Rodrigo ficou um pouco sem palavras por dentro. Essa mulher é mesmo complicada. Pra ele, qualquer roupa de baixo serviria, mas ele preferiu não contrariá-la e assumiu o erro com uma expressão séria:— Tá bom, tá bom. Eu volto e troco as roupas agora mesmo. Você ainda tá grávida, não se estressa.Pensando consigo mesmo, ele decidiu que era melhor deixar as coisas assim por uns meses. Quando a hora chegasse e ele mesmo retirasse o bebê, aí sim ela teria motivos pra se desesperar.Na casa dos Santos.Depois do café da manhã, Pedro anunciou uma novidade:— Rodrigo voltou ao país ontem.— Ele disse, dirigindo-se a Vera:— Quero que você se prepare, Vera. Rodrigo disse que pretende levar a Beatriz para Cidade A pra se casarem.O rosto de Vera congelou por um momento, ficando pálido aos poucos.— Rodrigo nunca escuta o que eu falo, mas para mim, você sempre será a única nora.— Completou Pedro antes de se levantar, já que tinha uma reunião marcada para o dia.Vera mordeu os lábios. Ele estava de v
Ele observava Beatriz pelas câmeras, que analisava o e-mail na tela. Será que ela desconfiou de algo? Se sim, ele decidira que era melhor dar um fim àquele bebê agora mesmo.Dentro do quarto, Beatriz leu o e-mail que Felipe havia enviado. Ela ergueu os olhos, percorrendo o ambiente com um coração acelerado. Algo não estava certo. Era uma sensação de perigo iminente. Controlou-se e sorriu, respondendo ao e-mail de Felipe com uma mensagem casual: [Rodrigo já voltou para Cidade B anteontem.]Aquela sensação gélida se intensificava, e Beatriz se sentia sufocada por uma atmosfera sinistra. Estaria presa em uma teia de conspirações horríveis? Estava confusa, tentando distinguir se aquela desconfiança era fruto de sua condição de saúde ou da razão. Precisava verificar com certeza se aquele homem à sua frente era Rodrigo. Se fosse mesmo ele, lhe pediria desculpas.Ela olhou para sua barriga, sussurrando para si mesma: Beatriz, calma. Devagar. Primeiro, cuide do bebê.Rodrigo, do lado de fora,
Além de seu toque nas mãos sobre a barriga, que eram finas e esguias, Beatriz sentia um medo irracional crescendo dentro dela. — E esse médico, de qual hospital ele vem? — Perguntou, tentando disfarçar a insegurança.— É um especialista de fora do país. Ele chega amanhã. — Rodrigo respondeu com uma calma ensaiada.Beatriz franziu a testa, descontente:— Não dava para contatar um médico daqui mesmo?— Jason é uma autoridade nessa área, Bia. Eu quero o melhor para você. — A expressão de Rodrigo era impecável, transparecendo um cuidado genuíno. — Confia em mim, sim? Lembre-se de que você agora é a mãe do nosso bebê.Beatriz assentiu com relutância, mas internamente estava alerta. Esperava que esse tal Jason realmente fosse confiável. E, de repente, o pensamento a atingiu: aquele homem ao seu lado não era Rodrigo. O verdadeiro Rodrigo nunca permitiria que ela comesse sequer um pedaço de pizza sabendo de seu estado de saúde. Ele seria firme, a protegeria, faria de tudo para convencê-la a s
Beatriz era extremamente atenta ao perigo. Ao escutar o homem chamá-la de “Beatriz,” reagiu imediatamente, cobrindo o rosto com uma expressão envergonhada ao vê-lo se aproximar.— Eu... estava pensando no nome do nosso filho.— Disse, fingindo empolgação.Ele sorriu de leve, sentando-se ao lado dela e apoiando o braço no encosto do sofá.— É? E qual seria? — Ele perguntou, sem grande interesse, já que duvidava que essa criança algum dia viesse a nascer.— Rei Santos! Não é poderoso? — Ela apertou o braço dele, quase brilhando de entusiasmo.Sério mesmo? Rei Santos? Ele baixou os olhos, encarando a mão dela segurando seu braço. Ficou em silêncio por um instante, aliviado que ela parecia não ter desconfiado de nada. Se tivesse, certamente não estaria tão entusiasmada em escolher um nome para o bebê. Mas, desconfiando ou não, tudo seria resolvido quando Jason chegasse amanhã.— Rodrigo, você também acha que Rei Santos soa imponente, né? — Insistiu, com um brilho malicioso nos olhos.Ele,
