrigo sabia lavar roupa, lavar lençóis… tudo isso! Ele, sentado friamente do outro lado do sofá, se perguntava por que diabos tinha que fazer todas essas tarefas. Afinal, não era mais fácil contratar uma empregada para resolver tudo? Agora
Rodrigo ficou em silêncio.Thiago, como primo da Vera, mudou de assunto e resmungou: — Você foi muito descuidado. Se não quer continuar com a Vera, pelo menos toma alguma responsabilidade, né?Thiago também tinha várias amantes, mas ele sempre tomava cuidado. Era para o bem de todos.Rodrigo estava sentado numa cadeira, pernas cruzadas, folheando um livro com desprezo enquanto ouvia as reclamações de Thiago.Soltou um riso debochado: — Eu nunca fui pra cama com a sua prima, então esse filho aí não é meu.Se o verdadeiro Rodrigo tivesse se envolvido às escondidas com Vera, ele não queria nem saber. O importante é que ele, pessoalmente, não tinha feito nada disso.Com um toque de malandragem, pensou: ele era Chris, não o verdadeiro Rodrigo.Thiago ficou boquiaberto: — Vocês não... nunca? — É, nunca. — Respondeu com firmeza.A expressão de Thiago mudou na hora. Ele achou que Rodrigo estava tentando se esquivar. Vera era sua prima, afinal. E Rodrigo querer fugir da responsabilidade e aind
— Rodrigo, vai no mercado pra mim e compra umas coisinhas. Vou fazer uma listinha. — Disse Beatriz, tirando a mão dele do ombro com um toque exageradamente lento, quase teatral, enquanto ia pegar papel e caneta.Rodrigo observou a cena e soltou uma risadinha irônica, achando que ela estava exagerando só por estar grávida.Beatriz escreveu uma lista com várias coisas, itens domésticos, frutas e outras bobagens... de forma que ele ia levar pelo menos uma hora no mercado. Quando terminou, entregou o papel para Rodrigo com um sorriso radiante: — Vai logo e volta rápido, tá?Rodrigo, largado no sofá, aceitou a lista, dando uma olhada nos itens. Beatriz, sem tirar os olhos da TV, deu uma leve cutucada na perna dele com uma almofada, insistindo: — Anda logo! Nossa, como você tá preguiçoso agora. Antigamente, você era bem mais ágil!Esse “antigamente” o irritou. Rodrigo revirou os olhos e, meio de saco cheio, pegou a chave do carro: — Tá, tá bom, tô indo.Assim que ele saiu, Beatriz foi para
Vera não conseguia esquecer a cena dele ajudando Beatriz a descer do carro com tanto cuidado. A noite toda ficou se revirando na cama, sem conseguir dormir. Só queria conversar com ele, nada mais. Aproveitando que estava de volta, hoje Vera acompanhou a mãe e a tia para um chá da tarde.Sofia estava animada recentemente, sorrindo de orelha a orelha. Antes mesmo de o carro chegar ao local, ela virou para Vera e perguntou: — O Rodrigo está onde agora?— Na cidade B.— Respondeu Vera, enquanto abaixava a cabeça para responder umas mensagens das amigas que também estavam por lá e combinar de encontrá-las mais tarde.— E quando é que você vai trazer o Rodrigo aqui pra jantar com a gente? Vocês já conversaram sobre casamento? Essas coisas precisam ser decididas, viu?— Sofia disparou uma série de perguntas.Vera piscou rapidamente, seus olhos estremeceram, mas respondeu com tranquilidade: — Mãe, não precisa ter pressa.Do lado esquerdo, Vitória franziu as sobrancelhas e perguntou: — Vera, o Ro