O homem a olhou por um segundo, com um sorriso de canto, e, num gesto ágil, pegou o pedaço de pizza que ela tentava esconder.— Daqui a pouco alguém passa para cuidar disso. Você come a refeição balanceada — Disse ele, num tom suave.Beatriz, sem se abalar, apenas elogiou mentalmente sua própria reação rápida, tentando aliviar a tensão. À tarde, precisaria fazer uma infusão, então se entreteve assistindo a uma série, enquanto Rodrigo parecia concentrado no trabalho. Por enquanto, os dois mantinham uma convivência pacífica.Do outro lado, Eulália deixou o hospital, mas o que Beatriz havia confidenciado a ela não saía de sua cabeça; quanto mais pensava, mais estranha a situação parecia. Beatriz estava, sem dúvida, em apuros. Decidiu esperar Jean chegar em casa para discutir e planejar uma maneira de ajudar a amiga.Naquele dia, Eulália foi de carro ao hospital. Ao parar no sinal vermelho, ouviu um estrondo e sentiu o corpo ser lançado contra o volante. O susto a deixou atordoada e, com
Eulália estava dirigindo quando o taxi foi atingido por trás. Com o impacto, seu peito se chocou contra o volante, causando uma contusão pulmonar. Ela estava no hospital, sem riscos à vida no momento.Rodrigo informou Beatriz sobre a situação de Eulália. Beatriz rapidamente ligou para Jean para mantê-lo atualizado. Após desligar, Rodrigo, gentil, sugeriu que ela tomasse um banho e descansasse:— Agora, você também precisa cuidar de si mesma. Vá tomar um banho e depois durma um pouco, tá?Beatriz, porém, não conseguiria dormir enquanto Jean não chegasse ao hospital e visse Eulália. Além disso, não queria ver aquele Rodrigo, ele tinha o rosto dele, mas fazia coisas desumanas. Ela acenou com a cabeça, caminhando em direção ao banheiro.Rodrigo foi buscar uma muda de roupa para ela e comentou, suspirando: — Esqueci de pegar o seu pijama.— Não precisa, não gosto de usar pijama no hospital.— Ela respondeu, pegando as roupas que ele lhe entregava e entrando no banheiro.Beatriz apoiou as mãos
Beatriz já não tinha mais dúvidas de que o homem ao seu lado era mesmo Rodrigo. Ela sabia que ele tinha voltado em segurança. Mas, apesar disso, de vez em quando, ela ainda ficava encarando o rosto de Rodrigo. E toda vez que isso acontecia, ele ria e provocava: — Tá me achando bonito demais, é?Beatriz revirava os olhos. Com aquele rosto ainda inchado, bonito era a última coisa que ele estava. Depois de alguns dias internada, Beatriz finalmente recebeu alta. O carro já esperava do lado de fora do hospital. Rodrigo a ajudou a se acomodar no banco e colocou o cinto de segurança para ela. Em seguida, pegou um livro e começou a ler em voz alta, aparentemente para o bebê.— Um feto de menos de um mês não entende nada disso. Você tá lendo pra mim ou pra você mesmo?— Beatriz bufou, impaciente. Rodrigo fechou o livro com um sorriso tranquilo:— Tudo bem, eu paro. Não precisa ficar irritada.Beatriz percebeu o tom áspero em sua voz e, meio sem jeito, apertou de leve a manga da camisa de Rodrigo:
— Homem é tudo igual.— Beatriz resmungou depois de xingar Rodrigo. Ela se recostou preguiçosamente no sofá, pegou um tomatinho e o colocou na boca. Doce, nada azedo, perfeito. Depois de mastigar, voltou ao seu discurso. — Rodrigo, como é que você não sabe nem as noções básicas do dia a dia? Não sabe que roupas de cores diferentes têm que ser lavadas separadamente?— Ela pegou outro tomatinho para aliviar a irritação. Estranho… antes ela olhava para Rodrigo e achava ele perfeito, dos pés à cabeça. Agora, parece que tudo nele está errado. Será que a fase de lua de mel acabou?— Nem lavar roupa você consegue, e ainda faz uma mulher grávida resolver isso! Você sabia fazer antes; está fazendo de propósito, não está?Isso era o ponto crucial. Antes, Rodrigo sabia lavar roupa, lavar lençóis… tudo isso! Ele, sentado friamente do outro lado do sofá, se perguntava por que diabos tinha que fazer todas essas tarefas. Afinal, não era mais fácil contratar uma empregada para resolver tudo? Agora